França ocupada, porto fluvial de Bénouville, 24 de maio de 1944. 08:38 hora local.

Steve Rogers e Diana seguiam cautelosamente à frente do grupo, e direção à marina onde o barco de fuga deveria estar ancorado. Ao se aproximarem viram uma figura esguia sair das sombras e sinalizar para eles ao lado da proa de uma lancha a poucos metros de onde eles estavam. O Capitão América a reconheceu imediatamente.

— Peggy! – disse surpreso.

— Embarquem depressa – disse a agente Peggy Carter séria, soltando as amarras que prendiam o barco ao píer e saltando para dentro dele – estou monitorando a faixa de rádio dos alemães e acabei de ouvir que duas unidades da Wehrmacht estão a caminho daqui, uma delas provavelmente através do canal.

Assim que todos subiram a bordo, Peggy manobrou a grande lancha com habilidade, afastando-se rapidamente do porto de Bénouville em direção ao Canal da Mancha.

Enquanto os membros do Comando Selvagem e o major Trevor se acomodavam na popa do barco e vigiavam a retaguarda deles, o Capitão América e a Mulher-Maravilha foram até a agente Carter, que estava operando o leme.

— Precisaremos desviar pela Baie de I’Orne antes de chegar a mar aberto. – informou ela – Os nazistas montaram uma barreira estreitando o canal perto da Brittany Ferries. Se fôssemos por lá seríamos um alvo fácil.

— Isso representa um desvio de mais quatro quilômetros da rota original – disse Diana.

Peggy olhou para ela fascinada. O tenente-coronel Douglas Jackson da OSS a havia alertado sobre o possível envolvimento da princesa amazona na missão devido à ligação dela com o major Trevor, mas a agente não esperava encontrar uma mulher tão forte e impressionante.

— Não há opção – respondeu ela – mas assim que voltarmos para o Canal de Caen à la Mer perto da saída para o mar poderemos contar com o apoio de um barco patrulha armado.

— Capitão! – chamou “Buck” Barnes, apontando para o canal – estamos sendo seguidos.

De fato, a cerca de trezentos metros atrás deles surgiu uma corveta da Wehrmacht alemã acelerando com a clara intenção de abordar a lancha.

Enquanto Steve Rogers e Diana dirigiam-se novamente para a traseira da embarcação, Peggy Carter voltava sua atenção os controles da lancha.

— Vamos ver se as melhorias que Howard Stark (1) fez no motor desta belezinha vão ser realmente úteis – comentou ela para si mesma, enquanto empurrava uma alavanca, aumentado bastante a velocidade e a potência do barco.

Eles já estavam próximos da curva que começava no Pointe du Siège quando ocorreu uma explosão na água a poucos metros da lateral do barco.

— Eles têm lança-foguetes – gritou o Capitão América para Peggy.

— Não se preocupe Steve – disse ela – nós somos muito mais rápidos que eles e logo estaremos fora de alcance.

Porém, quando estavam saindo da curva no trecho final do rio antes de voltaram ao canal, viram outra corveta inimiga à sua frente e vindo ao encontro deles.

— Estamos cercados – disse Peggy, preocupada – o rio é muito estreito neste ponto para fugirmos deles e certamente vão nos atingir.

Apesar de contar apenas com armas de mão, todos na lancha se preparam para se defender, enquanto a embarcação alemã se aproximava.

Diana olhou irritada ao seu redor, como se procurasse uma saída daquela situação. Quando viu a âncora da lancha, recolhida junto à amurada, teve uma ideia.

Ele tocou o ombro do Capitão América, que estava agachado ao seu lado.

— Steve – disse ela – vou tentar uma manobra arriscada para abrir caminho para nós, mas preciso que você me dê cobertura.

Depois de tê-la visto em ação, ele não duvidava que Diana tinha a capacidade de colocar em prática qualquer coisa que se propusesse.

— Vamos então - respondeu ele sem hesitar, levantando-se.

A Mulher-Maravilha foi até a âncora e a puxou para o convés juntamente com a sua corrente. Em seguida colocou-se em pé na ponta da lancha, firmando os pés na amurada.

Quando os alemães do barco a frente deles a viram, imediatamente começaram a disparar a metralhadora de grosso calibre tentando alvejá-la, mas o capitão América já a estava protegendo com seu escuro e desviando os projéteis. Enquanto isso Diana segurou a corrente da âncora e começou a girá-la sobre a sua cabeça em uma velocidade espantosa. De repente a soltou e o artefato cruzou a distância entre os dois barcos como um míssil, atingindo a corveta alemã na lateral, pouco abaixo da linha d’água, fazendo-a oscilar violentamente e abrindo um grande rombo no seu casco.

O barco alemão ainda conseguiu avançar alguns metros antes de visivelmente começar a fazer água e naufragar. Ao perceberem isso, os seus tripulantes correram para os botes salva-vidas. E quando a lancha dos comandos passou velozmente por eles, a embarcação já havia adernado e estava prestes a afundar.

— Espantoso – disse Peggy Carter no leme da lancha, quando Steve e Diana passaram por ela voltando para a popa do barco.

Finalmente eles entraram no último trecho da enseada e estavam a mil e oitocentos metros da saída para o Canal da Mancha. A outra corveta alemã, apesar de estar muito atrás, continuava a persegui-los. De repente, vindo rápido ao encontro deles apareceu um barco-patrulha armado com dois canhões leves, uma pesada metralhadora Thompson no convés e ostentando a bandeira do Reino Unido. Quando os dois barcos passaram um pelo outro, Peggy reduziu a velocidade para saudar o capitão.

— Estamos com uns “chucrutes” na nossa cola – gritou ela para o oficial – vocês podem nos dar uma mãozinha?

O comandante de barco, um inglês alto e ruivo, respondeu de volta:

— Deixe conosco. Eles vão ter muito trabalho se tentarem passar por nós. Siga em linha reta ao entrar no Canal. A carona de vocês está esperando a três quilômetros daqui.

Peggy agradeceu com um aceno, acelerando novamente o barco e, cinco minutos depois, eles estavam navegando o Canal da Mancha.

— Devemos estar próximos do ponto de encontro – falou o Capitão América perscrutando o horizonte com os binóculos.

— Mais próximos do que você imagina – comentou o Major Steve Trevor indicando uma ligeira movimentação nas ondas.

Momentos depois, pouco a frente deles, emergiu silenciosamente um soberbo submarino britânico classe T, o HMS Tantalus.

Referência do Capítulo:

(1) Howard Stark é um personagem da Marvel Comics que aparece esporadicamente nas histórias do seu filho Tony Stark, o Homem de Ferro. Gênio mecânico, cientista e empresário, ele é o fundador das Indústrias Stark. Foi um dos personagens principais da série de TV “Agente Carter”, além de ter aparecido recentemente em vários momentos nos filmes do universo Marvel.