Não Sou Nenhum Herói.

Conversa de irmão mais velho & Desentendimentos.




POV Austin

—E então Sam? Não o vais querer conhecer? - Ele olha simplesmente para mim, sem proferir uma palavra. - Tanto tempo a procurar por ele e agora não vais fazer nada? Eu sei que pode ser difícil, mas vai ser bom se você o conhecer.

—E se eu me arrepender? E se ele se arrepender?

—Porque ele haveria de se arrepender?

—Porque ...Eu posso não ser o que ele está à espera. Posso não ser o que ele sempre idealizou como filho...

—Podes parar já aí! Vá lá Sam. Você me aceitou tão rápido como irmã. Eu também pensei o mesmo que está pensando agora, mas estava errada em pensar isso.

—Você é incrível Ally e eu já te conhecia. É diferente!

—Nesse aspeto sim, mas eu vi o quanto ele te queria conhecer. Acho que ele te aceitará de qualquer jeito.

—Ele disse quando me iria ver?

—Não. Nós pedimos para falar com você primeiro. Depois é você a decidir se o vai ver ou não!

—Ele veio mesmo para me procurar?

—Pelo menos foi o que ele nos contou e também nos disse porque partiu e te deixou!

—A sério? Foi porquê?

—Não vamos contar! - Diz a Ally e eu assenti.

—O quê? Mas porquê?

—Porque é o teu pai quem te tem de contar. Não nós!

—Só estão a tornar as coisas mais difíceis!

—Não. Quanto muito estamos a tornar as coisas mais fáceis!

—Não podem ir comigo?

—Não! ...Olha Sam. E que tal aproveitares enquanto tens o teu pai? Podes não o conhecer, mas estás a ter a oportunidade para isso. Não desperdices! - Suspirei. - Eu sei o que é precisar de um pai ou mãe quando mais precisas e já não tendo mãe, deves aproveitar a oportunidade que a vida te estar a dar e ires conhecer o teu pai. Sei que os teus pais adotivos não te davam atenção nem se preocupavam em saber se você estava bem. Mais um motivo para conheceres o teu pai.

—Está bem ...Eu vou conhecer o meu pai ...Mas não prometo nada!

—Já é alguma coisa. Eu tenho o número dele. - Dia a Ally se levantando e subindo até o quarto, voltando alguns segundos depois com um cartão na mão. - Aqui!

—Não. Você liga para ele e diz onde nos podemos encontrar. Por favor! - Ele implora e a Ally olha para mim.

—Não se pode pedir tudo. Já é bom ele concordar em conhecer o Jack! - Ela assente concordando e beijou a minha bochecha antes de se afastar para ligar para o Jack.

—O que foi aquilo?

—Aquilo o quê? - Pergunto confuso.

—O beijo na bochecha. Para quem é só amigo, isso parece mais!

—E é! - Sorri me lembrando do acontecimento de ontem. - Nós estamos juntos!

—Você estão o quê?

—Estamos juntos! Eu a pedi em namoro ontem. Disse como me sentia e ela, felizmente, sentia o mesmo.

—É bom saber que finalmente assumiram os vossos sentimentos, mas agora temos de ter uma conversa séria!

—Não acredito que você vai falar comigo desse jeito e sobre este assunto. Nós somos amigos!

—Vou sim. A Ally é minha irmã e eu como irmão mais velho tenho o dever de me preocupar com ela!

—Sim, mas você me conhece!

—Mesmo assim. Não quero vocês muito juntinhos! - Passei a mão pelo cabelo suspirando. Bem no fundo estou com vontade de rir de toda esta situação. O Sam sendo o irmão mais velho. Eu sendo o namorado que tem de ter cuidado e quase pedir a sua permissão para namorar a Ally. - Não quero que durmam no mesmo quarto. Isso é que nem pensar! - Coloquei as minhas mãos no meu rosto tentando esquecer o que ele acabou de dizer e insinuar. - Não quero vocês muito próximos e tão juntinhos comigo por perto. - Olhei para ele. - Não me olhes assim. Se fosse ao contrário você faria o mesmo!

—Talvez...Não quero nem pensar quando você tiver uma filha. Vou ter tanta pena dela ...Não. Eu vou ter é pena dos garotos que se tentarem aproximar dela.

—É assim que tem de ser. Temos de proteger quem gostamos.

—Sim, mas você me conhece.

—Como disse antes: Mesmo assim Austin! Você é meu amigo, mas isso não me impede de proteger a minha irmã. Por isso já sabes. Nada de dormirem no mesmo quarto nem nada de andarem agarrados e muito juntinhos.

—Não acredito no que estou a ouvir! - Suspiro me levantando e sentido as minhas bochechas aquecerem por causa da conversa. - Primeiro você diz para eu lhe contar como me sinto e o quanto gosto dela e agora está a dizer para não nos aproximarmos muito? Se decida! - Digo frustrado.

