- De quem são essas roupas?- perguntei olhando pra uma blusa de manga longa xadrez, calca preta apertada e botas pretas.

- Da minha irmã

- E onde ela está?

- Você não se cansa de fazer perguntas né?

Dei de ombros.

- Na Inglaterra, fazendo faculdade.

- A ta, e ela tem quantos anos?

- Agora ela deve estar com 20

- E você mora sozinho, aqui?

- Moro, meus pais moram em Oklahoma e eu vim pra cá mais por causa dos estudos, sempre que minha irmã esta de férias ela vem pra cá

Acenei a cabeça concordando.

- Pode me dar licença?

- Claro- disse saindo.

Vesti as roupas e me olhei no espelho. Nada a ver comigo, a patricinha mimada e esnobe havia desaparecido naquelas roupas, a essa hora eu devia estar na melhor escola de NY com meus amigos e meu uniforme.

Prendi meus cabelos em um rabo de cavalo e fui até a cozinha aonde Oliver estava preparando o almoço.

- Me fala como é ser rica, me conta o que vocês fazem no dia-a-dia de vocês.

- Bom, eu acordo, vou pra escola, fico lá até as quatro, que é o horário que acaba as aulas, depois eu e meus amigos vamos até um bar ou restaurante chik, depois passo na casa das minhas amigas ou vice e versa, depois vou pra casa e durmo.

- Quem dera eu ter uma vida de mordomias e mimos como a sua.

Sorri fraco pra ele.

- Bom, e no final de semana?

- Festas e mais festa, todo final de semana tem, e nos domingos churrascos ou então vou pra casa de uma amiga minha.

- É, você tem mesmo uma vida de princesa.

- Pois é, estou parecendo uma agora?

- Não mesmo- disse rindo e eu o acompanhei.

- O que vamos ter para o almoço? Muita salada acompanhada de “Aligot” ( comida francesa que vai: purê de batatas misturada a queijo “tomme”) e água mineral com gás?

Do nada ele começou a rir feito uma hiena, não sei por que, eu hein, que gentinha doida.

- Ah, sim, salada da horta, grude e coca-cola- disse quando parou de rir

- Como é que é?

- Isso mesmo, rainha do cinema.

- Ai Cristo, eu não vou sobreviver

- Ah, para de frescura, vai sim.

. . .

Aquela semana toda eu vivi como uma pessoa normal, e tive que ficar escondida pras outras pessoas da fazenda não me reconhecerem, sempre que todo mundo ia embora, isso já a noite, Oliver me levava pra cavalgar, era de mais, Oliver era uma boa pessoa e falei da Hannah pra ele que logo se interessou. Tive que comer comidas normais, o que foi a pior parte, porque não me importei muito em usar as roupas sem marca da irmã dele. E eu aprendi muitas coisas com essa experiência, como por exemplo: dinheiro não é tudo, e de valor mais nas pessoas ao seu redor.

- É hoje- Oliver disse depois que lavamos os pratos do café da manhã.

- Ah- dei um suspiro- Nem me fale

- Não quer voltar?- perguntou me abraçando pela cintura, estávamos ficando desde o dia em que apareci aqi- Então fica aqui comigo- disse mordendo meu pescoço

- Oliver- o repreendi

- É sério. Sabe o que a gente podia fazer?

- O que?- perguntei já rindo

- Nós podias completar o terceiro ano, daí a você vinha morar aqui comigo, então eu seria o peão de sempre e você ficaria cuidando da casa, e então teríamos muitos filhinhos- ele disse e eu ri muito com isso

- Ai Oliver, não vai se formar em nada não? Minha amiga quer um homem sério e formado em uma boa faculdade pra que possa sustentar os gastos dela- disse e lembrei de Hannah

- Ta, só foi uma idéia- disse desfazendo o abraço

- Oliver, você sabe que eu te considero muito, mas como amigo

- Eu sei, eu sei. Pra mim você é como uma irmã mais nova, e como seu irmão mais velho tenho a obrigação de te proteger- disse sorrindo- Então qualquer pessoa que tentar te fazer mal, é só me falar que eu vou lá acertar as contas com ela

- Ok, vou cobrar hein?- disse sorrindo

- Ta bom. Agora nós precisamos te entregar pro mundo dos riquinhos- disse pegando a chave da S10

- Oliver, quero que saiba que eu nunca vou te esquecer, fico muito grata por você ter me acolhido e cuidado de mim, sempre que precisar é só me ligar, você tem meu numero. Eu vou vir te visitar pelo menos três vezes por mês.

