Aragorn e Gimli se levantaram assustados e nós olharam, e de nós para o velho a quem olhávamos embasbacados.

Aragorn foi a frente, enquanto Legolas se ajeitava ao meu lado, e me olhou observando com cautela minha mão tremendo sobre o cabo de minha espada na cintura.

—Venha e se aqueça, se estiver com frio! - disse Aragorn para o senhor avançando alguns passos, mas em um piscar de olhos o velho havia desaparecido. Não se via qualquer vestígio dele nas proximidades, e nós não ousamos procurar mais além. A lua havia-se posto, e a noite estava muito escura.

Voltamos e nos aproximamos dos outros, e eu já iria falar quando de repente, Legolas deu um grito.

—Os cavalos! Os cavalos!

Os cavalos tinham-se ido. Tinham arrastado as estacas e desaparecido. Por algum tempo, nós ficamos parados e em silêncio, preocupados com aquele novo golpe de má sorte. Estávamos sob as fronteiras de Fangorn, e léguas intermináveis nos separavam dos homens de Rohan, nossos únicos amigos naquela terra ampla e perigosa.

Parados ali, tivemos a impressão de ouvir, bem distante na noite, o som de cavalos relinchando e relinchando. Depois tudo ficou quieto outra vez, a não ser pelo farfalhar frio do vento.

Mas pelos seus sons eu diriam que não estavam assustas, mas sim felizes? Contudo, eu não entendia aquele enigma, e meu corpo assustado me traia o pensamento.

—Bem, eles se foram. -disse Aragorn finalmente. -Não podemos encontrá-los ou capturá-los, de modo que, se não retornarem pela própria vontade, vamos ter de nos arranjar sem eles. Partimos com nossos próprios pés, que ainda temos.

—Pés! -disse Gimli. -Mas não podemos comê-los e ao mesmo tempo andar com eles. -jogou um pouco de lenha na fogueira e caiu ao lado dela.

—Apenas algumas horas atrás, você não estava disposto a montar um Cavalo de Rohan. -riu Legolas descontraindo a situação. -Agora já é um cavaleiro.

—Se querem saber o que eu penso. -começou Gimli depois de uma pausa. -Acho que foi Saruman. Quem mais poderia ser? Lembrem-se das palavras de Éomer: ele anda por aí como um velho de capuz e capa. Foram essas as palavras que usou. Foi embora com nossos cavalos, ou os afugentou, e aqui estamos nós. Teremos mais problemas, prestem atenção ao que digo!

Eu ainda tremia quando Aragorn se aproximou de mim.

—Estou prestando atenção. -disse Aragorn. -Mas prestei atenção também ao fato de que este velho estava usando um chapéu, e não um capuz. Mas mesmo assim não duvido que sua suposição esteja correta, e que estamos correndo perigo aqui, de noite ou de dia. Apesar disso, por enquanto não há nada que possamos fazer a não ser descansar. -ele tocou meu ombro cálido. -Vou vigiar um pouco agora, Aura. Tenho mais necessidade de pensar do que de dormir. E você parece precisar de um descanso.

—Obrigada Aragorn, não sei o que está acontecendo comigo. -era a primeira vez que eu ficava assim, apesar de eu saber que não era medo em si, contudo eu estava confusa demais para explicar o que era.

Fui me deitar como ele pediu, e Legolas veio comigo, mas não comentou nada, apenas me deu um beijo na testa me tranquilizando e me abraçou.

—Descanse, seja quem for aquele senhor, ele não se aproximará de nós sem ser notado. -Legolas tocou meu rosto alisando minha bochecha carinhoso. -Sinome háran I marya silmesse. -ele começou a sussurar uma canção. - Ilmello sílar tinwi lómisse. Ni-cenar, I telpeva hendi. Ve cennelte I cuivie quendi. -eu finalmente consegui me acalmar, sua voz, mesmo em sussurros era muito reconfortante. -Alasse antar I menelmíri. Laitan mi anvanye líri. Oiale ná I silme vinya. Tíranyes sí vi quende minya. Vi minya cuiviéneno. I cenne cala eleno. -ele finalizou e eu lhe sorri calma.

Eu conhecia aquela canção "Silmesse" ou "Luz Das Estrelas", muitos elfos a cantavam na casa de mestre Elrond, ela era muito bonita, mas nada como agora, sua voz tinha um timbre forte, e mesmo num sussurro eu me senti arrepiar.

—Você tem uma linda voz. -ele sorriu leve. -Deveria cantar mais vezes.

—Farei isso se lhe agrada. -eu fui até ele encostando nossos lábios de leve.

—Obrigada! -disse sincera, ele realmente me acalmou.

