Parte l

A Rosa Púrpura do Cairo

Abril de 1989

''E eu me lembro de que quando o conheci, estava tão claro que ele era o único para mim. Ambos soubemos, de imediato.''

(Nathional Anthem, Lana del Rey)

—A senhorita não gostaria olhar nossos diamantes? Posso garantir que são da melhor qualidade.

O homem falava um inglês enferrujado e cheio de sotaque e tinha um sorriso torto e amarelado. A moça a quem ele se dirigia podia facilmente ser tomada como turista, o que explicava a abordagem em inglês ao invés de árabe. Os olhos azuis escuros e o cabelo ruivo, habilmente preso em um coque, indicavam fortemente que ela não era egípcia.

—Não, obrigada. Não uso joias.

—Ah, entendo. – como bom comerciante, o homem não deveria ter o costume de desistir facilmente de uma potencial freguesa – Realmente não combinariam com a senhorita. Eu vejo uma mulher focada em simplicidade e praticidade. Diga-me, querida, a senhorita é sempre tão atenta a tudo que acontece a sua volta?

Claro, já estava checando os arredores, procurando por possíveis ameaças, sem ao menos se dar conta disso. Não havia realmente nada com que se preocupar, já que seu grupo passeava por um enorme bazar no coração do Cairo sob o sol do meio-dia. Voltando rapidamente a cabeça para seu interlocutor, não foi difícil esboçar um sorriso.

—Faz parte do trabalho.

Obviamente, o homem não imaginaria que seu trabalho era proteger os Moroi, vampiros vivos que controlavam um dos quatro elementos naturais e eram capazes de fazer magia; e lutar contra Strigoi, vampiros mortos-vivos desprovidos de emoções e que matavam sem hesitar.

—Talvez um nazar lhe seja mais útil. – o homem ofereceu.

Voltando sua atenção novamente para o dono da tenda, lançou-lhe um olhar confuso.

—Um o que?

O comerciante sorriu ao mostrar uma coleção de pequenos pingentes, pulseiras e brincos que ostentavam um pequeno olho colorido. O homem pegou um pingente que tinha dois tons de azul, separados por uma fina linha branca. Um pontinho negro marcava a pupila.

—Uma lenda da nossa região diz que o nazar traz proteção para a pessoa que o usa. A senhorita não gostaria de experimentar? O azul combina com seus olhos.

Apesar de nunca ter sido supersticiosa, não havia como negar que o nazar era discreto e realmente bonito. Mas antes mesmo que pudesse pensar em provar, uma voz autoritária a arrastou de sua falsa atitude de turista de férias.

—Hathaway!

Apesar de seu rosto não demonstrar nada, a guardiã Hathaway sabia que Stan, seu supervisor, estava bastante irritado. Olhou novamente para o dono da tenda.

—É realmente lindo, mas não posso provar agora. Shukran.

Afastando-se o mais rápido que podia sem chamar muita atenção, Janine Hathaway preparava-se psicologicamente para uma dura reprimenda.

—Hathaway, por mais que os vendedores do bazar sejam persistentes, você não deve se esquecer do que está fazendo. Isso aqui não é sua viagem de férias.

Mantendo a cabeça baixa, acompanhou o guardião mais velho, que andava a poucos passos do grupo Moroi que protegiam. Quando Stan voltou a falar, sua voz estava um pouco mais branda.

—Eu sei que os últimos meses têm sido complicados... Mas peço que se mantenha na linha. Essa missão é uma ótima forma de provar seu valor como guardiã.

—Achei que você tivesse dito que acreditava no meu potencial no dia em que me formei.

A tristeza com a qual aquelas palavras foram ditas passou por Stan, seu antigo mentor na Academia, aparentemente sem ser notada.

—Não é a mim que você tem que convencer, Janine. Eles vêm primeiro.

Resignada, ela não fez qualquer outro comentário. A sua fé na nobreza daquela frase estava abalada naquele momento.

Desvencilhando-se dos próprios pensamentos, observou com curiosidade quando seu pequeno grupo parou para cumprimentar outros Moroi conhecidos.