- Obrigado, mesmo

- Não há de que

- Muito bem. Precisamos ir agora.

Eu já estava com minhas roupas do uniforme. Segui Oliver até a S10 e fizemos o percurso todo até minha casa em silencio. Logo que chegamos na esquina, pudemos ver uma movimentação em minha casa, com certeza eram os paparazzis.

- Sophia- Oliver me chamou

- Sim?

- Você também pode sempre contar comigo, foi muito bom te ter em casa essa semana, sua parecença alegrou os meus dias, e quero conhecer aquela sua amiga, e aquela coisa toda de irmão mais velho e proteção falei verdade, sempre pode contar comigo, você também tem meu numero, agora você é minha irmã mais nova.

Senti as lágrimas escorrendo pela minha face e um sorriso brotou em meu rosto.

- Oh Oliver- disse com voz embargada- Me da um abraço- disse abrindo meus braços

Oliver me prendeu em seus braços e ficamos um tempo assim.

- Você tem que ir- disse desfazendo o abraço e enxugando minhas lágrimas.

- Vou sentir sua falta- eu disse

- Eu também

- Até mais Oliver Makilaryy

- Até daqui duas semanas, Sophia Hanzel

Dei um sorriso e abri a porta. Mas não foi uma única porta que eu abri naquele momento. Abri também a porta que esteve fechada quando fugi de tudo e de todos, abri a porta para a Sophia Hanzel nova, aquela do qual Oliver me ajudou a criar, aquela Sophia que não tem medo de se abalar e não se deixa dobrar fácil, abri a porta para um novo dia.

Logo que sai do carro, acenei para Oliver que retribuiu e logo arrancou com o carro.

Em questão de segundos, os paparazzis já estavam em cima de mim.

- Gente, dá licença- pedi passando pelo meio deles e chegando até porta de casa.

Aquela era mais uma porta que eu abriria, a porta para uma nova eu e várias broncas.

- Mãe- exclamei com a voz já embargada quando a vi sentada no sofá com a cabeça baixa.

- Sophia?- perguntou meio sem crer me olhando curiosa- FILHA- gritou e me apertou em seus braços, também a abracei fortemente- Meu bebe esta de volta- disse chorando

- Minha filha- meu pai disse me abraçando- Não sabe o quanto sofri por ter te perdido

- Eu to aqui pai- disse enxugando suas lágrimas- Pra nunca mas ir embora

- Ai Meu deus, não acredito- essa só podia ser a Hannah- Guria, que susto que você me deu, nunca mais faca isso- disse me prendendo em um abraço de urso

- Tudo bem, será que eu poderia abraçar minha irmã?- perguntou a voz que eu identifiquei ser da minha irmã.

- Quem te achou? Como você está? Te fizeram algum mal?....- minha mãe já foi logo perguntando um monte de coisas

- Calma mãe, é uma lon...- parei de falar quando vi Party e minhas antigas amigas- O que...- não consegui terminar de falar estava surpresa de mais

- Sentimos sua falta- Party disse com um sorriso fraco, sempre falando pelas outras.

Já eu fiquei sem reação.

- Também senti a sua- disse a voz que eu reconheci ser de Théo- Precisamos conversar

- Não temos nada pra falar, tudo que Eu e VOCE tínhamos pra falar um pro outro já foi dito aquele dia- falei fria

- Me desculpe

- Guarde suas desculpas, vai precisar delas em outra ocasião, não as desperdice- falei dura

- Sofi, anjo- esse só podia ser Fred

- O que faz aqui?- tentei parecer surpresa

- Vim te ver, senti sua falta- disse sorrindo pronto pra um abraço meu do qual não veio.

- Não me admira tanta falsidade- juro que foi da boca pra fora, eu pensei alto demais.

