No Rugido Do Leão

Capítulo 25 - Terra Média - Metade da Jornada Cumprida


Abelle ouvia as batidas de seu coração. Sabia que teriam poucas chances de chegar a Fangorn, e achava que por culpa sua. Talvez, se ela não tivesse matado aquele orc, não teriam problemas. Não precisariam estar fugindo agora. Talvez, se ela não tivesse se levantado, os orcs não os atacariam.

– Belle! - Sam chamou - Água!

Ela tirou seu cantil da mochila. Sam e Caspian colocaram PL sentado em uma rocha, e Belle lhe entregou o cantil. PL bebeu tudo num só gole, pois ardia em febre.

– Quanto falta para Fangorn? - Caspian perguntou.

– Para começarmos a avistar as árvores, 10 km. - Legolas falou - Para entrarmos em suas fronteiras, 20 km.

– Animador... - Caspian falou.

– Mas para começarmos a avistar orcs, só 15 minutos! - Gimli segurava seu machado, impaciente. - Se o senhor já estiver se sentindo melhor, devemos continuar!

– Legolas! - Belle pediu - Confirme!

O elfo subiu nas rochas, desaparecendo na montanha. Sam e Caspian ergueram PL, e voltaram a caminhar. Nem esperaram confirmação, só caminharam.

– Sabe uma coisa que seria útil agora? - Caspian comentou, ofegante.

– O que seria? - Belle perguntou.

– Um centauro. - Caspian fez Sam rir - Poderia lutar e carregar ele ao mesmo tempo!

– Duvido que um centauro vá querer carregá-lo, - Sam respondeu - isso é questão de honra.

– Pouco importa agora, temos que nos lascar carregando ele mesmo! - Caspian bufou.

– Eu ainda estou aqui. - PL retrucou, revoltado.

– Pois é, e você é pesado! - Caspian fez Sam rir outra vez.

Ouviram o zunido de flechas no ar, o que fez Belle ajudar a Caspian e a Sam a carregar o ferido. Gimli corria com toda a força de suas perninhas, mas ficou sempre na retaguarda. Logo seu machado rachou a cabeça de alguns orcs apressados. Ele matara 5, espirrando seu sangue negro nas paredes rochosas.

– Agora são 6! - Gimli berrou, arrangando a cabeça de um orc em um único golpe, e depois virou-se, acertando outro na barriga - Sete!

Ouvir a contagem de mortes do anão fez com que eles recuperassem o fôlego, o ânimo, e a energia. mas para a esperança faltava algumas centenas de orcs. Belle largou a irmã, pegou o arco de Caspian e derrubou 5 orcs com uma única flecha.

– Quer que eu conte estes para você? - ela perguntou, gentil, enquanto derrubava mais 4.

– Não, anões tem seu orgulho! - ele berrou, furioso - 9...10...11...

– Tá bem! - Belle resolveu contar também - Foram 9, com esse, 10 ... 11...12...

Legolas surgiu nas montanhas, atirando em outros orcs.

– 25...26...27...28... - ele contou alto, se gabando.

– Exibido!!!!!! - Belle berrou, fazendo o elfo rir.

– Nenhum orelhudo vai me deixar para trás! - Gimli ficou furioso, decepando a cabeça de mais 4 orcs de uma única vez - 15!

Samantha e Caspian corriam, carregando PL. Já estavam exaustos e ofegantes, mas não podiam parar. Não queriam parar. Eles correm juntos, em ritmo constante, sempre tentando não pensar no peso do amigo. Que parecia aumentar a cada minuto. Abelle conseguiu matar 5 orcs que estavam em seu encalço e correu, alcançando os três. Mas não parou. Ela corria muito mais rápido que eles, e logo tomou a dianteira.

– Abelle! Isso não ajuda! - Sam gritou, ofegante.

– Para onde será que ela está indo? - PL perguntou, curioso.

Alguns passos adiante, encontraram os corpos de três orcs caídos no chão.

– Ela está abrindo caminho! Vamos! - Caspian incentivou.

Abelle corria na frente. Um orc pulou da montanha sobre ela. Ela caiu no chão com o peso dele, não esperava por essa. Ele mostrava seus dentes pontudos, e sua baba gosmenta escurecia a boca dele.

– Não deveria andar sozinha pela floresta! - ele falou, sua voz era aterrorizante.

Belle pegou uma flecha com a mão livre e cravou em sua testa. Ele cuspiu sangue, e desmaiou. Ela o empurrou de cima dela, enojada.

– E você, devia usar enxaguante bucal! - ela limpou o suor da testa com a manga do vestido - Vinte e um!

Belle olhou para frente. Podia ver Sam e Caspian ao longe na estrada, carregando PL. Ela olhou ao redor. Árvores se erguiam ao redor dela, e a grama verdinha era macia sob seus pés. A luz fria e fraca do início do amanhecer iluminava a floresta, dando-lhe um frescor primaveril.

