O nome dela é Shiira. Uma das mulheres mais lindas que já vi. Quando apareceu no vilarejo, estava toda machucada. Cuidei dos ferimentos. Três dias depois, ela caiu da escada e torceu o tornozelo. Foi quando percebi: era um perigo para si mesma. Exatamente como uma pessoa que conheci seis anos atrás...

Acho que o destino me ouviu. Era um dia normal. Meu amigo Pietro ligou, contando as novidades. Estava lendo um romance sobre um médico louco que criava um ser estranho após realizar uma trepanação em um de seus pacientes. Céus, Pietro. Estava rindo quando desliguei o celular. Só então percebi Shiira me observando de longe. Tímida, pediu desculpas.

Nós conversamos bastante. Quando um ferimento sara, ela consegue outro logo em seguida. Não vai deixar o hospital nunca! Acho que estou me apaixonando por ela. Por seus olhos dóceis, por seu sorriso gentil, por suas histórias loucas. E pela tristeza submersa nisso tudo.

Às vezes, ela tem pesadelos. Desperta no meio da noite, gritando. Corro para seu quarto para encontrá-la chorando, murmurando algo sobre cadáveres e olhos. Devia ter percebido mais cedo. Devia ter feito a ilação.

Mas só me dei conta quando a vi segurando os brincos Kuruta.