Foi em uma manha fria que Louise chegou à Opera Populaire. A menina era loira com olhos azuis quase cinzas, e de pequena estatura, apesar de já ter dezesseis anos. Madame Giry estava esperando-a. elas se cumprimentaram, e entraram na Ópera. Madame Giry era a única pessoa que poderia cuidar dela agora. Seus pais haviam morrido, e ela fora morar com uma tia. Mas essa tia mudou-se para outro país, e Louise achou melhor ir morar na ópera do que sair da frança.

Ela era musicista, então morar em uma ópera não seria problema. Ela também sabia atuar, apesar de ser tímida fora dos palcos.

- onde você prefere que seja seu quarto, querida? Temos uma cama vaga no quarto onde dormem algumas garotas do coro. E temos outro quarto, um pouco mais afastado de tudo, que ninguém usa – falou Sra. Giry

- creio que vou gostar mais de dormir sozinha senhora – respondeu a garota.

- vamos ate lá então. Se eu fosse você eu escolheria o quarto das garotas.

Elas atravessaram quase toda a Ópera. O tal quarto ficava realmente longe de tudo. Era um quarto pequeno, havia alguns poucos móveis com uma fina camada de poeira os cobrindo. Posso arrumá-lo e deixar esse lugar do meu jeito, pensou Louise.

- vou ficar aqui mesmo Sra. Giry. Obrigada por tudo – agradeceu ela.

- quer ajuda para desfazer as malas?

- acho que não. São poucas coisas mesmo – disse ela rindo.

- vou avisar os diretores da sua chegada aqui. Se precisar de algo, chame.

- pode deixar senhora.

Louise olhou para suas coisas. Eram apenas duas malas. Ela abaixou-se, e retirou as suas roupas, e as colocou no armário que havia ali. Na outra mala, estavam suas coisas mais importantes, os seus materiais para desenho, algo que ela gostava muito. Ela tirou os papeis e tintas da mala e pôs na escrivaninha. Nem sem antes retirar o pó que havia ali. Ela também tinha alguns livros, que foram parar justo com os papeis de desenho.

E agora o seu bem mais precioso. Um violino, que ela mesma havia comprado, com o dinheiro de pequenos serviços. Ela sabia tocar vários instrumentos, mas só possuía um. Ela resolveu deixá-lo em cima de uma mesinha ao lado da cama. Olhou no fundo da mala para ver se tinha se esquecido de algo, e encontrou as partituras de composições que ela mesma havia feito. Deixou-as dentro de uma gaveta. Enfim ela se deitou para descansar, afinal ela tinha vindo andando até ali.

Enquanto isso, Madame Giry andava pelo teatro a procura dos novos diretores. Era uma questão de formalidade avisá-los da chegada de Louise. Eles eram tão insolentes! Eles se recusavam a pagar os 20 mil francos de Erik. Bom que sofram as conseqüências a pensou. Ela estava tão perdida em pensamentos que nem notou quando alguém a chamou.

- ei Sra. Giry!

- ah olá Erik – disse ela quando percebeu que era ele que a chamava – o que faz aqui?

- estou indo ver Christine – respondeu ele – a propósito, quem e aquela garota que você trouxe para cá?

- e Louise. Eu era amiga do pai dela. Mas eles vieram a falecer, e ela foi morar com a tia. Mas essa tia foi para a Itália, e Louise preferir ficar aqui. Ela irá morar aqui, pois não tem lugar para ficar. Tenho certeza que ela não irá incomodar, ela é muito quieta. Alem disso, ela e musicista – contou Sra. Giry.

- pois bem, que seja. Vou indo, ate mais – despediu-se Erik.

Ele estava andando em direção do quarto de Christine, quando um som lhe chamou a atenção. O som vinha de um quarto que ninguém usava. Curioso, ele se aproximou de uma de suas passagens secretas, que o permitam observar sem ser observado. E eis que era aquela garota nova, tocando um violino. Erik surpreendeu-se com a técnica que ela possuía.

Ela tocava as notas com incrível facilidade, numa música que ele nunca havia escutado. Ela parou de tocar por um momento, e anotou algo em uma folha. Era uma partitura, ela estava compondo! Como pode uma menina tão nova, já saber compor tão bem? Erik ficou ali um bom tempo, ouvindo aquela incrível música. Então ele se lembrou que devia estar com Christine, e relutantemente ele saiu dali.