No embalo Dela

Mudar pra que?


Katniss -

Delly era pequena e magra, apenas um bundão que lhe dava um pesinho a mais, pesava cerca de 51 quilos, já Madge emagreceu muito, foi de 53 para 48 quilos. Mas o peso das duas em cima de mim era como o de uma dúzia de tijolos de cimento.
– Kat, acorda! Vamos tomar café - Madge falou saindo de cima de Delly, para que a ruiva saísse de cima de mim também.
– Já vou- Bocejei e me espreguiçei, puxando a coberta.
– Vamos descer okay? Nos encontra la em baixo?
Assenti a cabeça em resposta a ruiva e as vi sair do quarto tagarelando sobre a aula de biologia.
Resolvi não me demorar na cama improvisada e levantar logo. Dobrei os cobertores e os coloquei no baú de madeira que havia ao pé da cama. Tomei uma ducha rápida e coloquei uma roupa íntima, pendurando a toalha no box enquanto pensava mentalmente na minha roupa.
"Não mude por alguém, apenas por si mesma" eu repetia para mim mesma a cada segundo que se passava.
Respirei fundo e decidi-me: eu estava bem assim. Mudar pra quê?
Puxei uma de minhas calças mais confortaveis e relativamente velha, um pouco surrada, mas a cor permanecia o mesmo azul escuro. Peguei uma camiseta verde clara com uma coruja voando e calçei meu querido all star preto.
Minha coleção de tênis era bem ampla e diversificada. Ia dos vans aos all stars, dos nike até os da puma. Os separava por marca, depois, por cores e estampas, do mais claro ao mais escuuro. E eu realmente os amava, mesmo quase nao usando alguns.
Penteei o cabelo em uma trança da lateral da cabeça, dand a volta por trás para o outro lado, até em baixo, onde prendi com uma borrachinha de silicone. Pus um casaco e desci para a cozinha, vendo a cara de reprovação de Madge sobre mim.
Minha mãe iria para a farmácia mais tarde hoje pois sua assistente e a estagiária estariam lá, logo, ela nos preparou um café da manhã com suco, fatias de bacon de peru, ovos mexidos e torradas com geléia de amora.
– Querem carona meninas? - Minha mãe ofereceu enquanto tomava o suco de maçã.
– Não tia obrigada, mas estou de carro hoje - falou Madge
– Okay. Kat, os meninos podem ficar no hospital até a próxima semana. Ben está de férias da faculdade, e Blaine transferiu o turno no trabalho para a manhã, entao Ben fica com seu pai de noite até de manhã e Blaine fica de tarde até de noite. Mas quando der eu vou tomar o lugar deles e vou querer você na farmácia.
– Okay. Mas quando eu vou poder ficar com ele?
– Quando fizer 18 ou quando alguém maior de idade ficar com você.
– Peeta Mellark! - Madge gargalhou - Quer que eu chame-o?
– Não precisa - Falei, sabendo que minhas bochechas estariam levemente coradas.
– Ah, antes que me esqueça, toma - me entregou um papelzinho amarelo dobrado - uma listinha de compras para colocar na geladeirinha que há no quarto do hospital. Assim quando ficarmos la, não teremos que gastar na cantina.
– Okay. Depois da aula compro.
Mamãe me deu um beijo e subiu para o quarto, enquanto eu e as meninas terminávamos de comer.
– Quer que eu vá com você Kat? - Delly falou entrando no carro, sentando-se no banco do passageiro.
Entrei atrás e Madge na frente dirigindo.
– Vamos todas, assim também compramos umas guloseimas - Falou a loira seguindo para a escola.
Eu separo os motoristas em três categorias: Bons motoristas, maus motoristas e aqueles que acharam a carteira de habilitação numa caixa de cereais, e Mad com toda certeza se encaixava perfeitamente nessa ultima categoria.
Durante o percurso passamos direto por três placas de pare, quase atropelamos uma senhora e um cãozinho, um sinal vermelho e arrancamos uma caixa de correio. Ótimo...
– Mad, posso dirigir para irmos ao super mercado? - Delly pediu quando chegamos ao estarcionamento.
– Estou ofendida agora! - Declarou a loira meio que rindo.
– Mad, eu te amo, mas você é realmente um perigo nas ruas - Gargalhei
– Kat! Sua traíra! - Ela riu pegando sua mochila de carrinho.
Madge era a única menina do ensino médio que usava essas mochilas, mas de acordo com ela, era muito melhor do que carregar todo aquele peso nas costas. No caso dela era mesmo, ja que ela carregava meio quilo de maquiagem na bolsa.
Entramos e a loira já foi chamada por outro grupo de meninas, aquelas do tipo popular sabe? Todas lindas, de corpo sarado e botox.
– Como foi mesmo que fizemos amizade com ela? - A ruiva perguntou, elevando o fato de sermos as nerds rejeitadas e Madge a típica popular.
– Minha mãe é amiga da mãe dela, e você é minha amiga. - Falei simplesmente.
– Ah sim...
Nos sentamos em uma das mesinhas do pátio, até o sinal bater para entrar na sala.
– Olha, o Cato e Thresh. - Delly falou com os olhos brilhando
Eu ri - Acalme-se ruiva.
Os meninos chegaram perto e Thresh se sentou ao lado de minha amiga, a qual quase explodiu por dentro, mesmo parecendo super tranquila por fora.
– Oi Kat - Cato me deu um beijo na testa e cochichou em meu ouvido - Thresh está amando as aulas com Delly.
Soltei uma risadinha, sabendo que se ela soubesse disso enlouqueceria. Delly ainda dava aulas para Thresh e mais dois alunos, enquanto eu so dei aulas a Peeta.
Ficamos conversando mais um pouco, até o sinal bater e entrarmos em sala. Segui com Cato, conversando sobre a aula de geografia, a qual ele começou a fazer comigo ja que o outro professor não gostava muito dele e ja tinham arrumado uma pequena encrenca. Nos sentamos bem na frente, onde gosto de sentar, e ele falou que Peeta ligou para ele na noite passada para falar de mim.
– Ele não disse exatamente que gostava de você, mas deu a entender.
Senti minha pele corar violentamente e agradeci mentalmente pelo professor ter entrado na sala.
O mesmo colocou a pasta de couro marrom sobre a mesa e nos passou uma folha de exercícios, com trinta questões e quatro assuntos de redação. Era uma matéria um tanto chata, mas essas listas ajudam bastante nas provas.
Olhei Cato e ele estava rabiscando a folha pelos cantos com minhas canetas coloridas.
– Cato, responde as questões.
– Vou fazer em casa - Ele sorriu galanteador e eu ri.
Tornei aos meus exercícios, fazendo-os com certa dificuldades ja que perdi algumas aulas. Mais tarde eu pediria ajuda a Delly na matéria.

