Sr. Black , o arqueólogo

Draco se sentou, estudando-o. Harry estava mais velho, mais forte, com um olhar pesaroso que não deveria pertencer a um homem de apenas 34 anos. Harry o estava olhando com o cenho franzido.

— Nós já nos encontramos alguma vez?

— Sim — respondeu ele. — Nós nos conhecemos muito tempo atrás.

— Perdoe-me. — Ele examinou-lhe o rosto. — Eu vou me recordar num instante.

— O tempo muda todos nós — disse ele com um sorriso irônico. — Talvez eu também não o tivesse reconhecido, se não estivesse preparado. E 12 anos é muito tempo.

— Doze? Por Merlin! Draco!

— Finalmente! — Ele riu, tendo recuperado a compostura o bastante para ver o lado engraçado da situação. — Você não é nem um pouco lisonjeiro!

Harry enrubesceu e Draco recordou-se como ele podia ser tímido, às vezes. Era estranho, e atraente ao mesmo tempo, em um homem que vivia no meio da alta sociedade.

— Eu não pretendia... Bem, como você diz, velhos tempos. É bom revê-lo de novo. Mas, como veio parar aqui? Você está com... — ele indicou o local de escavação.

— Sim, eu finalmente me tornei arqueólogo.

Harry estendeu a mão para ajudá-lo a se levantar. Ele era como Draco se recordava, magro, porém, forte.

— Foi o que você sempre desejou, pelo que me lembro — comentou ele. — Você sempre falava sobre isso.

— Você quer dizer que eu enchia suas orelhas com minha tagarelice — brincou Draco enquanto tirava a poeira das roupas. — Só Deus sabe como você conseguia me aguentar!

— Eu gostava de ouvi-lo. Você era tão apaixonado por seu assunto favorito que seus olhos chegavam a brilhar. — Ele sorriu. — Então, finalmente conquistou sua ambição, e agora trabalha com o sr. Black, que Albus me assegura que é o melhor. Por que você está rindo?

— Devo agradecer a Albus pela boa opinião — disse ele, ainda rindo.

— Opinião dele? Você quer dizer...

Os olhos de Draco o provocaram.

— Uhuh! __ perguntou, Harry __Você é o sr. Black?

Draco assentiu.

— Sim, eu mesmo. Adotei o nome de minha mãe para ser reconhecido no mundo da arqueologia como Sr. Black. Não queria que as pessoas me olhassem diferente por ser um Malfoy. Ter dinheiro demais as vezes é um problema.

Harry emitiu um pequeno gemido.

— Eu não sei porque não me ocorreu, exceto pelo fato de você ainda ser muito jovem para ter tanta reputação.

— Ah, mas eu sou o melhor — ele o relembrou com uma risada.

— Tenho certeza que sim. Devo dizer que é muito bom saber que um velho amigo está fazendo este trabalho.

— Não apenas eu — replicou Draco. — Tenho uma equipe que uso para trabalhos grandes. Eles voltaram para casa, a fim de almoçarem e descansarem um pouco.

— Então, vamos fazer o mesmo. Está quente demais para ficarmos parados aqui.— Agora eu me lembro — murmurou Harry enquanto eles voltavam para casa. — Quando Albus me telefonou, mencionou uma equipe, e disse que todos estão hospedados na casa.

— Espero que você não se importe por sua casa ter sido invadida. Mas isso nos mantém perto do trabalho, o que torna tudo mais produtivo.

— É claro — concordou Harry assentindo. — Onde mais vocês ficariam?

Draco estava mais tranqüilo agora. Ele o tinha visto e, embora ele ainda fosse um homem incrivelmente atraente, não era mais o Príncipe Encantado romântico de suas memórias. Tudo iria dar certo.

— Vou mandar servir o nosso almoço em meu escritório, assim poderemos relembrar os velhos tempos — disse ele quando se aproximaram da casa.

Mas, no mesmo momento, Albus apareceu no topo dos degraus, acenando vigorosamente quando os avistou.

— Nosso almoço terá de esperar — murmurou Harry. — Vamos entrar para que eu possa conhecer sua equipe.

A próxima hora foi ocupada com as apresentações. Harry cumprimentou todos que estavam envolvidos na escavação e juntou-se a eles no almoço. Comportou-se perfeitamente, passando tempo com cada um deles e dando-lhes total atenção.

Draco sabia que isso era parte da etiqueta da nobreza, algo que ele tinha sido ensinado desde criança como o comportamento educado e gracioso esperado de um príncipe. Mas, ainda assim, o efeito era charmoso, e ele ficou impressionado em notar que as três jovens mulheres de sua equipe ficaram absolutamente encantadas com ele.

