No fundo da minha mente escuto um som repetitivo e irritante, ainda meio grogue de sono movo-me lentamente. Aos poucos sinto algo pesado em minha cintura e uma respiração calma em minha nuca.

— Se você não desligar essa merda eu vou jogar seu relógio da Madonna na parede. - Escuto Eddie sussurrando em meu ouvido. Imediatamente desperto e recordo-me da noite passada. Desligo o som irritante e verifico as horas, são sete horas. - Fica. - Sinto seus braços firmarem ao redor da minha cintura.

— Você sabe que não posso Eddie. - Livro-me, com muita relutância, do seu abraço e levanto-me da cama. - Como você está? - Aproximo do seu rosto, verificando os hematomas e cortes no rosto. Preciso passar uma pomada cicatrizante.

— Estou ótimo, mas você esta com bafo. - Sorri preguiçoso, ainda com sono.

— Você é uma piada Edward Charles Munson.

— Você gosta que eu sei. - Ajeita-se na cama, virando-se para a parede e voltando a dormir.

— Antes de sair vou passar uma pomada nos cortes do seu rosto. - Escuto seu bufar sendo abafado pelo travesseiro. - Você querendo ou não eu vou passar. - Sigo até o banheiro fazendo minha higiene matinal e então sigo até meu guarda roupa escolhendo a roupa do dia.

Graças a Deus o clima voltou a esquentar, resolvo ir com um macacão jeans, uma camisa manga curta florida, meu inseparável all star preto e um cinto para complementar o look. Pondero mentalmente se troco de roupa no banheiro ou apenas ignoro a existência de Eddie na minha cama e faço isso no meu quarto. Ele já voltou a dormir e está virado para a parede, com o rosto enfiado no travesseiro. Decido-me por trocar de roupa ali mesmo, de costas para a cama.

— São nem sete e meia da manhã e já tenho uma visão maravilhosa dessa. - Escuto sua voz baixa. - Se eu morrer agora, morrerei feliz. - Viro minha cabeça em sua direção arqueando a sobrancelha, deitado de lado, apoiando-se no seu cotovelo, ele sorri mordendo o lábio inferior. - Estou apenas comentando.

— Pensei que estivesse dormindo, seu tarado. - Termino de colocar o macacão e viro-me em sua direção. - Senão teria trocado de roupa no banheiro.

— Não se preocupe, não vi nada além do que eu já não tenha visto. - Sorri malandro e se joga na cama novamente. Bufo negando com a cabeça.

— Você fica até eu voltar da aula? Ou vai para casa?

— Acho que volto para casa, meu tio deve estar preocupado.

— Provavelmente ele vai surtar quando te ver. - Termino de colocar o tênis, me encaro no espelho, verificando o visual.

— Linda como sempre. - Olho em sua direção e ele observa-me de cima a baixo com um sorriso aberto. Minhas bochechas coram. - Boa aula Williams. - Volta o olhar para meus olhos e parece que meu coração erra as batidas.

— Obrigada Munson. - Sorrio encarando-o, nervosa mordo o lábio inferior e lembro de passar a pomada cicatrizante em seu rosto. - A pomada!

— Ah não. - Resmunga enfiando o rosto no travesseiro. Corro até a maleta procurando pela pomada cicatrizante, encontrando-a no fundo, quase escondida. - Eu não sou um bebê Hazel, não preciso que faça isso.

— Você vai passar por conta própria? - Faz uma careta contrariado. - Exatamente. Agora fica quieto, isso nem vai doer. Prometo ser delicada.

— Se a sua delicadeza for como ontem eu não quero. - Vira-se de barriga para cima, cruza os braços em cima do peito. Girando os olhos começo a passar a pomada no corte do supercílio e do nariz. - Vai de carona com quem hoje?

— Apareço na casa da Robin e quem dar carona para ela, eu vou junto. - Termino de passar a pomada e resolvo passar a outra para os hematomas. - Vou passar a outra pomada no seu abdome. Deixa eu ver como que esta a situação.

— Você parece a sua mãe. - Levemente irritado ele levanta a camisa até a altura do peito, revelando todos os hematomas que havia ali. Suspiro derrotada, fazendo a massagem novamente, verificando se estava tudo bem. - Pelo amor de Deus Hazel, eu vou acabar com a sua vida. - Geme de dor.

— Um dia você vai me agradecer, seu ingrato do caralho.

— Ingrato é teu cu. - Gargalho com a sua reação. - Para de rir porra, estou sentindo dor aqui.

