— Vasos de ouro sólido, jóias de dar água na boca, riqueza além dos sonhos de avareza.

Draco, estendido numa cadeira de praia, virou a cabeça para onde seu filho de dez anos estava sentado na areia a seu lado, a cabeça enfiada em um jornal.

— O que você está lendo, Scorp?

— Grande descoberta — disse ele, espiando-o por sobre o topo. — Palácio, um tesouro fabuloso.— Ele viu que a expressão do pai era incrédula e acrescentou: — Bem, eles encontraram alguns velhos tijolos, de qualquer forma.

— Isso parece provável. — Ele riu. — Estou acostumado com o jeito que você enfeita as coisas. Onde eles acharam esses "velhos tijolos"?

— Roma — respondeu ele, entregando-lhe o jornal. Seguindo o dedo que o filho apontava, Draco viu um pequeno artigo com alguns detalhes básicos.— Fundações únicas e fascinantes... Vasto palácio, cento e cinqüenta anos de idade...— Combina muito com você, pai — observou Scorpius. — Ruínas desmoronando no tempo...

— Se você pretende fazer um comentário sobre minha aparência, poupe-me — murmurou ele. —Posso parecer meramente antigo, mas eu não me sinto pré-histórico.

— Foi o que eu pensei.

— Vou colocá-lo na cama sem jantar.

— Você e qual exército? — ele o desafiou.

A expressão de Scorpius era travessa e feliz. Draco o adorava.Porque trabalhava fora e estava dividindo o filho com a ex-mulher, eles se viam muito pouco.Neste verão, estavam passando as férias na Sicilia, na costa da Itália.Tinha sido glorioso não ter nada para fazer, exceto ficar estendido na praia e conversar com o filho,que era bastante maduro para sua idade. Mas para ambos a inatividade logo começara a cansar, e o artigo do jornal mexia com todos os instintos profissionais de Draco .Ele tinha uma brilhante reputação como arqueólogo, ou como "comerciante de cascalhos e ossos",como scorpius colocava de modo irreverente, e aquilo, como ele tinha dito, combinava com ele. Continuou lendo silenciosamente:— Fundações de enorme construção encontradas na região do Palácio Potter, lar ancestral dos príncipes herdeiros dos Potter, e a residência do atual Príncipe Harry. Draco parou de ler.

— Você já esteve em Roma, pai? — perguntou Scorp. — Pai? Pai?Não recebendo resposta, ele aproximou-se e acenou as mãos no ar.— Volte para o planeta Terra, pai. Por favor.

— Desculpe-me — murmurou Draco. — O que você disse?

— Você já esteve em Roma?

— Eu... sim... sim.

— Você parece indeciso — disse ele amavelmente.

— Pareço, meu escorpião? Desculpe-me. É que... ele sempre disse que lá havia um grande palácio perdido.

— Ele? Você conhece esse príncipe?

— Eu o conheci uma vez, anos atrás — respondeu Draco vagamente. — Que tal um sorvete?

Desviá-lo do assunto era um ato de desespero. Porque jamais poderia dizer a seu filho amado:"Harry Potter é o homem que um dia amei mais do que já amei sua mãe, o homem com o qual eu poderia ter me casado se fosse suficientemente egoísta".E poderia ter acrescentado: "Ele é o homem que despedaçou meu coração sem ao menos saber que o possuía".