No Rugido Do Leão

Capítulo 20 - A Terra Média - Momentos em Valfenda


Samantha saiu da casa e entrou em outra, também vazia. E depois outra, outra, e mais outra, sempre gritando, chamando por alguém que não estava ali. Ninguém estava ali.

– Hey! Hey! - o guia correu até ela, e a abraçou por trás - Está vazio! Está vazio!

– Está vazio... - Samantha começou a chorar - Está vazio...

– Calma... - ele sussurrou - Calma.

Samantha sentou-se em uma mureta, chorando copiosamente. O rapaz sentou-se do lado dela, para garantir que ela não faria nenhuma bobagem.

– Este lugar não pode estar vazio. Não pode! - Sam esbravejou - Não pode!

– Mas está! Aceite isso! - ele segurou-lhe as mãos.

– Não posso! Aceitar isso seria aceitar que perdi toda a minha infância com bobagens e contos que nunca existiram! - Sam chorava - Não posso ter jogado minha infância fora! Não posso admitir que minha avó era louca! Não posso admitir... que vim aqui por nada!

– Olha... - ele olhou-a nos olhos - Eu acho melhor te explicar por que este lugar está vazio.

Ele abaixou a cabeça. Aquele assunto era difícil para ele, pois ia requerer lembranças de um passado quase esquecido.

– Você deve saber sobre a Grande Guerra do O Um Anel, e sobre os heróis... - ele começou.

– Sim, minha vó me contou essa história. - ela cortou-o - Gosto da Sociedade do Anel: Frodo, Sam, Merry, Pippin, os hobbits; o Mago Gandalf; Aragorn, Boromir, o anão Gimli e o elfo Legolas.

Ele sorria, ao ouvir os nomes já quase esquecidos. Um em especial.

– Sim, a Sociedade. Então deve saber também que o Um Anel foi destruído e que a guerra acabou. - o rapaz disse, vendo Sam confirmar com a cabeça - Pois é. Acontece que depois da Guerra ter acabado, os elfos decidiram que era hora de retornarem à Valinor, pois era o tempo dos homens reinarem e julgarem, e o tempos dos elfos cessara. E todos se foram, junto com Gandalf, Frodo e Bilbo, que, embora mortais, conquistam o direito de viver o resto de seus dias junto aos Elfos e aos Valar, como reconhecimento de sua lealdade e sacrifício durante a Guerra contra Sauron e por terem sido portadores do Um Anel.

Samantha olhava para ele. Seus olhos azuis fitam o horizonte, distantes.

– Mas eu e Gimli ficamos, para cumprir um juramento, que fiz quando novo, conhecer as Cavernas Brilhantes e a Floresta de Fangorn. - ele disse, por fim.

Um brilho nos olhos da moça se acendeu. Se Gimli era o anão ruivo, este era......

– Sim, Samantha. - ele disse, com um sorriso lindo - Eu sou Legolas Greenleaf, filho de Thranduil, rei da Floresta das Trevas.

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– Ai! - grita Passo Largo. - Ai!

– Fica quieto! Será que vou ter que pedir para Caspian te amarrar? - Belle colocou as mãos na cintura.

– AAAAi! - Passo Largo gritou.

– Olha aqui bebezão! Isso vai ter que sair mais cedo ou mais tarde! - Belle apontou para a flecha na coxa dele.

– Eu prefiro que seja mais tarde! - ele choramingou.

Abelle sentou do lado do amigo. Já que não dá pra tirar a flecha, é melhor deixar ele descansar. Ela colocou a perna dele em seu colo, e limpou o sangue que escorria da ferida.

– Então... Por que Samantha pediu para ser levada para cá? - Passo Largo tentou se distrair da dor - Ela já esteve aqui?

– Não... - Belle sorria - Ela só tinha ouvido histórias, lendas sobre este lugar. Quando a gente era criança, vovó cantava uma melodia no piano que dizia que:

Em Valfenda a resposta mora

Em seus muros a direção habita

Ou alguma coisa assim. Mas foi só. A gente nunca veio para cá. Na verdade, eu achei que este lugar ia estar lotado de gente com orelhas pontudas e cabelos lisos cantando e dançando. É estranho ver tudo vazio.

– Deve ser mesmo... - Passo Largo comentou.

Abelle se levantou e segurou a flecha com as duas mãos. Ele já tinha descansado o suficiente.

– Tá legal, no três!

– Não, espera! Eu não tô preparado! - Passo Largo se desesperou.

– Um...

– Calma, vamos conversar!

– Dois...

– Tem que ter outro jeito!

– Três!

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!

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Caspian passeia sozinho pelo local. Todos os outros estão ocupados, não vão sentir sua falta. Mas o espírito de aventura acordara nele, e na verdade, não queria estar com mais ninguém. Ele observa os murais com cenas heroicas. Na verdade, ele mesmo não conhece nenhum destes heróis, mas devem ter sido muito importantes.

Ele parou na frente de uma pintura, que lhe chamou a atenção. Era a pintura de uma família, grande, bela e unida. Tinha um rei alto e sábio, uma rainha doce e gentil, uma moça de cabelos loiros (17 anos), uma menina de cabelos castanhos (15 anos), uma garotinha de cabelos negros (7 anos) e um bebê de cabelos loiros (3 anos). A irmã mais velha lhe era muito familiar, como se ele a tivesse visto em um sonho.

– O que está fazendo? - Sam pergunta, se aproximando.

– Hum? Nada. - Caspian responde, distraído. E então, se vira para o guia - Por acaso o senhor saberia me responder quem seriam estes?

– Oh sim! - Legolas se aproximou da pintura - Esta é a Casa de Telcontar. A Casa foi fundada por Aragorn II durante a Guerra do Anel, que era o último sobrevivente herdeiro da casa de Elendil. O rei, como o senhor pode ver, é Aragorn II, rei de Gondor, coroado pelo mago Gandalf. A mulher ao seu lado é sua esposa, Arwen, elfa filha de Elrond, senhor dos altos elfos de Valfenda. E aqui, os seus filhos: Eldarion, seu filho mais novo e herdeiro do trono, Linnã, Gailnaur e Celebrian, a mais velha.

Samantha caminhou lentamente em direção à pintura, e a analizou. Aquela moça, por que lhe era tão familiar e tão importante? Sam passou seus dedos pelos cabelos loiros da irmã mais velha. Era quase como se visse um espelho. Ergueu seus olhos e viu o rei, grande e majestoso, mas também bondoso e gentil. Havia algo também familiar nele. E ela não sossegaria até descobrir o que era.

– Mestre Legolas, - ela disse, quase como um sussurro - agora peço-te não como uma carrasca, mas como uma amiga, entregando-me aos seus cuidados, e o senhor, aos meus.

Legolas sentia seu coração pulsar forte. Jamais se sentira tão jovem e vivo quanto agora, pois sabia exatamente o que ela queria, só esperava que ela dissesse.

– Sirva-nos de guia, mais uma vez. - ela pediu, fazendo Caspian ficar curioso, ou assustado. - Leve-nos a Gondor.