—Eu sei que você é a pessoa certa para ela e era evidente o que sentiam um pelo outro, mas isso não muda o facto de eu ser irmão mais velho dela e ter de a proteger.

—Ok Chega desta conversa! - Digo terminando o assunto de uma vez. Espero nunca mais ter esta conversa com o Sam. Felizmente a Ally voltou para a sala e só não a abracei agradecendo por ter aparecido porque isso iria sem dúvida parecer mal.

—E então?

—Vocês irão se encontrar no jardim. Ele saberá quem você é. Eu já viu uma imagem tua.

—Então terei de esperar ele vir ter comigo?

—Basicamente! Ele perguntou se podia ser em meia hora e eu disse que sim.

—O quê? Meia hora? Isso é pouco tempo!

—Não comeces Sam. - Ele revirou os olhos e se levantou.

—Acho melhor eu ir andando. Eu vou a pé para pensar em tudo o que estará para acontecer e indo a pé chegarei lá quase na hora certa.

—Vais ficar bem?

—Vou Ally. Não te preocupes! ...Tchau! - Dito isto ele saiu e eu suspirei. Vai ser uma longa tarde para ele.

—O que vamos fazer? Não tarda e o Ashton deve estar a chegar!

—Não sei. Podemos ver um filme. O que achas?

—Depende do filme.

—Qualquer um. Para dizer a verdade eu só quero ficar abraçado com você no sofá. Bem juntinhos! - Ela sorri colocando os braços no meu pescoço.

—Isso é uma tentação. Acho que já nem quero saber do filme.

—Eu sei que sou mais interessante, mas ainda podemos ver o filme! - Ela tira os braços de volta do meu pescoço e bate de leve no meu peito.

—Você tinha de estragar o momento não é seu convencido!? Apenas ri e segurei a sua cintura, puxando o seu corpo até o meu os colando.

—Sou o teu convencido.

—Só meu! - Ela volta a passar os braços em volta do meu pescoço. Sorri e juntei os nossos lábios não perdendo tempo nenhum. Era tão bom ter os seus lábios nos meus. A sincronia com que se moviam me deixava a desejar cada vez mais aqueles lábios viciantes.

Nos separei e me deite no sofá a puxando comigo. Ela se deitou do meu lado e eu abracei o seu pequeno corpo, o mantendo bem junto do meu. É tão bom estar assim com ela. Infelizmente sinto que tudo isto acabará em breve e não gosto nada desse sentimento.

—Austin?

—Sim? - Pergunto beijando o topo da sua cabeça.

—Porque você me perguntou se o Jason era um dos garotos com quem eu dormi?

—Ele me disse que era no dia em que me prendeu. Eu pensei que seria impossível, mas ao mesmo tempo como ele sabia sobre isso?

—Para dizer a verdade não sei. Eu juro que nunca dormi com ele nem nunca o tinha visto antes. É impossível ele saber sobre isso!

—Agora que falamos sobre isso. Como ele sabe todas estas coisas sobre você?

—Ele deve ter andando a investigar algumas coisas sobre mim e deve ter descoberto isso e como sabia que esse assunto te iria afetar ele usou para você! ...Isso me fez lembrar, você já gostava de mim quando ele te levou. - Ela levantou a cabeça do meu peito e olhou nos meus olhos.

—Sim. Eu já gostava de você quando o Jason me levou. O problema é que ele sabia disso e sabia as palavras a usar para me afetar. Mas eu não quero falar dele.

—Então falemos de algo mais sério! - Diz voltando a deitar a cabeça no meu peito. - Quando você vai contar ao Ashton e ao Matt que está bem?

—Quanto mais tempo passar sem eles saberem melhor! Sabes que se não souberem ficam protegidos.

—Eu sei, mas eles estão preocupados!

—Eu sei Ally, mas ...não posso contar. Sabes porque não o faço!

—Eu sei, mas ambos também sabemos como eles estão!

—Eu sei! Mas não quero pensar nisso. Está a fazer com que me sinta mal e eu sei que não é correto. Mas se assim estão seguros então é assim que vai ser!

—Muito bem. Não vamos falar mais sobre isto. - Diz e eu assenti. - Quero um beijo! - Ri e a beijei. Era impossível negar este seu pedido! - É tão bom estarmos assim! - Diz se aconchegando mais a mim. Sorri e assenti.

—Muito bom. Não podemos parar o tempo e ficar assim para sempre?

—Por mais que também queira isso, não é possível. - De repente alguém abre a porta de casa e eu suspirei.

