Acampamento

–Hã... Desculpe, mas já combinei de sair com a Célia! Eu disse o olhando com desconfiança. O Que estaria pretendendo com tudo isso?

– Certo! Ele disse desconsertado e não pude deixar um sorriso aparecer em meu rosto ao notar o quão lindo ele ficava quando estava se sentindo desconfortável. – Nos vemos no ensaio então! Ele disse Rapidamente me olhando com um sorriso.

– Ok... Nos vemos! Disse ainda o olhando com um sorriso.

– Ate amanhã então! Ele disse se aproximando de mim rapidamente e me dando um beijo no rosto, tudo aconteceu tão rápido que fiquei apenas parada o olhando enquanto sentia minha pele formigar onde seus lábios me tocaram, nesse momento estava mais confusa ainda...

Mas acabei afastado esses pensamentos e segui para minha casa... Tinha que me arrumar porque combinei de me encontrar com Célia ali na porta da boate mesmo... Cheguei em casa com apenas alguns minutos e segui para o banheiro e quando lembrei que o chuveiro não estava funcionando me senti irritada, tomar banho de água fria àquela hora da noite... Mesmo assim respirei fundo e entrei embaixo da água gelada... Depois do banho escolhi um vestido Rosa claro tomara que caia e uma sandália de salto fiz uma maquiagem mais pesada para a noite... E fui esperar pela Célia na porta da boate...

– Nossa você esta Linda Paulina! Disse Célia ao me complementar.

– Você também esta linda Célia! Disse um pouco envergonhada pelo seu elogio.

– Vamos entrar? Ou vamos ter que enfrentar essa fila enorme? Perguntou olhando a fila com uma careta.

– As vantagens de se trabalhar aqui e entrar sem precisar de enfrentar fila! Disse a ela com um sorriso animado.

Entramos pela porta dos Funcionários e seguimos ate o salão principal onde o movimento acontecia... A boate estava lotada como em todas as noites e a musica era quase ensurdecedora, encontramos uma mesa para nos sentarmos e logo um dos Garçons da boate vieram pegar nossos pedidos.

– Paulina! Disse Robson o garçom. – Nossa você esta Linda! Ele me disse brincalhão.

Robson era um Moreno de olhos verdes e muito simpático, acabamos nos tornando muito amigos.

– Obrigada Robson, estou de folga e tenho que aproveitar! Disse brincando com ele. – essa é minha amiga Célia! Eu os apresentei.

Robson e Célia se cumprimentaram ambos se olhando com interesse e eu não pude deixar de sorrir, será que ali se formaria um casal? Torcia pelos dois, eram boas pessoas e mereciam o melhor... Depois que Robson pegou nossos pedidos se afastou nos deixando sozinhas...

– Como vão os seus ensaios com o neto da senhora Bracho? Perguntou Célia com curiosidade.

– Vão bem! Disse vagamente, queria tirar aquela noite para esquecer o neto da senhora Bracho, esquecer meus problemas e apenas me divertir então tratei de mudar de assunto. – Vejo que gostou do Robson! Disse a olhando com um enorme sorriso nos lábios.

– Não! Disse me olhando com olhos arregalados. – Claro que não! Disse negando com acenos de cabeça. – Esta bem, eu gostei dele... Ele é tão lindo! Disse suspirando.

Eu apenas ri do jeito dela e logo começamos a conversar sobre o Robson e riamos muito... Depois de algum tempo Robson veio a nossa mesa com nossos pedidos e chamou Célia para dançar... Marcos deve ter liberado ele mais cedo achei legal da parte do Marcos eu fiquei apenas os observando de longe estava distraída quando uma voz grave me assustou e ao mesmo tempo enviou uma onda de arrepios por meu corpo com sua proximidade.

– Carlos Daniel! Disse com a mão no peito pelo susto que ele havia me dado.

– Uau! Disse me olhando de cima a Baixo. – Você esta linda! Me disse sorrindo enquanto me olhava de uma forma desconcertante.

– Obrigada! Disse voltando meu olhar para a pista de dança.

– Quer dançar comigo? Ele me perguntou me estendendo a mão e me olhando.

– Não, prefiro ficar aqui mesmo! Disse o olhando seria, ele tinha o poder de me deixar nervosa e quanto menos ficasse próxima a ele melhor.