Não era estranho encontrar vários vampiros andando pelas ruas do Cairo naqueles dias. Uma das netas da rainha Ekaterina estava noiva de um Moroi egípcio extremamente rico e o casamento seria no final daquela semana. Praticamente toda a corte Moroi havia sido convidada para participar da festa e da cerimônia, que prometia ser inesquecível.

Um guardião com o rosto impassível que acompanhava os recém-chegados aproximou-se de Stan, assumindo-o como líder. Após trocarem algumas palavras, começaram a seguir os Moroi pela saída do bazar.

—Aparentemente todos decidiram sair para almoçar em um restaurante aqui perto. Ao todos somos catorze: nove Moroi contando os quatro Badica mais os cinco Voda que acabaram de chegar; três guardiões do lado deles e mais você e eu.

Levantando uma mão para proteger o rosto do sol, ele acrescentou:

—Estamos em número menor, mas isso não é exatamente um problema, devido à hora do dia. No entanto, para evitar qualquer transtorno, vamos nos dividir. Hans me disse que há outra guardiã da sua idade com eles. Acho que seria boa ideia se ficassem juntas.

Janine assentiu com a cabeça.

—Entendido.

Stan afastou-se dela para tomar sua posição como guardião próximo. Janine nem bem tinha dado dois passos quando uma mão tocou seu braço e uma voz conhecida perguntou:

–Tudo bem aí, Ruivinha?

Sua expressão assustada logo se transformou em contentamento ao ver o rosto da guardiã que lhe faria companhia.

—Roxanne Ryder. Sempre aparecendo onde menos se espera.

Janine devolveu o sorriso da amiga. Apesar de separadas por muitos meses durante o período em que trabalhou como guardiã no Canadá, Roxanne continuava a mesma de sempre. Olhos escuros alegres, pele negra, o cabelo encaracolado preso na nuca e nos lábios, o batom colorido e o sorrisinho divertido que nunca a abandonavam.

—Se você levar em consideração minha paixão por festas, minha viagem para o Cairo é totalmente aceitável.

Janine suspirou.

—Esse é realmente o assunto do momento, não? A única coisa que a realeza comenta há meses é sobre o casamento.

—Você espera muito de pessoas com dinheiro demais e neurônios de menos, Jenny. – a amiga sorriu ironicamente – Se tiverem coisas demais para se preocupar, a cabecinha real deles simplesmente explode.

Janine riu.

—Acho que o sol também se encarregou disso. Juro que sinto como se estivesse derretendo!

—Você é realmente uma criatura das trevas. Sinto tanta falta do sol! – Roxanne suspirou, tombando a cabeça para trás e fechando os olhos, pronta para receber o calor dos raios solares.

Durante o inverno canadense, os Moroi não tinham grandes problemas para sair de dia, já que no norte do país a incidência solar se tornava bastante limitada. Diversas vezes, Janine recebera cartas de Roxie reclamando sobre a vida em um país que era escuro durante mais da metade do dia.

Logo chegaram a um grande restaurante que Janine ainda não havia visitado antes. Apesar de sentir-se um pouco deslocada naquele ambiente de aparência tão fina usando seu simples uniforme de guardiã, ela não demonstrou qualquer insegurança, entrando ao lado de Roxanne com a cabeça erguida e os passos firmes.

A escolha das mesas foi obviamente bem pensada. Stan e outros dois guardiões sentavam-se perto da principal saída de emergência do restaurante. Isso deixou Janine e Roxanne em uma mesa pequena ao lado do bar, perto da entrada.

Os Moroi ficaram juntos em uma grande mesa no centro do recinto. Eram, de longe, o grupo mais animado do restaurante. O tema mais discutido era obviamente o casamento que se aproximava, mas assuntos como ataques de Strigoi nos arredores do Cairo e a possível seleção para o próximo governante Moroi também foram mencionados.

Até mesmo os guardiões pareciam mais à vontade; embora Janine soubesse que se percebessem a sombra de uma ameaça, não hesitariam um segundo para voltar à conhecida posição de luta.

