(Tema de abertura: Quem Irá Nos Proteger – Vanessa da Mata)
CENA 1: Motel Sunset/Quarto andar/Cama/Noite:
DIOGO: Você me enganou! Disse-me que tinha usado, mas mentiu.
LARA: Não foi bem assim.
DIOGO: Ainda por cima na maior cara de pau! Fez questão de esconder a camisinha achando que eu nunca iria ver... É esse o tipo de relacionamento que você quer?
LARA: Diogo calma! Me deixa explicar.
DIOGO: Explicar o que? As suas razões para me enganar? Ah você vai me desculpar mas não existem razões para uma mentira dessas!
LARA: Eu achei que não iríamos precisar disto.
(Ela aponta para o preservativo)
DIOGO: Achou que não iria precisar e foi logo descartando sem me perguntar nada! Como se só a sua opinião valesse. Até porque, você transou sozinha não foi?
LARA: Diogo, não precisa levar isso tão a sério!
DIOGO: Ah, não precisa? Não precisa? Meu Deus, eu não acredito que ouvi isso! Não precisa levar... Sabia que você pode estar grávida? Ou então, que podemos estar doentes? Sim pois, caso você não saiba, sexo pode ser muito perigoso quando o tratamos de uma forma sem importância. Ainda mais na primeira vez!
LARA: Espera ai! Está me dizendo que você nunca... Oh, meu Deus!
(Ela se surpreende e coloca as duas mãos sobre a boca)
DIOGO: Sim Lara, é isso mesmo. Eu era virgem! Mas porque a surpresa? Achou que a minha reputação fosse como a sua?
LARA: Não, é porque...
DIOGO: Claro, você estava acostumada a pegar somente putos como você!
LARA: Olha só Diogo, eu não te dou o direito de falar assim comigo!
DIOGO: Assim como eu também não te dei o direito de brincar comigo mas, mesmo assim você fez?
LARA: Não, eu...
DIOGO: Olha só, vamos apenas encerrar isto, pode ser? Dá licença, que eu vou colocar a minha roupa!
LARA: Não Diogo espere, me desculpe por favor. Eu... Não tinha ideia que isso fosse te magoar, até porque eu nem sabia que você era virgem.
(Ela segura os braços dele)
DIOGO: Devia então ter me perguntado. Da licença!
LARA: Olha só, vamos apenas esquecer esse incidente e continuar o que estava tão bom...
DIOGO: Me dê licença ou eu te atiro pela janela!
(Ao ver a braveza de Diogo, ela se afasta e o deixa ir ao banheiro se vestir)

BLAM!

CENA 2: Casa da família Gonzaga/Quarto de Robert/Interno/Noite:
OLGA: Vem cá, ficou mudo? Ou então... Cego de língua?
ROBERT: ...
OLGA: Anda logo Robert, desembucha!
ROBERT: ... O Diogo... Ele... Teve que socorrer um colega nosso que passou mal!
OLGA: Como assim, que colega?
ROBERT: O Adélio. Sim, Adélio, porque ele... Bebeu muito e acabou vomitando... No meio da festa! Todo mundo viu.
OLGA: Mas...
ROBERT: E o Diogo... Levou ele pra casa e só vai voltar amanhã.
OLGA: Mas porque ele passou mal?
ROBERT: Ah eu não sei, ele... Às vezes pode ter tido um surto e resolveu tomar todas!
OLGA: Mas por quê?
ROBERT: Eu não sei, ué. Ele tava lá, viu as bebidas e saiu atacando tudo.
OLGA: Então eu vou ligar pro seu irmão e...
ROBERT: Eu já falei com ele! Sim, e ele disse pra ninguém ligar mais porque o Adélio ainda está muito mal e, ele só quer ficar por conta do dele essa noite.
OLGA: Amanhã eu vou procurar saber mais sobre essa história com ele. Mas de qualquer forma, boa noite, dorme com Deus!
(Ela beija a testa do filho, sentado na cama)
OLGA: Desculpe por ter te assustado.
ROBERT: Tudo bem, boa noite!
(Após a mãe sair, ele respira aliviado e joga a cabeça no travesseiro)
Toca “Vem Andar Comigo” Jota Quest – 01:55 á 02:10.