– Certo... Então lhe farei companhia! Disse enquanto tomava o lugar da Célia e sentava-se a meu lado, eu o olhei seriamente, mas decidi não discutir e continuei prestando a atenção na pista.

– Você não é daqui? Ele me perguntou quebrando o silencio e me fazendo olha-lo... Ele estava mesmo querendo puxar conversa fiada? Eu merecia!

– Não, sou de Cancun! Respondi o olhando.

– seus pais te apoiam nesse negocio de dançar? Disse me olhando com aquele sorriso que me deixa inquieta. – Porque soube de muitas bailarinas que não tem o apoio dos pais! Ele tratou de explicar o motivo de sua pergunta quando o olhei.

– Minha mãe me apoiava! Disse voltando meu olhar para a pista de dança não querendo aprofundar no assunto Família.

– apoiava? Ele me perguntou me olhando com uma sobrancelha erguida em questionamento. – Não apoia mais? Por quê?

– Ela morreu! Disse tentando conter o aperto em minha garganta ao lembrar de minha mãe.

– Eu sinto muito! Ele me disse calmamente ainda me olhando, mas sem o sorriso. Estava serio e pensativo. E ficamos em silencio por algum tempo, eu agradeci mentalmente por isso, se continuasse a falar acabaria chorando.

– você tem namorado? Ele me perguntou me olhando com olhos brilhantes e esperançoso e então entendi o motivo de tanto gentileza da parte dele e o olhei seriamente.

– Não, eu não tenho e nem quero... No momento quero apenas me foca em conseguir minha bolsa para a escola de dança! Disse a ele deixando bem clara que não existe possibilidade alguma de alguma coisa acontecer entre nos dois.

Ele apenas continuou com aquele sorriso...

– Bom saber... É não se preocupe quanto a ter problemas estou disposto a me esforçar para que você possa fazer seu trabalho como professora! Ele disse se levantando. – Ate amanhã Paulina! Ele disse mais uma vez beijando meu rosto e saindo.

E meu coração Traidor batia acelerado enquanto uma onda de choque percorria todo meu rosto enquanto o olhava sumir no meio da multidão de pessoas...

Célia voltou depois de algum tempo dançando com o Robson ele teve de voltar ao trabalho e pelo rosto dela corado e lábios inchados tenho certeza que eles não ficaram apenas na dança.

– quem estava sentada com você aqui? Ela me perguntou ao sentar-se ao meu lado novamente.

– meu Parceiro de dança! Disse dando de ombros e tomando minha bebida.

– awnn... E eu perdi a chance de conhecê-lo! Disse triste e eu não pude deixar de rir de seu desanimo.

À noite com Célia foi animada e confesso que exagerei um pouco na bebida... Queria esquecer a apagar as imagens do meu parceiro de dança que não saiam da minha cabeça. Dormi tarde e tive que acordar muito cedo na manhã seguinte para ir ao balé... A aula do professor Michel foi cansativa, mas muito divertida ele sabia como dar uma bronca e logo em seguida amenizar com alguma piada ou brincadeira...

– Paulina você e seu parceiro de dança poderiam se inscrever para participarem do acampamento deverão! Sugeriu o professor Michel.

– Eu não sei se vai dar! Disse a ele sorrindo sem graça. – tenho que trabalhar! Expliquei quando ele me olhou desanimado.

– Você poderia pedir alguns dias livres ao seu chefe! Sugeriu sorrindo. –Não custa nada tentar!

– tem razão... Não custa tentar! Eu Disse forçando um sorrido

– e isso vai ser muito bom para você e seu parceiro se conhecerem melhor... Dançar não é apenas saber a técnica e ter uma conexão com seu parceiro e aprender a senti-lo! Disse o professor animado.

O professor Michel estava certo, mas ter uma conexão com meu Parceiro estava fora de questão... Mas não custava nada tentar melhorar meu relacionamento com ele talvez possamos nos tornar amigos.

Na hora do almoço liguei para o marco e expliquei a ele e prometi recompensa-lo quando voltasse desse acampamento ele é claro me liberou e disse que meu sonho sempre tinha que vim em primeiro lugar... E depois de almoçar com a Célia segui para o ensaio com meu parceiro e mais uma vez me surpreendi por ele já esta lá me esperando...

– Se divertiu ontem? Ele me perguntou enquanto colocava minhas sapatilhas de dança quase que como um ritual, passando as fitas de ceda em meu tornozelo e as amarrando com um laço perfeito.

