Nunca é tarde demais.- Drarry
O patinho feio, virou um cisne.
— Sim, suponho que eu também me lembro — respondeu Draco.
— Uma coisa que sempre me intrigou foi porque você aceitou fazer parte de um casamento arranjado.
— Culpe tia Andrômeda — disse Draco. — Ela realmente pertencia ao século XIX, quando as coisas eram feitas daquela forma. Suponho que apenas entrei a bordo e não sabia como sair.
— Até o último minuto, quando você saltou em pânico. Perdoe-me, Draco. Eu nunca imaginei que você estivesse sendo forçado.
— Não foi bem assim — murmurou ele rapidamente.
— Eu gostaria de saber exatamente como foi. Depois que nós terminamos, eu queria falar com você antes do casamento, mas não sabia o que dizer.
— Tudo já havia sido dito.
— Será? — perguntou ele numa voz baixa. — Ou nunca poderia ser dito?
— Ambos, é claro. — Draco pôs a taça sobre a mesa, inclinou-se para frente e pegou as mãos dele. — Olhe, qual é o ponto de ficarmos questionando o que aconteceu todos aqueles anos atrás?Acabou. Aconteceu. Nós somos pessoas diferentes agora.
Harry assentiu.
— É estranho. Eu uma vez o conhecia tão bem, e agora não sei nada a seu respeito.
Você está enganado, pensou Draco. Nunca conheceu a coisa mais importante sobre mim.
— Fico feliz que você tenha se casado — disse ele. — Espero que tenha tido anos agradáveis antes de seu divórcio. Você merece o melhor.
— E muita gentileza sua.
— Não estou falando para ser gentil. Ainda me recordo de sua generosidade. Você era o mais forte e eu simplesmente me coloquei em suas mãos. — Ele deu de ombros.
— E você detestou fazer isso — apontou Draco sabiamente.
— Agora você me faz parecer um fraco.
— Aceitar ajuda fez de você um homem fraco? — perguntou Draco. — Para mim foi mais fácil falar.Além disso, o amor não torna um homem forte mais fraco. E todos sabiam, você estava perdidamente apaixonado por Ginevra.
— Sim — admitiu ele solenemente.
Draco esperou para ver se Harry diria mais alguma coisa, porém uma tristeza parecia ter se abatido sobre ele. Draco sentou-se no parapeito de pedra, erguendo uma das pernas para descansar o braço sobre o joelho, e apreciar o cenário.
Olhar para Draco, o confundia, pensou Harry. Era Draco, entretanto não era Draco. O garoto de antigamente ainda estava lá, mas apenas como um fantasma distante. O homem de hoje tinha um charme e uma confiança que o garoto nunca sonhara. Ele o observara durante o jantar, fascinado pelo lindo homem na qual tinha se transformado, a pele levemente bronzeada por anos trabalhando no sol enfatizando os grandes olhos acinzentados e fazendo o sorriso brilhar.Todavia, era mais que isso, mais do que a roupa com o caimento perfeito,ou o brinco discreto de ouro branco em uma das orelhas, dando lhe um aspecto de um pirata do Caribe.
Draco tinha feito sucesso na vida, e agora possuía um ar autoritário e superior.Eles o chamavam de "chefe". E aquilo era apenas um pouco brincadeira. Ele certamente ganhara o título, e não o herdara. Harry se sentia em desvantagem, e isso lhe trouxe uma lembrança de volta.
— Você se lembra da noite em que saiu aqui, fora um dia?
— Talvez — respondeu ele.
— Eu o vi aqui, sentado exatamente onde você está agora, e queria vir lhe falar, mas você parecia tão absorvido em seu próprio mundo, que achei melhor não perturbá-lo.
— Oh — foi tudo que Draco murmurou.
— No final, eu não pude resistir e acabei saindo. Mas deu tudo errado.
— Eu me recordo que não falamos muitas coisas.
— Eu tive a estranha sensação de que você queria me dizer alguma coisa, mas nunca disse, então suponho que eu estava enganado — murmurou Harry.
Draco ficou em silêncio, lembrando-se da noite em questão e do quanto a conversa tinha sido estranha. Como Harry era astuto de ter percebido que ele desejara dizer algumas palavras! E quão tolo por não ter percebido que eram palavras de amor!Das profundezas da floresta, eles ouviram uma coruja.
— Havia uma coruja naquela noite, também — disse Draco, sorrindo. — Nada muda realmente,verdade? Isso é uma das coisas que eu amava sobre este lugar.
— Nada muda — concordou ele. — E tudo muda.
— Sim — disse Draco após um momento. — Tudo muda.
Então, por um tempo, não havia mais nada a dizer. Draco encontrou-se envolvido por um inesperado senso de paz e contentamento. Sentiu como se pudesse ficar sentado ali para sempre.
Harry permaneceu na cadeira, observando-o, enquanto ele olhava para a paisagem escura, os cabelos que eram bastante lisos sendo levantados pela suave brisa que era tão bem-vinda após um dia quente.
Em um momento, Draco virou a cabeça e sorriu-lhe, mas eles não falaram. O tempo parecia voar, e de repente Draco ficou atônito em ver os primeiros raios de sol no céu
— Isso é a aurora? — perguntou ele.
— Sim, mas são apenas quatro horas.
— É verdade. Eu costumava ficar na janela do meu quarto e assistir a isso acontecer. Era glorioso.
— Imagino que você ficava sonhando com o grande palácio perdido mesmo naquela época — disse ele com um sorriso.
Draco sonhava com ele e com a vida que teriam juntos. Mas apenas assentiu e concordou.
— Sim, o palácio preencheu meus sonhos. Ser aquele que vai desvendá-lo significa tudo para mim. Recordo-me do dia em que você me falou sobre ele, e me levou ao lugar em que o palácio supostamente deveria ter ficado cento e cinqüenta anos atrás.
— Mas aquele não era o lugar certo, era? — perguntou ele.
— De acordo com todos os livros, devia ter sido lá. Apenas que acabou sendo a um quilômetro de distância. Albus disse que foi descoberto por acaso, quando parte da terra se acomodou, deixando um afundamento no solo.
— Isso mesmo. Sinto muito que eu não estava aqui quando você chegou. Eu teria gostado de levá-lo lá e ver sua expressão.
— Eu provavelmente parecia uma criança no dia de Natal. — Draco sorriu.
— Sim, por isso eu teria adorado. Lembro-me de você sendo tão frio e composto. Seria encantador vê-lo pulando de excitação. Subitamente, os olhos de Harry brilharam e ele se mexeu.— Deixe-me levá-lo lá agora, Draco, antes que o resto do mundo acorde.
— Tudo bem — replicou Draco, ansioso.
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