-O torneio consiste no seguinte: os rapazes terão de lutar, imobilizando os seus companheiros, até que só um esteja de pé. Não se podem magoar e ou matar. O primeiro a agarrar no colar… - Uma mesa aparece no centro do ginásio com uma bola de vidro no meio. Dentro, consigo ver a forma de um colar – ganha. Vale regressarem ás suas verdadeiras formas. Boa sorte.
A maioria dos rapazes na sala vão até lá, formam um círculo à volta do colar e olham-se com desprezo. Consigo ver Havena ao lado de Jade, dizendo-lhe para ir. Jade acaba por aceitar e junta-se. Conheço a maioria dos rapazes ali presentes, se bem que há muitos que me são desconhecidos.
Castiel aparece atrás de mim. Olho para ele furiosa e ele vira a cara na direcção da Caroll.
-Estás muito bonita – Diz – Tenho de admitir, ficas bem de vermelho.
-Obrigada – Diz a minha companheira de quarto muito, corada.
-Mas uma vez tábua, sempre tábua – Diz olhando para o peito dela.
Caroll olha para ele com cara de malandra.
-Se achas que tenho pouco peito, então não te aproximes da Ambre.
Ele ri.
-Queres o colar? – Caroll diz que sim – Então eu vou busca-lo.
Castiel junta-se aos outros no círculo, e quando a Prof. Jolie bate palmas, todos os rapazes mudam.
Ken apressa-se a tirar os óculos e torna-se num borracho, tornando logo um rapaz em pedra. Ele consegue fazer isso? Fixe.
Castiel e Lysandre transformam-se em lobos. Um lobo cinzento e um com pelo vermelho, e muitos, muitos músculos. E dentes.
Nathaniel encolhe-se e quando volta a endireitar-se, tem duas bonitas asas azuis nas costas. O Nath é uma fada? Estou chocada.
Leigh olha para uma rapariga de cabelos brancos que sorri feliz, e depois torna-se num lobo.
Jade começa a mover as mãos, e como Havena, faz aparecer bolas de fogo no ar.
Os restantes rapazes apenas olham para os outros. Entre eles está Raphael, que é um feiticeiro.
A professora bate outra vez as mãos e os rapazes atiram-se para o colar.
Um rapaz de cabelos pretos atira-se a Ken, mas ele torna-o em pedra. Outro rapaz se atira para ele, mas torna-se rapidamente numa estátua. O terceiro a tirar-se a Ken tem mais sorte, é Castiel e consegue derrubá-lo e prende-o ao chão… com baba.
Jade atira-se a Leigh, que é rápido e vai logo tentar apanhar o colar. Felizmente para mim, Nathaniel está a voar e faz uma espécie de feitiço e Leigh deixa de se conseguir mover.
Vários rapazes atiram-se então a Raphael, que tinha ficado a lutar com um rapaz mais velho, mas ele atira-os a todos para longe.
No campo ficam apenas Angel, Castiel e Lysandre (que tinha ficado a fazer sabe deus o quê), Nathaniel, Jade e Raphael. Lysandre corre para o colar, mas Castiel morde-lhe a pata e os dois ficam numa luta patética, deitados no chão. Angel aproveita e ataca Jade, mas os dois acabam por chocar com Nathaniel, e acabam presos numa rede por Raphael. Lysandre volta a transformar-se em humano, todo suado e desiste de lutar. Castiel aproveita e corre para o colar, mas Raphael começa a correr também. A alguns centímetros da mesa, Castiel agarra em Raphael e manda-o para o outro lado do ginásio. Aproxima-se da mesa e agarra na bola.
A professora dá autorização a umas raparigas da turma da noite, e elas soltam os confetti. Castiel fica rodeado de raparigas bonitas, a pedirem para ele abrir a bola e para as escolher. Mas ele faz sinal a Caroll, e quando ela se aproxima dele, espeta-lhe um beijo e abre a bola.
Toda a gente solta “ah!” de exclamação, porque a bola tem dentro… nada. Nem um anel. Castiel olha confuso para todos os lados e para toda a gente, estando a escola toda em silêncio. Até que Raphael se levanta, todo sujo e radiante… com um colar na mão.
Toda a escola começa a gritar, e Raphael avança para mim, contente. Saio das bancadas e avanço até ele. Balançando o colar no ar, ele olha para mim a sorrir.
-E então, queres.
Eu aproximo-me dele, e agarro no colar, que tem a forma de uma lua. Abano a cabeça.
-Não.
Toda a escola começa a reclamar.
-E porque não?
-Porque não mereço… mas sei de uma pessoa que merece.
Olho para o fim da sala, onde Elaine veste o seu vestidinho lindo, e olha hipnotizada para Dajan. Raphael segue-me o olhar. Suspira, e volta a olhar para mim.