CENA 3: Portão da casa de Cleiton/Carro Ford/Banco da frente/Interno/Madrugada:
CLEITON: Olha, vou te falar viu. Até que pra uma caipira do interior você leva jeito, viu.
DANIELA: Eu não sou caipira e, muito menos do interior.
CLEITON: Você é de onde?
DANIELA: Nasci aqui mesmo!
CLEITON: Hum... Aqui, você já comeu o Robert?
DANIELA: Que isso, Cleiton?
CLEITON: Foi só uma pergunta. Eu vejo sempre vocês se olhando...
DANIELA: Isso é tudo coisa da sua cabeça! Robert e eu somos apenas bons amigos. Além do mais, ele gosta da Walessa.
CLEITON: Pelo visto não gosta mais!
(Daniela olha para ele confusa)
CLEITON: Ele comentou comigo que deseja esquecer a Walessa!
DANIELA: Ele deve estar é com o orgulho ferido porque ela viajou.
CLEITON: Mas ele quem mandou ela viajar.
DANIELA: Como assim?
CLEITON: A Walessa quis voltar com ele, mas ele deu o maior fora nela dizendo que vai esquecê-la de uma vez por todas!
DANIELA: Sério isso?
CLEITON: Sim. Eu mesmo vi os dois brigando feio na churrascaria pouco antes de você chegar.
DANIELA: Então porque ele foi embora todo tristonho quando eu cheguei?
CLEITON: Porque a Walessa machucou muito ele. E tudo que deseja agora é rasgar a página para refazer o livro. Você deveria ajudá-lo.
DANIELA: Sim, vou dar meu ombro amigo pra ele.
CLEITON: O que ele precisa é de uma mulher que o faça feliz. E não de mais um ombro amigo. Até porque ele tem a mim, e ao Diogo.
DANIELA: Você tem razão. Vou chamá-lo para sair!
CLEITON: Faça isso! Ele vai adorar. Mas não conte dessa nossa conversa. Ele comentou que precisa manter sigilo disso.
DANIELA: Pode deixar, ele nunca vai saber. Muito menos da gente!
CLEITON: Enquanto á isso eu vou pensar no seu caso. Obrigado pela carona, tchau.
(Cleiton retira o cinto e sai do carro em seguida)
DANILA: Mas você não vai me dar nem mais um beijinho?
CLEITON: Você agora tem outro pretendente agora. Lembre-se!
(Ele dá uma piscadinha para ela da janela que vai embora dirigindo depois)
CLEITON: Idiota. Já caiu no meu plano direitinho.
(Cleiton ri)

Amanhece ao som de “Sleep” Stone – 00:09 á 00:41.


