Ficamos na maior parte do tempo passando álcool em seus cortes da barriga,que por sinal estavam muito piores do que os restantes.

Acho que aquele álcool era o que havia acendido a fogueira macabra.Porque,fósforos e madeira...nem pensar,aquilo não era feito disso.

Ele não se contentou em só fazer seu corpo arder todo, ele também passava algumas brasas nos machucados.

Me parecia angustiante,mas não para ele. Á cada vez que a brasa atingia seu corpo,ele sorria.

Parecia que aquilo o agradava.

Já eram 11 horas da noite, á esta altura Axl já teria armado seu plano para me matar.

Mas eu não me importava em voltar pra casa,estava bem ali, deitada ao lado de Brian.

Bom,pelo menos em meus pensamentos eu o chamo de Brian.

Ele tirou um cigarro do bolso,se levantou,e o acendeu perto da fogueira.Nem sabia que isso era possível.

Eu não conseguia parar de olhá-lo,disfarçar não é o meu forte.

Ele,percebendo meus olhos inquietos,quebrou o silêncio:

- Odeio fumar,mas ás vezes preciso.– ele deu uma tragada em seu cigarro.

- Já estou acostumada em ser...fumante passiva.-mordi meu lábio inferior,que me causou um calafrio.

- Se você não se incomoda...-ele deu uma última tragada, e lançou seu cigarro na fogueira,deitando-se ao meu lado novamente.

Não,isso não é uma cena romântica.O céu não estava radiante e nem cheio de estrelas. As nuvens negras o encobriam todo, e alguns raios apareciam de minuto em minuto.

O canto apaixonante dos pássaros foi substituído por barulhos estranhos de bixos, que viam de dentro do parque, e trovões.

- O céu me cativa muito. Mesmo estando assim,tenebroso. – eu soltei sem nem perceber o que havia falado.Corei alguns segundos depois de ter dito tal frase.

Ele riu em um tom irônico.

- Eu gosto do céu.Mas não gosto de ver o Mundo apartir dele.– ele passou a mão em seus cabelos, e se virou pra mim. – O céu me lembra que o Mundo em que vivemos é...

-Alienado.- completei a frase,olhando para ele com um sorriso aéreo.

-É...acho que o ser humano não sabe,mas o alienígena o qual ele tanto teme,é ele mesmo. – ele se inclinou, e sentou, me olhando.

-O jeito que você pensa é incrível.Como pode achar que é uma besta?-eu olhei pra ele, dizendo isso em um tom que soou irônico.

-Eu não acho...me obrigam a achar...-ele baixou a cabeça.

Me levantei,sentando ao lado dele, e antes que pudesse dizer uma só palavra, ele me disse:

-Olha,quero te mostrar uma coisa. – ele levantou as sobrancelhas.-Mas não sei se você vai gostar.

-Mostre.Não pode ser...-engoli a seco.-Não pode ser tão ruim.-eu o olhei,confusa.

- Eu geralmente não sou sociável.Acho que você percebeu...-ele suspirou, e continuou.- Mas você...não sei.Parece que vai entender o que eu tenho pra mostrar.E oferecer...

Eu me calei,definitivamente não sabia o que responder. Um garoto que mal me conhecia já havia adquirido...confiança em mim? Não disse nada,apenas baixei meu olhar,encarando o chão.

Eu queria muito responder algo, mas uma coisa dentro de mim me segurou.E se eu desapontasse o...Brian? Nem todo mundo é 100% forte. (Exceto o Chuck Norris.)

Ele percebeu o meu silêncio, e o interpretou como forma de desprezo.Que era a última coisa que eu sentia por ele.

-DROGA.-ele gritou.- Esquece tudo o que eu te disse, tá? Sabia que você não ia entender.Tenho que ir embora,tchau. -ele se levantou, totalmente nervoso, e se virou para começar a caminhar em passos rápidos.

Mas eu não podia deixar isso acontecer.Eu fui muito mais rápida do que o normal, e o segurei pelo braço, esquecendo de todo o cuidado que eu havia tido para não machucá-lo.

-NÃO VAI EMBORA,MANSON.- eu o puxei, e o encarei de forma brutal. – Meu silêncio muitas vezes quer dizer algo melhor do que você imagina.

Ele me olhou, e pelo contrário do que achei que ele iria fazer,não gritou comigo e nem tentou me fazer largar seu braço,o qual eu apertava com muita força.

Eu estava ofegante,estava nervosa,mas eu não estava com medo...Não dele.O meu medo era dele ir embora.

Com sua outra mão,ele pegou em meu pescoço, na típica posição de enforcamento.

Gelei por dentro,mas por fora eu somente permaneci ofegante.

Ele me empurrou no tronco da árvore a qual eu havia me escondido, e contraiu meu corpo sobre ele.

Ele se aproximou mais ainda. Aquilo parecia um assassinato.Mas no fundo,eu sabia que não ia ser.

Ele ficou á um palmo de distância de meu rosto, e tirando sua mão de meu pescoço,colocou-a em meu rosto,alisando-o.

Não era uma carícia,mas chegava perto.

-Não conta pra ninguém. – ele disse, me olhando no fundo dos olhos,um olhar que me fez arrepiar.

Eu soltei seu braço, e ele colocou suas mãos na árvore. Parecia um abraço,mas definitivamente não era.

-Eu posso ver em seus olhos,Frances, que você não vai me desapontar. – ele sussurrou em meu ouvido, e se distanciou. –Você é...diferente.

Finalmente,consegui sair da árvore que pressionava meu corpo, e o olhei.No fundo,estava espantada,mas ao mesmo tempo,maravilhada.

-Te disse que meu silêncio falava muitas coisas.Agora o olhar...-eu o encarei,já não mais brutalmente.

-Tudo em você diz algo.Você é tipo...heroína.-ele riu sadicamente.

-Não sei se posso agradecer...-sorri meio torto e olhei para o relógio...Uma da manhã!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.