Noites em Toscana

Capítulo 13 - Café da manhã


Carmela caminhava de um lado para o outro na sala, estava quase gastando chão de tanto que andou, e acabou acordando Gioseppe o marido.

Gio: Má que passa mulher, vamos dormir, vem que te dou um abraço apertado na cama.

Carmela: Para! Ele está com ela, eles estão juntos! – falou com a mão no coração, estava pressentindo algo.

Gio: Que?! Marcello está na cama com a minha bambina! – ela afirmou com a cabeça. – Eu vou lá e vou lá! – Carmela o segurou pelo braço.

Carmela: Não adianta mais!

Gio: Mia bela, então, vamos pra cama, o que esta feito tá consumado, lembra quando estávamos namorando que fomos para a casa do meu pai na colheita, e que, acho que Sofia foi feita ali, antes do nosso casamento.

Carmela: Eu me entreguei por amor, e estávamos de casamento marcado. Eles são jovens e vão se machucar!

Gio: Não vão! Deixa eles, vão se amar, e nós deveríamos fazer o mesmo, vem amore mio.

Carmela: Ele é igual ao pai, vai machucar o coração da minha filha! Ela vai sofre por ele igual a minha irmã!

Gio: Era outra época mulher, deixa disso, che siano felici e rendano felici anche me. Hum!

Carmela: Para Gioseppe, Sofia não pode ser dele, ela vai matar minha filha, igual o pai matou minha irmã.

Gio: Viven morreu de saudade, de solidão, agora podemos dizer que era a tal da depressão!

Carmela: Ela se matou por ele! – falou e se virou de costas para o marido.

Gio: O que fala mulher? Ela morreu, não se matou!

Carmela: Ela tirou a própria vida, e só foi enterrada como cristã por que os tios falaram com o padre, Tia Pietra, teve que rezar pela alma dela, uma novena.

Gio: Carmela, stai calmo non parlare sciocco! – ele a abraçou a mulher, sabia que era um segredo de família que não poderia ser revelado assim. - Vem vamos dormir, amanhã resolvemos tudo isso. Vou te fazer um mocca com vanila.

Carmela: Não precisa, só vamos deitar! Não quero que minha filha sofra.

Gio: Ela é mais forte que imaginamos. Lembra quando nasceu?

Carmela: Sim! – ela sorriu sofrida e abraçou o marido.

O que restou da noite foi inquieto para o casal, Paolo dormia sorrindo, sonhava com sua amada, Henrique na ponta da Espanha, caminhava de um lado para o outro em seu quarto, procurando uma resposta para sua vida.

Já no quarto de Sofia o amor exalava, uma brisa leve entrou os deixando arrepiados, Sofia se mexeu na cama, sonolenta abriu os olhos, sentiu uma paz, ao ver o vulto dela mesma perto da porta, só que era mais velha, na verdade não era ela, era Vivien dando sua benção para o amor deles.

Amanheceu, Marcello sentado na cama, olhava sua Sofia dormir, começou a beijá-la até que ela acordou.

Sofia: È presto, torno tra le mie braccia.

Cello: Eu amaria te fazer minha novamente, mas daqui a pouco vamos tomar café juntos, imagina minha cara ao olhar para seus pais.

Sofia: Eles sabem, estavam conversando na sala ontem. Eu os ouvi, meu pai iria subir.

Cello: Sofia! – ela patou o rosto com as mãos. – Eles sabem de nós dois? - ela fez que sim. – Mio Dio, sono un uomo morto.

Sofia: Acho que não, pois estamos juntos. – ambos sorriram felizes.

Cello: Às vezes sonho contigo criança, e falei para o nono. – ele fez um pausa. – Ele falou que brincamos juntos nas vinhas.

Sofia: Então o bambino DeMazzi que minha mãe chamava era você?

Cello: Está vendo destino. Pertencemos um ao outro!

Sofia o abraçou e aos beijos ouviram passou no corredor, Marcello a beijou na boca e saiu por onde entou.

Carmella: Filha vamos tomar café com o padrinho vem!

Sofia: Já desço mama!

Sofia se banhou e Marcello fez o mesmo, foi para seu quarto se banhou e quando desceu deu de cara com Carmella.

Carmella: Buon diorno Marcello, dormiu bem?- foi irônica.

Cello: Bom dia senhora, sim muito bem.

Carmella: Tenha a decência de não machucar o coração da minha filha, ou eu te mato.

Cello: Senhora, eu amo sua filha, e não sou meu pai, eu vou ficar e provar isso.

Carmella: Seu pai também prometeu quando amou minha irmã, e olha no que deu. Mas como disse você não é ele, mas o sangue é!

Ela saiu deixando ele sem palavras, pois a dor que ela sentia era real demais para ele contestar naquele momento, o tempo não ajudou a curar a ferida em seu coração e o medo da filha ir para o mesmo caminho a deixava apreensiva.

Na hora do café, Marcello se sentiu feliz com os radiantes olhos de Sofia , Paolo olhava para os dois e sabia, Carmella em silencia sentou e permaneceu até que Marcello falou.

Cello: Bom quero aproveitar que estamos todos juntos, e quero pedir a permissão para namorar Sofia! – suas palavras pegou a todos de surpresa inclusive Sofia!

Paolo: Minha benção já foi dada!

Gio: Filha? É isso que quer?

Sofia: Sim, eu quero, nos gostamos! Mama? – perguntou ao ver as lágrimas nos olhos da mãe.

Carmella: Se uma gota rolar dos olhos dela por sua culpa, sabe o que farei! – ela se levantou e saiu deixando todos ali, suspirando pela reação de Carmella.

O café seguiu, mas não foi igual aos outros dias, Cello sorria torto para Sofia que o retribuía, Paolo, ficou quieto, Gioseppe engoliu seu café e foi para a cidade, o baile final do festival seria na aquela noite, e como festeiro tinha que deixar tudo arrumado.

O Jantar foi lindo, mesas em plena rua da praça da Toscana, a noite estava fresca, a coroação do rei e rainha do Festival da Toscana.

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