Os humanos do restaurante não pareceram se incomodar com o estranho grupo. Eles enxergavam apenas duas famílias ricas e seus guarda-costas, o que de certa forma, não deixava de ser verdade.

Observando o ambiente bem iluminado e decorado com bom gosto, Janine pensava que em outras circunstâncias, este seria um restaurante que ela escolheria para ter um almoço agradável na companhia de uma amiga. Pelo visto, o mesmo pensamento também passava pela cabeça de Roxanne, pois ela logo levantou o olhar do cardápio para comentar:

—Até parece que ainda somos garotas normais tendo um almoço normal, não é mesmo? – apesar de quase imperceptível, ainda havia um leve tom melancólico na brincadeira de Roxie.

Janine sorriu.

—Roxanne, nós nunca fomos garotas normais.

Ficou feliz ao ver a amiga retribuir o sorriso, acompanhando o comentário de maneira mais leve.

—Não é verdade. Eu era uma pessoa completamente centrada e responsável na Academia. Aí conheci você.

Janine fingiu se engasgar com o suco de laranja que estava tomando.

—Ah, nem começa! Foi exatamente o contrário que aconteceu.

Roxie riu com gosto.

—Mas eu tinha que fazer alguma coisa! Como é que você esperava que eu fosse abandonar a tímida e inocente ruivinha transferida da Escócia em um lugar tão estranho quanto a São Vladimir?

—Fico feliz que sua bondade interior a tenha impedido de me deixar sozinha.

—Sim, e olhe que bom trabalho eu fiz! Quando você chegou era mais calada que uma pedra. Dois meses depois era a rainha da Academia, com qualquer Moroi ou dampiro aos seus pés.

—Nem sempre era assim. Muitos só queriam falar comigo para perguntar como convidar você para sair.

As duas riram.

—Pobrezinhos. - suspirou - Bons tempos, Jenny.

—Eram os melhores tempos. Sinto falta da época da Academia.

—Todos nós sentimos. A vida real é bem mais dura que aqueles treinos e simulações. Mas, acredite ou não, estou seriamente pensando em voltar para a escola.

—Vai alegar que Alberta errou na sua pontuação e que deveria voltar para o último ano? – ironizou.

Roxanne tinha fechado a prova final com a maior nota da sala, tornando-se uma espécie de lenda entre os dampiros mais jovens da Academia São Vladimir.

—Essa não é uma ideia tão ruim. – respondeu por fim – Sinto falta da Alberta. Sem dúvida foi a melhor instrutora.

—Sem dúvida. – concordou Janine, com o olhar perdido.

Devia tanto à Guardiã Petrova que nem sabia por onde começar. Fora ela quem aceitara seu pedido por uma bolsa na Academia São Vladimir, quem a treinara como guardiã durante quatro anos, quem estava presente para parabenizá-la na cerimônia de graduação, quem tentara aconselhá-la sobre os perigos aos quais se expunha na Corte e quem viera em seu socorro quando sua carreira estava prestes a desmoronar.

Se recebera uma segunda chance para tentar realizar o sonho de ser uma guardiã respeitável, era tudo graças à Alberta. E apesar de ser apenas alguns anos mais velha que Janine, ela era o mais próximo que tinha de uma figura materna.

—Quero tentar ser instrutora de combate em uma academia. – disparou Roxanne.

—Espera... O que? – a sorte de Janine era que ela não estava bebendo nada naquele momento. Sem dúvida, engasgaria de verdade.

—Não é uma ideia tão absurda. – Roxanne havia, de uma hora para outra, assumido uma postura defensiva – Posso ajudar jovens dampiros a se tornarem bons guardiões no futuro.

—Sim, mas... Por quê? – Janine estava confusa – Achei que seu sonho era lutar em combates, salvar o mundo dos Strigoi…

—Exatamente. Meu sonho nunca foi passar o resto da minha vida protegendo um bando de Moroi egoístas que pouco ligam se estou viva ou morta. Ninguém na Academia me avisou que a vida real seria assim.

