— Olá!

Era realidade. Não poderia ser negada.

— Tem alguém aí?

— Oh, não — exclamou Draco com desespero.

— Vamos sair daqui antes que ela nos veja — sussurrou Harry. — Com certeza não é a nós que ela está procurando.

— É sim — disse Draco.— Ela está me procurando. É Astória, minha ex-mulher.

Harry praguejou baixinho. Draco teve vontade de gritar contra o destino. Era cruel que, no momento em que seu coração desejava Harry com a força do passado, o milagre tenha sido desfeito tão rapidamente. Estava tremendo, e sentiu o mesmo nele.

— Olá!

— Não adianta — disse ele. — Eu tenho de falar com Astória.

— Mande-a para o inferno.

Draco riu.

— Já tentei isso no passado. Não funciona. Ela sempre insiste.

Relutantemente, eles se afastaram, e se viraram para ver a mulher parada do lado de dentro da porta. Pela primeira vez, Draco percebeu que eles estavam na semi-escuridão.

— Olá, Astória — murmurou ele, tentando soar calma.

— Olá, Dray. É realmente você? Eu não consigo vê-lo propriamente.

Draco se moveu para mais perto e o rosto dela se iluminou.

— Assim está melhor. Eu não sabia que você estava aqui com alguém. Desculpe-me por ter entrado dessa maneira e interrompido alguma coisa.

— Tudo bem, Tory. — Draco suspirou. — Você não interrompeu nada. Este é o Príncipe Harry Potter.

Por um breve momento, Astória pareceu embaraçada e confusa.

— Uhuh! — exclamou em tom neutro.

Então o momento passou e ela se aproximou, estendendo uma das mãos.

— Prazer em conhecê-lo. Você não vai se lembrar de mim, mas estive no seu casamento. Não exatamente como penetra, mas levada por um amigo de um amigo.

— Quem quer que a tenha levado, você foi bem-vinda — respondeu Harry com educação, embora Draco soubesse que ele estava tenso.

__ Por algum acaso, você chegou a este casamento da mesma maneira?

Astória deu uma gargalhada sonora.

— Não desta vez. Para ser honesta, eu teria vindo da mesma maneira se fosse necessário. Mas felizmente não foi. O primo da noiva é um bom amigo meu. Ela terminou com uma piscadela para Draco.

— Sim, sabemos o que você quer dizer, Astória, e não seja vulgar, por favor.

— Não posso evitar ser vulgar — replicou ela, parecendo magoada. — Sou feita dessa maneira. Faz parte do meu charme os homens caírem de amores por mim.

A expressão dela era tão inocente quanto a de um bebê. Era o tipo de expressão que Harry supunha que atraía os homens.

— Eu pretendia chegar aqui mais cedo — disse Astória. — Porém, atrasei-me um pouco. Desculpem-me mais uma vez por interromper um momento de vocês dois, mas posso falar-lhe um minuto, Dray? Foi realmente você que vim ver.

— Você não pode esperar até mais tarde, Tory? Ou melhor, até amanhã, por exemplo?

O sorriso dela foi sedutor.

— Ah, sinto muito. Há um problema quanto a isso. Estarei aqui apenas esta noite, e há coisas que precisamos discutir.

— Nesse caso, é melhor eu ceder. — Draco suspirou resignado.

Harry poderia apostar que as pessoas geralmente cediam ao desejo de Astória por causa do que ela descrevia como seu charme. Qualquer que fosse tal charme, Harry tinha certeza que era imune a ele. Draco o olhou e deu de ombros.

— Sinto muito sobre isso, Harry, mas tenho de ir.

— Claro — respondeu ele. — Vou voltar para a festa. Boa noite, sra. Malfoy prazer encontrá-la.

Com isso, Harry partiu rapidamente.Fazendo o que prometera, voltou à festa e passou o resto da noite sendo o convidado perfeito. Sorriu, riu, conversou, foi educado com as pessoas, e o tempo todo ficou imaginando onde Draco estava. Astória não tinha ido embora ainda? E se não, o que eles estavam fazendo?Então, viu-os em pé em um canto da sala, concentrados numa conversa, ou possivelmente um no outro. De repente, Astória se moveu rápido, pegando-o nos braços e levando-o para a pista de dança.

Era difícil para Harry ver a expressão de Draco com nitidez, mas podia dizer que estava rindo enquanto aproveitava a companhia da ex-mulher. Após um tempo sentindo uma imensa frustração, Harry pediu licença e foi para a cama.

Assim que estava sozinho com Draco, Astória falou:— Não posso ver nenhum sinal de Scorp.

— Ele não veio para o casamento. Estava apavorado em ter de levar as alianças, e talvez até ter de vestir uma camisa branca de cetim.

Astória riu.

— Garoto sábio, não é mesmo? Onde ele está agora? Suponho que não esteja ainda na Itália naquele lugar de escavação, do qual você me falou?

— Sim, Scorpius está lá. E é para onde vou voltar amanhã.

__ Então, quando eu poderei vê-lo? Estou morrendo de saudade dele, Dray.

— Vá visitá-lo em Roma — replicou ele. — Tenho certeza que Harry não vai se importar, e Scorp ficará radiante.

— Obrigado — murmurou ela, tão ansiosa quanto uma garotinha que ganhou sua primeira Barbie. — Agora, vamos dançar e conversar. Temos muitos assuntos para colocar em dia.

Draco assentiu, principalmente pela segurança de Scorp. Teria preferido a companhia de Harry, mas aquilo tinha sido arruinado pelo momento. Uma vez quebrado, o encanto não poderia retornar naquela noite. Mas haveria uma outra oportunidade,prometeu a si mesmo. E logo.

— A que horas você precisa ir? — perguntou Draco quando as luzes começaram a enfraquecer e a banda parou de tocar.

— Ir? — Astória franziu o cenho, inocentemente.

— Você disse que ficaria aqui apenas por algumas horas.

— Ah, sim, eu disse.

— Entendo — murmurou Draco com um sorriso resignado.

— Eu somente vim a esse casamento porque, no último minuto, soube que você estaria aqui. Pensei que Scorp poderia estar também, ou, no mínimo, que pudéssemos ter uma boa conversa, a qual tivemos.

— Mas por que você não me telefonou e perguntou sobre Scorp? — disse ele.

— Ah, bem... — Ela parou, tornando-se estranhamente misteriosa. — Existe um outro motivo, mas... vamos deixar isso para uma outra hora.

— Certo. — Draco não insistiu. — Você tem onde dormir?

— Sim, eles me ofereceram o quarto do noivo, agora que ele partiu em lua-de-mel.

— Tudo bem, eu o vejo pela manhã então.

Draco beijou-lhe no rosto e saiu à procura de Harry. Mas não o encontrou, e alguém o informou que ele tinha ido para a cama.