O admirei, mesmo na pouca luz seus traços eram fortes, seu rosto angular e sereno passavam a mim uma confiança que eu jamais vira em qualquer outra pessoa, seus olhos me fitavam como se cada movimento meu fosse importante, e eu sabia que nada escava deles. Quando me puxou para si eu senti sua força e gentileza, numa sinergia que só ele tinha. Mas o mais incrível era seu cheiro, mesmo estando viajando a dias ele não parecia ter suado ao ponto de seu cheiro mudar como o meu, sua essência continuava a mesma. E de alguma forma esse pensamento me envergonhou um pouco, pois por mais que eu me limpasse era obvio para mim que eu tinha um forte cheiro de suor, que as longas corridas somadas a falta de um banho de verdade me propiciavam.

Meu rosto esquentou!

—Aura? -ele me olhou curioso.

Neguei, eu não precisava verbalizar aquilo, o pensamento por si só já era muito vergonhoso.

Me aninhei em seu peito me escondendo ali.

Ele beijou o topo de minha cabeça, e passou a alisa-lá, mas nada disse.

A noite passou devagar. Legolas rendeu Aragorn, e Gimli rendeu Legolas, e a aguarda de cada um deles se acabou. Mas nada aconteceu, diferente do que eu esperava.

O velho não apareceu de novo, e os cavalos não retornaram.

Eles pareceram fazer um acordo implícito de me deixar descansar.

E eu estava feliz por nenhum deles me tratar diferente depois de tudo que lhes contei.

—Estou gelado até os ossos. -disse Gimli, batendo os braços e pisando forte.

Finalmente o dia chegara. Ao nascer do sol nos comermos o que havia;

Eu fiz um pouco de chá com algumas folhas que ainda tinha, o que pareceu animar o Anão, e todos nos sentamos rapidamente para comer.

Legolas comia as lembas feliz da vida, como se aquela fosse a melhor comida do mundo. Não falaria nada, aquela comida nos salvou nesses últimos dias, mas eu ficaria feliz de sair dali e comer algo diferente. Ou talvez fosse só aquela sensação de que havia algo errado, faltando.

Agora, na luz que aumentava, estávamos nos preparando para vasculhar o chão mais uma vez em busca de sinais dos hobbits.

—E não se esqueça daquele velho! -disse Gimli apontando para o chão. -Eu ficaria mais feliz se visse a pegada de uma bota.

—Por que isso o deixaria feliz? -perguntei perdida.

—Porque um velho com pés que deixam pegadas não pode ser mais nada além do que aparenta. -respondeu o anão sensato, e eu me vi concordando.

—Talvez, mas uma bota pesada poderia não deixar pegadas aqui: a grama é alta e fofa. -disse o elfo sabiamente, e eu fiquei olhando de um para o outro perdida.

—Isso não enganaria um guardião. -disse Gimli por fim.- Uma folha tombada é o suficiente para que Aragorn possa ler. Mas não acho que ele vai descobrir qualquer sinal. Foi uma aparição maligna de Saruman o que vimos ontem à noite. Tenho certeza disso, mesmo sob a luz do dia. Os olhos dele estão nos procurando lá de Fangorn, até mesmo agora, talvez. E a jovem Aura é a prova disso, olhem para ela, desde ontem parece mais pálida. -não ousei dizer nada, de certa forma eu ainda me sentia inquieta.

—É bem provável, mas não tenho certeza. -Aragorn me fitou. -Estou pensando nos cavalos. Ontem você disse, Gimli, que eles tinham sido afugentados. Mas eu não achei que foi isso que aconteceu. Você os ouviu, Legolas? Pareciam animais apavorados?

—Não. -disse Legolas. -Eu os ouvi claramente. Se não fosse pela escuridão e por nosso próprio medo, eu acharia que eram animais eufóricos com uma alegria repentina. Falaram como falam os cavalos que encontram um amigo do qual sentem falta há muito tempo.

Pelo menos eu não estava louca já que tinha pensado o mesmo.

—Eu também achei isso, mas não consigo decifrar o enigma, a não ser que eles retornem. -me olhou mais uma vez, porém eu neguei, não discordava deles naquele sentido, mas o velho não era algo bom, disso eu tinha certeza. -Venham! A luz está aumentando rápido. Vamos olhar primeiro e adivinhar depois! Devemos começar por aqui, perto de nosso próprio acampamento, procurando cuidadosamente por tudo, vasculhando a colina na direção da floresta. -disse Aragorn. -Encontrar os hobbits é nossa missão, não importa o que pensemos sobre o visitante da noite passada. Se eles por algum acaso escaparam, então devem ter se escondido nas árvores, caso contrário teriam sido vistos. Se não encontrarmos nada desde este ponto até as bordas da floresta, então vamos fazer uma última busca no campo de batalha, por entre as cinzas. Mas lá há pouca esperança: os Cavaleiros de Rohan fizeram muito bem o seu trabalho.

Por algum tempo eles arrastaram, tateando o chão.

A árvore se erguia lamentosa sobre nós, com suas folhas secas agora caídas, farfalhando ao frio Vento Leste. Aragorn se afastou lentamente. Chegou até as cinzas da fogueira dos cavaleiros, perto da margem do rio, e então começou a refazer o caminho de volta, na direção do montículo onde fora travada a batalha. De repente se agachou, baixando o rosto ao chão, quase até tocar a grama. Depois chamou. E fomos até ele correndo.