CENA 4: Casa da família Gonzaga/Quarto de Robert/Interno/Manhã:
(Robert sai do banheiro carregando um livro)
DIOGO: Robert!
ROBERT: Diogo!
(Robert o puxa pelo braço e fecha a porta do quarto)
DIOGO: E aí, como foram as coisas?
ROBERT: Você foi muito esperto de aparecer aqui só essa hora.
DIOGO: Por quê?
ROBERT: Quando cheguei ontem a noite tive que responder mais um dos interrogatórios de Olga Gonzaga.
DIOGO: Ah meu Deus, eu não acredito.
ROBERT: Ela só queria saber onde você estava.
DIOGO: Mas você ainda não sabe onde passei a noite.
ROBERT: Por isso tive que inventar: que Adélio passou mal e você foi pra casa cuidar dele.
DIOGO: Mas o Adélio nem estava na churrascaria ontem. E se a mamãe perguntar pra ele, a gente vai pro buraco.
ROBERT: A gente pede pra ele mentir também. Mas não vai precisar se você convencer ela.
DIOGO: Depois do que me aconteceu ontem a última coisa que eu quero é ver a mamãe.
ROBERT: Ah, mas não fique sossegado. Ela vai vir falar com você!
DIOGO: Eu não acredito que depois de tudo ainda vou ter que lidar com as pressões desnecessárias da mamãe.
ROBERT: Cuidamos disso depois, vamos por foco. O que aconteceu de tão inesperado ontem á noite a ponto de você sair e dormir fora com uma garota que nunca viu?
DIOGO: Como você sabe que dormi com ela?
ROBERT: Meu raciocínio. O que?! Você...
DIOGO: Sim nós transamos ontem.
ROBERT: E você ficou lá esse tempo todo?
DIOGO: Não eu, dormi num hotel.
ROBERT: Oi?
DIOGO: A gente foi pra motel sim! Aí transamos, mas depois brigamos e eu acabei indo dormir num hotel que tem lá perto.
ROBERT: Brigaram por quê? Ela não gostou?
DIOGO: Não, ela... fez ou melhor, deixou de fazer algo!
ROBERT: O que?
DIOGO: Eu te falo depois, é porque foi muita raiva que passei ontem.
ROBERT: Então o negócio foi pesado.
DIOGO: Nos dois sentidos.
(Os dois ri)
ROBERT: Mas agora você vai ter que esquecer um pouco esse peso para embarcar na peça “Engane Olga Gonzaga”.
DIOGO: Ficar doente de verdade seria mais divertido. Só pra eu ter que poupar as palavras.
ROBERT: Cuidado com as palavras, hein moço?
DIOGO: Ah!
ROBERT: Você precisa, é se aquietar um pouco.
DIOGO: Que isso, sou novo demais. Só quero aproveitar a vida!
ROBERT: Tudo bem, mas vá com calma.
DIOGO: Coisa que agora não vamos ter.
ROBERT: Tive uma ótima ideia.
DIOGO: Qual?
ROBERT: Você não quer se poupar das palavras ficando doente de verdade? Então, de verdade não será possível mas de mentirinha...
DIOGO: Isso mesmo, cara. Já sei até como fazer isso! Vou precisar da sua ajuda!
(Um ri para o outro)

CENA 5: Casa da família Gonzaga/Quarto de Diogo/Interno/Manhã:
Toca “Jardins da Babilônia” Kid Abelha – 02:18 á 02:42
(Os irmãos Gonzaga arquitetam o plano para enganar Olga. E ela sem saber, acaba se surpreendendo ao chegar no quarto de Diogo)
OLGA: Cruzes! O que significa isso?
DIOGO: Oi mãe, queria falar comigo?
(Ele está deitado em sua cama fingindo estar de virose com Robert sentado ao seu lado)
OLGA: Meu filho, o que aconteceu? Pensei que o Adélio estivesse passado mal... Você ficou aqui a noite toda?
DIOGO: Sim, mãe, Adélio ainda está super mal, só que acabei passando mal também, acho que devo ter bebido tanto quanto ele.
OLGA: E esse cheiro horrível?
(Ela olha para uma espécie de gosma esparramada no chão)
ROBERT: Ele foi chegando e vomitando. Eu vi tudo!
OLGA: Que bom que você ajudou ele, filho. Eu vou então chamar um médico e depois vou na farmácia comprar um remédio pra você melhorar.
ROBERT: NÃO!
OLGA: Não?! Por que não?
ROBERT: Porque essas viroses passam com um dia mesmo, mãe. Você vai ver amanhã ele já vai soltar fogos pelo ar.
OLGA: Sim, e eu sabia que essa festa seria uma furada, viram só? Bem feito! É bom que dá próxima vez vocês me dão ouvidos nesta casa! Já que eu só vivo aqui para pagar as contas e sustentar os caprichos de vocês. Quero ver o que o Narmo achará disso. Claro, ele só fica bancando o assistente social mas, agora háhá, agora que eu quero ver!
(Em seguida ela sai e bate a porta do quarto)

BLAM!