Janine olhou para os lados, com medo que algum Moroi tivesse ouvido a confissão raivosa de sua amiga. Ou pior, que um guardião tivesse ouvido. Mas todos continuavam seu almoço sem se importar com as duas dampiras. Nesse ponto, ela tinha que dar o braço a torcer e concordar com Roxanne. Às vezes, era realmente como se elas não existissem. Na verdade, não queria discutir com Roxie, mas alguma coisa dentro dela fazia com que fosse impossível ouvir aquele discurso sem reagir.

—Nem todos os Moroi são desse jeito, você sabe disso.

—Claro que sei. Mas não vou ser mandada para proteger alguém só porque a pessoa é legal. Isso tem a ver com poder, influência política e aquelas regras reais estúpidas.

—E quanto ao ‘‘Eles vêm primeiro’’? Você também tem a marca da promessa.

Esse tinha sido um golpe baixo. Roxanne institivamente levou a mão até a nuca, onde todos os guardiões formados tinham uma tatuagem que simbolizava o compromisso que tinham em proteger os Moroi.

Suspirando, retrucou:

—Essa frase de efeito realmente me irrita. De qualquer maneira, por que você os está defendendo? – ela perguntou enquanto cruzava os braços sobre o peito.

Desejando não ter falando nada, Janine soltou o cabelo do coque apertado e começou a enrolar uma mecha ruiva entre os dedos. Só fazia isso quando estava realmente irritada. Mas daquela vez, sentia-se mais confusa e dividida. Com a voz baixa, procurou as palavras certas para desmembrar aquela mistura de sentimentos.

—Acho que realmente acredito nessa frase de efeito. Tem muita coisa errada no nosso mundo, Roxie, mas ainda não desisti da função de proteger os Moroi. Apesar de tudo o que aconteceu comigo, é uma missão para a qual treinei a vida toda. – pensou um pouco, e depois emendou com um sorriso – Ou talvez a lavagem cerebral que fizeram na gente durante a escola tenha sido realmente muito boa.

Roxanne abriu um pequeno sorriso.

—Olha, Jenny, as minhas promessas são: salvar qualquer pessoa que esteja em perigo, independentemente da espécie, e matar o maior número possível de Strigoi. E para mim não há maneira melhor de fazer isso que treinar mais guardiões. Se fizer um bom trabalho, posso salvá-los de morrer durante uma luta.

—Acho que é uma boa linha de raciocínio. – respondeu, também sorrindo.

Enquanto apoiava os talheres no prato, Janine pensava que por mais estranha que parecesse à primeira vista, a comida egípcia era algo que ela realmente pudesse vir a gostar.

—Ficamos tanto tempo longe! Não deveríamos estar discutindo sobre o trabalho. – continuou Roxanne, tomando mais um gole do suco. – Deveríamos falar de coisas mais interessantes.

—Como o que?

—Como, por exemplo, o fato de eu precisar desesperadamente de ajuda para encontrar um vestido para a festa de sexta.

Janine riu.

—Você? Desesperada por ajuda? A minha ajuda? Roxie, tudo o que sei sobre moda foi aprendido com você nos últimos cinco anos.

—Admita, Jenny, seria uma ótima ideia sairmos para fazer compras. Pelo bem dos velhos tempos? – a cara de cachorrinho abandonado de Roxanne era fenomenal.

Levantando os braços em sinal de redenção, Janine cedeu ao pedido da amiga.

—Tudo bem, eu aceito. Amanhã não vou trabalhar à tarde. Você acha que consegue ficar livre às duas horas?

—Claro! Tenho dois dias de folga toda semana. Geralmente, escolho sábado e domingo, mas essa semana posso fazer diferente. Quarta-feira para escolher o vestido da festa e sexta para usar o vestido na festa. Não tem como me obrigarem a ir de uniforme! Que cor você pensa em usar?

—Com o meu cabelo, fica difícil encontrar algo que combine. Vermelho fica muito batido, preto é muito fúnebre para uma festa de casamento e toda vez que uso verde, fico parecendo uma árvore de Natal. Estive pensando em algo como roxo ou azul escuro por causa dos meus olhos, mas também... Ai! O que você está fazendo?

