Depois de saírem do restaurante, Paulina e Carlos Daniel entraram no carro e foram em direção a casa. O silencio imperava naquele veiculo, fazendo com que o caminho não tão distante se tornasse interminável. Paulina olhava pela janela do carro, as ruas estavam desertas, caia uma leve chuva sobre a cidade, fazendo com que gotículas de água se depositassem sobre o vidro do automóvel. Toda aquela atmosfera trazia a tona todo sentimento de confusão e incredulidade que a nossa eterna usurpadora estava sentindo.

Aquela noite havia começado de modo tão encantadoramente romântica e terminado de forma tão surpreendente. “Meu Deus, será? Será que realmente tenho outra irmã?” Era a pergunta que não saia de sua mente, tentava buscar alguma solução coerente para tudo aquilo mais nada. Porque ambas as respostas para aquela pergunta eram totalmente surreais, “A única explicação para a minha semelhança com Noelia é ela ser minha irmã, ou então, ela ser a Paola...” Paulina mexeu a cabeça na tentativa de seu último pensamento ser esquecido, afinal seria maquiavélico, Paola se fingir de morta durante todos esses anos, não, aquilo não poderia ser verdade.

Carlos Daniel tentava dirigir, mas seu pensamento estava longe. Por um lado estava pensando na forma como o Paulo olhava Paulina, com um brilho no olhar e um leve sorrisinho. Só em lembrar, seu sangue fervia e sentia que suas veias pulsavam. Ele não acreditava na desculpa de que só a estava olhando pela sua semelhança com Noelia, não, ele queria algo mais. O ciúme estava corroendo sua alma “Ah como eu estou com ódio daquele homem. Quem ele pensa que é para ficar encarando a Paulina daquele jeito”.

Apesar de estar sentindo uma raiva descomunal dentro de si, também estava preocupado com sua esposa, e em como ela ficou chocada pelo que acabara de acontecer no restaurante. A observava olhar a janela, com um pensamento distante, seu olhar antes alegre, agora estava confuso e atordoado. Para tentar acalma-la, ele soltou uma das mãos do volante e segurou as delicadas mãos de Paulina, seu gesto fez com que nossa protagonista saísse do transe que estava e olhasse para o marido, dando um sorriso discreto.

CD: O que foi meu amor?

Paulina: Ah, Carlos Daniel, você sabe. Eu ainda estou em choque com a minha semelhança com a Noelia.

CD: E a possibilidade de vocês serem irmãs...

Paulina: Sim, isso mais que tudo. Em pensar que talvez eu não conheça toda a minha historia é complicado. Cresci pensando que era filha única, depois encontrei a Paola, e dez anos depois de sua morte, eu talvez tenha encontrado outra irmã.

CD: É meu amor, deve estar sendo muito complicado pra você, mas não fique assim, eu estou do seu lado.

Paulina: Promete?

CD: Claro, lembra-se do nosso casamento? “ Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe” Vou estar com você até os últimos segundos da minha vida, até a minha última respiração, até meu último batimento cardíaco. Eu Te Amo Paulina.

Paulina escutava as palavras do marido atentamente, logo seus olhos ficaram marejados. E como consequência de cada termo daquela declaração que atingia seu coração, lágrimas começaram a sair pelos olhos de Paulina, e com as lágrimas veio também um sorriso. Já não se sentia mais confusa ou angustiada, o amor de Carlos Daniel lhe dava forças para enfrentar qualquer coisa. Ele era seu porto seguro, se sentia segura em seus braços, flutuando em seus beijos e realizada em suas noites de amor. Ela não conseguia pronunciar nenhuma palavra, mas naquele momento no carro, não foi preciso. Seu sorriso e seu beijo já traduziam tudo o que ela estava sentindo.

O beijo foi rápido, pois Carlos Daniel ainda estava dirigindo e ele não podia, ou melhor, não deveria tirar seus olhos das ruas. Entretanto sua vontade daquele instante era de parar o carro em qualquer lugar e simplesmente amar Paulina, mas ele sabia que aquilo não era o certo, seus instintos o mandavam tomar ela em seus braços e nunca mais soltar, mas sua mente tentava lhe mostrar a razão. E assim, invadido por aquela chuva de pensamentos, Carlos Daniel acelerou o carro, na tentativa de chegar o mais rápido possível à mansão.

Paulina: O que aconteceu meu amor? Porque tanta pressa agora?

CD: E você ainda me pergunta Paulina, esse seu beijo me deixou louco. Quero te ter em meus braços, no nosso quarto, na nossa cama.

Paulina: Mas meu amor, antes disso, você tem que resolver outro assunto.

CD: Que assunto Paulina? Do que você esta falando?

Paulina: Você se esqueceu meu amor? Do namoro da Lizete Carlos Daniel.

Com todos os acontecimentos daquela noite, o gostosão havia se esquecido do assunto. Ao se lembrar do tema, sua raiva também veio a tona.

CD: Eu vou matar esse moleque Paulina. Quem ele pensa que é? Namorar a minha filhinha

Paulina: Ela já não é criança Carlos Daniel, ela já vai fazer 15 anos.

CD: Mesmo assim Paulina, ela ainda é muito jovem.

Paulina: Carlos Daniel, isso não importa agora. O que importa é que eles estão namorando, é um assunto consulmado..

CD: CONSULMADO??

Paulina: Não do jeito que você está pensando... só estou dizendo que é um fato, e que é melhor você apoiar, porque se você não permitir, eles poderão namorar escondidos, é isso que você quer?

CD: Claro que não, mas, mas... eu nem conheço esse menino.

Paulina: Não se preocupe, ele é um ótimo rapaz.

CD: Você já o conhece?

Paulina: Sim, no dia que fomos comprar o vestido da Lizete, acabamos por o encontrar. Ele é um bom menino, e gosta muito da Lizete.

CD: Ah não sei Paulina...

Paulina: Pois trate de saber, porque estamos chegando em casa e sua filha o estar esperando.

Em poucos minutos, eles chegaram na mansão dos Bracho. Carlos Daniel saiu do carro e foi abrir a porta para sua amada sair. E assim, os dois entram de mãos dadas na casa. Logo que entraram deram de cara com Lizete que os esperava angustiada sentada na escada.