Nunca é tarde demais.- Drarry
O retorno de Ginevra Potter
Ele subiu os degraus de fora da casa com a filha no colo, e Draco viu que a garotinha parecia adormecida.
— Apenas um braço quebrado — ele informou a Draco e a Mafalda. — Eles nem mesmo quiseram mantê-la em observação por uma noite. Ela tomou um anestésico e está um pouco dopada, portanto, precisa ir direto para a cama.
— Eu a levo — ofereceu Mafalda, se aproximando.
— Não, eu faço isso — respondeu Harry.
Draco subiu a escada, seguindo-o, chegando primeiro ao quarto de Lilían e abrindo a porta, enquanto esperava Harry andar devagar ao longo do corredor. Ele viu-lhe a expressão quando ele olhou para a filha, e enxergou ali tudo que ele não queria que o mundo soubesse, o amor por aquela criança e o coração despedaçado pela rejeição dela.
— Vou pegar o pijama. — Draco disse para Mafalda quando Harry deitou a filha na cama.
— Eu espero lá fora. — murmurou ele.
Lilían permaneceu sonolenta até quase o último minuto, mas então acordou de repente e começou a chorar.
— Mamãe — resmungou. — Mamãe, mamãe.
Draco abriu a porta.
— Você conseguiu contatar Ginevra?
— Não. Consegui o endereço novo com o advogado, mas quando ligo, atende a secretária eletrônica.
Ele entrou no quarto e tentou abraçar a filha, mas Lilían o empurrou com o braço bom, então enterrou o rosto no travesseiro e soluçou.
— Lilían, anjinho — implorou ele, acariciando-lhe os cabelos. — Por favor...
— Eu quero a mamãe.
Subitamente, um pensamento surgiu na mente de Draco, tão assustador que ele se moveu para a janela, onde Harry não poderia ver-lhe o rosto. Aquele novo acontecimento podia ser a coisa que traria Ginevra de volta, talvez para sempre. Era isso que Harry secretamente queria, tanto para salvá-lo da ruína quanto pela segurança da pequena garotinha?
Draco tentou resistir à idéia, mas sabia que tal idéia explicava o estranho comportamento de Harry após a noite anterior. E o que mais poderia explicar?Mas isso não aconteceria, assegurou a si mesmo, porque Ginevra nunca retornaria de boa vontade.
Draco voltou para a cama, onde Harry ainda estava sentado, a cabeça baixa em angústia por sua inabilidade de confortar a filha. Lilían agora não falava mais nada, porém, chorava com desespero. Draco respirou fundo. Não havia uma decisão a tomar. Já tinha sido tomada por forças além de seu controle.
— Harry — disse ele —, você tem de ir buscar Ginevra. Eu não me importo com o que seja necessário para isso, mas traga-a aqui.
Ele encontrou-lhe os olhos por um breve instante.
— Você tem razão — disse.
Por um momento, Draco pensou que ele fosse beijar Lilían, mas deteve-se, olhando-a com tristeza. Então partiu. Draco foi para a janela de novo e assistiu-o sair dirigindo, questionando-se sobre o que tinha feito e que conseqüências tal ato teria. Mas não houvera alternativa. Sabia disso.
Durante o jantar, Scorpius contou tudo a ele e Astória.
— Havia uma árvore caída, pai, e Lilían insistiu que podia saltá-la. Máximus avisou-a para não fazer isso, mas ela não lhe deu ouvidos.
— Mulheres não ouvem. Faz parte de nossa natureza. — palpitou, Astória.
— De qualquer forma, ela pulou a árvore e caiu quando o cavalo tocou o solo. Eu fiquei com muito medo. Pensei que ela tivesse quebrado o pescoço.
— Não, felizmente foi apenas o braço — disse Draco. — Mas você foi um herói, ficando com ela o tempo todo.
— Ela não parava de falar da mãe, dizendo que ela viria e a levaria embora agora.Então chorava ainda mais.
— Imagino que o braço da pobrezinha estava doendo muito — observou, Astória.
— Não, é mais do que isso — insistiu Scorp. — Mesmo antes do acidente, ela falava sobre a mãe querendo-a, então chorava. Acho que no fundo sabe que não é verdade. Não admite isso, mas parte de Lilían está começando a suspeitar.
— Bem, a mãe dela virá agora — disse Draco. — Talvez dê tudo certo para elas. Não está na hora de ir para cama?