—Finalmente aqui encontramos notícias! -disse Aragorn. Ergueu uma folha quebrada para que víssemos, uma grande folha de tonalidade dourada, agora murchando e ficando marrom. -Aqui está uma folha de mallorn de Lórien, e há pequenas migalhas nela, e mais algumas na grama. E vejam! Há alguns pedaços de corda cortada aqui perto!

—E aqui está a faca que a cortou! -disse Gimli. Abaixou-se e arrancou de uma touceira uma pequena lâmina dentada, que fora parar ali ao ser pesadamente pisada.

O punho de onde tinha sido quebrada estava ao lado.

—É uma arma de orc. -disse ele, segurando-a com cuidado e olhando com nojo para o punho entalhado: fora moldado na forma de uma horrível cabeça, com olhos vesgos e boca torta.

—Bem, este é o enigma mais estranho que já encontramos! -exclamou Legolas. -Um prisioneiro amarrado escapa tanto dos orcs como dos cavaleiros que estão em volta. Depois pára, ainda no espaço descoberto, e corta suas amarras com uma faca de orc. Mas como e por quê? Pois, se as pernas estavam atadas, como conseguiu andar? Se os braços estavam amarrados, como cortou as cordas? E se nenhum dos dois estava amarrado por que então ele usou a faca? Satisfeito com a própria habilidade, sentou-se e comeu tranquilamente um pouco de pão-de-viagem! Isso pelo menos é suficiente para mostrar que ele era um hobbit, sem contar com a folha de mallorn. Depois disso, suponho, transformou seus braços em asas e fugiu voando por entre as árvores. Seria fácil encontrá-lo: só precisamos de asas para nós também! -o olhei incrédula, e me segurei para não rir de sua forma de finalizar aquela história.

—Com certeza houve feitiçaria aqui. -disse Gimli. -O que o velho estava fazendo? O que você tem a dizer, Aragorn, sobre a interpretação de Legolas? Pode melhorá-la?

—Talvez eu pudesse. -disse Aragorn, sorrindo também. -Há uns outros sinais por aqui que vocês não consideraram. Concordo que o prisioneiro era um hobbit e que devia estar ou com os pés ou com as mãos livres, antes de chegar aqui. Acho que eram as mãos, porque o enigma fica então mais fácil, e também porque, conforme estou interpretando os sinais, ele foi carregado até aqui por um orc. Correu sangue ali, a alguns passos adiante, sangue de orc. Há pegadas fundas de cascos rodeando todo este ponto, e sinais de que uma coisa pesada foi arrastada. O orc foi morto por cavaleiros, e depois seu corpo foi puxado até a fogueira. Mas o hobbit não foi visto: ele não estava no espaço aberto pois era noite e ele ainda tinha sua capa élfica. Estava exausto e faminto, e não é de admirar que, quando cortou suas amarras com a faca do inimigo, tenha descansado e comido um pouco antes de se arrastar para longe. Mas é um consolo saber que ele tinha um pouco de lembas no bolso, mesmo que tenha fugido sem equipamentos ou mochilas, e isso talvez seja bem ao estilo dos hobbits. Digo ele, embora tenha esperanças e suponha que Merry e Pippin estiveram aqui juntos. Entretanto, não há nada que nos dê certeza disso.

—E como você supõe que um de nossos amigos conseguiu livrar uma das mãos? -perguntei curiosa.

—Não sei como isso aconteceu. -respondeu-me Aragorn. -E também não sei por que um orc os estava carregando para longe. Não para ajudá-los a escapar, disso podemos ter certeza. Não, mas agora começo a entender uma coisa que me tem intrigado desde o começo: por que, quando Boromir caiu, os orcs ficaram satisfeitos em capturar Merry e Pippin? Não procuraram pelo resto de nosso grupo, nem atacaram nosso acampamento; em vez disso, foram a toda velocidade na direção de Isengard. Será que supunham ter capturado o Portador do Anel e seu fiel companheiro? Acho que não. Seus mestres não dariam ordens tão claras aos orcs, mesmo que soubessem de tanta coisa; não falariam abertamente sobre o Anel com eles: os orcs não são servidores confiáveis. -ele se virou me fitando, e sua mente pareceu clarear. -Aura, você ouviu em seu sonho Saruman os ordenando a capturar os hobbits, vivos e a qualquer custo, então podemos supor que isso é a verdade e isso nos dá uma resposta. -ele ficou quieto por um momento e olhando ao redor continuou. -Foi feita uma tentativa de fuga com os preciosos prisioneiros antes da batalha. Talvez traição, muito provável num povo assim; algum orc grande e corajoso poderia estar tentando escapar sozinho levando o prêmio, com fins próprios. Aí está minha história. Outras podem ser criadas. Mas podemos contar com isto de qualquer forma: pelo menos um de nossos amigos escapou. Nossa tarefa é procurá-lo e tentar ajudá-lo antes de retornarmos a Rohan. Não devemos nos intimidar com Fangorn, uma vez que a necessidade o levou para aquele lugar escuro.

