Eu estava assistindo a mais uma aula chata: Química. Eu até que gostava da matéria, mais o professor era chato, não sabia explicar, eu não entendia nada que ele falava e odiava ele. Tinha como ser legal?

Eu e meus amigos estávamos conversando e rindo muito quando vieram me chamar. Alguém estava procurando por mim.

Quando eu cheguei na sala da coordenadora me deparei com dois homens. Ez e Win. Meus melhores amigos. Eu abracei Ez, ou melhor, ele me abraçou me levantando do chão. Toda vez que ele fazia isso eu me assustava. Tudo bem, ele tinha quase dois metros e quinze, mais eu também era alta, eu tinha um metro e setenta e cinco, mais ou menos. Ele me colocou no chão e eu abracei o Win, nós nos abraçamos como pessoas normais [n/a: como ser abraçada pelo Ez não fosse normal] já que ele era poucos centímetros mais alto que eu.

Eu os tinha conhecido dois anos atrás, quando eu tinha caído de bicicleta em frente à casa deles e torcido o pé. Eles me levaram pro médico e depois pra casa. Sorte que eu tive só uma luxação. E desde aquele dia os dois tinham se tornado meus melhores amigos.

No inicio eu achei que meus pais iriam desaprovar minha amizade com eles, pois eles eram quase quinze anos mais velhos que eu. Eu tinha dezessete, quase dezoito – já que eu fazia aniversário em novembro e já estávamos no fim de setembro –, o Ez tinha 30 e o Win 28.

- Hey amores da minha vida, o que vocês estão fazendo aqui?

- Pensamos em vir te buscar. Já ta terminando sua aula, não ta? – o Win falou.

- Ta sim, só falta meia hora – eu disse, fazendo careta.

- Ta, a gente vai te esperar – Ez disse, ignorando minha careta.

- Ok – eu disse – O que a gente vai fazer hoje? – sim eles vinham me buscar na escola quase todo dia, na verdade eu morava mais na casa deles do que em casa. Bem eu estranhei eles me chamarem, pois eles sempre me esperavam lá fora.

- Bom a gente tava pensando em ir almoçar e ir no cinema. O irmão do Kyle, o Jacoby, ta aqui. Você ainda se lembra dele? – claro que eu me lembrava. Eu tinha uma paixão platônica por ele desde o ano passado, quando o Ez e o Win nos apresentaram – Aliás, quem não se lembra no Jacoby Shaddix.

- Lembro – eu respondi, tentando não parecer tão empolgada. E pelo visto não consegui, já que ambos tinham um sorriso no rosto. Obviamente me fiz de desentendida – O que?

- Ah Gabi, você não nos engana – Ez disse, passando o braço sobre os ombros de Win, que o abraçou pela cintura - você gosta dele desde que o conheceu.

- Ahh! É verdade, mais pelo menos vocês podiam fingir que eu engano – eu disse e nós três rimos.

- Ta bom, Gabi, ta bom, a gente finge que você engana – Win disse e nós rimos de novo.

- Eu vou voltar pra aula agora – eu disse, fazendo careta – é química.

- Ta, vai lá Gabi – Ez disse – Até daqui a pouco.

Nem preciso dizer que voltei rindo pra sala, né? Passei os minutos restantes da aula de muito bom humor. Quando eu sai, não vi nenhum dos dois então fiquei conversando com meus amigos.

Nós estávamos rindo de alguma piada quando eu ouvi alguém me chamar, eu olhei assustada, reconhecendo aquela voz.

Então eu o vi. Ele estava encostado na moto preta dele, com aquela jaqueta de couro, também preta, que eu tanto amava e uns jeans velhos que o deixavam mais lindo ainda combinando com uns adidas pretos com detalhes em vermelho. Simplesmente lindo.

Me despedi dos meus amigos e fui me aproximando dele, percebendo que ele tinha cortado os cabelos.

- Oi Jacoby.

- Oi Gabi – ele disse, me abraçando demoradamente [n/a: lembro de um abraço muito bom que eu recebi] – o Ez e o Win me mandaram aqui. Eles já estão no restaurante.

- Hum.

- Acredito que eles ainda não desistiram de nos juntar.

- É.

- Gabi, você ta bem?

- To, por quê?

- Nada, nada – acho que ele percebeu que eu estava desconfortável com o assunto, pois ele ainda me lançou um olhar para mim.

- Jacoby, eu to bem, sério. É só que eu to cansada. A ultima aula foi química e eu to um pouco desgastada mentalmente.

- Hum. Ok – ele pareceu um pouco triste, pensativo – vamos?

- Vamos – eu vi o Dani me olhando. Eu o conheci quando eu tava no primeiro ano do colegial, quando eu gostava dele. Bom eu o achava bonitinho e nossa relação – se é que posso chamar assim – era baseada na troca de olhares. Eu detestava isso. Mas quando eu conheci Jacoby, eu esqueci todos os garotos por quem eu havia tido uma queda ou ficado. Até mesmo o Rick Martin, por quem eu tinha, digamos assim... Uma paixão platônica, eu tinha deixado de gostar.

Voltando. Ele me deu o capacete, eu coloquei e subi na moto, atrás dele. Eu, obviamente, me aproveitei o máximo da situação, e olha que situação a minha, hein? Ele era quase dez centímetros mais alto que eu e bem definido. Foi tenso, mais muito bom.

