O Omnic era um O13, eles andam em quatro pernas mecânicas mas possuem um torso humanóide, quase como um centauro robótico, mas ao invés de duas mão, eles carregam uma mão e uma arma. Eu estava na entrada da cozinha, portanto o Omnic ainda não havia me visto, eu silenciosamente fui a sala e peguei a mão de Mia.

—Maki, o que está acontecendo?- Perguntou ela assustada enquanto olhava para trás.

—Mia, um O13 entrou pela nossa porta, você deve sair pela janela do seu quarto e ficar dentro do celeiro. Eu vou arrumar um jeito de desativar esse Omnic.

Eu soltei Mia, e antes dela partir, me deu um abraço. Eu venceria esse robô por ela. Minha casa não é muito grande, portanto, ao me virar me encontrei com o O13, antes que ele tivesse a oportunidade de atirar eu me abaixei. Ele disparou pouco acima da minha cabeça, correndo fui até embaixo de seu braço e o levantei, fazendo assim com que meu teto ganhasse buracos. Antes que ele reagisse, segurando seu braço-arma com as duas mãos eu o derrubei para a direita. Veja bem, para alguns seres quadrúpedes, quando derrubados de lado, é de um grande esforço se levantar. Até mesmo se o quadrúpede for um ser portador de grande tecnologia. Eu passei por ele e corri para a cozinha, o tombo do O13 me daria tempo, mas não uma vitória. Corri pelas gavetas e armários e me armei: uma grande faca e uma frigideira. Meus pais haviam levado as armas com eles para a batalha, se alguma havia sobrado na casa estava escondida.

Ouvi os pesados passos do Omnic vindo em direção a cozinha, portanto fui a sala e me escondi atrás do sofá. Ele surgiu na cozinha e me buscou pelo perímetro, como não me encontrou continuou avançando para a porta que dava para fora. Eu sorrateiramente fui para as suas costas e pulei com a faca pronta para apunhalar sua cabeça. Neste momento tudo deu errado, o torso do robô inesperadamente girou 180 graus, ficando cara a cara comigo, com seu rápido processamento ele esticou sua mão e apanhou minha cabeça, mantendo meu corpo distante o suficiente de seu rosto impedindo com que eu causasse dano nele. Eu tentava golpear seu braço mas nada acontecia, ele não sentia dor, portanto mesmo golpeando o braço, nem uma de suas juntas robóticas se moviam.

Eu lembro de neste momento pensar na Mia sozinha no celeiro e de sentir o braço-arma do O13 encostando na lateral da minha cabeça. Quando as lágrimas estavam prontas para sair dos meus olhos foi o momento em que nada aconteceu. O robô não disparava nem se mexia. Foi então que ouvi o som de metal sendo rasgado. Eu, tomado pelo susto, abri meus olhos e vi diante de mim um monge ômnico, empunhando uma espada com uma lâmina fina de aproximadamente 70 centímetros. Atrás deste ômnico havia outro. Eles eram como os que eu via na televisão, mas não pareciam tão pacíficos, talvez eles mataram o O13 para terem eles mesmos a satisfação de me matar.

—Nós vimos o O13 passando pela nossa fazenda vindo nesta direção, estávamos com as luzes apagadas então talvez ele tenha acreditado que não havia ninguém na residência. Reconhecemos um ômnico com intuito de matar quando vemos um, portanto achamos que era melhor vir ajudar vocês.- Disse a ômnica segurando a espada, percebi que era umA ômnica pela sua voz feminina e suave, até mesmo naquele momento sua voz me passou certa tranquilidade. Ao me falarem de como vieram para cá me lembrei de ver ômnicos na fazenda mais próxima a minha casa, nunca pensei muito sobre o assunto, mas pelo que vejo elas eram as donas.

—Vocês caminharam por 20 minutos seguindo o O13 só para ajudar a mim e minha irmã?- Perguntei admirado pela bondade delas.

—Ora mas é claro, reconhecemos o valor de uma vida sendo ômnica ou humana, devemos nos ajudar e cuidar do bem-estar maior.-Respondeu docemente a segunda ômnica que também era fêmea.

—Muito obrigado, não sei o que teria feito sem vocês, eu me chamo Mako.

—Eu sou Liandre.-Disse me estendendo a mão a ômnica da frente.

—E eu sou Aryas, é um prazer lhe ajudar.-Me cumprimentou a segunda ômnica.

—Minha irmã menor, Mia, está escondida no celeiro, se vocês quiserem podem esperar aqui, ou podem me acompanhar também. A não ser que queiram voltar para sua casa é claro.-Eu lhes disse.

—Iremos com você, assim verificamos se não há mais ninguém mal-intencionado ao redor.

Então, eu, Liandre e Aryas fomos juntos ao celeiro. Nossa fazenda era simples, portanto o celeiro, que ficava um pouco afastado da casa, não era grande, então logo ao entrar eu deveria ver Mia. Mas não a vi. O desespero tomou conta de mim e após vasculhar por completo o celeiro e não achá-la, comecei a gritar por seu nome. Eu olhei para os meus pés tentando reprimir as lágrimas e o desespero para pensar direito, as ômnicas em solidariedade colocaram as mãos nas minhas costas para me acalmar.

—Sabemos que deve ser desesperados mas mantenha a calma, não há sinais de luta aqui. Pense, há algum outro lugar em que sua irmã poderia ter ido?- Disse Aryas, tentando me acalmar.

Por um momento eu pensei, até que uma resposta me veio sem muita demora.

—Os porcos.

Mesmo com certa dúvida as ômnicas me seguiram em direção ao cercado dos porcos, e logo ao ter visão dos animais vi junto a eles uma menininha. Mia. Eu gritei pelo seu nome e corri na sua direção com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Ela era tudo que eu tinha. Ela veio correndo na minha direção e me abraçou.

—Me desculpe Maki, eu fiquei no celeiro por um tempo, mas tinha que ver se Rosado e Bolota estavam bem.- Justificou ela, olhando afetuosamente para nossos dois porcos.

—Está bem Mia, mas não faça mais isso. Essas são Liandre e Aryas, as moradoras daquela fazenda que fica a 20 minutos daqui, elas me ajudaram com aquele omnic.-Falei a ela, apresentando minhas salvadoras.

—Saudações minha jovem.-Disseram as duas cumprimentando a Mia.

—Bom, agora que estamos todos bem, vamos voltar para casa, vocês podem nos acompanhar se quiserem.-Falei me dirigindo as ômnicas.-Posso lhes oferecer óleo por me salvar, é o mínimo que posso fazer.

—Aceitamos sua bondade Mako, obrigado.

Fomos os quatro para a casa, agora que estávamos bem, a dúvida do por que aquele ômnico ter vindo até a minha casa não me saía da cabeça. Talvez os ômnicos tenham vencido as represálias da guerra na qual meus pais participavam tentando reaver o Omnium, então eles estavam tentando conquistar território, contornando a cidade e vindo pelas fazendas, talvez aquele tenha sido um Omnic mandando para reconhecimento de área. Talvez tenham outros. Devia parar de pensar nisso, já tinha sido uma noite muito cheia. Ao entrarem todos em casa não havia porta para ser fechada, e na frente permanecia em pé o corpo sem cabeça de um O13. Então, quase que sincronizado, o ômnico caiu de lado, e ao bater no chão eu ouvi uma explosão ao longe, pouco depois da cidade. Nós quatro em casa nos lançamos ao chão. Quando o clarão se dissipou olhamos para fora.

O celeiro se fora, os animais também, a vegetação permanecia sem vida. O fim havia começado. O Omnium australiano explodira.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.