E assim,nos víamos em uma sociedade decadente.

Tudo que se via,era dado como ofensivo. E de fato,não era ao todo mentira... Pois esta,era uma geração baseada em pecados.

Não qualquer pecados,baseados nos pecados capitais... por vezes,os mortais até mesmo veem á tona.


Gula. Desde pequenos escondendo o próprio doce afim de não dividir com outros.
Luxúria. Sexo,transa. Nada de "fazer amor". Quem dissesse,seria motivo de piada.
Avareza. Tantas mortes pelo simples sucesso próprio. Por dinheiro.
Ira. Pois matam por raiva,rancor e ódio.
Soberba. O orgulho é tanto que mal pode ajudar o próximo.
Preguiça. E aquela pessoa que hoje pediu sua ajuda,pela simples rejeição da mesma,está morta amanhã.
Inveja. Como não desejar tanto aquilo que não é seu? Tanto que até matar passa á ser algo viável.

É doloroso ver como as pessoas estão repugnantes... E como um puro poderia facilmente ser corrompido no meio de tantas recaídas ao mesmo tempo.

É cruél ver seus protegidos se decaindo. E não falava somente sobre os que se imergiam em seus próprios pecados,mas nos que simplesmente não aguentavam aquela pressão... Aquela rotina monótona de erros...

E simplesmente se vão. E de nada poderia fazer. O que um mero arcanjo poderia fazer? Tenho missão de vigiá-los e guiá-los... Mas de nada em sua decisão eu poderia interferir,muito menos me mostrar,revelando ser uma criatura dos céus.

É uma triste questão... É uma vontade sufocante de simplesmente deixar-me decair também...

Arrancar-me as asas que um dia foram orgulho á meu Pai. Cortar-me os cabelos que já um dia encantaram uma mulher,um amor impuro de um anjo com uma humana. Arrancar-me os olhos que já foram telespectadores de tantos acontecimentos. Partir-me a garganta que um dia fora o meio de abandono de minhas cordas vocais,melodiando um lindo canto aos celestiais.

Simplesmente deixar de existir... Simplesmente me deixar sumir... Sem vestigios... Sem problemas... Decadências,pecados,estupros,roubos... TORTURANTE!

As lágrimas nunca cessavam... A tristeza nunca ia...

E mesmo que eu tivesse meu amor comigo,talvez tudo isso fosse superável... Mas não.

Eu estava só. Depois de meu Pai descobrir o amor sujo que eu sentia,me isolara de forma tão dolorosa que mesmo a dor de ser castigado por ele,não se comparava á dor de ser humilhado e torturado... Pois no céu era assim.

Fora descoberto tão bobamente feliz,que a forma brusca com que tal felicidade lhe fora tirada me fez do mais assustado filho. Um colar de cruz... Mas nada mudava.

Ainda eram puros... Eram sem dúvida um povo de fé e esperança... Mas a fidelidade vinha acima de tudo... E eu a infringi ao me apaixonar por uma humana em decadência mental...

Eu a matei ao ter sido descoberto pela pessoa que tanto me protegia e me acolhia... Eu o decepcionei,eu decepcionei á todos.

E mesmo assim,eu me via assim,acorrentando,em missão sem escapatória de vigiar os seres que um dia foram seu orgulho e obra-prima... Mas agora,o que dizer? Eram sua maior decepção,assim como eu.

Mas o pior não era isso... O pior não fora nada contado... O pior era a cicatriz transparente em meu corpo á cada pecado feito,cada pecador... Cada acontecimento sendo escrito em mim.

Um livro ambulante de erros e decepções. Um castigo eterno que nunca tinha fim.

Sufocante...

Agora uma pequena corrente dourada prendia-me do canto do lábio,quase em minha bochechas,até minha orelha.

E minha única compainha naquela imensidão de dor e sofrimento,castigo eterno... Era também a eternidade de uma única rosa... De uma das coisas mais belas que já há de ser feita neste mundo,agora decadente.

A linda e delicada rosa vermelha como o sangue rubro e escarlate,tal como uma bela Lua de Sangue. Era o máximo que meu Pai conseguia fazer por mim.



"O exagero é a arte dos poetas,
Que enxergam as coisas com o brilho certo,
E não com a banalidade dos olhos cansados."

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.