Não Sou Nenhum Herói.

Possíveis e Impossiveís & Novas descobertas.



—Oi Ally, ainda bem que chegou! - Diz Matt olhando para mim.
—E então!
—Vem. - Caminhámos até a sala e a mesa estava cheia de papéis. - Eu tenho aqui a imagem do homem que encontrámos, pois precisei de vir a casa e os meus homens estão a interrogá-lo.
—Ok. - Fomos até a mesa e ele entregou-me uma folha com a imagem de um homem.
—E então? É um dos homens que estava com o Jason quando vos atacaram?

POV Ally

Olhei para a imagem nas minhas mãos e depois olhei para o Matt.

—Não... mas da outra vez que o Jason nos atacou este homem estava lá!

—Ok, menos mal.

—Como o encontraram?

—Ele estava a "espiar" o que fazíamos. Um dos meus homens notou o olhar dele sobre nós e quando lhe foi perguntar se ele precisava de alguma coisa, tentou fugir, por achámos que fosse um dos que estivesse lá.

—O que ele fazia lá tio?

—Não sei Ashton, talvez para ver se havíamos descoberto algo que acusasse e nos levasse até o Jason e o Austin, talvez para apagar as provas que pensam ter deixado para trás.

—Mas se ele não é um dos homens que estava com o Jason quando atacaram o Austin e a Ally isso quer dizer que voltámos ao ponto zero e não vamos conseguir encontrar o Austin?

—Não. Ele continua a ser um dos homens do Jason e para vir ver como as coisas estão tem de saber onde está o Austin, ou pelo menos sabe como podemos chegar até ele. - Diz e o seu celular começou a tocar. - Eu tenho de atender. - Assentimos e ele foi para a cozinha.

—Oi Trish! Desculpa não te ter falado!

—Não tem mal Ash, eu te perdoo. - Eles riram e se abraçaram. - Eles vão encontrar o Austin.

—Espero que sim. Apesar de ele não estar a ser o irmão mais presente e mais alegre, ele continua a ser meu irmão e eu continuo a me preocupar com ele.

—Eu sei que sim, mas ambos sabemos como o Austin é forte e eu sei que o vosso tio vos treinou bem. Ele sabe se defender e consegue superar coisas que nunca vi alguém superar como ele.

—É verdade, mas isso não interessa quando te conseguem atingir bem lá no fundo e eu sei que o Jason sabe usar as palavras contra o Austin. Ele sabe como o irritar, como o levar ao estremo e à exaustão!

—Sim, mas o Austin já sofreu muito e este ano inteiro ele conseguiu e consegue esconder a dor que sente e a culpa que tem com o que aconteceu no acidente. Nós sabemos que ele sofre tanto com o acidente pelas suas atitudes e porque o conhecemos e mesmo assim não conseguimos perceber tudo nele.

—Tens razão e espero mesmo que o Austin não se deixe afetar com o que lhe dizem.

—Está tudo bem Ally? - Pergunta a Trish e eu olho para ela assentindo. - Não parece.

—É só que... se não tivéssemos ido naquele parque...

—Hey! Não comeces a ser como o Austin sim. Vocês são parecidos em muito aspetos, mas por favor, no de se sentirem culpados não!

—Mas é o que eu sinto!

—Pois, mas não foi!

—Parece que tudo na minha vida se vai desmoronando aos poucos e da maneira mais dolorosa.

—Não penses assim. Vais ver que daqui a um tempo vamos estar a recordar este momento e vamos estar todos a rir!

—Espero que sim!

—Já contaram à Mia?

—Não e não sabia que sabias que ela estava de volta.

—E não sabia, foi a Ally que me contou hoje.

—Oh.

—Achas que devemos contar? - Pergunto olhando entre os dois.

—Acho que sim, até porque tenho a certeza que ela nos vai ajudar bastante.

—Ok, então você fala com ela e eu com o Dez! - Diz a Trish.

—E eu?

—Você liga ao Jake e depois ao Sam

—O quê? Porquê o Jake?

—Nós também somos amigos e acho que apesar de ele ser primo do Jason ainda é amigo do Austin.