(Os dois começam a rir)
ROBERT: E no fim das contas eu te ajudei mesmo.
DIOGO: Acho que até o papai vai acreditar. E olha que ele é difícil da gente enganar.
ROBERT: E a sopinha que o Palmiro fez pra gente ontem no almoço teve um ótimo papel nessa história! Junto com o detergente e mais algumas coisinhas que EU misturei ali.
(Robert se refere a gosma que está no chão parecida á um vômito)
DIOGO: Sim, ele vai gostar muito de saber o que está acontecendo com seus dotes culinários.
ROBERT: Sem graça! Agora acho que podemos limpar isso, né? Já que o cheiro está me matando literalmente.
DIOGO: Espere Robert. Agora eu já consigo me desabafar com você!
ROBERT: Sobre o que quer falar?
DIOGO: Sobre tudo o que aconteceu ontem á noite comigo e a Lara.
ROBERT: Lara? Ah, sim!
DIOGO: A garota que eu dormi ontem.
ROBERT: Então, sou todo ouvidos!
DIOGO: Ontem quando nós estávamos...
ROBERT: Vai direto ao ponto.
DIOGO: Esta bem! Nós não usamos preservativo.
(Robert arregala os olhos)
DIOGO: Ela não quis usar e acabamos não usando. Na hora eu nem percebi mas, ela acabou deixando cair um no chão. Eu vi e... brigamos, ela se arrependeu, me pediu desculpas mas, eu não aceitei e acabei indo embora. Por isso dormi no hotel.
ROBERT: Não, você conseguiu dormir? Porque eu não conseguiria, pelo contrário. Botaria fogo no hotel inteiro. E nela também!
DIOGO: Que isso, Robert! Não é pra tanto.
ROBERT: Como assim não é pra tanto? Você mesmo ficou de cara com a loucura que ela fez com você.
DIOGO: Mas agora eu acho que eu peguei um pouco pesado. Afinal ela está certa, não tem que ficar se preocupando com isso.
ROBERT: Diogo você ouve o que diz?
DIOGO: Mas é a verdade.
ROBERT: A verdade não! Não mesmo. A verdade é uma coisa completamente diferente disso.
DIOGO: Chega, não precisa de tudo isso.
ROBERT: Você tem noção da loucura que fez?
DIOGO: Para de fazer o certinho, Robert! Está tudo bem.
ROBERT: Está! Graças ao certinho, que mais uma vez te salvou das infantilidades que como sempre, você mesmo arrumou.
DIOGO: Quem você pensa que é pra dar adjetivos a tudo que eu faço?
ROBERT: Diogo, isso é muito grave. Pode ter sido a sua primeira e última relação sexual saudável!
DIOGO: Não venha com esses discursos, é muito difícil à pessoa contrair essas doenças na sua primeira vez.
ROBERT: Não se cuidando? Você acha mesmo?
DIOGO: Acho! Além do mais não estou me sentindo mal.
ROBERT: Não vou discutir sobre isso. Espero que VOCÊ tenha se prevenido.
DIOGO: Como se ela também pegou a minha camisinha?
ROBERT: Você pode ter se metido numa encrenca.
DIOGO: Como assim? Isso não é nenhum tipo de perigo, não precisa de prevenção.
ROBERT: Diogo, você está com o risco de ter o HIV.
DIOGO: Nem venha, já disse que eu estou bem.
ROBERT: Mas a doença não ataca na hora, ela demora um tempo pra se manifestar.
DIOGO: O que?
ROBERT: Você pode ficar dias sem sentir nada, mas quando ela chega, arrebenta.
DIOGO: Mas pra mim... Eu...
ROBERT: Precisa fazer o teste.

CENA 6: Casa da família Gonzaga/Quarto de casal/Interno/Dia:
NARMO: Mas ele já está melhor?
OLGA: Sim. Estava na cama, o Robert do lado cuidando dele.
NARMO: Que pena, e você porque não me contou antes?
OLGA: Você só dormia. E quando acordou não saia do banho!
NARMO: Eu vou lá falar com eles.
(Vendo a porta do quarto de Diogo aberta ele entra)
NARMO: Diogo?
DIOGO: Pai.
(Narmo entra e abraça o filho)
NARMO: Meu filho, como que você dá um susto desse na gente?
DIOGO: Um susto?
NARMO: Sim, sua mãe me contou o que aconteceu. Você já está melhor?
DIOGO: Sim, meu irmão cuidou de mim.
NARMO: Que bom, Robert é sempre tão bondoso e prestativo com os outros. E onde ele está?
DIOGO: Não sei, acho que está no quarto dele.
NARMO: Passei lá antes de vim pra cá.
DIOGO: Ah então... Ele saiu!

