No Ritmo do Amor

Semanas depois...


Os dias Passaram voando e Carlos Daniel e eu tivemos que voltar a nossa realidade e juntando todas nossas forças seguimos de volta ao México onde começaríamos o tratamento de Carlos Daniel...

– Tenho medo de te deixar sozinha! Carlos Daniel me confessou enquanto o avião decolava.

– Não tenha, porque você não me deixara... não vou permitir! Disse o olhando nos olhos de forma carinhosa. – estarei com você, meu amor! Completei entrelaçando meus dedos nos dele e segurando sua mão lhe transmitindo segurança.

– Obrigado! Ele disse pensativo enquanto me olhava fixamente. – eu te amo! Completou ainda me olhando.

– Eu também te amo!Disse lhe oferecendo um sorriso.

Devolvi seu olhar me perguntando o que estava se passando na cabeça dele naquele momento... Nossas mãos ainda estavam entrelaçadas como se a necessidade de contato fosse algo vital para nos.

– No que esta pensando? Perguntei já que a única forma de descobrir como ele se sentia sobre tudo naquele momento.

– Que não quero ter de me separar de você... Que ainda quero ser feliz ao seu lado... Que não tive o suficiente de você... Que tenho medo de deixá-la sozinha... Que quero construir uma família com você... Dizia enquanto olhava nossas mãos entrelaçadas.

Não pude deixar de sentir um aperto no peito... Ele estava pensando em mim, apenas em mim... Em momento algum ele estava preocupado consigo mesmo, apenas no nosso amor, em minha segurança.

– Vamos vencer! Disse sorrindo. – não vou permitir que você desista, não vou permitir! Disse o olhando seriamente enquanto me aproximava lhe dando um beijo rápido para amenizar meu tom.

Carlos Daniel passou a maior parte da viagem dormindo devido aos remédios que tomou para dor... E imaginei que a altitude poderia esta ajudando a agravar suas dores de cabeça... Tentei dormir, mas não conseguia parar de pensar em Carlos Daniel e passei um bom tempo o admirando dormir, estava sereno, calmo...

“Deus, não me tire ele” pensava enquanto o olhava dormir. “Por favor, eu lhe peço... permita que sejamos felizes juntos, permita que nosso amor seja forte o suficiente!”

Acabei adormecendo vencida pelo cansaço... E acordei quando já taxiávamos no México...

– Carlos Daniel? Chamei usando um tom baixo para não assustá-lo. – Meu amor? Chamei novamente, mas não obtive resposta alguma.

– CARLOS DANIEL? Chamei o balançando. – ACORDA! Disse enquanto o balançava com mais força, mas ele não se mexia e quando pensei no pior meus olhos se encheram de lagrimas enquanto meu coração martelava no peito...

– Por Favor, meu amor! Implorei enquanto enterrava meu rosto molhado pelas lagrimas em seu peito e chorava. – Acorde! Pedi.

As Pessoas passavam por nos, pareciam nem nos ver, me olhavam ali abraçada a Carlos Daniel, mas não se aproximavam, não faziam nada... Apenas seguiam em frente...

– Alguém, por favor, me ajude! Pedi olhando as poucas pessoas que ainda estava naquele avião...

As aeromoças ao notarem o que estava acontecendo se aproximaram de mim tentando me manter calma enquanto esperávamos pelo socorro que já estava a caminho... Eu não me separei de Carlos Daniel nem por um momento... Minha mão ainda estava entrelaçada na dele e não a soltaria... Fiquei agarrada a Carlos Daniel soluçando enquanto acariciava seu rosto pedindo a deus que ele ficasse bem, que ele não morresse...

O socorro chegou e então tive que separar nossas mãos e enquanto os paramédicos faziam o possível para salva-lo eu assistia tudo amparada por uma aeromoça que me dizia que ele ficaria bem... Eu sabia que ela só estava dizendo isso para tentar me acalmar. Mas rezava pedindo a deus que ela estivesse certa e que Carlos Daniel ficasse bom.

Segui na ambulância com Carlos Daniel... Os paramédicos tinha o colocado no balão de oxigênio... E vê-lo assim me doía tanto.

Depois de alguns minutos naquela ambulância finalmente chegamos ao hospital San Lorenzo onde Carlos Daniel faria seu tratamento. O medico dele já nos aguardava e logicamente fui impedida de acompanhá-lo nos exames que fariam agora...

