nota sete:

borgonha

Rose descobriu semanas mais tarde que Lorcan se encontrava com mais algumas meninas todas às sextas durante o intervalo de almoço em uma das milhares de salas escondidas entre um corredor e outro de Hogwarts.

Aquilo não pareceu ter acabado com ela a princípio; uma coisa que você aprende depois de conhecê-la é que Rose Weasley costuma ser dura na queda e, igual Hermione Granger, não aceita as derrotas com facilidade.

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Eu admirava Lorcan, ele ainda tentou algumas vezes: mandou buquês de peônias, caixas de chocolate e apelou até para a própria poção do amor, mas sem sucesso. Quem assim o visse poderia se enganar achando que Scamander estava apaixonado, completamente obcecado por Rose, o que seria bastante compreensível, acredite.

Mas não.

Lorcan era egoísta o suficiente para pensar só e somente só nele mesmo, no mais com a reputação que precisava zelar, fora isso, seria até melhor que Rose nem gostasse tanto assim da relação unilateral que tinham.

— Não sabia que desenhava. — O tempo poderia ter fracassado com ela, e ainda que a ideia parecesse repugnante aos ouvidos, era uma realidade. Mas não, os anos foram gentis, gentis demais e cada traço refletia a sombra de menina moleca e travessa que se escondia sutilmente por detrás da capa grossa e bem estruturada de uma mulher empodeirada e cheia de si, com consideráveis diplomas debaixo dos braços e uma empresa de sucesso erguida num bairro nobre da pequena comunidade bruxa de Godric’s Hollow. — Nem que expunha.

Lembro daquela noite também. Infelizmente com menos gosto do que todas as outras.

Rose Weasley estava deslumbrante: usava um cardigã preto por cima de um conjunto que ornava calça jeans, dois ou três números maiores com uma blusa verde musgo puída. O tecido contrastava perfeitamente com as esmeraldas opacas que eram os enormes olhos de Rose; nos pés o mesmo tênis surrado e conhecido que a acompanhou durante os longos e bons anos de escola e que aparentemente ainda tinham alguma serventia. Poderia ser simples, bem diferente da mulher que estampava revistas grandiosas como O Pasquim, mas eu sinceramente não me prendi àqueles detalhes.

Rose Weasley era o que era. A autenticidade poderia ser fácil seu primeiro sobrenome.

Apontei com a cabeça para um amontoado de homens que discutiam em burburinhos próximos a porta. Foi a primeira vez que vi Draco Malfoy sorrindo daquele jeito e conversando com entusiasmo e alegria. Desde o divórcio com Astória Greengrass que as coisas ficavam cada vez mais difíceis; desconfio que nunca foram fáceis de fato, principalmente para mim que sempre levei o relacionamento dos dois como puro comodismo ou simplesmente uma razão para Draco não dividir sozinho todos os cômodos da casa com a única companheira de verdade que tinha: a solidão.

Mas ela se apossou dele de um jeito ou de outro.

— Seu pai gosta muito de você. Dá pra ver. — Rose Weasley bebericou o champanhe já morno que trazia em mãos, fez uma careta e então torceu os lábios. Quis rir daquilo, mas sabia que qualquer erguer suspeito de sobrancelhas levantaria questionamentos dos quais eu não estava querendo responder àquela noite. — É o tipo de admiração que transborda, sabe?

Sei. Quis dizer.

Aquele dia eu quis diversas coisas.

Incontáveis.

Mas, mais uma vez, apenas quis.