CENA 7: Rua Mato Grosso/Externo/Dia:
CLEITON: E aí Robert? Que coincidência!
ROBERT: Coincidência mesmo. O que você está fazendo aqui?
CLEITON: Eu malho numa academia aqui perto. Como estão as coisas? Conseguiu achar o Diogo?
ROBERT: Rum! Acredita que ele passou a noite com aquela garota? E ainda por cima não se preveniram.
CLEITON: Meu Deus... Diogo Fez mesmo tudo isso?
ROBERT: Sim.
CLEITON: Olha, ei nunca imaginei o Diogo tão apressado pela primeira vez a ponto de fazer isso.
ROBERT: Ah mas ele... Eu acho que eu nem devia te contar isso. Agora ele está um pouco assustado porque eu o aconselhei a fazer o exame de HIV.
CLEITON: Nossa você também sempre sincero, hein? E ele topou?
ROBERT: Está pensando em fazer amanhã mesmo pra ficar livre dessa pressão.
CLEITON: Se ele quiser eu posso ir junto, pra ajudar.
ROBERT: Claro! Eu vou falar com ele.
CLEITON: Ta bom! Mas você não me disse o que veio fazer aqui.
ROBERT: Resolvi caminhar um pouco. Uma noticia dessas abala qualquer um, ainda que não seja conosco.
CLEITON: Você tem toda a razão! Vou dar uma passada lá amanhã de manhã pra falar com ele.
ROBERT: Mas e o seus estudos?
CLEITON: Ah, não faz mal eu faltar um dia. Pode ser?
ROBERT: Por mim tudo bem. Vou falar pra ele.
CLEITON: Então nos vemos amanhã!

Anoitece e logo em seguida amanhece de novo ao som de “Não Me Deixe Só” Vanessa Da Mata – 00:00 á 01:04