—Quem é primo do Jason? - Pergunta Matt se aproximando de nós.

—Jake, porquê?

—Talvez ele saiba onde encontrar o Jason.

—Acha mesmo?

—Não sei, mas podemos tentar. Ele pode saber de algum lugar para onde o Jason possa ter levado o Austin.

—Ok, então ligarei... eu não tenho o número dele. - Olho para a Trish.

—Eu ligo então. Ash ligas à Mia e Ally liga para o Sam! - Assenti e peguei o meu celular ligando para o Sam.

Ligação On (Ally/Sam)

Oi Ally! Está tudo bem?

Nem por isso, será que podes vir aqui a casa?

—Ahm, sim, mas é algo sobre mim e aquele assunto?

Não necessariamente, se quiseres podemos sim falar sobre isso, mas é sobre o Austin. Será que podes vir?

Sim, claro! Estarei aí em alguns minutos.

Ok, até!

Até!

Ligação Off

—Matt?! - O chamei vendo que o Ashton e a Trish ainda falavam no celular.

—Sim? Está tudo bem?

—Sim, só queria saber se lhe tinham ligado sobre o Austin!

—Mais ou menos. O homem não abre a boca. Literalmente. Ele não fala, não diz nada. Mandaram até o nosso melhor colega para o interrogar, mas nada.

—Isso quer dizer que não vamos encontrar o Austin?

—Não Ally, quer dizer eu vou fazer de tudo para o encontrar. Possíveis e impossíveis.

—Ajudarei em tudo que puder!

—Obrigada!

Sorri e ouvi a campainha tocar. Me levantei e fui até a porta e abrindo e vendo o Sam.

—Oi Ally!

—Oi Sam, entra! - Ele entra e foi até a sala enquanto eu fechava a porta!

—Oi! - Diz vendo os outros na sala.

—Oi Sam.

—Oi Trish! Já faz algum tempo que não nos vemos!

—É verdade! Como vão as coisas?

—Podiam estar melhores... e para você estar aqui algo de bom não é! Sem ofensa!

—Eu entendo. Faz praticamente um ano que não venho aqui!

—Pois... mas onde está o Austin? Porque me querias falar sobre ele? - Pergunta olhando para mim.

—Primeiro esperamos pela Mia, o Jake e o Dez e depois conto. - Ele assente e se sentou no sofá ao lado da Trish.

Tocaram à campainha mais uma vez e suspirei indo, mais uma vez, abrir a porta. Abri e de lá entraram o Dez e Jake com um olhar preocupado.

—O que aconteceu com o Austin? Está tudo bem?

—Calma Dez, porque estás assim tão preocupado, acho que a Trish não te contou o que se passou!

—Não, mas disse que algo muito grave tinha acontecido com o Austin e que eu precisava vir para aqui urgentemente! - Olhei séria para a Trish e ela apenas encolheu os ombros.

—É sim algo grave, mas ela não precisava de o ter dito assim! Venham, sentem-se que só estamos à espera da Mia e depois contamos o que está a acontecer.

—Ok...Espera... você disse Mia? - Pergunta o Jake parando e olhando para mim.

—Sim disse e sim eu conheço ela. Longa história, depois conto! - Ele assentiu e sentou-se no sofá com o Dez.

—Achas que ela vai demorar muito Ashton?

—Não Sam, ela já deve estar a chegar.

—Ok.

Esperámos pelo menos uns cinco minutos em silêncio. Não aquele silêncio agradável e que é bom de vez em quando, mas sim aquele desconfortável, nada acolhedor. Era como se tivéssemos medo de proferir uma palavra e afetar alguém. Mas, felizmente, a campainha tocou e eu fui a primeira a tomar a iniciativa e me dirigi até a porta a abrindo e vendo uma Mia com um olhar um tanto preocupado.

—Vemos para a sala e eu explico tudo! - Digo me separando do abraço que demos, antes que ela perguntasse alguma coisa.

Assentindo a Mia dirigiu-se até a sala enquanto eu fechei a porta atrás de mim e respirei fundo várias vezes antes de, por fim, me dirigir também para a sala.