Roxanne havia chutado sua canela por baixo da mesa, com uma força que Janine julgou um pouco mais que necessária para chamar sua atenção. A amiga tinha os olhos brilhando e tentava controlar o sorriso.

—Finja que está falando comigo.

—Eu estou falando com você! – a outra se indignou.

—Tem um homem no bar que não tira os olhos de você.

Pela maneira com disse essas palavras, parecia ser o príncipe saído de um livro de conto de fadas.

—Não dá para ter certeza. Ele pode estar olhando pra você também.

Roxanne revirou os olhos, parecendo enfastiada diante da falta de confiança da amiga.

—Tudo bem, eu provo para você. Quando eu me levantar, espere alguns segundos e olhe para ele, para ver se ele me segue com o olhar ou continua encarando você. – fixando seus olhos nos dela, enfatizou – Faça isso discretamente.

Colocando um sorriso adorável no rosto, ela se levantou e seguiu o caminho até o toalete.

Discrição não era realmente uma das melhores qualidades de Janine Hathaway. Era mais algo que aprendera durante anos de treinamento para ser usado em situações de trabalho, e que não sabia muito bem como aplicar à sua vida pessoal. Virando rapidamente a cabeça para a direita, pôde ver o homem de quem Roxanne lhe falara. Era bastante alto, obviamente Moroi. Devido ao casamento, Janine não estranhou muito esse fato. Era provavelmente mais um convidado, embora ela nunca o houvesse visto na Corte. Pelo bronzeado incomum de sua pele e suas feições características do Oriente Médio, deveria ser convidado do noivo.

Janine lhe daria no máximo 25 anos, e tinha que admitir que era muito bonito. O cabelo curto e a barba bem aparada eram negros e seu sorriso era divertido. Seu estilo era, no mínimo, exótico. Vestia uma calça social e blazer pretos, sapatos recentemente engraxados e uma camisa de linho egípcio vermelho berrante. Havia um brinco de ouro e uma de suas orelhas e vários anéis em seus dedos. Para completar o visual nem um pouco comum, ele usava um cachecol colorido de caxemira, que quebrava um pouco a seriedade de suas roupas. Contudo, o mais impressionante de tudo eram seus grandes olhos. Eram totalmente e incrivelmente negros, sendo que Janine mal conseguia distinguir a íris da pupila.

Embora parecessem alegres, Janine sentia que era possível se afogar naquele olhar. E aqueles olhos cercados de mistério e sombras estavam direcionados única e exclusivamente para... Ela.

Janine voltou o rosto rapidamente para o outro lado, sentindo suas bochechas esquentarem. Droga, malditos olhos.

Mas, pelo menos, Roxanne conseguira comprovar sua teoria e agora a ruiva sabia que ela era realmente o objeto de estudo daquele homem. Com uma pontinha de arrogância, pensou que aquilo não era nada novo para ela. Sempre recebera atenção, até mesmo indesejada, de homens Moroi, principalmente pelo corpo curvilíneo. E no Egito uma quantidade maior de homens parava para admirar seus olhos azuis e seu cabelo cor de fogo, tão incomuns naquela parte do mundo.

Concluiu que, por mais que ele tivesse olhos estranhos, não era nada demais que aquele homem a estivesse admirando. Agora voltando o olhar de maneira realmente discreta, observou o homem terminar o drink com um sorriso ainda maior no rosto.

Naquele momento, Roxie voltou a se sentar, sorrindo com sua vitória no estudo das relações humanas daquele restaurante.

—Eu não disse? – inclinando-se sobre a mesa, sussurrou a pergunta com uma expressão travessa.

Sem responder, Janine virou o rosto novamente para o bar. O homem retribuiu seu olhar, sorrindo. Antes de sair, piscou para ela.

Roxanne não conseguiu conter uma risada. Provavelmente já imaginava como faria para juntar a melhor amiga com aquele homem misterioso.

Janine permanecia atônita em sua cadeira, ainda imersa na doçura e no mistério daqueles olhos negros.