CENA 8: Casa da família Gonzaga/Sala de estar/Portão da entrada/Varanda/Interno/Manhã:
(Diogo está na sala pensando na relação que teve com Lara. Mas depois se lembra da briga que tiveram e se levanta do sofá, ficando confuso)
PALMIRO: Diogo? Com licença!
DIOGO: Oh, bom dia Palmiro.
PALMIRO: Bom dia! O Cleiton está no portão, veio falar com você!
DIOGO: Por favor, chame-o para entrar.
PALMIRO: Eu o chamei, mas ele disse que prefere esperar lá fora, já que o assunto é sério.
DIOGO: Uai! O que mais pode ser? Ah, obrigado Palmiro. Vou falar com ele então.
PALMIRO: Com sua licença!
(Ele vai em direção ao portão receber Cleiton)
DIOGO: E aí Cleiton, bom dia.
CLEITON: Bom dia. Está melhor?
DIOGO: Estou, mas por quê?
CLEITON: Eu... Encontrei o Robert na rua ontem, nos falamos e ele me disse do ocorrido.
DIOGO: Eu não acredito!
CLEITON: Fique tranquilo, ele me informou por auto, disse que seria melhor você me contar tudo.
DIOGO: Bem, podemos conversar na varanda?
(Palmiro serve um suco para eles se retirando logo após)
DIOGO: Obrigado Palmiro.
CLEITON: Palmiro muito obrigado.
DIOGO: Bem, eu não te contei tudo o que aconteceu, porque é uma história longa mas, o principal você já sabe. Juntamente com o meu irmão.
CLEITON: Diogo olha... Foi lastimável tudo isso que aconteceu. E eu num tiro a razão do Robert não. A Lara pecou com você. Aliás, ela abusou de você! Onde já se viu fazer uma coisa dessas?
DIOGO: Mas eu não acho que ela errou tanto assim, agora. Não tenho mais aquela raiva e a indignação que eu tinha.
CLEITON: Porque você não está se dando o valor! As vezes a sua vontade de estar junto dela é tanta que os seus princípios ficam cegos.
DIOGO: Pelo menos eu espero ter um bom tratamento. Caso, eu esteja com a doença.
CLEITON: Ah claro, com a condição financeira da sua família vocês nunca passarão qualquer tipo de aperto! Só o império que a Olga tem já banca tudo sobrando ainda muita coisa.
DIOGO: E eu acho que foi exatamente esse glamouroso império que envelheceu a cabeça dela antes da hora. Aliás bem antes da hora! Mas o Robert ontem... Me disse coisas terríveis.
CLEITON: Para com isso! Seu irmão não disse nada além da verdade. Eu no lugar dele, teria falado o mesmo!
DIOGO: Mas ele podia ter pegado mais leve.
CLEITON: Deixa de ser cabeça dura.
DIOGO: Pegou!
CLEITON: O Robert é seu irmão. Não fica com raiva dele, tudo que diz é para o seu bem.
DIOGO: Pois é, mas as vezes me pergunto se ele é mais chato quanto a nossa mãe.
CLEITON: Diogo...
DIOGO: O pior é essa história do exame, que anda me tirando o sono!
CLEITON: Então está na hora de você botar uma pedra nessa dúvida. Faça! Você com certeza não está infectado. Robert deve ter falado isso pra te dar um susto!
DIOGO: Tá, mas e se eu tiver?
CLEITON: Você encara de frente.
DIOGO: Um susto de muito mal gosto! Mas você tem razão, nada pode dar errado.
CLEITON: Absolutamente.
DIOGO: Você vai lá comigo?
CLEITON: Claro que sim.
(Passa alguns minutos e eles chegam ao hospital para Diogo realizar o exame)
DIOGO: Cleiton, eu acho melhor eu ir assumindo daqui pra frente.
CLEITON: Oh, mas você não quer que eu...
DIOGO: Não, valeu mesmo por ter me acompanhado até aqui, você perdeu um dia de aula...
CLEITON: Não se preocupe. Se quer ir sozinho vá. Além do mais minha faculdade agora está perto posso ir pra lá a pé recuperar o dia.
DIOGO: Você não vai ficar sentido?
CLEITON: Que isso, somos amigos, esqueceu?
DIOGO: Tá bom.
CLEITON: Depois me atualiza!
DIOGO: Pode deixar.
(Eles se despedem e Diogo entra sozinho. Cleiton ao contrário do que tinha dito entra logo após e começa a segui-lo. Diogo se aproxima do primeiro balcão que avista e logo pede informações)