— Ok, desculpa. Vou passar a pomada. - Pego a mesma em cima do criado mudo ao lado da cama e começo a passar, dessa vez, delicadamente sob seu abdome. - Pronto Munson, novo em folha!

— Mais ou menos não é? - Sorrindo preguiçosamente ele joga seu braço em seus olhos, deixando à mostra algumas das suas tatuagens, tampando metade do seu rosto. - Deus que vontade de enfiar uma tora de madeira no cu daquele babaca. - Engasgo com a sua fala. Eddie é louco, mas dificilmente é violento. - Estou com raiva Williams, o mínimo, é que eu queira matar aquele mauricinho vagabundo.

— Farei o meu melhor hoje. - Meu tom de voz era sugestivo. Imediatamente Eddie tira o braço de cima dos olhos e arqueia as sobrancelhas.

— O que você pretende fazer Hazel? - Pergunta baixo. Dou de ombros e sorrio.

— Nada. Vamos ver o que pode rolar. Não esquece que minha mãe volta do trabalho às oito horas - Sorrio maligna e me despeço dele, dando um beijo em sua testa, deixando o cabeludo com um olhar chocado.

Saio de casa sorrindo, olho para o céu e o dia estava lindo. Céu limpo, com poucas nuvens e o sol da manhã queimava lentamente minha pele. Saltitante sigo até a casa de Robin, sabendo que ela pega carona com Nancy ou Steve.

— O que faz aqui? - Pergunta quando percebe minha presença.

— Bom dia para você também minha querida amiga, hoje irei de carona com você e quem aparecer.

— Bom dia... - Seu tom era desconfiado. - E o Munson? Brigaram de novo? - Suspiro triste e nego com a cabeça. - Ele não vai para o colégio?

— De certa forma, não. E possivelmente não vá nos próximos três dias. - Pensativa encarava o vazio.

— Por quê? - Agora sua voz era preocupada. Suspiro preparada para contar o que houve ontem, mas o carro de Steve aparece.

— Bom dia minhas garotas, sua carruagem chegou. - Fala com o sotaque mais caipira possível.

— Juro por Deus que não sei o porque somos amigos. - Robin entra no carro, sentando-se no banco do passageiro e eu me ajeito no banco dos fundos.

— Concordo.

— Eu sou o palhaço dessa amizade aqui.

—Concordo muito. - Robin fala sorrindo. Sinceramente, se Robin não gostasse da mesma fruta que Steve, esses dois seriam um ótimo casal. Ainda bem que Robin gosta de pêssegos e não de berinjelas, Deus nos livre de aguentar Steve como namorado.

— Agora me explique o por que a pequena miss sunshine está aqui. - Dirige o olhar, pelo retrovisor, para mim. Sorrio para ele.

— Precisava de uma carona. - Dou de ombros. - Eddie está um pouco incapacitado hoje.

— Incapacitado ein... - Seu tom de voz era malicioso, suspiro derrotada. - Ah desculpa, esqueci que você gosta dele.

— Eu não gosto dele.

— Gosta sim. - Os dois respondem ao mesmo tempo. Bufo irritada.

— De qualquer forma, não é por esse motivo que ele não pode vir. - Falo baixo.

— O que houve com ele? - Steve agora tinha um olhar e seu tom era preocupado.

— Ontem, no horário da saída Liam e os meninos pegaram ele...

— Meu Deus do céu. - Robin coloca as mão sob a boca, assustada. - Ele está bem?

— Sim, agora ele está. Mas na hora foi assustador, eu pensei que iria perde-lo. - Vago em meus pensamentos, recordando as cenas de ontem. - Liam, Jason e Billy apareceram. As aulas já tinham terminado a um bom tempo, não tinha mais ninguém no colégio....

— Que filhos da puta. - Steve bate forte no volante com raiva.

— Jason me segurou, impedindo-me de ir até Eddie. E... - Suspiro fundo. - Billy segurou Eddie, deixando com que Liam batesse nele.

— Covarde do caralho, sabia que sozinho ele não conseguiria. - Robin declara baixo, com tanta raiva quanto Steve.

— Eddie apareceu para uma reunião com o Hellfire e graças a Deus eles vieram nos ajudar. Não sei quanto tempo fiquei ali observando Eddie apanhar, mas ainda bem que os meninos apareceram. Dustin até bateu no Billy. - Sorrio com a lembrança do menor montado nas costas do loiro.

— Esse é o meu garoto. - Steve fala com orgulho. - E depois?