Scorpius assumiu uma expressão teimosa, mas Astória bateu-lhe nas costas.
— Vamos subir e terminar aquela conversa que começamos.
Scorp assentiu e os dois saíram. Era tarde da noite quando Harry retomou. Draco estava na janela e no começo pensou que ele estivesse sozinho, mas então ele abriu a porta de trás e Ginevra desceu. Mesmo a distância, Draco podia ver que ela estava de péssimo humor. Viu Harry apontar em direção a casa, então, pegar-lhe a mão com firmeza e praticamente arrastá-la para dentro. Draco abriu a porta para vê-los se aproximando e deu um passo atrás enquanto Ginevra se aproximava da criança, a qual, no momento, estava dormindo.
Gina sentou-se na cama e sacudiu a filha de leve. Lilían abriu os olhos e deu um grito feliz com a visão da mãe, e no momento seguinte, as duas estavam abraçadas. Draco pôde perceber que Ginevra estava sussurrando palavras de amor e de conforto. Olhou intrigado para Harry, e ele conduziu-o para o corredor.
— Ela parece muito amorosa, não parece? — disse ele. — Ninguém acreditaria que eu praticamente tive de forçá-la a entrar no carro. Agora, ela vai fazer o papel de boa mãe até que fique entediada, então vai partir de novo, deixando para mim a tarefa de recolher os cacos quebrados.
— Onde está o outro filho dela? — perguntou Draco.
— Seguro no apartamento com Sibila, a babá dele.
— Então, Ginevra tentou não vir?
— Sim, mas eu a persuadi — disse ele, os olhos cintilando de raiva. — Eu também a persuadi para trazer algumas roupas, porque ela vai ficar alguns dias, goste disso ou não.
A expressão de Harry era ilegível, e Draco daria tudo para saber seus pensamentos, mas subitamente percebeu que na briga de família dele, ele era um estranho. Por alguns dias, manteve-se afastado da família, comendo no local de escavação e trabalhando até de noite, determinado a manter a mente concentrada no trabalho.
Recusou-se a especular o que estava acontecendo entre Harry e Ginevra. Aquilo o levaria à loucura. Certa noite entrou na casa e ouviu música vindo do rádio. Através da porta aberta, pôde ver que Ginevra estava dançando. Então Harry e ela tinham chegado a tal estágio, pensou. Mas era Astória, e não Harry, quem estava dançando com Ginevra uma música da Madona. Eles movimentavam-se em perfeita sintonia, Draco teve de admitir.
Harry estava sentado a uma mesa, escrevendo. Olhou para cima e viu Draco parado na porta.
— Venha e junte-se a nós — convidou ele, um toque de alívio na voz. — Vou pedir que nos sirvam alguma coisa. Ele tocou o sino e um jantar frio apareceu tão rapidamente que ficou claro que já estivera esperando.
— Eu só vou dar uma corrida até lá em cima... — começou Draco, olhando para a comida com prazer.
— Não há necessidade — disse Astória, parando de dançar.
— Scorp já está dormindo. Nós nadamos por quilômetros.
— Oh, sim — murmurou Draco, lembrando-se. — Há uma piscina no terreno, não há?
— Eu mandei limpá-la — Harry o informou, enquanto lhe servia um copo de vinho. — Você pode usá-la quando quiser. Um dia de folga na piscina provavelmente faria bem ao pessoal de sua equipe.
— Obrigado. Sim, acho que nós gostaríamos disso. Ele tomou um gole de vinho antes de perguntar: — Como está Lilían?
— Bem — respondeu Harry brevemente.
— Ela está muito melhor — disse Ginevra com voz adocicada. — Eu a levei à piscina e ela ficou brincando no raso. A pobrezinha queria entrar com Scorp e Astória, mas não pôde, por causa do braço.
— Mas tenho certeza de que ficou feliz apenas por estar na sua companhia — disse Draco. — Significa tanto para Lilían ter você aqui.
— Mas é claro — concordou Ginevra com um sorriso falso. — Ninguém pode substituir a mãe, pode?
Mais música veio do rádio e ela começou a girar em volta da sala de novo, parecendo muito linda e muito mais jovem do que era. Draco terminou o jantar, desejou boa-noite a todos e foi para a biblioteca, onde quase todos os outros ainda estavam acordados. Eles pareciam cansados e desmantelados.
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