—Não sei o que me intimida mais: Fangorn, ou pensar na longa estrada até Rohan a pé. -disse Gimli.

—Vamos para a Floresta. -disse Aragorn.

Não demorou muito para que Aragorn encontrasse pistas recentes. Num Ponto, perto da margem do Entágua, encontrou pegadas: pegadas de hobbit, mas leves demais para que se pudesse tirar muitas conclusões a partir delas. Depois, sob a copa de uma grande árvore, bem na orla da floresta, mais pegadas foram descobertas. A terra era seca e nua, e não revelou muita coisa.

—Pelo menos um hobbit parou aqui por um tempo e olhou para trás; e depois foi em direção à floresta. -disse Aragorn.

—Então devemos entrar nela também. -disse Gimli. -Mas não gosto do jeito desta Fangorn, e fomos advertidos em relação a ela. Gostaria que a busca nos tivesse conduzido a algum outro lugar!

—Não sinto maldade na floresta, não importa o que as histórias digam. -disse tranquila.

Legolas parou à beira da floresta, inclinando-se para frente, como se tentasse escutar alguma coisa, e espiando com olhos bem abertos dentro das sombras. -Não, a floresta não é má; ou, se houver algum mal nela, está bem longe. Só percebo ecos quase inaudíveis de lugares escuros, onde os corações das árvores são negros. Não há malícia perto de nós; mas há vigilância, e ódio.

—Bem, a floresta não tem motivos para sentir ódio de mim. -disse Gimli. -Não lhe fiz mal nenhum.

—Concordo com isso. -disse Legolas. -Mas, mesmo assim, ela sofreu danos. Há alguma coisa acontecendo aqui dentro, ou prestes a acontecer. Vocês não sentem a tensão? É até difícil respirar.

—Sinto o ar abafado. -disse o anão. -Esta floresta é mais leve que a Florestadas Trevas, mas é mofada e deprimente.

—É velha, muito velha. -disse o elfo. -Tão velha que quase me sinto Jovem, outra vez, como não me sinto desde que viajei com vocês, crianças. E velha e carregada de lembranças. Eu poderia me sentir feliz aqui, se tivesse vindo em dias de paz. -acho que de certa forma ele nos chamou de criança sem perceber, e eu queria rir disso, já que ele tinha posto em meu dedo aquele anel.

—Arrisco dizer que sim. -retrucou Gimli. -Você é um elfo da Floresta, de qualquer forma, embora os elfos de qualquer tipo sejam pessoas esquisitas. Mas você me consola. Por onde for, irei também. Mas mantenha seu arco a postos, e eu vou deixar meu machado solto no cinto. Não para usá-lo nas árvores. -acrescentou ele depressa, erguendo os olhos para a árvore sob a qual estávamos. -Não quero encontrar aquele velho inesperadamente sem ter um argumento à mão, isso é tudo. Vamos!

Com isso mergulhamos na floresta de Fangorn. Deixamos que Aragorn procurasse as pistas. Havia pouco para se ver.

O solo da floresta estava seco e coberto por uma camada de folhas; mas, supondo que os fugitivos ficariam perto da água, ele sempre retornava às margens do rio.

Foi assim que chegamos ao lugar onde possivelmente Merry e Pippin tinham bebido água e molhado os pés. Estavam perfeitamente claras para quem quisesse ver, as pegadas de dois hobbits, um deles um pouco menor que o outro, e isso fez meu coração sentir uma alívio imenso, e eu me alegrei como a muito não fazia.

—Esta notícia é boa. -disse Aragorn. -Mas as marcas já têm mais de um dia. E parece que neste ponto os hobbits abandonaram as margens.

— Então, que faremos agora? -perguntou Gimli. -Não podemos procurá-los através de toda a floresta. Viemos com poucos suprimentos. Se não os encontrarmos logo, não poderemos ser de nenhuma utilidade, a não ser sentando ao lado deles e demonstrando nossa amizade, passando fome juntos.

—Se isso for realmente tudo o que pudermos fazer, então devemos fazê-lo.-disse Aragorn. -Vamos em frente.

Finalmente chegamos à extremidade abrupta de uma colina íngreme, e olhamos para a parede rochosa com degraus grosseiros, que conduziam ao alto patamar.

Raios de sol perfuravam as nuvens apressadas, e a floresta agora parecia menos cinzenta e desolada.

—Sangue de orc. -disse Gimli ao tocar no sangue que estava em uma folha.

Aragorn e Legolas pulavas entre as gigantes raízes e pedras no chão. Eu por minha vez caminhava com cuidado para não me esparramar no chão escorregadio. Mas era difícil acompanha-los assim.

Aragorn foi mais a fundo, parando de cocoras a frente perturbado.

—São pegadas estranhas as que tem aqui.

