P.O.V. Cléo.

Tem alguma coisa muito errada com esse cara. Quando estou perto deles eu sinto uma escuridão, uma energia ruim.

—Isso me deixa preocupada.

—O que Cléo?

—Você não sente essa vibração negativa, essa escuridão que vem do Ashton e dos parentes dele? Você não sente essa coisa ruim?

—Não. Isso é coisa da sua cabeça Cléo.

—Não. Não é! Você já duvidou do meu sexto sentido antes e se deu mal.

—Tem razão. Mas, não acho que eles vão fazer mal pra nós.

—Eu sei. Mas, é o que eu sinto por isso tenha cuidado está bem?

—Eu terei. Prometo.

Nós nos abraçamos. As minhas amigas são minha única família, meus pais morreram quando eu era criança e a família da Nanda meio que me adotou.

Fomos criadas todas juntas e fazemos tudo uma pela outra e isso é fato. Eu morreria por elas e sei que elas também morreriam por mim.

—Você tá com ele agora né?

—Ele quem?

—O Ash.

—Sei lá. Ele não me pediu nem nada, nem sei se ele gosta de mim.

—Claro que ele gosta sua boba. Mas, ele esconde alguma coisa e é coisa ruim vai por mim.

—Você também sente que ele mente?

—Muito. Ele nunca fala sobre os pais biológicos, dá respostas muito evasivas para quase todas as perguntas que fazemos e aparece e some como uma alma penada.

—E ele é tão gelado. É frio como um morto.

P.O.V. Ash.

Elas estavam falando de mim. Dá pra ouvir e sei que Cléo não gosta muito de mim e ela tem razão em tudo o que sente.

Cléo é uma daquelas pessoas extremamente sensíveis e é com essas ai que temos que ser mais cuidadosos, os sensitivos costumam prestar mais atenção nos detalhes.

—Mas, ele tem a mão gelada por causa de um problema médico.

—Sei. Mas, o meu olho está neles desde que eles chegaram. Sempre que o sol sai eles somem.

—Mas é que o pai deles os leva pra acampar e fazer trilha.

—Porque eles não acampam e nem fazem trilha quando chove?

—Porque é perigoso né Cléo. Eles podem se acidentar e até morrer!

—Sei. Tem alguma coisa muito estranha nesse povo.

—Que coisa estranha Cléo?

—Eles não saem no sol, nunca comem ou bebem e mesmo assim não passam mal. Nunca falam do próprio passado, aparecem e somem como fantasmas, são tão brancos que são quase translúcidos. Temos que começar a considerar misticismo, sobrenatural e lendas.

—Como assim?

—Qual é o ser sobrenatural que possui todas essas características Nanda?

—Você tá falando de vampirismo? Se saca que isso ai é loucura né?

—Será? Eu não tenho tanta certeza.

—Olá meninas.

—Ai que susto! Você tem que parar de fazer isso Ash!

Cléo havia matado a charada. Ela havia decifrado o enigma e descoberto o segredo.

—Olha, acho melhor nós pararmos por aqui.

—O que?

—Eu não quero estar com uma pessoa que esconde coisas de mim. Um relacionamento é baseado na confiança e não se pode confiar em alguém que mente pra mim praticamente o tempo todo? Não dá. Eu já passei por isso com o Bruno e acabei pagando de corna.

—Nanda...

—Desculpe, mas mentiras não levam a lugar nenhum. Gosto de honestidade, de ter as cartas na mesa.

—Tudo bem. Você deseja saber a verdade?

—Sim.

—Cléo está certa sobre o que disse sobre nós.

—Como assim?

—Ele acaba de admitir que é um vampiro Nanda!

—Shh! Vocês nem deviam saber disso e se a noticia espalhar vamos ter problemas com a realeza e vamos perder as cabeças.

—Ok. Não tá mais aqui quem falou.

—Você tá mesmo falando sério?

—Sim.

—Como é possível? Como pode alguém viver pra sempre, não envelhecer, nunca mudar?

—Eu não sei. Mas, é assim que é.

—Caramba! To chocada. Tenho que sentar.

Cléo pergunta:

—Você tá bem?

Ela respondeu:

—Não muito e você?

—Não muito.

—Eu não vou te machucar Nanda. Não vamos machucar ninguém.

—Tá. Eu to meio zonza, parece que é um sonho e que vou acordar a qualquer segundo.

—Posso pedir para o meu pai te ajudar.

—Como assim?

—Ele é médico.

—Um vampiro médico?

—É.

—Tudo bem. Cada vez mais curioso.

—Você tá bem?

—Não muito. Preciso de um tempo pra pensar, tentar decidir o que fazer agora e colocar os meus pensamentos em ordem.

—Claro. Eu espero que saiba que eu sempre vou te esperar.

Beijei a bochecha dela e ela ficou sentada lá com o olhar perdido.

Algumas semanas mais tarde.

P.O.V. Drica.

Tem alguma coisa muito errada com a Nanda. Ela não tá normal.

Mas, hoje ficou pior e imaginem as nossas caras quando ela entra na escola e vai direto e reto para o Ash e tasca o maior beijo nele.

—Gente! Que babado!

P.O.V. Ash.

Eu estou tendo que me segurar para não correr para ela e implorar para que fique comigo. Quando o povo se cala e aquela onda de gente se abre eu sei que ela chegou.

Ouço seus saltos batendo no chão de mármore da escola. O som vai ficando cada vez mais alto, mais próximo e então estamos cara a cara.

Antes que eu pudesse fazer ou dizer qualquer coisa ela me agarra e me beija. Todo o corpo estudantil do Forks High fica chocado.

Ouço a voz de Drica dizer:

—Gente que babado!

Quando o ar lhe faltou ela teve que parar.

—Te aceito numa boa. E você, me aceita?

—Te aceito numa boa.

—Ótimo. Então, não tem nada pra me falar?

—Eu te amo.

—Eu te amo também, mas eu tinha um pedido em mente.

—Você quer casar?!

—Não! Namorar né seu besta!

Disse ela rindo.

—Certo. Você Nanda Gilbert, me daria a honra de ser minha namorada?

—Sim!

Beijamo-nos outra vez. Demorou, mas as coisas finalmente estão exatamente como deveriam estar.

—Vou te levar pra conhecer os meus pais.

—Mas, já? Só namoramos a um dia!

—Mas, eu esperei por você por um longo, longo tempo.

—Minhas desculpas senhor.

Nós ficamos juntos o dia todo. Sentamos juntos no almoço, andamos de mãos dadas e todos olharam com inveja, afinal Nanda era a garota mais bonita, popular e incrível da escola.

A Cléo então veio em nossa direção.

—Posso falar com você um momento Ash?

—Claro.

Ela me puxou num canto e disse:

—Se ela se machucar por sua causa, eu juro por Deus todo poderoso! Que acabo com você. Entendeu?

—Certo.

—Não ria. Você não faz ideia do que eu sou capaz.

De repente começo a sentir uma dor horrível na cabeça.

—Não me subestime.

Ela não disse mais nada. Apenas saiu e a dor foi embora junto com ela.