DIOGO: Bom dia!
FALSA MÉDICA: Bom dia. Você é um dos filhos da Olga Gonzaga, não é?
DIOGO: Sim, por quê?
FALSA MÉDICA: Ela é uma antiga freguesa nossa. De casa já.
DIOGO: Eu imagino...
(Ele ri)
FALSA MÉDICA: Desculpe interrompê-lo, em que posso ajudar?
DIOGO: Eu gostaria de saber... Vocês realizam todos os tipos de exames?
FALSA MÉDICA: Sim, fazemos aqui todos os procedimentos.
DIOGO: Sem exceções?
FALSA MÉDICA: Completamente.
DIOGO: Eu gostaria de realizar um.
FALSA MÉDICA: Ok, qual o tipo de exame que deseja fazer?
DIOGO:...
FALSA MÉDICA: Senhor?
DIOGO: Hiv.
FALSA MÉDICA: Oh!
(Ele ri novamente)
FALSA MÉDICA: Desculpe a reação, mas é que...
DIOGO: Não tem problema, vocês tem algum horário?
FALSA MÉDICA: Sim, e pra sua sorte temos para agora!
DIOGO: Oh, que joia.
FALSA MÉDICA: A segunda sala a direita. Pode falar que você veio aqui e que eu te encaminhei. Você só precisa se identificar antes. Eles me conhecem e sabem que eu tenho todas as agendas dos médicos daqui. Você fará o processo normal, eles vão retirar o seu sangue e logo após, te darão um curativo. Aí você estará liberado podendo vir buscar o resultado em uma semana, ok?
DIOGO: Ok, obrigado só me fale o seu nome para ficar mais fácil no caso de dar alguma confusão.
FALSA MÉDICA: Érica Rabello.
DIOGO: Obrigado! Com licença.
FALSA MÉDICA: Por nada, toda!
(Assim que Diogo entra na sala dos exames Cleiton aparece e vai direto ao balcão)
CLEITON: Bom dia, Érica!
FALSA MÉDICA: Cleiton?!
CLEITON: Saudades de mim? Surpresa em me ver?
FALSA MÉDICA: O que você quer?
CLEITON: Meu pagamento.
FALSA MÉDICA: Hã?
CLEITON: Lembra-se daquela vez que te salvei da morte? Você ficou me devendo.
FALSA MÉDICA: ... Lembro-me muito bem!
CLEITON: Você prometeu me pagar!
FALSA MÉDICA: O que você quer, Cleiton? Faço qualquer coisa.
CLEITON: É mesmo?
FALSA MÉDICA: Você me salvou da morte!
CLEITON: Aquele garoto, que acabou de sair daqui do balcão!
FALSA MÉDICA: Sim, fui eu que o atendi. Ele perguntou se tinha um horário disponível, eu disse que sim e ele fará um exame de HIV e...
CLEITON: Eu quero que você cuide desse exame!
FALSA MÉDICA: Como assim?
CLEITON: Não se faça de burra! Por que eu não estou com paciência.
(Ele altera o tom da voz e ela se assusta)
CLEITON: Está bem! Eu vou explicar uma única vez, e caso dê errado... Você não queira nem imaginar o que vai lhe acontecer!
FALSA MÉDICA: Está me ameaçando? Aqui é o meu local de trabalho.
CLEITON: Mas você não fica aqui as vinte e quatro horas do dia.
(Ele sorri para ela)
CLEITON: Vou lhe explicar preste atenção! Você dará um jeito de fazer com que o resultado desse exame dê positivo.
FALSA MÉDICA: Mas como assim? Você não está falando nada com sentido.
CLEITON: Aquela intuição que te salvou da morte aquela vez, está me dizendo agora que esse exame dará negativo. E por isso, você modificará as coisas! Para que dê positivo. Entendeu?
FALSA MÉDICA: Mas e se...
CLEITON: Não faça perguntas! Apenas responda: sim ou não. Entendeu?
(Ele altera o tom da voz novamente)
FALSA MÉDICA: Sim!
CLEITON: Ótimo! Então, em uma semana sairão dois resultados: o verdadeiro e o nosso resultado!
(Ele sorri quando fala a expressão: “nosso resultado”)
CLEITON: O resultado verdadeiro você guardará para me entregar depois. E o nosso, você dará para ele! Simples, não é? Bem, já não tenho mais nada para fazer aqui. Mande lembranças a sua mulher. Tchau!
(Após Cleiton sair do hospital, Diogo sai da sala dos exames e passa ao balcão para se despedir)
DIOGO: Tchau, obrigado pela ajuda.
FALSA MÉDICA: Por nada, fez o exame?
DIOGO: Sim. Mas vamos ver daqui a uma semana! Bom trabalho.
FALSA MÉDICA: Obrigada, tenha um bom dia.
(Ele sorri e depois sai)