—O ar é muito carregado aqui. -disse eu já com dificuldade de respirar.

Legolas estava certo, quanto mais adentrávamos o local mais difícil ficava a respiração.

—Mas do que eu poderia esperar. -comentou Gimli.

catapum broum broum

Todos nos olhamos perturbados com o barulho estranho, e Gimli preparou seu machado.

—As árvores estão falando umas com as outras. -Legolas se virou para nós perturbado e fitou Gimli com receio.

—Gimli. -sussurrou Aragorn aflito.

—Hum... -o Anão olhava para todos os lados procurando o inimigo.

—Baixe o machado. -novamente sussurrou o guardião.

O Anão baixou o machado devagar, e Legolas foi até ele.

—Elas têm sentimentos meu amigo. Os elfos que começaram. Despertando as árvores, as ensinando a falar. -eu mordi os lábios para não perguntar ao elfo se ele falava "arvorez", aquilo realmente me deixou curiosa.

—Árvores falantes. Sobre o que as árvores tem de conversar, hum? -o Anão perguntou corajosamente, mesmo eu achando que ele estava morrendo de medo ali. -A não ser da consistência dos cocôs dos esquilos.

—Há algo lá! -senti algo estranho, uma força familiar.

Legolas passou por mim, e Aragorn veio em seguida. O elfo fitou a frente, como se visse ao longe.

—O que vê? -perguntou Aragorn ao meu lado, atrás do elfo.

—O Mago Branco se aproxima. -ele balançou levemente a cabeça pra esquerda, e os três vagarosamente se prepararam.

—Não deixe que ele fale. Lançará um feitiço sobre nós. -ditou Aragorn segurando o cabo de sua espada e a sacando levemente.

Legolas ajeitou uma flecha no arco, e Gimli segurou fortemente o machado.

Eles estavam tão concentrados em sua tarefa que não perceberam que se fosse Saruman, ele jamais chegaria assim. Então meu coração se encheu de aliviou ao sentir quem vinha, e a nova força que carregava.

—Precisamos ser rápidos. -sussurrou o guardião.

Me afastei deles dando cinco passos para trás.

Me segurei para não rir, aquilo seria engraçado de vários modos.

Os companheiros não conseguiam ver seu rosto: ele estava usando um capuz, e sobre o capuz havia um chapéu de aba larga, de modo que todo o rosto estava encoberto, exceto a extremidade da barba grisalha. Mesmo assim, tive a impressão de ver de relance o brilho de olhos perspicazes, emitido daquele rosto encapuzado.

—Hia, hai, hua. -cada um gritou de uma forma diferente.

Gimli jogou seu machado no mago que o repeliu. Da mesma forma ele fez com a flecha de Legolas, e Aragorn teve de soltar sua espada pois esta estava quase em brasa. A luz branca nos cegou por uns minutos, e eu mal conseguia me segurar agora.

—Vocês estão seguindo as pegadas de dois jovens hobbits. -ele disse em uma voz grossa.

—Onde eles estão? -gritou Aragorn.

—Eles passaram aqui anteontem. Encontraram alguém que não esperavam. Isso consola vocês?

Eu me encostei numa árvore com a mão na boca, e Legolas se assustou vindo até mim.

—Aura?

—Quem é você? -perguntou Aragorn. -Mostre-se!

Conforme pisou no patamar rochoso houve um brilho, rápido demais para se ter certeza, um breve vislumbre de branco, como se alguma vestimenta, ocultada pelos farrapos cinzentos, tivesse sido revelada por um instante. Podia-se ouvir a respiração de Gimli como um chiado ruidoso quebrando o silêncio.

O mago diminuiu sua luz e se mostrou enfim para eles.

—Não pode ser. -Aragorn disse embasbacado.

Eu me virei para o elfo que olhava de mim rindo para o mago a sua frente.

—Perdoe-me. -Legolas pediu quase se ajoelhando. -Eu achei que fosse Saruman.

Gimli segui-o.

—Levante-se, meu bom Gimli e você também Legolas! Vocês não tem culpa, e não me fez mal algum. Na verdade, meus amigos, nenhum de vocês tem armas que possam me ferir. -ele parou por um segundo e me olhou. -A não ser você, mas ainda é muito jovem para isso. -ambos sorrimos um para o outro, como velhos amigos que se encontram por acaso. -Mas vamos! Alegrem-se! Encontramo-nos de novo! Na virada da maré. A grande tempestade se aproxima, mas a maré virou.

—Gandalf! -disse Aragorn. -Mas você está todo de branco!

—Na verdade, eu sou Saruman, quase poderíamos dizer, Saruman como ele deveria ter sido. Mas vamos agora, falem-me sobre vocês! Atravessei o fogo e águas profundas desde que nos separamos. Esqueci muita coisa que julgava saber, e aprendi de novo muita coisa que havia esquecido. Posso ver muitas coisas à distância, mas muitas coisas que estão próximas eu não consigo ver. Falem-me sobre vocês!

