Nobre passado
Epílogo
Marguerite se remexeu na cama e tateou o travesseiro ao seu lado. Ele não estava ali e não era a primeira vez. Passavam-se duas semanas desde a morte de Violett e a ausência do caçador no meio da noite tinha se tornado mais frequente que o desejado.
John fez questão de proporcionar a ela um sepultamento digno, embora, não houvesse mencionado nenhuma palavra sobre a confissão que a esposa lhe fez instantes antes da morte. A herdeira o respeitou, sabia que ele precisava lidar com isso por si só, mas, fez questão de que soubesse que estaria ali quando precisasse desabafar.
A noite ainda estava escura, e desta vez, ela decidiu procurá-lo. Vestiu seu robe de seda e saiu à sua busca. Não precisou muito para encontrá-lo, sentado na varanda, vestindo seu pijama azul claro. Ela o admirou em silêncio. Os tons de azul lhe caiam tão bem, ali, olhando a selva, ele parecia estar em paz.
—Por favor, não me diga que seus pensamentos ainda não valem nem um centavo?_ brincou ela ao se aproximar.
—Creio que estão mais valorizados nos últimos tempos._ retribuiu a brincadeira e a convidou para sentar ao seu lado. Ela aceitou e se aconchegou em seus braços encostando a cabeça em seu peito viril. Para ela, aquele era o melhor lugar do mundo.
—John… você… quer conversar sobre… bem, sobre o que aconteceu?_ perguntou constrangida.
—Sobre o passado?
—Sim.
—Não… não pretendo falar de passado.
—Mas… então, o que tem tirado seu sono todas essas noites?
—O futuro.
—Eu não entendo… _ ergueu um pouco a cabeça para olhar para ele.
—Marguerite… eu estive pensando… e se tudo o que aconteceu teve um propósito maior?
—O que quer dizer?
— Quero dizer que a culpa me motivou a fazer muitas escolhas que talvez não as faria se soubesse da verdade sobre a morte de William._ele acariciava as costas da herdeira. A sensação era maravilhosa para ambos_Uma delas foi aceitar acompanhar Challenger nesta expedição. Eu queria um motivo para fugir de Londres e este motivo me levou até você.
—Acredita em destino, Lorde Roxton? Esta é uma grata surpresa_ brincou a mulher.
Ele a apertou com mais força em seu abraço antes de responder.
—Acredito no futuro e sei que você, Marguerite, é o meu futuro._ ele se soltou o braço que a segurava e tirou de sua mão direita o inseparável anel que carregava em seu dedo menor. Em seguida pegou a mão da mulher e colocou-o no anelar esquerdo dela. A peça dançava em seu dedo fino, ele faria os ajustes pela manhã._A partir de hoje, você é a minha Lady Roxton. Eu te amo, Marguerite.
A herdeira era incapaz de dizer outras palavras. Deixando que as lágrimas escorressem livremente pelo seu rosto ela o beijou com ternura. Quando soltou-se de seu beijo ela as proferiu.
—Eu também te amo, milorde.
Fale com o autor