CENA 9: Rua Francisco Bicalho/Externo/Dia:
DIOGO: Lara?
(Ela sorri)
DIOGO: O que está fazendo aqui?
LARA: Naquela noite quando você foi ao banheiro se trocar eu... Fucei seu celular até encontrar seu endereço. Sabia que teria saudades, mas que você não iria me ver.
DIOGO: Está completamente enganada.
LARA: Como?
DIOGO: Eu pensei em tudo o que aconteceu, e eu acho que encontrei o que você queria que eu visse, quando disse que queria ter um relacionamento comigo.
LARA: Está dizendo...
DIOGO: Que eu te perdoo. Estou dizendo que te perdoo para que possamos ficar juntos! Você ainda me aceita?
LARA: Diogo, que pergunta inútil. Eu não fuçaria seu celular atrás do seu endereço para vir aqui te dar um fora! É claro que eu aceito. Tenho pensado em você desde que saiu daquele quarto. E quando me lembro de você, meu coração se aquece, e os meus olhos criam lágrimas!
(Eles se emocionam, e ela o beija)
LARA: Então você aceita namorar comigo?
DIOGO: Claro que sim! Vamos ficar junto agora, apenas quero isso!
(Eles se emocionam e se beijam novamente com ele segurando seu queixo)

CENA 10: Passagem de tempo:
Passam-se sete dias com cenas de Diogo e Lara namorando. Eles se beijam, ela o agarra para perto de si, Robert conversando com Walessa ao telefone, Cleiton espionando os irmãos e disfarça um sorriso após eles o olharem de longe, Lara dá um retrato dela para Diogo que mostra para Robert depois e por últimos: Olga e Narmo conversando.

CENA 11: Casa branca/Quarto/Interno/Manhã:
(Cleiton conversa com alguém no telefone)
CLEITON: É hoje que aquele idiota vai ter o que merece.
(Silêncio)
CLEITON: Ah, isso não será problema já que deixei bem claro para aquela médica vagabunda o que irá acontecer caso ela não colabore. Ela não será louca de me desafiar!
(Silêncio)
CLEITON: Sim, e eu não vejo a hora de ver a cara daquele retardado chorando ao pegar no exame falso pensando que está com AIDS.
(Ele solta gargalhadas e desliga o telefone)
CLEITON: Nem a Ludmila me segura, porque é hoje!

CENA 12: Casa da família Gonzaga/Quarto de Diogo/Interno/Manhã:
ROBERT: Tem certeza de que não quer que eu vá com você?
DIOGO: Não precisa obrigado! A Lara irá me acompanhar. Ela vai chegará aqui daqui a pouco.
ROBERT: Ah, claro! A Lara!
DIOGO: Já te disse para não ficar guardando raiva dela, pois vamos nos casar.
ROBERT: Você não conhece essa garota há um mês e já está com planos de se casar. Já sabem quantos filhos vão ter? Ou melhor, ela já sabe disso?
DIOGO: Já sabe sim! Inclusive me ajudou a criar vários desses planos para nós!
ROBERT: Só quero ver a reação dela ao ver esse exame!
DIOGO: Olha aqui Robert, se for pra transmitir esse tipo de energia pode se retirar. Não quero brigar com você outra vez por causa disso.
ROBERT: Por causa dela!
DIOGO: Você tem é com inveja porque a Walessa está do outro lado do país diferente da gente.
ROBERT: Sim, eu vou sair.
(Seu smartphone toca)
DIOGO: Alô?! Já chegou?! Ok.
(No portão)
LARA: Bom dia, meu gatinho!
DIOGO: Bom dia!
(Eles dão um selinho)
LARA: E aí, está pronto?
DIOGO: Sim, vamos lá!
(Chegando no hospital)
DIOGO: Bom dia, Érica?
FALSA MÉDICA: Sim, bom dia Diogo.
DIOGO: Eu vim buscar o resultado.
FALSA MÉDICA: Ah sim, só um minuto. Está por aqui!
(Ela revira as gavetas do lado de dentro do seu balcão e encontra os dois resultados. Pensa em dar o verdadeiro mas se lembra imediatamente da ameaça de Cleiton e acaba entregando o falso)
FALSA MÉDICA: Aqui está, tenham um bom dia!
DIOGO: Obrigado, ótimo trabalho.
LARA: Bom dia!
(Eles saem do hospital e caminham em direção à praça Dr. Jose Neves Júnior, no Santo Agostinho. Chegando lá, Lara sorri animada)
LARA: E então, quer que eu abra?
DIOGO: Não sou tão medroso assim!
(Eles riem. Ele abre o envelope, vê o resultado e começa a se sentir confuso)
LARA: O que foi, está tudo bem?
DIOGO: Deu positivo!
LARA: O que?
DIOGO: O exame Lara, deu positivo.
(Ele olha para ela e começa a chorar)
(Congela em Lara. Toca Hero – Thick As Thieves).