—E então Ally já podes contar?

—Já. Ok, então...ontem eu e o Austin saímos e quando estávamos a passear pelo parque o Jason mais uns três homens apareceram e começaram a desafiar o Austin... - Respirei fundo me esforçando imenso para não deixar cair as lágrimas... - Ele...ele disse que era para eu correr para casa, trancar as portas e chamar a polícia sem olhar para trás... no princípio não aceitei, não o podia deixar sozinho, eles seriam quatro contra um só e apesar de não saber me defender e não ter força, tentaria qualquer coisa mas... o Austin disse que não era para me preocupar e bem no fundo pensei que se ficasse só iria fazer pior não podendo ajudar, então fiz como me disse e corri. Corri o mais rápido que consegui e quando cheguei a casa contei logo ao Matt o que aconteceu e ele foi para onde deixei o Austin... o problema foi que quando lá chegou, já não estava lá ninguém!

—Hey, shhh... está tudo bem! - Diz a Mia me abraçando. Deixei todas as lágrimas que segurava derramarem de uma só vez sem me importar mais.

—E-eu não o devia ter d-deixado sozinho... d-devia...ter f-ficado com e-ele! A c-culpa é toda m-minha!

—Não Ally não é. Você só fez o que ele pediu e fez bem porque senão, agora não estaríamos apenas procurando pelo Austin e sim por você também!

—M-mesmo assim!

—Mesmo assim nada Ally. O Austin não se iria sentir bem se soubesse que te sentes desta maneira por ele ter feito de tudo para te salvar. Porque foi isso que ele fez, ele fez com que viesses embora para não te magoarem.

—Esse é o maior problema porque agora não sabemos onde ele está nem como está porque ele me queria proteger e eu não fiquei com ele para o ajudar!

—Pára Ally! Não penses assim. Tens de pensar que o Austin está bem. Ele sabe se defender!

—Eu sei que ele sabe Mia... mas eles eram quatro. Quatro contra um só! Ele pode estar em tanta dor, todo machucado, sabe-se lá onde!

—Nós vamos encontrar o Austin está bem? Eu prometo!

—Não prometas algo que não podes cumprir!

—Sabes bem que sou uma pessoa que diz a verdade. Sabes bem que quando as coisas não estão muito bem eu digo que não estão, mas que podem melhorar e sabes que não faço este tipo de promessas a ninguém! Por tanto... se te estou a prometer que o vamos encontrar é porque vamos! Só temos de pedir para que o encontremos bem!

—Ao menos dizes que o podemos não encontrar bem!

—Mas vamos encontrar e é nisso que tens de pensar!

—Já está a ficar tarde e hoje não estou com cabeça para fazer jantar. Será que podem pedir pizza?

—Claro tio! - Diz o Ash assentindo e pegando no celular indo pedir as pizzas. Acho que ele sabe as pizzas que gostam pois não perguntou o que queriam.

—Jake, será que podes vir comigo?

—Claro Matt! - Eles foram para a cozinha e eu olhei em volta da sala. Todos tinham um olhar preocupado. O Dez era o que mostrava mais. A sua perna esquerda balançava para cima e para baixo num ritmo acelerado, encostado no sofá com os olhos fechados. A Trish olhava para as mãos enquanto murmurava o Sam que assentia algumas vezes e a Mia, que agora também se encontrava no sofá, olhava para o Ashton atentamente.

—Já pedi as pizzas, em 20 minutos estão aqui! - Diz Ashton voltando para a sala e se sentando no sofá ao lado da Mia.

O silêncio instalou-se na sala e ainda bem que o Jake e Matt regressaram da cozinha pois já me senti um pouco desconfortável com o silêncio desagradável.

—E então? - Pergunta o Dez.

—Nada. Os dois únicos lugares que o Jake deu estão desocupados, não o encontrámos nos lugares em que ele costuma estar, mas um dos armazéns encontraram algumas provas de que lá estiveram só temos de continuar a investigar e esperar que vão até lá outra vez.