– Fangorn... - ela disse. - Legolas estava errado, não era tão longe assim.

– Abelle! O caminho! - Sam berrou, já exausta.

Abelle acordou de seu devaneio, e voltou a correr. Agora já nem sabia mais por que corria, mas era necessário. Ela voltou a ouvir seu coração batendo outra vez forte. O medo invadindo-a outra vez. Ela olhou novamente para trás. Não conseguia mais ver seus amigos, mas ainda podia ouvir o som dos orcs se aproximando. Ela sentiu um impacto forte, e caiu no chão.

– Quem pôs essa árvore aí???????? - ela berrou, esfregando a testa.

O tronco rangeu. Movendo-se lentamente, ele se virou, de modo a ficar de frente para ela. Quanto mais ela olhava para cima, mais achava que essa árvore não tinha fim. O tronco se curvou, e ela viu um enorme rosto, com feições humanas, nariz enorme, e uma barba comprida e verde. Seus cabelos eram os galhos folhados da árvore.

– Wow... - foi tudo o que ela conseguiu dizer.

As feições do rosto da árvore tornaram-se bravas e ameaçadoras. Ele a pegou uma enorme mão troncosa, onde insetos e formigas caminhavam tranquilamente. Belle se debatia, a enorme mão a machucava. Ele a ergueu até próximo de seu rosto.

– Agora peguei vocês, seus orcs! - a voz dele parece um trovão - Acham mesmo que podem invadir minhas terras?!

– Meu senhor, reconheço por suas feições que o senhor é um ent, não é? - Belle perguntou, meio sem fôlego.

– Hummm... - ele a aproximou ainda mais de seu rosto, para enxergá-la melhor - Um orc inteligente... mas isso não impede que eu o esmague como a um fruto de laranjeira!

– Não! Eu não sou um orc, meu senhor! - ela se deseperou - Eu sou uma peregrina, meu nome é Abelle! Tenho aqui uma pequena caravana com meus amigos, que partiu de além das Terras Selvagens em direção á Gondor! Peço permissão para passar por suas terras!

– Hummmm... - ele olhou para ela - Para Gondor... Eu tinha dois amigos em Gondor... Eles eram um pouco menores que você... Até se pareciam um pouco com você... Também queriam ir para lá... Parece que tinham uma missão... busca... algo do tipo... Teria adorado conhecê-los! Por que não fazemos uma visita?

– Meu senhor! - Belle suplicou, sem fôlego - Perdão, mas meus amigos estão em perigo! Alguns orcs invadiram suas terras para nos perseguir e....

– Orcs! - ele esbravejou, com sua voz de trovão - Aqueles malditos seres não podem entrar em meus domínios! Jamais entrarão nos domínios de Barbárvore!

Ele caminhou furiosamente, seus pés de raízes faziam um estrondoso barulho de trovão. Barbárvore colocou a mocinha em seus galhos, e Belle sentou-se e se segurou bem firme. Ela se inclinou para frente, para ver o maravilhoso espetáculo.

Lá embaixo, Samantha se esforça o máximo que pode para carregar PL. Um esforço quase sobre-humano. Mas um maltido tronco oco atrapalha seu caminho e suas intenções.

– Samantha! - Caspian berra, enquanto cai no chão junto com ela.

– Foi mal, ele estava no caminho! - ela se desculpa.

Samantha se vira, para tentar levantar, mas então um orc salta sobre ela. Sam berra de terror, e abraça PL, na tentativa de protegê-lo, mesmo em seu último suspiro. Então, uma enorme e grotesca mão de galhos (ou seria um galho em forma de mão?) joga o orc ainda em seu salto contra uma árvore próxima. Uma raiz enorme o esmaga fortemente. Samantha, ainda aterrorizada, constata aquilo que só ouvira falar em suas histórias: uma enorme árvore começa a atacar os orcs, esmagando-os com os pés jogando-os longe com os braços.

Os orcs restantes, fugiram, desesperados, com emdo da grotesca criatura. Samantha olha para Caspian, querendo confirmar se ele viu a mesma coisa que ela. A cara de espanto, e as faces mais brancas que o normal confirmam a ela o que desejava saber.

Legolas chega, com seu arco em punho, e Gimli logo atrás, apressado.

– Hey, rapazes! - ela chama, do alto do gigante tronco - Eu devo contar os orcs que matei agora como meus?

– Isso foi trapaça! - Gimli berra.

– Nem todo mundo é elfo! - Legolas sorri, debochado.

Samantha olhou para o lado, aliviada. Mas seu alívio logo deu lugar para um novo terror: Passo Largo estava inconsciente.