Acordei no dia seguinte desejando que tudo não tivesse passado de um sonho, mas sabia que não seria teria essa sorte. Abri a porta do quarto devagar e olhei para o corredor, ele estava vazio. Agradeci aos céus e sai do quarto. Desci as escadas nas pontas dos pés. Ainda estava com uma camiseta de Steve e o short que eu havia trago. Eu gostava tanto das camisetas de Steve.

Quando cheguei no fim da escada, quase morri de susto quando a empregada me chamou.

— Senhorita King – ela disse, me fazendo ter um ataque cardíaco básico.

— Ai meu Deus, que susto – exclamei. – Quer dizer, pois não?

— O senhor Queen a espera para o café – ela recitou, divertida.

— A Thea e o Roy estão? – Perguntei, olhando de relance para a sala.

— Não, eles saíram hoje cedo – ela finalizou e voltou aos seus afazeres.

Por que eu estava com tanto medo de encontrar Oliver? Eu era uma Vingadora! Havia enfrentado Chitauris, o Soldado Invernal e a HIDRA. Como podia estar com medo do Arqueiro?

Respirei fundo, tomando toda a coragem que eu poderia e fui em direção a sala de jantar, onde Oliver tomava café e lia o jornal. Sentei em uma cadeira aleatória sem dizer nada e comecei a me servir. Comi tudo o que podia para preencher meu estomago, com uma vida como a que eu tinha, nunca se sabia quando eu poderia comer de novo.

Ele não disse nada, apenas colocou o jornal de lado e começou a comer. O silêncio estava pesado e desconfortável. Droga, por que ele havia feito aquilo? Não podia existir nenhum sentimento entre nós. Era no máximo, um desejo estranho.

Por isso, ignorei a noite que havia passado, esquecendo completamente tudo o que poderia ter acontecido se eu tivesse me deixado levar e continuei a comer meu waffle.

— Felicity ligou para o Star Labs – ele começou. – É o lugar onde Barry está sendo cuidado por causa do raio que o atingiu. Eles acham que podem criar a cura para o Miraku.

— Vocês já têm alguma noção do que pode ser o plano de Slade? – Perguntei, agradecendo aos céus por ele ter decidido ignorar a noite passada, tanto quanto eu.

— Ainda não, mas vai ser algo grande, por isso precisamos estar prontos para tudo – ele disse.

Não nos encaramos em nenhum momento da nossa conversa. Seria estranho se tivéssemos feito aquilo, já que, apenas algumas horas antes, nossas bocas estavam coladas uma na outra.

Assenti, encerrando nossa conversa.

Tentei lembrar em que episódio estávamos. Sabia que deveria ser um dos últimos, já que Moira estava morta e os Star Labs estavam fabricando a cura para o Miraku. Mas não conseguia lembrar qual episódio era aquele.

(...)

A noite chegou rapidamente. Estava no meu quarto meditando no ar, flutuando um pouco acima da cama, quando Oliver abriu a porta. Ele fez uma cara de assustado quando me viu voando, mas logo se recompôs quando eu voltei ao chão.

— Más notícias. Roy está sem controle do Miraku, precisamos ir até a Torre do Relógio agora. Vista-se, vamos na minha moto – ele recitou rapidamente e eu apenas assenti.

Coloquei meu uniforme rapidamente e sai pela janela, para não correr o risco da empregada me ver. Uma das vantagens de poder voar, era poder sair pela janela. Oliver me esperava no fundo da casa, já em sua roupa de Arqueiro e com a moto ligada.

Subi rapidamente na moto e agarrei sua cintura. Ele deu partida sem dizer nenhuma palavra. O único problema da moto era ter que ficar tão perto do corpo de Oliver e poder sentir todos os músculos do seu abdômen em minhas mãos. Suspirei de leve, esperando que ele não notasse enquanto estávamos parados no farol vermelho.

Um carro parou ao nosso lado e nele estavam três adolescentes no banco de trás. Eles olhavam para nós com tanta admiração que dava até medo. Eles estavam paralisados. Chamei a atenção de Oliver para os jovens ao nosso lado e, ao olhar, ele deu um leve riso. O sinal abriu e a moto continuou a andar até seu destino.

Quando chegamos na torre do relógio, Roy estava atacando alguns policiais. Oliver começou a lutar contra ele, mas Roy era muito forte, então o ajudei. Oliver desviou de um soco de Roy, enquanto eu tentava segura-lo no ar. Coloquei toda minha força nele e ouvi Oliver me dizer para subir com ele até a parte de cima da torre, onde Felicity e Diggle nos esperavam.

Fiz isso e ouvi o espanto dos policiais que ainda estavam vivos ao me verem voar. Felicity e Diggle estavam realmente nos esperando.

— Bom ver você – Diggle disse, quando eu joguei Roy no chão.