—E amigos do Jason? Não os podem encontrar por amigos dele? Talvez esses homens sejam amigos dele!

—O Jason não tem muitos amigos. Ele estava quase sempre metido em sarilhos e os poucos amigos que tinham foram deixando de estar com ele por isso! Esses homens deve ser contratados por ele.

—Ou por outra pessoa!

—O que você quer dizer com isso Ally?

—Eu já falei com o Ashton e a Trish sobre isto. E se o acidente não era para Mike e Mimi e sim para o Austin? ...De alguma maneira era para ele e como não conseguiram continuam atrás dele. O Jason pode ser só alguém que está a ajudar essas pessoas!

—Apesar de isso poder ser verdade, é muito difícil. Podes estar perto em dizer que o Jason pode estar a trabalhar para alguém. Acho todo este ódio pelo Austin demasiado para ser só sobre a Molly.

—É o mesmo que eu acho, mas se não é só contra o Austin o que pode ser e porquê?

—Há uns anos um casal de ladrões internacionais veio para Miami e fizeram-se passar por outras pessoas. Eles passaram por empresários bem sucedidos infiltrando-se nas empresas e roubaram tudo. Um dos donos das empresas descobriu o que faziam e morreu num suposto acidente de carro. O sorte foi que ele tinha gravado uma confissão dos ladrões e provas do desvio de dinheiro para as contas deles e as falcatruas que eles faziam. Depois de perceberem que eram procurados, conseguiram fugir e desde então nunca mais voltaram.

—E acha que podem ser eles que fizeram com que a minha mãe, Mimi e Mike morressem?

—Não sei, mas para isso eles têm de estar em Miami e a trabalhar na empresa desta família!

—Mas porquê quererem o Austin? - Pergunta a Mia.

—Essa é a grande questão! O mais importante é descobrir quem da empresa está com identificação falsa e quem nos está a tentar roubar!

—Vai ser um longo trabalho, mas temos de ter cuidado!

Temos de ter cuidado? Nem penses Ash, eu e os meus homens iremos investigar, já basta o Austin ter estado naquele acidente de carro e já bata ele estar desaparecido, não quer o mesmo a acontecer com você!

—Mas tio...

—Mas tio nada Ash! Eu e os meus homens iremos tratar do assunto. Vocês preocupem-se com a escola!

A campainha tocou antes que mais alguma palavra pudesse ser dita. O Ashton levantou-se e foi até a porta, voltando alguns segundos depois com as pizzas. Fomos todos para a cozinha e comemos as pizzas. As nossas conversas eram mais sobre a Mia e como eram por lá as coisas não ousamos em falar sobre o Austin. Apesar de tudo ele é muito importante para todos nós e mesmo que só nos tenhamos conhecido faz uma mês. Ele se tornou uma pessoa muito especial para mim.

Logo o tempo foi passando e tanto a Trish como o Dez e o Jake foram embora pois já estava a ficar tarde. A Mia iria ficar cá a dormir pois já era tarde, no Campus já devia estar todos a dormir e achámos melhor ela ficar aqui. A Mia estava dormir no meu quarto e neste momento era a única que estava acordada na casa e como não conseguia dormir decidi ficar na sala a ver um pouco de televisão.

De repente ouço um barulho vinda da porta e me levanto assustada. Mais um barulho é ouvido e depois só silêncio. Será que devo ir ver o que está na porta? E se for alguém que me vai atacar? E se for alguém que vai assaltar a casa? E se eu estou a ficar louca e a ouvir coisas?

Balancei a cabeça e desliguei a televisão, fui até a cozinha colocando sobre a mesa o copo que tinha na mão e voltei para a sala. Olhei para a porta e algo dentro de mim me dizia que devia abrir a porta, mas ao mesmo tempo tinha medo pelo que estava do outro lado.

Respirei fundo e caminhei calmamente até a porta, coloquei a mão sobre a maçaneta e rodei muito devagar. Comecei a abrir a porta lentamente e não estava ninguém na minha frente. Olhei para baixo e não podia acreditar no que estava a ver.

—Não! - Sussurrei levando as mãos à boca!