-Ok, mas ainda quero que dances comigo.
Faço que sim com a cabeça e observo-o ir ter com Dajan, que vai ter com Elaine e lhe oferece o colar. Raphael volta para ao pé de mim.
-Então, dançamos?
-Sim, mas primeiro temos que mudar de roupa. – Aponto os dedos para ele, sinto a corrente eléctrica no corpo todo e observo a sua roupa mudar de calções e t-shirt, para um fato branco.
Ele olha para si mesmo, abanando a cabeça, aprovando. Depois olha para mim e estica as mãos. Sinto a minha roupa ondular e fecho os olhos, para ser surpresa. Bem, eu fico mais do que surpreendida quando abro os olhos. Na minha cabeça estavam umas orelhas de coelhinha, no meu traseiro, uma cauda. Umas botas pretas até ao joelho, e um fato de banho?
Olho furiosa para Raphael que está vermelho que nem um tomate.
-Desculpa! – Grita. Volto a sentir a roupa a ondular e quando olho, já não estou uma coelhinha da playboy, mas sim uma rapariguinha bonita. Os meus sapatos tornaram-se numas sandálias brancas, e a roupa num vestido simples e leve branco, com uma faixa, rendinha e folhos rosa.
-É… perfeito. – Digo abraçando-o.
Uma música romântica começa a tocar, e eu e Raphael começamos a mover-nos devagar. Ficamos assim uns três minutos, a danças sozinhos no meio da pista, até que mais casais se juntam a nós e a música muda para algo mais… “dançável” (se é que a palavra existe).
Mas de repente, quando abro os olhos, parece-me ver outra vez aquela sombra. Olho novamente e vejo que não é ela, mas sim aquela rapariga do teste de saúde… a Tamy. Mas que estranho, eu estou vendo DUAS Tamy’s!
Esfrego os olhos e olho de novo. Sim, elas são parecidas, mas tem uma diferença. Para já, uma está ao lado da odiosa Liliane, tem um vestido rosa até aos pés, e uns lindos olhos azuis; e a outra, o cabelo atado em rabo-de-cavalo (e um cabelo muito comprido), roupas de caça e olhos vermelhos sangue.
A Tamy “2” olha para mim curiosa, e depois abre a boca no trejeito de sorriso.
Um relâmpago cruza o céu e o trovão faz a escola toda tremer. Literalmente. As luzes apagam-se e eu agarro-me a Raphael para não cair. Novos trovões fazem a escola cair e começo a sentir uma coisa qualquer a cair-nos em cima. Parece neve, mas estamos num ginásio. A música deixa de tocar e de repente, começam os gritos.
-É ele!
-Salve-se quem puder!
-É o Sombra! É ele, é ele…
Raphael abraça-me com mais força e grita-me:
-Estamos a ser atacados! Agarra-te!
Um novo estrondo faz-me cair no chão, e Raphael cai em cima de mim, protegendo-me com o corpo. De repente, os gritos acabam e Raphael deixa de se mover.
-Raphael… Raphael! – Sussurro, mas sei que é inútil. Sinto-lhe a respiração lenta e fresca na nuca da cabeça, e um dos seus membros pressionado contra a minha coxa.
Começo a ouvir gritos e sons metálicos. Sons de luta. Afasto Raphael e começo a tactear a saída. Acabo por achar a porta do ginásio e saio para a noite fria.
A lua está grande e brilhante, e as estrelas brilham imenso. Procuro a luta e vejo Mel lutando com Liliane, Tamy, e Ambre, que luta tanto com Mel, como com Liliane.
Corro para lá no preciso momento em que Ambre lança uma rajada de vento na direcção de Mel, que fica com os olhos cinzentos sem reação. Lanço-me na sua frente e acabo por levar com o vento na barriga. Quando caio no chão dobro-me em duas, com o sangue a escorrer. Mel volta a si e quando me vê quase tem um ataque.
-Sua LOUCA! Que raio de ideias tens tu? Primeiro metes-te a colher flores com um assassino atrás de ti, e agora serves de saco de boxe? Ah, vai dar banho à cobra!
Ambre volta a tentar atacar, mas Mel faz um campo de forças à nossa volta e o feitiço faz ricochete, acabando por acertar em Liliane. Feridas (tanto fisicamente como no orgulho) começam a fugir. Mel olha para mim e começa a correr atrás delas.
Deixo-me ficar no chão até que sinto um choque parecido a um térmico, uma brisa fresca a passar por mim e um clarão aparece. Primeiro fico atordoada, mas depois percebo que estou tão saudável como dantes. Levanto-me e começo a andar até ao sítio onde vi Mel e as outras desaparecerem. Enquanto ando, reparo numa chave caída no chão. É muito bonita, dourada como o ouro e com um losango de vidro, com um líquido roxo dentro.
