Morte.

Então a morte é assim. Calma. As pessoas parecem sofrer tanto quando morrem. Será que eu pareci sofrer quando morri? Não senti absolutamente nada. Nem tenho tanta certeza que morri?

– Será que eu realmente morri? – me perguntei. Só que dessa vez em voz alta.

– Ahh você morreu sim. Bom mais ou menos né? Você ta em Summerland, ainda não fez a travessia mas ta morta.

Me virei para ver de quem era aquela doce voz que me tirava da solidão e avistei uma menina um pouco mais nova que eu, com os cabelos iguais aos meus porém eram mais ondulados. Ao lado dessa menina estava eu belo labrador com os pelos dourados. Fiquei assustada. Achava que estava sozinha. Mas era tão bom ver alguém que tinha minha idade aqui. O que seria ela? Um anjo? Ou coisa perecida? Ou ela é só outra menina morta também?

– Acho que to mais pra “só outra menina morta também” hahah. Eu sou a Riley prazer – Riley estendeu a mão mas eu recuei. Como uma menina que esta morta como eu poderia ler meus pensamentos? – Aqui a gente consegue ler pensamentos. Por isso que eu ouvi o que você disse, você precisa aprender a bloquear os seus ou não pensar nada constrangedor.

O cachorro ao lado da menina começou a lamber a mão de Riley e depois olhou para mim como se quisesse que ela o apresentasse.

– Ahh perdoe a minha educação. Esse é o meu cachorro: Buttercup

Ouvi-la falando esse nome me fez desmoronar. Lembro de Kat ameaçar cozinha-lo. Lembro de alívio em seu rosto quando eu o defendia. Lembro do miau que fazia quando eu botava o leite de Lady em seu copo. Eu cai. Cai nesse chão brilhante de tanto que chorava. Não aguentava o peso de minhas próprias pernas.

– Desculpa. Não sabia que você tinha um gato com esse nome. Você sabe se ele está vivo? Se sim podemos vê-lo pelo observador e se não podemos simplesmente procura-lo em Aqui e Agora. Mas vamos ter que atravessar a ponte. Estou aqui falando com você e nem sei seu nome, sabia disso?

– Desculpa. Eu… Eu sou… Meu nome é Primrose Everdeen, me chamam de Prim.

Riley se encaminhou àquela ponte. Seu cachorro atravessou. Ela se virou e fez um gesto com as mãos me chamando. Mas acho que eu não estava pronta para uma aventura como essa. Riley se virou e com aqueles belos cachos atravessou a ponte. Eu estava sozinha de novo. Tinha algo naquela menina que me prendia. Algo que me dava confiança para seguir a vida aqui.

Eu andei alguns passos me deparando com a ponte. A ponte na qual Finnick deve ter atravessado, na ponte que meu pai atravessou, que Madge atravessou, que Rue atravessou, que um dia Kat atravessará.

Eu atravessei.


Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.