Lar

Meu corpo arrefecido parece mergulhado em uma substância etérea. Eu desmaiei de exaustão e não possuo mais forças para me levantar. De olhos fechados, aguardo meu epílogo. Não sei para onde estou indo, mas não sinto mais dor. Toda a tristeza que me maculava como os golpes de uma habena parece ter desaparecido. Eu... acho que estou nos braços de minha mãe. Depois de tanto tempo sem ouvir sua voz, sem ver seu sorriso, não consigo imaginar outra forma de partir deste mundo.

Escuto alguém chamar meu nome, mas não é a voz certa. De repente, percebo o calor a meu redor. Abro os olhos de leve... E vejo um sorriso que conheço tão bem. Leorio...

Você diz meu nome outra vez, e eu estou aqui. Eu estou aqui. Não quero ir a nenhum outro lugar. Eu estou vivo. Perdoe-me... Não tenho forças para te tocar, para acariciar seus cabelos... A única coisa que posso oferecer é meu sorriso. Você me puxa para perto, dizendo que me ama. E minha voz decide desaparecer justo agora... Mas, no fundo, sei que sabe que te amo também.

Fecho os olhos, sentindo seu cheiro. E, feliz, durmo em seus braços, onde encontro alento.