—O que deseja saber? -perguntou Aragorn. -Tudo o que aconteceu desde que nos separamos na ponte seria uma história longa. Você não poderia primeiro nos dar notícias dos hobbits? Você os encontrou, e eles estão a salvo?

—Não, não os encontrei. -disse Gandalf. -Havia uma escuridão sobre os vales dos Emyn Muil, e eu não sabia que estavam aprisionados, até que a águia me contou.

—A águia! -disse Legolas. -Eu vi uma águia voando bem alto: a última vez foi há três dias, sobre os Emyn Muil.

—Sim! -disse Gandalf. -Era Gwaihir, o Senhor dos Ventos, que me resgatou de Orthanc. Enviei-o na minha frente para vigiar o Rio e conseguir notícias. Ele tem uma visão apurada, mas seus olhos não conseguem enxergar tudo o que se passa sob as colinas e árvores. Algumas coisas ele viu, e outras eu mesmo vi. O Anel agora está fora do alcance de minha ajuda, ou da ajuda de qualquer um da Comitiva que partiu de Valfenda. Quase foi revelado ao Inimigo, mas escapou. Tive alguma parte nisso: pois sentei-me num lugar alto, e lutei contra a Torre Escura e a Sombra passou. Depois fiquei cansado, muito cansado; e caminhei por muito tempo, envolvido em pensamentos escuros.

—Então você sabe sobre Frodo!-disse e ele me fitou, me olhando profundamente. -Como estão as coisas com ele?

—Não sei dizer. Foi salvo de um grande perigo, mas muitos ainda o esperam. Resolveu ir sozinho a Mordor, e partiu: isso é tudo que posso dizer.

—Não sozinho. -disse Legolas. -Achamos que Sam foi com ele.

—Ele foi? -perguntou Gandalf, e seus olhos brilharam e o rosto sorriu. -Foi mesmo? Isso é novidade para mim, mas não me surpreende, Bom! Muito bom! Tiram-me um peso do coração. Precisam me dizer mais. Agora sentem-se ao meu lado e contem a história de sua jornada. -nos sentamos no chão, e Aragorn continuou a história. Por um longo período Gandalf não disse nada, e não fez perguntas. Suas mãos estavam estendidas sobre os joelhos, e os olhos fechados. Finalmente, quando Aragorn falou sobre a morte de Boromir e de sua última viagem pelo Grande Rio, o velho suspirou.

—Você não disse tudo o que sabe ou supõe, Aragorn, meu amigo. -disse ele suavemente. -Pobre Boromir! Não pude ver o que aconteceu com ele. Foi uma prova dura para um homem assim: um guerreiro, um senhor de homens. Galadriel me disse que ele estava em perigo. Mas escapou no final. Fico feliz. Não foi em vão que os jovens hobbits vieram conosco, mesmo que tenha sido apenas para o bem de Boromir. Mas esse não é o único papel deles. Foram trazidos a Fangorn, e a chegada deles foi como a queda de pequenas pedras que iniciam uma avalanche nas montanhas. Neste momento em que estamos conversando, ouço os primeiros estrondos. Será melhor para Saruman não ser pego fora de casa quando a represa explodir.

—Em uma coisa você continua o mesmo, caro amigo. -falou Aragorn. -Você ainda fala por meio de enigmas.

—O quê? Em enigmas? -disse Gandalf. -Pois estava falando comigo mesmo em voz alta. Um hábito dos velhos: escolhem falar às pessoas mais sábias, as longas explicações que os jovens necessitam são cansativas.

Rimos todos. E o som do riso agora parecia quente e agradável, como um raio de sol.

—Não sou mais jovem, mesmo para os homens das Antigas Casas. -disse Aragorn. -Você não poderia me abrir sua mente com mais clareza?

—Que devo então dizer? -disse Gandalf, depois parou um tempo, pensando.

