Ele parou na porta, e ficou me olhando, esperando uma permissão pra entrar. O nó na minha garganta se apertou ainda mais, mal consegui dizer:
- Vai embora
- Eu não saio daqui enquanto você não me ouvir.
- Eu não vou te ouvir, e você vai sair daqui.
- Manu, me escuta...
- ESCUTAR O QUE? – gritei, levantando da cama e fechando a porta atrás dele – O PORQUE VOCÊ ESTÁ NAMORANDO? O PORQUE VOCÊ ESTÁ NAMORANDO LOGO A BIA? OU O PORQUE VOCÊ NÃO ME CONTOU ISSO ATÉ AGORA? – eu já estava enxergando tudo embaçado, mas eu não ia chorar, não na frente dele.
- Isso tudo é ciúmes? – perguntou ele, ameaçando um sorriso. Ele perdeu a cabeça? Esse moleque quer morrer?
- Se isso é ciúmes? – eu disse, chegando mais perto dele e estapeando seu peito – é claro que é ciúmes Arthur! Você não vai ser mais o mesmo comigo, você não vai mais ligar pra mim, não – vai – nem – lembrar – que – eu – existo – eu disse, entre tapas que eu dava nele. Ele segurou meus dois pulsos enquanto eu batia nele, de um jeito firme, mas sem me machucar. Droga, porque até nessas horas ele é gentil?
- Olha pra mim Manu – disse ele, de novo, não era um pedido, mas também não era agressivo. Arthur 2, Manu 0. Eu olhei nos olhos dele, e então ele sorriu.
- Você não precisa ter ciúmes, garota nenhuma vai tomar o seu lugar. Eu não vou mudar com você, isso é uma promessa. Se eu não te contei antes, foi porque não sabia como dizer isso pra você, ainda mais sendo a Bia, eu estava escolhendo a hora certa, as palavras certas, desculpa se te magoei. Manu, eu te amo, você é a minha melhor amiga, eu nunca vou te deixar, entendeu?
Eu afirmei com a cabeça, mas não aguentei mais, e comecei a soluçar, ele me abraçou e eu chorei em seu peito, e sem querer coloquei tudo pra fora. Ele me levou pra minha cama, me deitou e colocou a minha cabeça em seu colo, e enquanto eu chorava, ele passava a mão nos meus cabelos.
- Arthur – eu disse, quando consegui me controlar
- O que? – ele disse, olhando pra mim.
- Não me leva a mal, não é que eu não q-quero que v-v-você namore, mas é que você é t-tão importante pra mim, eu t-tenho tanto medo de te p-perder... eu p-preciso da sua a-amizade...
- Eu sei, eu também preciso de você, e também estaria morrendo de ciúmes se fosse você que arranjasse um namorado. Mas agora vamos esquecer tudo isso, hoje eu sou só seu – ele disse, com um sorrisinho que ele sempre dava quando me via. Eu o abracei, e o cheiro dele estava... diferente, melhor. Nunca mais vou me esquecer desse dia.


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Querido diário

Hoje faz uma semana que o Arthur ta namorando, e duas semanas que descobri o Baila de Máscaras, o que significa que daqui mais duas semanas é finalmente o dia do baile! Estou muito animada!!!
Falando em animada, o tal do V. nunca mais veio falar comigo, não me chamou mais no Face, não me mencionou no Twitter, não me perguntou mais nada na Ask, nada, ele sumiu!!! Queria muito descobrir quem é esse garoto, depois de tudo o que ele me disse... Não sei, fiquei mexida. A Mari me disse pra não criar expectativas, e pediu pra eu desistir do cara, ela acha que ele pode ser um pedófilo ou alguma coisa assim, mas eu sinto que não, sinto que ele está tão perto... Mas não sei onde, e isso me irrita!
Só queria que ele desse sinal de vida...”

