Mesmo sendo dia estava tudo ficando escuro rapidamente, as nuvens negras se aproximavam em grande velocidade, uma tempestade se aproxima, Granff agora estava morto e Hideon não disse ao menos uma palavra, estamos à caminho de Riften, mas teremos que evitar passar por Riverwood, seguimos para o Oeste até a estrada que atravessa a montanha e então seguir para o Leste, passar por Whiterun e tentar comprar cavalos, no total tenho cento e vinte moedas, Hideon tem apenas oitenta e cinco, teríamos que levantar fundos.

Algumas horas se passaram e Hideon continua calado, o seu olhar agora estava vazio, não sei o que ele estaria pensando, mas tento confortá-lo. De repente começa a chover, primeiro uma chuva fina e refrescante, depois os trovões e relâmpagos se iniciam e a tempestade mostra sua face, procuramos abrigo e encontramos uma caverna logo depois de uma elevação decidimos entrar para nos manter secos, estava bastante escuro, para minha sorte encontrei uma tocha e a acendi rapidamente, Hideon ainda estava calado, isso me preocupava. Mais adiante dentro da caverna havia uma curva estreita, decidi avançar, talvez possamos encontrar algo valioso no caminho, Hideon me seguia como uma sombra, a tocha iluminando o caminho estreito e sinuoso, mais adiante ouvi alguns ruídos e estava claro o suficiente para poder enxergar sem a necessidade da tocha, apaguei-a silenciosamente, algumas Aranhas Congelantes fizeram seu ninho aqui, elas estavam saboreando um pequeno Skeever que tentava se soltar de um casulo de teias, eram três no total, me abaixei próximo a uma pedra grande, mas Hideon foi direto pra elas, andando vagarosamente e sacando sua Espada Larga, uma aranha o viu, mas pra ela já era tarde, Hideon soltou um urro estrondoso e enfiou sua espada até o cabo no Abdômen da aranha que caiu e se encolheu, depois do susto inicial as outras duas aranhas tentaram reagir mas a fúria de Hideon foi mais eficaz, a primeira avançou sobre ele, só pra ter suas patas dianteiras decepadas com um único golpe, a terceira cuspiu algo mas Hideon se defendeu habilmente com sua espada e lançou-se sobre ela, esmagando sua cabeça com a empunhadura da espada, a aranha com as patas decepadas tentava fugir se arrastando, mas Hideon não demonstrou piedade e enfiou sua espada no seu tórax torcendo-a para causar o máximo de dor possível, fiquei estonteada com tremenda brutalidade, ele então olhou fixamente pra mim e pediu que seguíssemos, essa caverna pode ser um atalho pela montanha e deve sair do outro lado dela, concordei e deixei que ele fosse na frente, reacendi a Tocha e a entreguei à ele já que o caminho à frente estava escuro, enquanto seguíamos caverna a dentro tentei por várias vezes iniciar uma conversa mas ele não me dava aberturas, então desisti.

Hideon eliminou todas as aranhas que haviam, infelizmente não havia nada de valor, alguém pode ter passado por esse lugar e recolhido todos os itens valiosos, uma adaga de ferro cinco flechas de ferro e dois arcos simples bastante desgastados foram encontrados jogados pelo chão, assim como vários esqueletos dos que ali jaziam mortos, alguns minutos depois avistamos uma porta, deveria ser a saída já que ouvíamos claramente o som de chuva do outro lado, decidimos ficar até a tempestade passar e depois buscar algo para comer. Hideon estava depressivo com a morte de seu tio, ele era a única família que ele conhecera, me identifiquei com o sentimento, quando Lorbumol morreu vítima de bandidos de estrada senti-me do mesmo jeito, apesar de eu não estar junto dele no momento de sua morte, sinto-me responsável, se eu tivesse insistido um pouco mais para que ele ficasse em casa naquele dia talvez ele ainda estivesse vivo.

A morte de Lorbumol

Naquele dia estava chovendo em Vvardenfell. Eu cuidava da casa enquanto Lorbumol comprava carne de Guar para nosso jantar, ele tinha um dom de poder vender qualquer coisa para qualquer um e vendeu alguns livros que conseguiu quase de graça no dia anterior pelo triplo do preço a um Khajitt mercador que passava por Vivec, trouxe o jantar com um sorriso no rosto, preparei-o, jantamos e adormecemos naquela noite fria e chuvosa. No meio da noite acordei com batidas na porta, um Bosmer de grandes olhos negros e cabelos amarrados em forma de rabo de cavalo vestindo roupas leves e escuras estava à porta, era Drevas, tinha assuntos urgentes com Lorbumol, os dois conversaram sussurrando e não pude ouvir muito, mas o que pude ouvir me preocupou, Drevas estava em apuros e pediu ajuda a Lorbumol, eles teriam que ir até Balmora encontrar um nórdico que os levaria até Skyrim, quando Lorbumol se preparava para sair implorei para que ele não fosse, eu tinha um péssimo pressentimento sobre essa viajem, Drevas insistiu para que Lorbumol fosse o mais rápido possível pois o nórdico não poderia esperar muito, Drevas prometeu a mim que protegeria Lorbumol com sua vida e deu um pequeno sorriso em meio a tensão do momento, ao sair porta afora para a chuva Lorbumol olhou para trás e acenou com a cabeça, pediu que eu cuidasse da casa até seu retorno, subiu no Silth Strider e partiu, essa foi a última vez que o vi vivo. Dias mais tarde seu corpo chegou em uma carroça e o de Drevas o acompanhava, chorei por dias e vivi sozinha por anos em Vivec, assim que tive a oportunidade de deixar a casa e vagar sem rumo por Vvardenfell, visitei Tel’vos onde sempre acompanhava Lorbumol nas suas viagens à negócios, Ald’ruhn, onde nasci e tive uma vida antes de Lorbumol, Balmora onde Drevas vivia, Caldera e suas minas de ébano, até chegar a Khull, onde decidi que Tamriel era bem maior que Vvardenfell, vendi todos meus pertences e parti para Cyrodill, a capital do império e hoje estou aqui em Skyrim, me abrigando da chuva em uma caverna com um nórdico que conheci a menos de um dia.

Hideon me encara e parece querer dizer algo, mas se contém, respira fundo e diz que precisamos sair, a tempestade passou, temos que chegar à Riften o mais rápido possível e encontrar Krumm.