—Este é um resumo das coisas como as vejo agora, se você quiser saber um pouco do que estou pensando, com a maior clareza possível. O Inimigo, é claro, já sabe há muito tempo que o Anel está viajando, e que seu portador é um hobbit. Sabe o número dos integrantes de nossa Comitiva, que partiu de Valfenda, e que tipo de pessoas somos. Principalmente sabe onde você está agora Aura. Porém ele ainda não percebe nosso propósito claramente. Supõe que todos nós está vamos indo para Minas Tirith, pois isso é o que ele próprio faria se estivesse em nosso lugar, e porque agora, mesmo que pouco, sente o poder da Aura mais forte. E de acordo com a sua sabedoria isso seria um golpe forte contra seu poder. Na verdade, está sentindo um grande medo, sem saber que pessoa poderosa poderia de repente aparecer, controlando o Anel e ameaçando-o com a guerra, tentando destruí-lo e tomar seu lugar. Que poderíamos desejar destruí-lo e não colocar ninguém em seu lugar é um pensamento que não lhe ocorre. Que possamos tentar destruir o próprio Anel é algo que não entrou nem em seus sonhos mais escuros. Nisso, sem dúvida, vocês verão nossa boa sorte e nossa esperança. Por ter imaginado a guerra, deflagrou a guerra, acreditando que não tinha mais tempo a perder; pois aquele que dá o primeiro golpe, se o golpe tiver força suficiente, pode não precisar dar mais golpes. Assim, as forças que vem preparando há muito tempo, ele as colocou em ação antes do que pretendia. Sábio tolo. Pois se tivesse usado todo seu poder para guardar Mordor, de modo que ninguém conseguisse entrar, e colocado toda a sua astúcia na procura do Anel, então realmente não haveria mais esperanças: nem o Anel nem o portador poderiam tê-lo iludido por muito tempo. Mas agora olha mais para longe do que para as vizinhanças de seu lar; e principalmente olha na direção de Minas Tirith. Logo sua força cairá sobre aquela cidade como uma tempestade. Pois ele já sabe que os mensageiros que enviou para perseguir a Comitiva falharam de novo. Não encontraram o Anel. Nem trouxeram qualquer hobbit como refém. Se tivessem feito isso, teria sido um golpe forte para nós, que poderia ser fatal. Mas não vamos escurecer nossos corações imaginando o julgamento de sua gentil lealdade na Torre Escura. Pois o Inimigo falhou. Por enquanto. Graças a Saruman.

—Então Saruman não é um traidor? -perguntei confusa.

—Na verdade é! -disse Gandalf. -Duplamente, E isso não é estranho? Nada que suportamos recentemente parece tão lamentável quanto a traição de Isengard. Mesmo considerando-se o padrão de um senhor e um capitão, Saruman se tomou muito forte. Ameaça os homens de Rohan e retira o apoio que eles receberiam de Minas Tirith, exatamente no momento em que o golpe principal se aproxima, vindo do leste. Apesar disso, uma arma traiçoeira é sempre perigosa para quem a empunha. Saruman também desejava apossar-se do Anel, para uso próprio, ou pelo menos capturar alguns hobbits para seus propósitos malignos. Então, agindo em conjunto, nossos inimigos só conseguiram trazer Merry e Pippin numa velocidade espantosa, e no momento certo, até Fangorn, para onde eles nunca teriam vindo de outra forma! Além disso, encheram-se de dúvidas novas que atrapalham seus planos. Nenhuma notícia da batalha chegará a Mordor, graças aos Cavaleiros de Rohan; mas o Senhor do Escuro sabe que dois hobbits foram captura dos nos Emyn Muil e levados para Isengard contra a vontade de seus próprios servidores. Agora ele teme Isengard e também Minas Tirith. Se Minas Tirith cair, isso será ruim para Saruman.

—É uma pena que nossos amigos estejam no meio dessa luta. -comentei baixo.

—Se nenhuma terra ficasse entre Isengard e Mordor, eles poderiam lutar enquanto nós ficaríamos observando e esperando. -Gimli disse.

—O vencedor emergiria mais forte que qualquer um dos dois, e livre de dúvidas — disse Gandalf. -Mas Isengard não pode lutar contra Mordor, a não ser que Saruman obtenha o Anel primeiro. E isso ele não conseguirá nunca. Ainda não sabe do perigo que corre. Há muita coisa que ele não sabe. Estava tão ávido por colocar as mãos em sua presa que não conseguiu ficar esperando em casa, e saiu para encontrar e espionar seus mensageiros. Mas chegou tarde demais, desta vez; a batalha já estava terminada e ele não podia mais ajudar em nada quando chegou a estas partes. Não ficou aqui por muito tempo. Olhando dentro da mente dele eu vejo suas dúvidas. Ele fica desorientado em florestas. Acha que os cavaleiros mataram e queimaram todos sobre o campo de batalha, mas não sabe se os orcs estavam ou não trazendo algum prisioneiro. E não sabe da discussão entre seus servidores e os orcs de Mordor; e também não sabe do Mensageiro Alado.

—O Mensageiro Alado! -precipitou-se Legolas ao meu lado. -Atirei nele com o arco de Galadriel sobre o Sarn Gebir, e derrubei-o dos céus. Ele nos encheu de medo. Que novo terror é esse?

—Um terror que você não pode abater com flechas. -disse Gandalf. -Você apenas abateu a montaria dele. Foi um bom feito; mas logo o Cavaleiro conseguiu outro cavalo. Pois ele era um Nazgúl, um dos Nove, que agora têm montarias aladas. Logo seu terror cobrirá de sombras os últimos exércitos de nossos amigos, barrando o sol. Mas ainda não lhes foi permitido atravessar o Rio, e Saruman não conhece essa nova forma na qual os Espectros do Anel se apresentam. Tem o pensamento constantemente voltado para o Anel. O Anel estava presente na batalha? Foi encontrado? E se Théoden, Senhor da Terra dos Cavaleiros, se aproximasse e soubesse do poder desse Anel? É esse o perigo que Saruman enxerga, e ele fugiu de volta para Isengard para redobrar ou triplicar a força de seu a taque em Rohan. E durante todo o tempo há um outro perigo, muito próximo, que ele não enxerga, ocupado que está com seus pensamentos inflamados. Esqueceu Barbárvore.