- É bom....Sophia nos conte o que houve- Hannah disse tentando quebrar o gelo.

Agradeci Hannah mentalmente. Contei tudo a eles poupando a parte do suicídio.

- Então, foi isso que houve- disse por fim- Gente, desculpa, preciso de um banho.

- Vem...- olhei para Party e ela exibia um sorriso magnífico, até parece que eu ia chamar ela pra ir comigo- Hannah- sorri e Hannah também.

- Você vai me contar todos os detalhes porque eu sei que ai tem coisa- é, ela me conhecia bem, Party ficou com cara de tacho quando eu e Hannah subíamos pro meu quarto.

Contei sobre Oliver ser um peão delicia e ela logo se interessou. Falei pra ela apagar um pouco o fogo, porque só o veríamos daqui duas semanas. Mas havia ainda um assunto que me intrigava tanto, e iria acertar isso agora com Hannah aqui, algo me dizia que ela sabia sobre o namoro de Théo.

- Hannah, preciso que me fale uma coisa- eu disse vestindo a minha camisola da Victória Secret’s. Ah, como eu senti falta das minhas roupas de marca.

- O que?- perguntou sorridente

- Preciso que me fale sobre esse tal namoro de Théo, do qual eu não sabia

Na hora ela fechou a cara.

- O que foi? O gato comeu sua língua?- perguntei um pouco irritada

- Sofi, vamos mudar de assunto?

- Não, eu quero saber sobre isso, e agora- falei elevando a voz

- Avriel Lavigne, vai vir esse ano ainda, tocar aqui em NY

- Eu não quero saber se Avriel Lavigne vai vir ou não tocar aqui, não quero saber qual foi o último modelo de vestido feito pela Chanel, não quero saber dos últimos lançamentos da Louis Vitton, eu só quero saber a verdade- eu disse já chorando

- Desculpa Sofi- Hannah veio e me abraçou- É um assunto complicado

- Me desculpa por ter explodido, é só nervosismo.

- Tudo bem- disse sorrindo e nós sentamos na cama- Vou te falar, você merece só a verdade, foi por causa de segredos que você fugiu.

Balancei a cabeça concordando.

- Théo tinha uma namorada

- Até ai tudo bem

- Então, só que a namorada era...a Amanda

- AMANDA?- gritei e acho que o quarteirão inteiro ouviu

- Shiuuu- Hannah sussurrou me fazendo calar- É, eles já estavam com um rolo, e três semanas atrás Théo pediu ela em namoro. Ele só não te contou por que você ia surtar e tals

- Eu surtar, ele ta louco? Sabe o que mais me irritou? Foi o fato de ele esconder as coisas de mim.

- Mas ele sabia que você ia ficar chateada

- Ah, e forma que ele encontrou de não me chatear foi escondendo as coisas de mim?

- Eu tentei dizer a ele pra contar mas ele disse que não.

- Ah, e ele ajudou muito né? Por que até me matar eu tentei

- O QUE? VOCE TENTOU SUICIDIO? POR CAUSA DE UM MISERO SEGREDO?

- Não foi por causa de um misero segredo. Foi por causa das pessoas acharem que sendo falsas comigo é a solução, e elas vivem cheias de segredos e outras coisas mais que não querem me contar. Sabe Hannah, as pessoas simplesmente não ligam pra isso, eu não me matei só por um misero segredo comprometedor, mas por todos os segredos muito mais comprometedores que eu tive que descobrir sozinha. Pra mim já chega, a Sophia de antes morreu naquela noite, ela ficou naquele rio gelado e frio, agora essa é a nova Sophia, a que não se deixa dobrar fácil e que da valor as coisas simples da vida- disse no final, chorando.

- Tudo bem, agora esta tudo bem, você esta em casa a salvo, junto de sua família e eu estou aqui- ela disse me abraçando.

- Tudo bem- disse saindo de seu abraço e enxugando as lágrimas.

- Sofi- minha mãe falou de trás da porta- A imprensa quer falar com você, estão todos a sua espera

- Eu já vou- gritei de volta

- Tem certeza que quer fazer isso? Está preparada psicologicamente?- perguntou Hannah