— Eu e os meninos levamos Eddie para minha casa e lá eu cuidei dele. Agora ele já está melhor, se esta fazendo piadinha é por que ele esta bem. - Vejo Robin afirmando com a cabeça.

— Depois das aulas a gente vai visitar ele. - Steve fala e volta a prestar atenção na rua.

— Espera ai... - Robin vira para trás rapidamente, me encarando sugestiva. - Quer dizer que Eddie dormiu na sua casa? - Levanta as sobrancelhas. - E vocês só dormiram?

— Pelo amor de Deus Robin, o garoto estava todo acabado e...

— A gente se beijou, de novo. - Interrompo Steve, consigo ver o choque no seu rosto pelo retrovisor.

— Pela segunda vez?! - Robin pergunta animada.

— SEGUNDA? - Steve não sabia mais em quem prestar atenção.

— Terceira na verdade... - Sorrio abertamente para Robin, os olhos da garota arregalam-se.

— Esta brincando que vocês já se beijaram de novo.

— Me perdi gente. - Steve fala abaixo, mas alto o suficiente para nós duas escutarmos.

— Seu pateta! - Robin desfere um tapa na cabeça dele, que reclama de dor. - Eles se beijaram quando foram em frente com aquele plano louco da Hazel...

— VOCÊS TRANSARAM?! - Rolo os olhos, mas rio baixo com a sua reação.

— Não, não transamos Steve. Mas foi quase. - Recordo-me da noite do acordo e sinto um arrepio em meu corpo. Um arrepio bom.

— Ok e a outra vez? O outro beijo, quer dizer. - Robin estava curiosa, parecíamos três senhorinhas fofoqueiras.

— Foi na segunda feira.

— Segunda feira dessa semana? - Steve pergunta com uma careta.

— Não idiota, na segunda feira que vem. Óbvio que foi nessa semana. - Robin rola os olhos irritada.

— Foi apenas uma pergunta, sua louca. - Começa a estacionar o carro na mesma vaga de sempre.

— E depois nos beijamos na banheira, ontem. - Sorrio com a lembrança dos seu lábios nos meus.

— Isso ai Eddie. - Steve comemora levantando a mão.

— Na verdade a última vez quem beijou ele fui eu.

— Manda a ver garota, arrasa. - Robin e eu fazemos um high-five.

Sorrindo descemos do carro e seguimos em direção a entrada. No meio do caminho encontramos o time conversando em volta do carro de Jason. Encaro eles e observo Billy e Liam de braços cruzados.

— Cadê a sua sombra hoje Williams? - Billy pergunta alto o suficiente para todo o estacionamento escutar. Sorrio maligna em sua direção.

— Esta dentro do seu cu Hargrove. - Observo o loiro arregalar os olhos, mas imediatamente o olhar soberbo volta.

— Ignora eles. - Robin diz empurrando-me para a entrada. Suspiro irritada.

Hoje será um longo dia.

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Durante o intervalo me sento com o Hellfire, dada a situação do que aconteceu ontem, Steve, Nancy, Jonathan e Robin também estavam sentados conosco. Parecíamos o grupo mais eclético possível.

— Ele está bem, óbvio que os hematomas não vão sarar da noite para o dia, mas ele está bem. - Acalmo os meninos que estavam preocupados com seu líder. - Em breve ele já vai estar tocando o terror na campanha. - Sorrio alegre e eles comemoram.

— Depois das aulas a gente vai visitar o cabeçudo. - Jeff fala e os outros concordam.

Conversamos tranquilamente, os meninos falam sobre a campanha da semana, enquanto Steve e o grupo fica confuso e tenta entender sobre o que se trata.

— Bem, os esquisitões sempre se encontram. - Escuto uma voz atrás de mim. Liam. - Senti falta do seu amiguinho durante as aulas... - Coloca a mão sobre o queixo, pensativo. - Fico me perguntando onde ele está? - Não faço o esforço de encará-lo.

— Já disse, ele está dentro do cu do Hargrove. Deveria procurar por lá, tenho certeza de que você já é familiarizado com essa região. - Dou de ombro e continuo comendo meu lanche. A minha frente vejo Steve arregalar os olhos com minha resposta.

— Quer ver seu amiguinho apanhar de novo Williams?

— Por que? Vai ser covarde novamente e chamar seu grupinho de escoteiros, já que não dá conta sozinho? - Finalmente viro o corpo em sua direção, observando-o de cima abaixo. Liam é covarde o suficiente para precisar de Jason e Billy atrás dele. Babaca.

— Garota você não sabe o que fala.

