Not Strong Enough

Capítulo Nove


Capítulo Nove

- Eu me atrasei. Foi mal galera – falei alto, entrando em um rompante na cozinha da Irmandade onde Cameron vivia.

- Veio para o jantar Leana?! – Brincou Thomaz, com um sorrisinho provocativo.

- Talvez. – Ri, caminhando até um dos armários à procura dos pratos. – Não estranhem, mas hoje eu me acordei atrasada, cheguei na faculdade atrasada, e agora estava tão concentrada em um desenho que acabei nem sequer escutando o sinal, então cheguei atrasada aqui também. – Ri, achando finalmente o que eu queria nos armários e rapidamente me servindo de um espaguete de aparência divina.

Ah, mencionei que sou completamente aficionada por qualquer coisa da culinária italiana?!

Sentei-me à mesa, ao lado de Cameron que me recebeu com um beijo com gosto do molho de tomate.

Ri sozinha, sem conseguir evitar enquanto ele sorria pra mim.

Senti bolinhas de papel feita com guardanapos nos acertar, quebrando completamente o clima.

Olhando para frente vi Lucy e Thomaz se encararem cúmplices, com os rostos mais inocentes que eu já vi.

Revirei os olhos.

- Sabe ter inveja é triste – disse com um sorrisinho maldoso, e no instante seguinte fui atacada por mais bolinhas de papel.

- Um dia eles ainda vão se vingar dessas suas piadinhas – disse Cameron no meu ouvido, passando o braço pela minha cintura e me puxando para perto.

- Não se você não plantar essa ideia na cabeça deles.

- Sabe, vocês deveriam rev...

Puxei Cameron pela gola da camisa, fazendo-o ficar na altura de meus olhos e direcionando meu melhor olhar homicida a ele.

- Você vai se arrepender amargamente se dizer pra eles se vingarem de mim – disse séria.

- E o que você pretende fazer? – Indagou ele com a voz de flerte, arqueando uma sobrancelha e dando-me um olhar lascivo.

- Nenhuma das suas ideias sórdidas.

- Hum... – Ele lambeu os lábios. – Sou muito criativo, vai ser difícil você fazer algo que eu já não tenha pensado. – Sorriu.

Ri, achando hilário o modo como ele tentava ser sedutor, até que mais uma vez recebi uma bolinha feita de guardanapo, dessa vez exatamente na minha testa.

- Eu nunca mais almoço junto com vocês – comentou Thomaz com uma careta enquanto revirava o espaguete no prato.

- Isso é falta de uma namorada. Garanto que a Lucy pode ajudar.

Acho que eu não tenho amor pela vida, sabe? Porque depois dessa minha infame piadinha, todo mundo riu, porém minha amada amiga Lucy se levantou da cadeira púrpura de raiva e veio para cima de mim, o que me fez correr pela casa toda sendo perseguida por ela que empunhava um garfo, e só consegui sair dali quando já tinha que ir para o trabalho, mas mesmo assim ainda escutei um claro “Você me paga Leana!” antes de conseguir colocar os pés para fora de casa.

Cameron me deu uma carona de carro até o restaurante, rindo horrores enquanto eu reclamava que agora estava com fome por não ter almoçado.

Olhei no relógio dentro da cozinha do restaurante, vendo que meu horário acabava em vinte minutos e eu poderia ir pra casa e tomar o mais longo banho imaginado, com direito a uma massagem com óleo de erva-doce.

- Leana, pode levar essa caixa com as bebidas para o Allan? – De repente aparece Natalya, com um engradado de bebidas das quais não estava familiarizada.

Peguei o engradado, saindo da cozinha e caminhando até o bar do restaurante. Bem, não é exatamente um bar, é mais uma parte separada do restaurante onde tem um pub, bem ao estilo irlandês.

É raro vê-lo vazio, por isso o restaurante também sempre fica aberto, fora que a maioria dos jovens vem e ficam a tarde toda em uma das mesas jogando conversa fora.

Rapidamente avistei a bancada do bar, e Allan conversando com um homem de sobretudo negro. Sem dar muita importância, simplesmente coloquei o engradado em cima do balcão.

- Hey Allan, a Natalya mandou te entregar – disse sutilmente, com um sorriso torto.

- Já te colocaram no pesado, miniatura de gente? – Ele pergunta divertido, e eu só reviro os olhos, quase cedendo e rindo.

Viro-me pronta para sair quando ouço meu nome, e achando que se trata de Allan, viro-me de volta.

- Você trabalha aqui? – Pergunta Matthew surpreso.

De todas as pessoas que vem aqui, a última que eu imaginaria seria meu professor de artes plásticas da faculdade.

- Trabalho. – Dou de ombros, indiferente.

Matthew me analisa por um momento, com os olhos quase negros ainda mais escuros de possível. Ele por fim suspira, toma um gole do uísque que estava em um copo à sua frente e se vira em minha direção.

- Não pensei que você trabalhasse – ele comenta levianamente.

- Muita gente não pensa. Afinal, loira, com jeito de rebelde sem causa que tem o pai para bancar tudo, mas vou te contar uma coisa: quando eu disse que briguei com meu pai para entrar na faculdade, quis dizer que cortei toda e qualquer relação que tivesse com ele, quis dizer que eu sou dona do meu próprio nariz, que não aceito mais interferência dele ou da minha mãe em minha vida. E devo acrescentar, com todo o respeito, mas você não sabe nada a meu respeito para supor qualquer coisa – respondi categoricamente, olhando-o nos olhos de forma tão dura que o vi perder a fala por um segundo.

Eu odiava o fato que as pessoas achem, só porque meus pais tem dinheiro eu vivo às costas deles, que sou uma garota riquinha e mimada que nada conseguiu por mérito próprio, principalmente quando não sabem nada sobre mim.

Simplesmente dei as costas e voltei a onde estava antes, recebendo uma mensagem de Cameron que ele estava vindo me buscar.

Arrumei minhas coisas dentro da minha bolsa, despedindo-me de Natalya e indo em direção ao estacionamento, onde logo vejo Cameron aparecer com seu tão amado Jeep.

Assim que entro sou recepcionada pelo doce toque dos lábios de Cameron nos meus, porém assim que nos separamos e vejo-o sorrir, sinto que tem algo errado que ele quer me contar.

- O que houve? – Indago imediatamente, assim que ele dá a partida no carro.

Cameron solta um suspiro, como se pedisse uma forma mais fácil de falar o que o preocupava, mas noto que ele não encontra assim que seus músculos tencionam e seus olhos azuis esverdeados escurecem.

- Você vai entender assim que chegar à Irmandade – diz simplesmente, passando a mão pelo cabelo castanho e o bagunçando ainda mais.

Fico quieta o resto do caminho, esperando pacientemente chegar è Irmandade, e quando chego rapidamente encaminho-me até a porta, abrindo-a num rompante e arrependendo-me no mesmo instante.

- Olá Leana – diz ela com a voz falsamente animada.

- O que você está fazendo aqui Meredith?! – Sibilo entre dentes.