Luna havia acabado de terminar a faculdade, e, bem-humorada, chamava a si mesma de"aprendiz" do grupo, e obviamente olhava para Harry com uma admiração quase infantil. Cho era arqueóloga, com os cabelos negros e uma beleza resplandecente. Sendo uma romântica incurável, costumava se apaixonar em dez minutos e esquecer o "amor" nos outros cinco. Uma olhada para ela foi o bastante para Draco saber que Cho já estava apaixonada.Até mesmo Katie, uma mulher séria de estatura baixa, que era sempre grosseira e irritadiça, exceto quando estava lidando com computadores, parecia não conseguir desgrudar os olhos de Harry.

Aquilo forçou Draco a enxergá-lo através dos olhos delas, não revestido de lembranças de como ele tinha sido, mas como o homem maduro que era agora, e teve de admitir que entendia a reação das mulheres de sua equipe.

Harry fora muito jovem quando eles tinham se conhecido, e quando Draco o amara. Um pouco mais que um garoto, na verdade. Agora, os anos o tinham aperfeiçoado de maneira esplêndida.

Como garoto, ele era muito magro para sua altura. Agora, o peso extra que carregava o tomava impressionante. Harry sorriu de súbito, e finalmente Draco viu alguma coisa familiar. Era mais que meio-sorriso, embora uma parte dele estivesse contida, como sempre fora.

— Alguém sabe onde está minha filha? — perguntou ele, olhando ao redor.

— Ela provavelmente está com meu filho — disse Draco. — Eles se deram muito bem.

— Você tem um filho? — perguntou ele de imediato. — De quantos anos?

— Dez.

— E sua esposa... ela está aqui com você?

— Não, nós nos divorciamos alguns anos atrás — replicou ele com naturalidade.

— Precisamos conversar mais tarde. Quero saber tudo sobre você.

— E eu sobre você. — Então alguma coisa captou os olhos de Draco e ele apontou para porta. —Lá está Scorpius, chegando com Lilían.

Ele virou-se rapidamente, sorrindo para a garotinha, fazendo um movimento ligeiro em direção a ela. Por um breve momento, Lilían sorriu, mas o sorriso desapareceu tão rápido que ficou claro que o reprimira. Quando Harry tentou abraçá-la, ela enrijeceu-se e não o abraçou de volta.

— Este é meu filho, Scorpius — apresentou Draco, rapidamente se aproximando deles.

— Scorp, este é o Príncipe Harry.

— Apenas Harry — murmurou ele, estendendo a mão.

Scorp apertou-lhe a mão, mas Draco ficou consternado ao notar que o jeito do filho foi contido e desconfiado, não demonstrando seu usual comportamento amigável. Harry não reagiu, mas ele teve a impressão de que ele notou. Gregório, o braço direito de Draco, estava se servindo de uma cerveja e falou.

— Certo, chefe, aqui está o programa desta tarde. Chefe?

Draco voltou ao presente.

— Desculpe-me, você estava falando comigo?

— Eu chamo mais alguém de chefe? — respondeu ele, pacientemente.

— Não se você for sábio.

__Certo, esta tarde nós vamos...

— Posso interromper um momento? — disse Harry suavemente. — Apenas quero dizer que espero que todos vocês jantem comigo esta noite.

— Temos de nos vestir de modo luxuoso? — Gregório quis saber, olhando para o magnífico ambiente que os cercava. Porque esqueci de trazer terno e gravata.

— Roupas informais, prometo — Harry o assegurou. — Agora, se me dão licença, preciso ir.

Ele tocou o ombro de Lilían de leve, indicando com a cabeça que ela o seguisse. Mas a garota fez uma careta e virou-se. Harry a observou por um momento, e pareceu a Draco que ele estava esperando que a filha se virasse e lhe sorrisse. Como ela não o fez, ele partiu cabisbaixo.

Naquela noite, Draco tomou um banho de banheira, removendo tanto a poeira pelo dia de trabalho, como as tensões dos músculos. Ver Harry fora um choque, porque, independentemente do quanto pensou que estivesse preparado, a realidade não tinha sido nada parecida com suas expectativas.

E depois de 12 anos, pensou,como poderia ser diferente? E quanto ele havia mudado durante esse tempo?E mesmo que tivesse mudado, ainda era tão atraente quanto antes. Observar as outras três mulheres o informara disso.