Fechei o meu diário e sai da cama, ás 10 horas da manhã. Tomei um banho e vesti um vestido pra ir pro shopping tentar achar a máscara perfeita (http://www.polyvore.com/cgi/set?id=86491567&.locale=pt-br) e desci pra tomar café da manhã. Como hoje é terça, minha mãe já foi trabalhar, então peguei um pouco de leite e sucrilhos e comi vendo Bob Esponja. Assim que acabei, lavei a minha tigela, subi pro meu quarto, escovei os dentes, penteei meu cabelo, peguei meu casaco e minha bolsa e desci bem na hora em que a Mari tocou a campainha.
- Pronta? – perguntou ela, quando eu abri a porta
- Prontíssima. Vamos?
- Vamos – disse ela, indo em direção ao táxi que ela veio até a minha casa. Entramos nele e ela pediu pra que ele nos levasse até o Center Norte, e ele dirigiu. A Mari então colocou os fones de ouvido, ela não gostava de conversar com um taxista nos ouvindo, e eu recebi uma mensagem de um número restrito. Desconfiada, abri a mensagem:

Já está sentindo a minha falta?
V.

Ainda bem que a Mari está viajando com os fones de ouvido. Dei um sorrisinho, eu realmente estava sentido a falta dele, e respondi:

Nossa, achei que você já tinha desistido de mim...
Manu

Desistir de você? Acho mais fácil o Logan Lerman bater na sua porta amanhã do que eu desistir de você
V.

Como sabe que eu sou fã do Logan Lerman? E como conseguiu o meu número?
Manu

Já te disse que sei de mais coisas sobre você do que imagina, e, como eu também já disse, te conheço muito bem.
V.

E quando é que vai me dar mais dicas de quem você é?
Manu

Agora
V.

Meu coração disparou. A hora é agora, eu preciso arrancar dele tudo o que eu posso, preciso descobrir quem é ele!

Qual a sua banda favorita?
Manu

Pergunta errada. Próxima.
V.

Ei! Por que não posso saber disso?
Manu

Porque eu sou muito fã dessa banda, se eu contar qual é você descobre na hora quem sou. É a mesma coisa que perguntar o meu nome.
V.

Falando em nome... Esse V, é a inicial do seu nome?
Manu

É uma delas. Meu nome é composto, mas os meus dois sobrenomes, o que resulta em 4.
V.

E o V é a inicial de qual dos nomes?
Manu

E você acha mesmo que eu vou te responder essa pergunta? Rsrsrs
V.

Não, mas eu tinha que tentar. Qual é a cor dos seus olhos?
Manu

Então, mais uma regra: pode me perguntar sobre a minha aparência, mas só uma coisa, ou seja, se eu te responder qual a cor dos meus olhos, não respondo mais nenhuma pergunta sobre como sou. Pelo menos por enquanto.
V.
Caramba, ele pensa em tudo! E agora eu tenho que pensar. O que, na aparência dele, tem mais chance de se diferenciar mais de outros garotos? Cabelos eu sei que não, conheço vários morenos e loiros. Cor dos olhos? É fácil diferenciar se a cor dos olhos dele for diferente, mas se forem castanhos eu to ferrada. Não, tinha que ser algo que quase nenhum garoto tem, algo que eu goste na aparência de um garoto. Logo pensei em sorriso, mas não tem como eu perguntar como é o sorriso dele. Já sei:

Mudei de idéia. Você tem covinhas?
Manu

Droga, é uma ótima pergunta! Mas eu prometi responder. Sim, eu tenho covinhas. =D
V.

E o Baile de Máscaras, pode falar sobre ele?
Manu


- O que você está fazendo? – perguntou a Mari, tirando os fones de ouvido e pegando o meu celular
- Não é nada... – eu disse, tentando tirar o celular da mão dela
- Perai, esse não é o seu admirador? Manu, você deu seu número pra ele?
- Não Mari, ele já sabia!! – eu disse, irritada
- Manu, e se ele for um...
- Ele não é! – eu disse, antes que ela terminasse – olhe as mensagens, um pedófilo faria perguntas assim pra mim? – eu disse, quando já estávamos dentro do shopping
- Eu vou olhar, mas depois, e você não vai conversar com ele hoje, vamos comprar as máscaras.
- Mas Mari, e se a minha mãe me ligar... ?
- Não tem problema, eu atendo
- Mas...
- Sem mas, vamos procurar as máscaras.
- Okay – eu disse, e ela me arrastou pra mais dentro do shopping.