— Bom ver vocês também. Onde está a cura? – Perguntei, enquanto tentava segurar Roy no chão.

— Aqui – Felicity pegou uma das pistolas transparentes que estavam dentro da maleta. – Isso pode não dar certo.

— Faça – Oliver disse, aparecendo do nada.

Então ela aplicou a cura no Roy e ficamos esperando algum resultado. Foi quando vários homens cheios do Miraku no sangue invadiram Starling City. Eles mataram alguns civis que estavam ao redor da Torre e começaram a subir nela.

— Gente, está funcionando? Por que temos companhia – eu disse, meio assustada com a quantidade de homens que se aproximavam de nós.

Roy permanecia desacordado. Felicity parecia rezar para que ele acordasse. Diggle estava tenso, assim como Oliver. Mas, quando parecia que ele não ia mais acordar, ele nos assustou, puxando o ar com mais força do que deveria.

— Ainda bem! – Felicity soltou um suspiro aliviada. A acompanhei no suspiro, mas não disse mais nada.

— Funciona – Diggle sorriu de leve.

Então, os soldados de Slade começaram a tentar invadir o lugar em que estávamos. Oliver rapidamente atirou uma flecha no primeiro que tentava invadir e eu tampei o buraco com a madeira. Roy ainda estava confuso, mas começou a entender quando Oliver falou:

— Com essa cura podemos derrotar os soldados e o próprio Slade.

— Temos que sair daqui – eu disse, olhando para baixo, onde mais homens se aproximavam.

Oliver assentiu. Sai primeiro, voando pelo lugar que havia entrado com Roy. Então vi Oliver disparar uma flecha que atingiu um prédio mais a frente, criando uma linha entre os dois, os conectando. Diggle foi o primeiro a deslizar pela linha, seguido por Roy. Felicity segurava a maleta, por isso Oliver teve que segurar nela para que os dois conseguissem chegar ao outro lado.

Voei em direção ao prédio em que eles estavam. Descemos as escadas latereias e nos encontramos na rua. Oliver subiu com Felicity em sua moto, Diggle com Roy e eu os acompanhei voando até o esconderijo embaixo da Verdant.

Entramos pelos fundos, porque a boate estava em funcionamento, e lá encontramos Sara e Nyssa Al Gu, esperando por nós. Nyssa explicou que nos ajudaria a deter Slade e Oliver, muito relutante, aceitou a ajuda.

Felicity ligou as telas de seu computador nas notícias locais. Nyssa e seus companheiros saíram para colocar o plano de Oliver em ação. Quando estávamos apenas Oliver, Roy, Sara, Diggle, Felicity e eu, Felicity nos chamou para que víssemos uma matéria no jornal.

— Acabamos de receber a informação que a advogada, filha do Detetive Lance, foi sequestrada por Slade Wilson. Lembrando que o mesmo já havia sequestrado Thea Queen e é responsável pela morte de... – Juro que nunca vi Oliver tão irritado quanto naquele momento.

Seus olhos se tornaram sombrios e sua expressão parecia transtornada. Sua voz adquiriu um tom estranho, como eu nunca tinha visto antes. Achei que ele ia matar alguém naquele momento, mas, quando seu olhar encontrou o meu, parecia que tudo tinha se resolvido e sua expressão se suavizou.

— Vamos deter aquele filho da mãe – ele disse. – Vão na frente, preciso resolver algo antes. Vem comigo Lucy?

Assenti, sabia que se eu negasse o pessoal iria achar que algo estava acontecendo e sabia também que não podia deixar que eles achassem isso. Seria difícil explicar, principalmente porque a Sara e o Oliver já haviam tido um caso.

(...)

Oliver me encarava estranhamente. Estávamos na sua casa, que estava vazia e escura. Não havia feito uma única pergunta até chegarmos ali e ele também não havia falado nada. Ele começou a andar de um lado para o outro, freneticamente.

— Oliver! – Me irritei. – Fala logo o que você quer caramba!

Ele parou de andar e voltou seu olhar para mim. Se aproximou do mesmo jeito que havia feito na noite anterior, mas, dessa vez, eu não recuei. Ele parou quando ainda havia alguns centímetros entre nós.

— O Slade pegou a Laurel porque quer matar a mulher que eu amo – ele disse, tocando no meu cotovelo.

— Eu sei e daí? – Minha voz saiu um pouco fraca.

Foi quando eu lembrei em que parte estávamos. Último episódio da segunda temporada. Mas essa cena deveria ser com a Felicity e não comigo...

— Ele pegou a mulher errada. Eu te amo Lucy – ele disse.

Mesmo entendo que tudo – inclusive o beijo da noite anterior – havia sido um plano para derrotar o Slade, não pude deixar de notar o peso que aquelas três palavrinhas haviam tido para mim. Ninguém nunca havia dito que me amava. E, mesmo que não fossem reais, me peguei desejando por alguns instantes que fossem.