Aproximo-me e toco na sua superfície irregular, que imediatamente começa a vibrar. Vejo um novo clarão e começa tudo a girar. Agarro-me ao chão até que o mundo para de girar. Quando para e abro os olhos, já não estou na escola, mas sim no corredor branco com várias portas pretas.
Começo a andar desnorteada, à procura da saída, mas quanto mais procuro, mas perdida fico.
-Não acredito… - Digo – estou Perdida no Corredor!
Lembro-me então que quando era mais nova, eu tinha exactamente o mesmo sonho todas as noites. Um grande corredor sem saída, mas com várias portas.
De repente, oiço um grito masculino. Sigo-o e vejo que vem por detrás de uma porta. Rodo a maçaneta e o que vejo deixa-me enojada. Raphael, as minhas amigas, a minha mãe… todos eles num monte vermelho. Avanço para lá, mas assim que entro na sala estou no cimo do monte, com as roupas rasgadas e cheias de sangue.
Começo a gritar horrorizada, e a realidade começa a girar outra vez. Quando me apercebo, estou outra vez no início do corredor.
As lágrimas caem descompassadas, e eu já não sei o que fazer.
-Eu só queria sair daqui… - Digo.
-E então porque não sais? – Pergunta-me uma voz calma, sedutora, doce e muito familiar. Olho à minha volta para ver se vejo alguém, mas não vejo nada. – Aí não… aqui. – Sinto um calor no meu peito, no meu coração. Não é mau, é apenas… diferente.
Fecho os olhos e enrolo-me numa bola. Começo a acalmar-me, e quando isso acontece totalmente, sinto o sol a bater-me na cara, relva por debaixo de mim e passarinhos a cantar.
Abro os olhos e levanto-me, maravilhada. Da escola tinha ido parar a um corredor, e do corredor a um bosque… não, um bosque não. Uma espécie de cidade. A relva é verde alface, com muitas flores de todas as cores, um céu azul cheio de pássaros, muitas árvores e animaizinhos pequeninos. De repente, dá-me vontade de cantar, como aquela freira no “Música do Coração”.
-Ei, estranha! Estás no meu território! – Volto-me para trás para ver uma rapariga de cabelos vermelhos, olhos cinza, pele clara, e muito bem maquilhada.
Uma rapariga muito parecida com ela, tirando os olhos, que são azuis e mechas brancas no cabelo, aparece e abraça-a afastando-se logo.
-O que a Ane está a querer dizer, é: estás perdida?
Olho para as duas chocada, mas não consigo falar, porque elas começam logo a cometar.
A primeira rapariga, a Ane, avança para mim e cheira-me.
-Hum, és humana?
-Mas é claro que não. – Diz a sua irmã gémea – Tu bem sabes que humanos NÃO podem entrar aqui.
-Mas ela tem um cheirinho muito bom… - Diz Ane – Como é que vieste aqui parar?
Olho para ela um bocadinho assustada.
-Eu não sei. Num momento estou na escola, depois aqui.
A gémea de Ane olha para mim com pena.
-Pobrezinha. Anda, vamos mostrar-te os lugares daqui! Eu sou a Aniey, já agora. E tu?
-Raquel. –Digo.
As meninas puxam-me por entre as árvores e rapidamente vamos ter a um caminho de pedra. Andamos durante uns minutos, até que chegamos a uma vila. Não vejo muita gente passar, mas há imensas casas e lojas. Aniey e Ane vão-me explicando tudo, desde como nasceu a cidade, até o que podem fazer.
-Nós sabemos apenas que a cidade foi feita para nos proteger de um mal maior. – Explica Ane.
-Não sabemos que mal – continua Aniey – mas a cidade é muito fixe, durante o dia. Aqui não precisas de dormir, comer, ir à casa de banho, nem envelheces!
-Espera, disseste, durante o dia?
As meninas param de andar e olham para mim, envergonhadas. Aniey olha para o céu, onde o sol se começa a por.
-Bolas, Ane – Diz enervada – Vai começar, já está a escurecer. Temos de nos esconder!
Elas agarram-me e puxam-me, entramos numa loja de carne e escondemo-nos atrás do balcão. Uma senhora de toca e avental aparece.
-Olá meninas. Uma amiga nova? O que se passa?
Ane faz sinal para a mulher olhar lá para fora. Quando a mulher olha e vê que a Lua começa a nascer, fica muito branca.
-Depressa, meninas. Fujam pelas traseiras!
Eu, sem perceber nada, sou arrastada até à porta das traseiras. Saímos para a rua e começamos a correr. Infelizmente (ou não), ao virar da esquina batemos em alguém. Quando vejo quem é, quase que começo a chorar.
É Castiel.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.