– Você está atrasada – reclamou alguém puxando o cobertor,revelando dos corpos sonolentos semi nus. – Vocês podem vesti alguma coisa,eu acabei de tomar café e não devolve-lo no seu tapete – confessou,então reconheci a voz grave inundada de sarcasmo.Jeremy.

– O que você está fazendo aqui? – perguntou Alex cobrindo o meu corpo com sua camisa.

– Eu disse a Luisse que viria às seis para começarmos o treinamento – continuou – só que parece que ela não ouviu – deduziu ele. – Não gostei da calcinha,vermelha fica melhor em você – falou despreocupado,seus olhos vagavam descontraídos pelo meu corpo.

– Pode parar de me olhar como se eu fosse um pedaço de carne – eu ordenei,vestindo a camiseta do Alex – Estarei pronta em cinco minutos.

–Três minutos – interrompeu Jeremy. – Eu não tenho a manhã toda para ficar treinando você,tenho compromissos.

– Provavelmente é com alguma vadia – supôs.

– Ela acorda sempre de mal humor,assim? – perguntou Jeremy para o Alex,com uma careta.

– Não,você está provocando isto nela – mencionou Alex,pegando a coberta da sua mão jogando-a sobre mim. – Você pode esperar lá fora na floresta,nós chegaremos em seguida – acrescentou.

Jeremy assentiu.

– Diga para a sua garota que eu não tolero atrasos – informou ele,então se debruçou na janela e pulou.

***

Corria desesperada pela floresta adentro os meus pulmões trabalhavam frenéticos para fornecer oxigênio ao meu corpo eufórico minhas pernas esgotadas pelo cansaço da corrida exaustiva,os ladrados dos três pitbulls ecoavam na atmosfera enevoada a minha espreita,galhos afiados deferiam arranhões minha pele em cada passada o céu preguiçoso anunciava a alvorada no horizonte.

– Eu te odeio – berrei ao pleno pulmões para a vegetação que cercava-me,sabia que Jeremy estava me ouvindo de algum lugar;rindo da minha performance insignificante.

– Concentre-se – ordenou ele longínquo,a sua trazida pelo vento revigorante matinal.Sombras com rostos desfigurados surgiram sorrateiramente a minha esquerda,seus gritos agonizantes impregnando a manhã transformando a floresta em um cenário de terror.Tentei fazer o que ele dissera,porém com os grunhidos dos cães famintos me deixava angustiada e nenhum pensamento racional conseguiria emergir no meio de tanta tensão.

Então uma garota aparentou a minha frente sua pele branca emanava uma luz pálida,suas feições suaves comparadas de uma rosa,usava um vestido verde água bordado minuciosamente com flores delicadas contratava-se com seus olhos verdes cristalinos.

– Vem comigo – disse o ser flutuante,seu cabelo prateado formava um auriola de luz em torno de sua cabeça. – Eu posso te tirar desta situação – informou,estendendo a mão esbranquiçada,segurei-a sem hesitar e saímos pairando pela floresta.A brisa leve chicoteava os meus cabelos escuros e permitia a passagem de vento pelas minhas roupas;como num filme caseiro antigo uma sequencia de imagens nebulosas rodopiaram a nossa frente,uma cena parecia sobressair entre as outras e num milésimo de segundo a cena ganhou vida sobre nós.

Um quarto meia luz por velas presas em candelabros antiquados,dois corpos de amantes repousados em uma cama ampla,cortinas brancas pesadas impediam a luz exterior iluminar o recinto.

– Eu te amo – confessou a garota loura segurando a mão de um homem,seus traços másculos e rudimentares eram familiares parecidos com o de Jeremy,porém mais maduros tinham vestígios de rugas em seus olhos escuros.

– Eu também te amo Carmely – disse o homem acariciando suas feições angelicais e selou um beijo doce em suas têmporas descendo até as suas maças rosadas – Case-se comigo?Não permita que meu irmão desposasse como sua esposa.

– É o meu dever casar-me com o seu Jeremy – explicou,sua voz parecia o canto dos pássaros suave e melodiosa.

– Então fuja comigo,prometo tratar-te como uma rainha,pois é isto que sempre foi ao meus olhos.

–O que faz aqui? – perguntou Jeremy levando-me pelo braço,despertei da visão.Estávamos novamente na floresta em uma capina coberto por flores silvestres multicoloridas.

– Uma garota apareceu e ofereceu-me ajuda para fugir aquelas coisas horrorosas que você mandou atrás de mim – continuei – Ela é a Carmely,não é?Na cama com o seu irmão – indaguei,por fim.

– Vamos continuar.Combate corpo a corpo – dialogou ele,assumindo uma posição defensiva.

–Eu sei que pode ser desagradável falar sobre estes coisas – murmurei,porém antes de completar a frase ele arrancou uma árvore na extremidade da clareira e a lançou na minha direção só tive tempo de esquivar-me,todavia um dos seus galhos enormes acertou as minhas costelas e, cai sentada retorcendo de dor.

– Preste atenção – gritou ele,jogando uma pedra deformada que caiu a minha esquerda.Então parou na minha frente e deferiu um golpe em meu rosto. – Concentração – exigiu.Passei uma das pernas sob os seus pés o derrubando ao chão,chutei as suas costelas e rolei no gramado agachada tentando recuperar as minhas forças ;então ele aparentou na minha dianteira e chutou o meu rosto;um gosto de ferrugem mesclado de sal apoderou-se da minha boca,cuspi tentando me livrar do sabor exótico.

– Você quer saber como foi o final da Carmely? – perguntou ele,num tom dissimulado e gélido.

Tomou-me pelos cabelos e me arrastou até o centro da clareira,puxou meu rosto para para visualizar melhor a minha garganta – Eu cortei a garganta dela – disse,por fim.Encarou os meus olhos raivosos uma expressão sádica permutada com insanidade dominou em seu rosto, e pegou um canivete no bolso traseiro.A lamina atravessou a minha clavícula com um só movimento,o ardor misturado com a dor lancinante prevaleceu no meu pescoço,em seguida a escuridão se apossou dos meus sentidos.