Sentei-me na sala de espera e chorei, chorei em desespero com medo de que ele me deixasse, com medo de que ele se entregasse... O amava tanto, não suportaria viver sem ele, precisava dele... Depois de um tempo chorando, me lembrei que tinha que avisar dona Piedade que estávamos nos hospital liguei para a casa dos brachos, mas fui informada que dona Piedade havia saído de viagem com Rodrigo... Então deixei um recado com a governante e esperava que ela o desse a dona Piedade assim que ela entrasse em contato... E logicamente pedi que desse com jeito, afinal essa não era uma noticia que se dá de qualquer forma... Finalizei a ligação e voltei a me sentar em um canto, a sala de espera tinha apenas algumas pessoas, algumas pareciam tão felizes... E outras preocupadas... E enquanto estava sentada naquela sala de espera minha mente foi invadida por lembranças do nosso primeiro encontro.

Eu estava esperando para entrar na sala da diretora do instituto de dança onde tentava uma vaga como aluna... Ele passou por mim como um furação quase me derrubando, mal consegui vê-lo, mas senti tanta raiva naquele momento... E depois as horas que passei o esperando para nossa primeira aula... Lembro-me de vê-lo entrando na sala com toda sua elegância, com a cabeça baixa e as mãos nos bolsos da calça e então nos vimos pela primeira vez, me lembro exatamente como me sentir quando nossos olhares se encontraram... Foi como se milhares de borboletas estivesse levantando voou em meu estomago, mas disfarcei e coloquei uma fachada de profissional e também apesar da forma como me senti quando o vi ainda estava com raiva dele pela forma que se referiu a mim quando discutia com sua avó no escritório dela...

E apesar das lagrimas não pude deixar de sorrir ao me lembrar do desfecho do nosso primeiro beijo, ele me pegou totalmente desprevenida despertando em mim sentimentos tão intensos eu mesma senti medo de mim, por me sentir assim com alguém que ate então eu pensava ser o ultimo homem com quem me envolveria... Estávamos em uma trilha de bike e depois que ele me beijou eu fiquei tão brava que montei na bike e sai feito louca e isso resultou em um grande susto...

– O senhorita esta acompanhando o senhor Bracho? Uma enfermeira interrompeu meus devaneio, me levantei com pressa confirmando sua pergunta.

– O Doutor pediu que a acompanhasse ate sua sala! Disse a enfermeira de forma gentil.

Senti medo, medo pelo que o doutor poderia dizer... E enquanto seguíamos pelos gélidos corredores do hospital fiz uma rápida oração pedindo a deus que não o tirasse de mim...

– Senhorita Martins? O doutor me cumprimentou amigavelmente fazendo gesto para que me sentasse.

– Como esta o Carlos Daniel? Perguntei sem rodeios aflita por saber algo.

– Ainda não acordou! Disse enquanto me olhava seriamente. – Bom... Não vou mentir! Ele disse em tom preocupado. – O Caso do senhor Bracho é Grave! Disse sem rodeios fazendo meu coração se apertar diante de sua conclusão.

– Grave? Perguntei sem conseguir acreditar que tinha entendido direito.

– Sim... Ele sofreu um desmaio e acredite... Esses desmaios irão se tornar mais e mais freqüentes ate que um dia ele não voltara mais desses desmaios... se não fizermos uma intervenção o mais rápido possível!Explicou calmamente.

O que o doutor queria dizer com “Um dia ele não voltara desses desmaios”? Que Carlos Daniel morreria... Apenas pensar nessa possibilidade fazia meu coração doer, não uma dor física, uma dor na alma...

– Vão operá-lo? Perguntei ainda com o coração nas mãos. –e ele vai se curar? Completei esperançosa.

– Não temos como saber! Explicou me olhando com pesar. – apenas o tempo dirá!

Respirei fundo e me coloquei de pé...

– Posso vê-lo? Perguntei o olhando de forma suplicante,queria esta ao lado de Carlos Daniel quando ele acordasse, queria ser a primeira pessoa que ele veria assim que abrisse os olhos.

– claro! Disse me oferecendo um sorriso complacente. – uma enfermeira irá acompanhá-la ate lá!Sorriu.

Caminhar por aqueles corredores gélidos me deixava com um frio na espinha... Traziam-me tantas recordações das inúmeras vezes que fiquei com minha mãe internada. Segui pelo corredor em completo silencio ocasionalmente a enfermeira me dizia algo tentando me animar, era uma moça muito gentil, mas eu não tinha animo, queria apenas esta com o Carlos Daniel...