— Você é quem sabe Johnson e te asseguro que se você resolver chegar perto de mim ou dos meus amigos, eu juro que não respondo pelas minhas atitudes.

— E das nossas atitudes também seu babaca. - Gareth fala dessa vez.

— Da próxima vez, procura essa coragem para transar comigo e não fugir como uma garotinha assustada. - Fala alto o bastante para que todos consigam o escutar, encara-me de cima a baixo com ódio e os três viram-se indo em direção a mesa do time, do outro lado do refeitório.

Sinto minhas bochechas esquentarem e não é de vergonha.

— Que idiota, quer que a gente bata nele Haz? - Brian pergunta. - Hazel? - Escuto sua voz preocupada ao fundo da minha mente.

Meu corpo estava quente, na verdade estava em chamas com tanto ódio. Os nós dos meus dedos encontravam-se brancos, de tamanha a força que apertava minha mão em meu colo. Respirando pesado e com raiva, levanto-me irritada pegando a bandeja de alumínio que tinha meu lanche, deixando que a comida que havia ali caísse no chão. Em passos pesados sigo em direção aos três idiotas.

— Hazel o que você vai fazer?! - Escuto a voz de alguém ao fundo. Mas já era tarde, meu corpo estava carregado de ódio e raiva e a única coisa que eu queria fazer era "enfiar uma tora de madeira no cu daquele babaca".

— Ei, seu idiota! - Grito alto o suficiente para que ele sua trupe escutasse.

Percebo quando o moreno vira-se em minha direção e sem tempo para qualquer coisa ou pensamento que ele possa ter, acerto a bandeja de alumínio em seu rosto com toda a força que restava em meu corpo. Imediatamente o moreno leva as mãos até o rosto, onde ficou bem claro que fiz alguma coisa com aquele nariz. Seja um corte ou até quebra-lo.

Observo os outros dois loiros indo até ele para ver o que aconteceu. Ainda possessa de raiva desfiro um chuto entre suas pernas, com tanta força quanto acertei seu rosto.

— Sua maluca! - Jason grita em minha direção.

— Isso é o que acontece quando mexe com meus amigos. - Jogo a bandeja, que estava amassada pelo impacto, na direção do moreno ajoelhado no chão. Volto a andar em direção a mesa do Hellfire, com todo o refeitório encarando-me assustado.

Sempre fui a boa aluna, a estudante quietinha, com boas notas e amiga do esquisitão. Não me surpreende a atitude dos outros perante ao meu surto de raiva. Em minha defesa, eu tenho um ótimo álibi.

— Hazel Williams! - Escuto a voz da inspetora, que sempre está entre os alunos. - Diretoria, agora! - Suspiro e sigo em direção a velha com cara de saco murcho.

Preciso parar de falar como Eddie ou então vou me transformar nele.

Observo meus amigos olhando-me sorrindo, com exceção de Nancy que estava chocada demais. Gareth e Steve me mandam um positivo e Jonathan com Robin fazem um high-five. Sorrio orgulhosa, poderia até levar uma detenção e até mesmo uma suspenção, mas valeria a pena.

— Onde já se viu, esses alunos vão me levar a loucura. - Ela fala enquanto seguíamos em direção a diretoria, o que não era muito longe. Suspirando levemente, deixo minhas palavras de defesa para o diretor. - Senhor? - Bate na porta com o nome dele. Escuto um murmuro positivo e entramos. - Esta aluna estava batendo em um dos jogadores do time. - Encaro a velha com a sobrancelha arqueada.

— Williams? - O diretor olha-me chocado, o próprio conhece meu histórico. Afinal já conversou várias vezes com minha mãe sobre como sou uma aluna excelente. - Isso é verdade? - Afirmo com a cabeça, sem nenhum remorso do que fiz. - Obrigado senhora Palmer, pode se retirar. Eu assumo daqui. - A velha com cara de saco sai da sala deixando-me sozinha com o diretor, sento-me na cadeira a sua frente. - Esse não é um comportamento comum seu senhorita Williams.

— Concordo totalmente, mas não me arrependo do que fiz. Ele mereceu e tenho testemunhas para provar.

— Conte-me o seu lado da história então, darei um crédito a você por seu histórico. - Apoia as mãos cruzadas em cima da mesa, prestando atenção em mim.

— Basta apenas olhar as câmeras de segurança exteriores e verá o por que fiz isso. Normalmente sou a favor da frase violência só gera mais violência, mas esse idiota mereceu.

— Linguajar.