— E é por isso que preciso que você fique aqui, protegida – ele olhou nos meus olhos para perguntar se eu estava entendendo.

— Eu sei me proteger – retruquei, confirmando que sabia o que ele estava fazendo.

— Por favor – ele segurou a minha mão, colocando a seringa nela.

Suspirei e concordei com a cabeça. Ele deu um leve sorriso e saiu da casa, me deixando sozinha. Tanta coisa conseguia passar pela minha mente sem que eu pudesse entender tudo. O beijo fora falso, pura interpretação. Mas por que eu sentia que não? Por que eu sentia que havia algo a mais ali? Suspirei por um segundo e finalmente entendi. Eu queria que houvesse alguma verdade nele, porque queria que alguém finalmente estivesse apaixonado por mim.

Veja bem, ninguém nunca havia gostado de mim de verdade. Não sem ter outro alguém na vida, se você me entende. Eu nunca havia tido alguém para chamar de meu, então, acho que quando Oliver me beijou, tive a esperança de que acontecesse. Não me importava com quem. Eu realmente não gostava do Oliver daquele jeito.

A mansão foi invadida pelos soldados de Slade e eu, com um pouco de encenação, deixei que ele me levasse. Ele não era tão esperto quanto queria ser ou havia se esquecido que eu era uma Vingadora. Até parece que não conseguiria derrotar o Slade facilmente.

(...)

Slade me segurava pelo pescoço, pressionando uma arma contra a minha cabeça. Tão ingênuo. Mesmo que o plano de Oliver não desse certo, eu poderia parar a bala. Mas tinha que representar, por isso fingia estar desesperada.

— Eu vou tirar tudo de você, garoto! – Slade cuspia as palavras com ódio.

Oliver segurava o arco firmemente. Esperava pelo seu sinal para injetar a cura em Slade.

— Esse é seu problema Slade – Oliver falou, firmemente. – Você acredita em tudo que ouve.

Tomei isso como um sinal e injetei a cura do Miraku em Slade. Ele caiu no chão, indefeso e foi a deixa de Oliver. Infelizmente, Slade ainda sabia lutar muito bem. Ele e Oliver começaram uma briga incessante de socos e chutes. Eu queria interferir e acabar logo com aquilo, mas sabia que Oliver precisava de um desfecho. Ele precisava se vingar do homem que matara sua mãe.

E assim ele o fez. Derrotou Slade, fazendo o mesmo ficar desacordado e olhou para mim vitorioso. Como se dissesse “sem você, eu não conseguiria”.

(...)

Depois de derrotarmos Slade, foi fácil derrotar os homens dele. Mas muitas pessoas morreram e aquilo foi horrível. Não foram tantas como em NY, mas foram vidas tiradas. Mesmo que tivessem sido apenas três, ainda seriam vidas tiradas.

A luz do sol se chocava contra nossos rostos, provocando uma aurora no céu. Estávamos no jardim de Oliver. Felicity, Sara, Diggle e o próprio Oliver também, queriam se despedir de mim.

— Foi bom ter você de volta por um tempo – Fel sorriu para mim. – Espero que volte mais vezes, não só quando o mundo estiver sendo ameaçado por um super vilão, por favor. Vamos agir como gente normal – ri do jeito que ela falou a abracei.

— Você está bem diferente do que eu me lembro – foi a vez de Sara se despedir de mim. – Dessa vez, você não precisa usar mais minhas roupas, tem seu próprio uniforme, sua própria equipe... – ela sorriu de lado. – Boa sorte com tudo – ela me abraçou e foi para o lado de Felicity.

— Você é uma ótima garota – Diggle me abraçou. – Oliver também acha isso – sussurrou em meu ouvido, me deixando um pouco confusa. – Até mais – sorriu levemente.

Devolvi um sorriso desconfiada. Ele se juntou a Felicity e Sara, sussurrou algo no ouvido delas e elas concordaram. Foram andando em direção a casa, me deixando sozinha com Oliver. Se aquilo foi uma tentativa de Diggle de me aproximar de Oliver, falhou feio.

— Tem mesmo que voltar? Senti que fizemos uma boa dupla derrotando o Slade. Você não demorou tanto para pensar como eu achei que você demoraria – Oliver se aproximou, provocando.

— Crítica disfarçada de elogio. Em que creche aprendeu isso? – Perguntei, respondendo à provocação.

— Na mesma em que você estuda – ele se aproximou de mim, sorrindo.

Pela primeira vez Oliver estava sorrindo de verdade para mim e senti que isso era algo bom.

— Vou sentir sua falta Queen – o abracei.

— Também vou sentir a sua King – ele respondeu me abraçando de volta.

Quando nos separamos, dei um leve aceno com a mão e parti. Voei de volta para o meu apartamento, com uma leve sensação de bem-estar no meu coração.