Quando finalmente chegamos a seu quarto a enfermeira se despediu de mim na porta e eu entrei sozinha... Ali estava ele, em uma cama de hospital, tinha o semblante sereno, parecia não sentir mais dores... Vê-lo assim fez um nó apertado se formar em minha garganta e eu fiz o meu melhor para não começar a chorar, não queria que Carlos Daniel me visse chorando quando acordasse... Sentei-me em uma cadeira a seu lado e fiquei ali em silencio velando seu sono.

Não sei quanto tempo se passou... Mas já era noite quando recebi um telefonema e rapidamente sai do quarto para não acordar o Carlos Daniel, era bom que descansasse... Era dona piedade morrendo de preocupação... Ela estava em uma viagem com seu neto Rodrigo e quando recebeu meu recado tomou um avião e estava pronta para voltar ao México, eu tratei de tranqüilizá-la de qualquer forma e ela disse que chegaria de madrugada...

Quando voltei para o quarto Carlos Daniel já estava acordado, estava olhando o nada, pensativo... Aproximei-me cuidadosamente e ele me olhou e me deu um sorriso... Senti meus olhos arderem.

– Como se sente? Perguntei engolindo o choro e me sentando a seu lado.

– Bem... A dor diminuiu! Sorriu enquanto me olhava. – te dei o maior susto, não é? Ele me perguntou me olhando com preocupação.

– sim... Me assustei! Disse enquanto acariciava seu rosto. – mas agora esta tudo bem! O tranqüilizei.

– me desculpe! Ele pediu. – não queria... Dizia, mas eu o interrompi antes que pudesse dizer mais alguma coisa.

– não se desculpe por isso! Disse rapidamente lhe oferecendo um sorriso. – agora descanse um pouco mais! Pedi enquanto me colocava de pé e me sentava na cadeira ao lado de sua cama.

Carlos Daniel permaneceu em silencio, com os olhos fechados... Parecia sonolento, talvez tenham Dado algum medicamento que causasse esse efeito.

– Meu amor? Ele me chamou com a voz rouca e me levantei alerta achando que estivesse sentindo alguma dor. –deite comigo aqui! Ele pediu arredando na cama e me dando espaço. - não consigo dormir sem te sentir! Explicou me olhando.

Ele não precisou pedir uma segunda vez... Me deitei a seu lado e ele me abraçou, sabia que levaria uma bronca das enfermeiras se me pegasse ali, mas já estava acostumada, inúmeras vezes dormir abraçada a minha mãe quando ela estava no hospital, era a forma que encontramos de nos mantermos próximas...

Não sei bem ao certo quando pequei no sono, mas acordei com o barulho de uma enfermeira, a mesma que tinha me levado ate o quarto de Carlos Daniel na noite anterior...

–Bom dia! Ela disse sorrindo de forma gentil. – me desculpe se te acordei, mas preciso monitorá-lo! Explicou sorrindo.

–Bom dia! Sorri. -esta tudo bem! Disse a tranqüilizando, esperei pela bronca, mas ela não veio.

– se quiser ir tomar um Café estarei por aqui! Ofereceu.

– obrigada... Estou mesmo precisando! Disse enquanto me levantava com cuidado para não acordar o Carlos Daniel.

– já ia me esquecendo... Os Brachos estão na sala de espera, eles chegaram de madrugada, mas quando vieram aqui vocês estavam dormindo!

– meu deus... Eu tinha me esquecido que eles chegariam!

Pedi licença e sai... Carlos Daniel dormia ainda e talvez demoraria a acordar...segui direto para a sala de espera.

– Bom Dia! Disse ao ver dona Piedade e Rodrigo jogados nas cadeiras cochilando.

– Paulina! Disse dona Piedade se levantando rapidamente. - bom dia,que bom que acordou! Sorriu mais tranqüila do que estava quando conversei com ela ao telefone na noite passada.

– Bom dia Dona Piedade!A cumprimentei e em seguida cumprimente Rodrigo. – Carlos Daniel ainda esta dormindo! Informei ao notar a ansiedade de dona Piedade por saber de seu neto.

– Conversamos com o Medico dele assim que chagamos e depois de tudo que eles nos explicou sobre o caso do meu neto eu não sei o que pensar ou como me sentir com essa cirurgia! Explicou dona Piedade aflita.

– é muito delicada esse cirurgia... Mas eu confio que Carlos Daniel vai resistir! Disse tentando tranqüilizá-la e ao mesmo tempo me tranqüilizar.

Nos sentamos na sala de espera e ficamos conversando um pouco, mas logo fomos interrompidas pela enfermeira que veio nos avisar de que Carlos Daniel já havia acordado e estava me chamando... Segui com dona piedade e Rodrigo ate o quarto de Carlos Daniel, tenho certeza de que ele ficara muito feliz de ver sua avó ali com ele.