O resto das aulas passou rápido, porém não vi Peeta nas matérias que fazia com ele, nem mesmo no intervalo o vi, mesmo que Cato tenha me falado que ele veio à escola.
Tentei ligar para seu celular, mas ele não atendeu e nem respondeu minha mensagem.
– Eu o vi, mas estava todo apressado - Delly informou-me quando estávamos entrando no carro.
Madge não ia mais conosco, as amiguinhas populares a chamaram para sair ela nos emprestou o carro.
– Eu tentei ligar e ele não atendeu. Quando ver a chamada perdida quem sabe ele me liga...
Delly deu de ombros e seguimos para o mercado.
– Já leu a lista? - A ruiva perguntou
– Dei uma olhadinha. Alguns biscoitos, cenouras para o Ben, batatinhas para Blaine, sucos em caixinha, barras de cereal para mim, e algumas comidas instantâneas para fazer no microondas da cantina.
– Por que cenouras pro Ben?
– Ele gosta. Em casa eu as fatio como batatas fritas e coloco em saquinhos, depois ele come.
Minha amiga riu e estacionamos em frente ao super mercado. Delly não gostava de colocar na garagem pois a mesma custava caro o suficiente para comprar duas nutellas que ela amava.
Demoramos aproximadamente quarenta minutos para fazer as compras com tudo que minha mãe pediu e algumas porcarias como chocolates, toddynho, pãezinhos de mel e outros.
Mas a todo tempo eu pensava por que Peeta ainda não tinha me ligado, e segui pensando nisso em todo o percurso da volta. Ele com toda certeza teria visto a ligação...
– Kat!
Assustei-me com Delly me chamando, so então me toquei que estávamos na porta da minha casa.
– Pensando em Peeta? - Ela riu
– Mais ou menos...
Peguei apenas as cenouras e alguns biscoitos para deixar em casa. Limpei e cortei as cenouras para levar ao hospital para meu irmão e as coloquei em pacotinhos.
– Vou levar você e ir na casa da minha tia okay? Tenho que cuidar da minha priminha.
– Okay Delly, vou ficar com meu irmão lá. - Respondi.
Antes de sair peguei uma bolsa com uma muda de roupa, dois livros, um baralho e um joguinho de mão que eu sabia que Blaine e Ben adoravam.
– Pronta? - A ruiva perguntou.
– Sim - Falei, rumo ao carro e enfiando o celular no bolso, ainda na esperança de Peeta me ligar.