Já passou assim tanto tempo? Porque não posso parar mesmo o tempo? Porque a minha vida não pode voltar a ser como antes? Sem problemas, sem confusões e sem mentiras. Suspirei e me levantei assim como a Ally e subi as escadas ao ver o Ashton de costas, fechar a porta.

Comecei a ouvir eles dois conversarem e decidi ficar na escada para ouvir. Infelizmente não conseguia ouvir nada do lugar onde estava e não podia desces mais ou ele ainda me via. Decidi arriscar e desci mais alguns degraus.

—Como foi com a Mia? - Consegui ouvir a Ally perguntar.

—Normal. Nós só estivemos a falar sobre a faculdade!

—Só isso?

—Sim...só isso!

—De certeza que não foi algo mais?

—Não. O que queres dizer com isso?

—Quero dizer que você e a Mia têm passado muito tempo juntos. Eu sei que são amigos desde sempre, mas mesmo assim.

—Não é nada demais. Ela só me tem ajudado a lidar com esta situação do Austin.

—Ok. Se assim o dizes! Como ela está?

—Não muito bem. Ela meio que se sente culpada por se ter ido embora. Principalmente saber que não esteve aqui quando o Austin precisava dela. Quando os nossos pais morreram.

—A culpa não é dela

—Já lhe disse isso vezes sem conta, mas ela continua a pensar o mesmo. não a consigo fazer mudar de ideias! - De repente alguém toca à campainha repetidamente, sem parar. Mas que estranho.

—Dez? - Ouvi ao abrirem a porta.

—Onde é que ele está?

—De quem estás a falar Dez?

—Do Austin Ash. Onde ele está? Eu quero ver o Austin! - Arregalei os olhos. Como ele sabe que estou aqui?

—O que há de errado com você? O Austin não está aqui. Não me parece que estejas bem. Eu sei que é difícil Dez, mas vais ver que em breve o meu tio vai encontrar o Austin e ele estará aqui!

—Eu sei que ele... - Ele foi interrompido por algo.

—Eu falo com ele. Vem Dez.

—Espera. Eu quero saber o que há de errado com ele!

—A Trish já me contou o estado do Dez e o quão mal ele está. Eu falo com ele primeiro e depois você fala pode ser?

—Eu ...claro! Vou ligar para o meu tio e saber se ele vai demorar muito!

—Ok. - Ouvi passos se aproximarem e corri rapidamente pelas escadas e até o quarto dos meus pais. Alguns segundos depois a porta ao lado abriu e fechou e passos se aproximaram deste quarto.

—Você está louca? Não podemos entrar aqui!

—Está calado! - A porta se abre e de lá entram a Ally e o Dez.

Ele olhou para mim chocado e eu suspirei. Ainda não consigo acreditar que ele também descobriu que estou aqui. A Ally fechou a porta e o silêncio se instalou no quarto. Não era um silêncio agradável, antes pelo contrário. Parecia que tínhamos muito para dizer, mas nada saía!

—Como?

—É uma longa história! - Respondo.

—Então a Trish tinha razão!

—A Trish? - É claro. Só podia ter sido ela. Eu sabia que ela não ia conseguir manter a boca fechada. Claro que tinha de ser ela a contar!

—Sim a Trish. Porque não me contou? Eu estava preocupado! - Tentei falar mas ele logo continuou. - Eu sei que já não somos melhores amigos, mas mesmo assim. Eu tinha o direito de saber! ...Eu mal dormia a pensar em como ou onde você poderia estar. Eu estava de rastos e apesar de tudo queria que você estivesse bem. Parece que pelo menos a maior parte das pessoas já sabem e eu claro sou dos últimos a saber!

—Por favor Dez...

—Não Austin! Eu tentei de tudo para voltar a falar com você. Para te tentar ajudar, mas sempre me afastavas. Eu aceitei. A morte dos teus pais foi um momento difícil e sei que o que aconteceu foi horrível, mas eu tentei. Eu tentei e quando a Ally chegou e conseguiu falar com você tive esperança que as coisas voltariam a ser como antes, mas estava enganado! Pensei que apesar de tudo e de não sermos mais melhores amigos você confiava em mim, mas já vi que não ...Se é assim que você quer então já não somos mesmo amigos! - Vi o seu olhar desapontado, triste e cansado. Não queria que ele se sentisse assim. Muito menos por minha culpa.

—Dez! - Chamei mas ele apenas se virou caminhando em direção da porta. - Espera Dez - Ele ignorou e abriu a porta. - Estás a ver as coisas mal. Não tem nada a ver com isso! - Digo mas mais uma vez sou ignorado. - Por favor Dez! - Ele sai do quarto e eu suspiro. A Ally foi atrás dele e em segundos ouço a porta de casa bater com força.

Porque quando as coisas parecem estar bem algo aparece e destrói tudo?