—Agora você está falando para si mesmo outra vez. -disse Aragorn com um sorriso. -Não conheço Barbárvore. E adivinhei parte da dupla traição de Saruman; apesar disso, não vejo de que modo a chegada de dois hobbits a Fangorn pode ter tido alguma serventia, exceto para nos proporcionar uma busca longa e infrutífera.

—Espere um minuto! -gritou Gimli. -Há uma outra coisa que eu gostaria de saber primeiro. Foi você, Gandalf, ou Saruman, que vimos a noite passada?

—Certamente vocês não me viram. -respondeu Gandalf. -Portanto devo supor que viram Saruman. Evidentemente somos agora tão parecidos que seu desejo de fazer um estrago irreversível no meu chapéu deve ser perdoado.

—Bom, bom! -disse Gimli. -Fico feliz em saber que não era você.

Gandalf riu de novo.

—Sim, meu bom anão. -disse ele. -É bom não ser confundido em todos os pontos. Sei disso muito bem! Mas, é claro, nunca os culpei pelo modo como me receberam.Como poderia, se frequentemente aconselhei meus amigos a suspeitarem até de suas próprias sombras, quando estivessem lidando com o Inimigo? Bendito seja, Gimli, filho de Glóin! Talvez você nos veja juntos um dia e então poderá julgar a diferença.

—Mas os hobbits! -interrompeu Legolas. -Viemos de longe à procura deles, e parece que você sabe onde eles estão. Onde estão agora?

—Com Barbárvore e os ents. -disse Gandalf.

—Os ents! -exclamou Aragorn. -Então há verdade nas velhas lendas sobre os moradores das florestas profundas e os pastores gigantes das árvores? Ainda existem ents no mundo? Achei que fossem apenas uma lembrança de dias antigos, se de fato eram mesmo algo mais que uma lenda de Rohan.

—Uma lenda de Rohan! -bufou Legolas. -Não, todos os elfos das Terras Ermas já cantaram canções sobre os velhos onodrim e sua longa tristeza. Mas mesmo entre nós eles são apenas uma lembrança. Se eu encontrasse um deles ainda caminhando por este mundo, então poderia me sentir jovem outra vez! Mas Barbárvore: isso é apenas uma tradução de Fangorn para a Língua Geral; mas você parece estar falando de uma pessoa. Quem é esse Barbárvore?

—Ali, agora estão fazendo perguntas demais. -disse Gandalf. -O pouco que sei de sua longa e lenta história daria uma narrativa para a qual não ternos tempo agora. Barbárvore é Fangorn, o guardião da floresta; é o mais velho dos ents, o ser mais velho que ainda caminha sob o sol, nesta Terra-média. Realmente espero, Legolas, que você ainda possa encontrá-lo. Merry e Pippin tiveram sorte: encontraram-no aqui, neste ponto onde estamos sentados. Pois ele veio aqui há quase dois dias e os levou para sua moradia lá longe, perto das raízes das montanhas. Frequentemente vem aqui, principalmente quando tem a mente inquieta, e quando os rumores do mundo lá fora o preocupam. Vi-o há quatro dias andando a largas passadas por entre as árvores, e acho que ele me viu, pois parou; mas eu não disse nada, porque estava concentrado em meus pensamentos, e cansado depois de minha luta contra o Olho de Mordor; ele também não falou, nem chamou meu nome.

—Talvez também tenha achado que você era Saruman. -disse Gimli. -Mas você fala dele como se fosse um amigo. Pensei que Fangorn fosse perigoso.

Perigoso! -exclamou Gandalf. -Eu também sou, muito perigoso: mais perigoso que qualquer outro ser que jamais encontrarão, a não ser que sejam levados vivos diante do trono do Senhor do Escuro. E Aragorn é perigoso, e Legolas é perigoso, e não vamos nem começar a falar da jovem Aura ao seu lado. Você está rodeado de perigos, Gimli, filho de Glóin; pois você mesmo é perigoso, à sua maneira. Certamente a floresta de Fangorn é perigosa, não menos perigosa para aqueles que são rápidos demais com seus machados; e o próprio Fangorn, ele também é perigoso, no entanto é gentil e sábio. Mas agora sua ira lenta e longa está transbordando, e toda a floresta está cheia dela. A vinda dos hobbits com as notícias que trouxeram foi a gota d'água: logo estará correndo como uma enchente; mas sua maré está voltada contra Saruman e os machados de Isengard. Algo que não acontece desde os Dias Antigos está para acontecer: os ents vão despertar e descobrir que são fortes.

Engoli em seco, meus amigos pelo jeito se envolveriam na primeira grande batalha dessa guerra. E eu só poderia rezar que os ents os protegessem.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.