– Muito! Disse enquanto tentava me concentrar em outra coisa que não fosse em sua presença ali.

O que estava acontecendo comigo? Nunca tinha me sentido assim com nenhum de meus parceiros...

Depois de terminar de colocar minhas sapatilhas segui ate o som e liguei uma musica e começamos com os alongamento e não pude deixar de sorrir ao ver que ele estava fazendo tudo certo e seguindo todas as minha dicas com prontidão. Aquele que estava ali em minha frente era mesmo o meu parceiro que vivia dando chilique? Mal podia acreditar.

Depois dos alongamento troquei a musica e me aproximei arrumando sua mão em minha cintura e não pude controlar o leve tremor de meu corpo com seu toque...

Ele definitivamente tinha perdido o medo de me tocar porque o notei relaxado e me olhava com um sorriso satisfeito no rosto e pude sentir meu rosto esquentar e rezei para que ele não notasse, mas com nossa proximidade achei difícil que não notasse.

– nesse movimento terei de colocar minha perna em sua cintura e você a segura na volta do meu joelho para me dar sustentação para o movimento que tenho que fazer! Disse a ele enquanto o olhava e tentava a todo custo manter o profissionalismo.

Mais uma vez me afastei e recoloquei a musica e me posicionando a sua frente concertei sua postura e começamos com passos simples, e como tinha dito coloquei uma de minha pernas em volta de sua cintura e ele deslizou sua mão em minha coxa senti meu corpo corresponder a seu toque e fiz rapidamente o movimento de e me afastei sem o olhar... Sabia que ele tinha um sorriso no rosto porque pude ver de relance. E começava a pensar que ele negocio de sair com ele para um acampamento de verão não seria uma boa ideia... Minha mente dizia que tinha que me afastar dele, mas meu corpo correspondia ate mesmo a seus olhares...

– acho que por hoje esta bom! Disse a ele enquanto guardava meu CD de volta no estojo.

– O professor Michel de disse que iríamos ao acampamento de verão da escola! Ele me disse enquanto vestia seu palito e eu o olhei alarmada ainda nem tinha dito ao professor se eu iria.

Mas o que isso importa? Estou fazendo tudo isso pelo meu sonho e se o professor acha que isso pode me ajudar vou tentar.

– é se você puder... Acho que pode ser bom para nosso trabalho aqui! Disse muito vagamente.

– Maravilha... Adoro acampar! Ele disse sorrindo, parecia animado.

Nos despedimos na porta da escola depois de mais uma vez me oferecer uma carona e eu recusar... Já estava começando a ficar difícil arrumar desculpas para não aceitar suas gentilezas...

Naquela noite trabalhei ate mais tarde para compensar os dias que teria de faltar ao trabalho e na manhã seguinte parecia uma zumbi na aula da professora Rose. Nem mesmo os gritos dela conseguiram me fazer acordar...

E durante toda a semana trabalhei dobrado para compensar os dias de falta no trabalho e meus ensaios com Carlos Daniel estava cada vez mais difíceis, não porque ele não estava aprendendo ou me dando trabalho porque a cada dia me sentia ainda mais atraída por ele.

Na manhã da viagem acordei com batidas na porta. Pensei que pudesse ser o marcos e ainda cambaleando abri a porta e me deparei com Carlos Daniel com um enorme sorriso me olhando de cima a baixo.

–O-o que faz aqui? Perguntei enquanto entrava Rapidamente para vesti meu robe.

– Vim te buscar para irmos ao acampamento! Explicou enquanto entrava em seu quarto olhando tudo com curiosidade. Era tudo simples, mas tinha dado a minha cara ao lugar e estava muito melhor do que antes...

– È HOJE? Perguntei assustada, nem ao menos tinha arrumado minhas malas ainda.

– Uhum... É já estamos atrasados! Disse enquanto conferia seu relógio de pulso.

Eu corri para o banho em um pulo e rapidamente saia vestida com uma calça jeans e um tênis all star vermelho e uma camiseta... Rapidamente joguei algumas roupas em minha mochila e minha bolsa e entravamos em seu carro para seguirmos ate o ponto de encontro.

– Ops! Disse ao chegarmos e descobrirmos que o ônibus não estava mais lá. – Perdemos o ônibus! Eu disse desanimada. – e agora? Perguntei o olhando na esperança de uma solução.