— Desculpa. - Respiro fundo tentando manter a calma. - Mas vai por mim, olhe as gravações das câmeras externas e verá que eu tenho um álibi. - Suspirando o mais velho pega o telefone, entrando em contato com a secretária.

— Vamos. - Levanta-se lentamente.

— Onde? - Confusa o sigo para fora da sua sala, encontrando Liam sentando com um saco de gelo em seu rosto e enxergo sangue ao redor do nariz. Sorrio orgulhosa em sua direção.

— Sala de segurança. - Responde simples e seguimos em direção a outra sala, não muito longe dali.

Ao entrarmos havia apenas um senhor de cabelos grisalhos, comendo um salgadinho qualquer e bebendo refrigerante, de costas para as telas.

— Senhor Jones, o que faz aqui? - Ajeita-se na cadeira deixando de lado o saco de comida. Respirando fundo o diretor apenas ignora a cena.

— Quero ver as gravações de ontem.

— Qual horário? - O senhor encarava o mais velho confuso. O diretor dirige o olhar em minha direção.

— Ah... Acho que umas quatro e meia da tarde, na parte do estacionamento. - Pensativa tento me lembrar do horário e espero estar correta.

— Mas o prédio já estava vazio a esta hora, não havia mais ninguém. - Confuso ele começa a mexer nos botões, deixando que o telão principal transmita a imagem de ontem. A qualidade não era as das melhores, mas era possível perceber e distinguir as figuras na tela.

— O que é isso? - Diretor Jones pergunta observando a imagem na tela. A cena era instantes antes de começarem a bater em Eddie. - Aquele é Edward Munson? - Faço sinal positivo. - E William Hargrove?

— O próprio. - Afirmo novamente. Não demora muito para a cena na tela mudar e eu estar sendo segurada por Jason e Liam começar a bater em Eddie.

Por mais que a qualidade de imagem estivesse péssima, evito olhar, lembrando-me do pavor que senti naquele momento.

— Isso já é o suficiente Wilson, obrigada. - Declara antes mesmo dos meninos do Hellfire aparecem na tela e sem dizer nada segue para fora da sala, o sigo. Assim que entramos em sua sala novamente, sento-me novamente a sua frente. - Bem, você tem um álibi. Mas não significa que é certo. Pode me dizer o por que aquilo aconteceu?

— Terminei com Liam e ele pensou que fosse por culpa de Eddie. - Respondo simples, já que era mesmo esse o motivo.

— Adolescentes... - Murmura negando com a cabeça. - Senhorita Williams como eu disse compreendo a situação e do por que fez aquilo, em defesa do seu amigo...

— Na verdade bati nele por que ele me provocou durante o intervalo. E tenho testemunhas para provar. - Interrompo-o e ele suspira cansado.

— Certo, mas de qualquer forma ainda preciso penaliza-la. São as normas. - Aceito normalmente, afinal de contas é justo. - Por conta do seu histórico impecável, darei apenas uma suspensão de três dias.

— Eu aceito a suspensão tranquilamente diretor, mas apenas se Liam, Jason e Billy também forem penalizados. - Cruzo os braços o desafiando.

— Não se preocupe, eles terão uma suspensão de quinze dias e estarão fora do time. - Sorri minimamente. - Somos justos por aqui senhorita Williams. Até o horário final das aulas você ficará na detenção, pegue suas coisas. - Afirmo com a cabeça e saio da sala, encontrando Liam ainda ali parado, mas dessa vez com Billy e Jason ao seu lado. Sorrio maligna para eles, em um sinal de "eu avisei". Billy mostra-me o dedo do meio.

— Hargrove! - Escuto a voz pesada do diretor, o loiro suspira irritado. - Os três para minha sala, imediatamente. - Sorrindo abertamente sigo para a saída, em direção ao meu armário buscar minhas coisas. Esperando por mim estavam o Hellfire e meu grupo de amigos, quando percebem minha aproximação eles sorriem.

— Como foi lá? - Nancy pergunta preocupada.

— Uma suspensão de três dias. - Abro meu armário pegando minha mochila jogada ali. Nancy arfa. - Esta tudo bem Nancy. - Acalmo-a. - Os três babacas se ferraram mais, o diretor foi compreensível do porque eu fiz aquilo. Mostrei as gravações da segurança. - Deixo a boca em uma linha e o pessoal entendeu. - Mas vou ficar na detenção até o horário da saída.

— A gente te busca e vamos todos juntos visitar o Eddie. - Steve fala e eu confirmo sorrindo, me despedindo deles e seguindo em direção a sala de detenção.