– Meu amor... Olha quem veio visitá-lo! Disse animada ao entrar no quarto.

Carlos Daniel olhou para dona Piedade e Rodrigo com os olhos brilhando, essa talvez fosse uma das primeiras vezes em que ele sentiu que mesmo não sendo neto de sangue dos Brachos era parte daquela família, era amado apesar de tudo... Carlos Daniel se forçou a ficar sentado para cumprimentar sua avó que lhe deu um abraço demorado e a seu irmão Rodrigo.

– Você nos deu o maior susto! Disse Dona Piedade em tom divertido. – te proíbo que nos assuste assim novamente, meu neto! Dizia enquanto sentava-se

– Não darei mais sustos assim vovó Piedade! Disse Carlos Daniel sorrindo enquanto olhava dona Piedade e seu irmão Rodrigo ali, com ele... Começava a me perguntar quando ele teve um momento assim? Pela forma que olhava para eles cheguei a conclusão que não tiveram muitos momentos assim, em que sua avó e irmão demonstrassem a ele o quanto se importavam...

Não sei quanto tempo ficamos os quatro ali, reunidos ao redor de Carlos Daniel conversando e rindo e por um momento não existia doença, nem dor... Nada, apenas a alegria de estarmos reunidos... Nosso momento foi interrompida pela chegada do doutor acompanhado de enfermeiras.

– Será que podem nos dar Licença? O medico perguntou sorrindo enquanto olhava-nos divertido. – preciso ter uma conversa com o meu Paciente! Disse em tom brincalhão.

– Meu amor... Carlos Daniel me chamou quando seguia ate a porta acompanhando dona piedade e Rodrigo. –Quero que fique! Pediu me olhando alarmado.

–Claro que fico! Respondi sorrindo enquanto me aproximava de sua cama e entrelaçava nossa mãos tentando lhe transmitir um pouco de minha força. – se o doutor não se importar...

– Claro que não me importo! Disse educado enquanto chegava alguns exames.

A Partir daí o Doutor começou a explicar de forma detalhada o processo de cirurgia, pós-operatório... Falou também sobre a quimioterapia, as chances de cura... Eram tantos termos médicos que comecei a me sentir tonta, mas me esforcei para entender tudo e logicamente enchi o doutor de perguntas...

– essa será uma semana bem difícil... Disse o doutor nos olhando seriamente. – faremos uma bateria de exames, queremos estudar todas as possibilidades que temos antes de qualquer decisão! Explicou.

===== Uma semana depois ======

Como o doutor havia dito passamos uma semana muito difícil, Carlos Daniel foi submetido a todos os tipos de exames possíveis... E teve uma semana muito ruim, as dores estavam cada vez piores e as vezes eu me desesperava de vê-lo desmaiar pelas dores e meu coração falhava uma batida na espera que ele acordasse...

– hoje é o grande dia! Carlos Daniel me disse enquanto segurava sua mão na minha.

– Você vai ficar bem! Disse a ele enquanto mantinha um olhar firme. - me promete que não vai se entregar?Pedi ainda o olhando.

– Prometo meu amor! Disse sorrindo enquanto se aproximava me dando um beijo.

O correspondi na mesma intensidade... Mas encerramos o beijo quando uma enfermeira entrou para avisar que eu precisaria sair porque tinha que preparar Carlos Daniel para a cirurgia...

– nos dê apenas mais um minuto! Pedi a olhando.

–apenas mais um minuto! Disse a enfermeira nos oferecendo um sorriso e saindo do quarto.

– Sua avó e Rodrigo já devem esta na sala de espera! Disse o olhando. – quer vê-los antes de ir? Perguntei enquanto o observava.

– Não... eu prefiro vê-los quando voltar da anestesia! Ele me disse confiante...

Meu coração se encheu de alegria o vendo tão confiante...

– Eu Te amo mais que tudo meu amor... e acredite em mim... Lutarei com todas minhas forças para voltar para você... Mas... Ele dizia, mas o interrompi antes que pudesse continuar.

–Não existe mais! Disse o olhando nos olhos. - Volte é ponto! Completei enquanto acariciava seu rosto com minha mão livre. – estarei te esperando aqui... Sorri e me aproximei lhe dando um ultimo beijo. – então não me deixe esperando!

– eu te amo! Ele sussurrou em meus lábios ao encerrarmos o beijo. - e não a deixarei esperando! Disse sorrindo...