Nós chegamos no restaurante e nos sentamos com Ez e Win.

- Oi – eu os cumprimentei

- Fala Gabi. Tudo certo? – Ez perguntou, me olhando nos olhos.

- Claro. Vocês já pediram algo?

- Só cerveja – eu torci o nariz, detestava cerveja.

- Bom, eu quero uma Smirnoff ice – eu disse e o Ez pediu minha Smirnoff e uma cerveja pro Jacoby.

Foi uma tarde agradável, nós almoçamos e depois fomos ao cinema. Quando nós saímos do cinema passamos na minha casa, deixamos meus livros e pegamos os da aula do dia seguinte e umas roupas. Eu ia dormir na casa do Ez e do Win. Como o Jacoby ia também nós dois decidimos assistir a uns filmes. Mais ele acabou assistindo sozinho, porque eu acabei dormindo na metade do primeiro. Eu estava muito cansada. Nós estávamos no colchão chão da sala e quando eu acordei, nós estávamos de conchinha, ele com o braço na minha cintura.

Eu tirei o braço dele da minha cintura e tentei levantar, mais ele me puxou pra baixo, ficando por cima de mim. Não tinha percebido que ele tava acordado.

- Aonde você vai? – ele perguntou.

Vou me arrumar. Já são quase seis horas e eu tenho que ir pra escola – eu falei tentado me afastar dele. Era um tanto perigoso ficar ali, eu podia ceder à tentação e beijá-lo.

- Ok – ele disse, mais não me soltou imediatamente. Ele me encarou mais uns segundos e me deixou sair.

Eu peguei minha mochila e fui para o banheiro. Tomei banho, escovei os dentes, me troquei e fui tomar café, tudo isso em menos de meia hora.

Quando eu cheguei na cozinha o café estava pronto e o Jacoby, só de boxer, estava preparando uns sanduíches.

- Já ta pronta? – ele me perguntou

- Já sim – eu respondi

- Senta ai, o seu sanduíche já ta quase pronto. O que você leva de lanche para a escola?

- Só suco de laranja, que o Win faz pra mim.

- Ta – ele disse. Eu sentei e servi café pra mim e pra ele. Quando ele terminou nossos lanches veio e se sentou no meu lado. Nós comemos em silencio.

- Eu vou acordar os dois – ele disse de repente.

- Ok.

- Não precisa, já estamos aqui – Ez disse, entrando na cozinha e logo sendo seguido pelo Win – Bom dia.

- Bom dia – eu e o Jacoby respondemos. O Win murmurou algo, que nós entendemos como sendo um bom dia.

- Gabi, você quer que eu te leve pra escola? – Jacoby me perguntou.

- Quero, sim.

- Espera só um pouquinho que eu vou me trocar, ok?

- Ok.

- Tem café pronto. Até daqui a pouco – Jacoby disse quando voltou. Até parece que os dois ainda não tinham visto.

- Até mais pessoal – eu disse, abraçando um de cada vez.

Mais uma vez nós fomos de moto e mais uma vez me aproveitei da minha difícil – aham – situação.

O caminho até minha escola durou menos de vinte minutos. Nisso já eram quase sete horas – ainda tinha uma hora até bater o sinal.

- Hã, então. Acho melhor eu entrar – eu disse.

- Fica mais um pouco, ainda ta cedo. Sei que suas aulas só começam ás oito.

- Ta – eu disse. Nós ficamos em silêncio durante alguns segundos, nos encarando. Então eu lembrei que quando eu falei que eu só estava cansada quando ele me perguntou se eu estava bem logo depois que ele comentou sobre o Win e o Ez ainda não terem desistido de juntar a gente, ele ficou triste - Por que você ficou triste ontem? Antes de subir na moto?

- É complicado Gabi.

- Eu entendo. Sabe, posso parecer, mais não sou burra – eu brinquei.

- Você não é burra – eu estranhei a agressividade na voz dele.

- Hey, calma, só tava brincando.

- Desculpa – ele disse, pegando minha mão – sério.

Jacoby olhou nos meus olhos e ficamos assim por um tempo apenas nos encarando. Ele começou a aproximar seu rosto do meu, ainda me olhando. A boca dele ficou a centímetros da minha, eu sentia a respiração dele em meu rosto, ele me olhou profundamente e selou nossos lábios.

Foi diferente de todos os beijos e foi, sem duvida nenhuma, o melhor. No inicio foi um beijo delicado, calmo. Depois ele me puxou, colando nossos corpos e aprofundando mais e mais o beijo. Tudo o que eu sabia é que não queria parar de beijá-lo nunca mais.

Por fim, foi ele que quebrou o beijo, estávamos ofegantes, tentando recuperar o fôlego.

- Eu vou entrar – eu disse quando eu consegui recuperar o fôlego.

- Ok, tchau Gabi – ele me deu outro beijo, menos demorado. Eu me virei e entrei na escola, só olhando pra traz uma vez, para acenar para o meu Jacoby.

Eu subi as escadas e fui direto pra minha sala e como de costume só estavam o Beto e a Dani.

- Ai credo – eu disse assim que entrei na sala – isso é cena pra se ver antes das oito da manha?

- Ai credo Gabi, vai se foder, não tinha ninguém na sala. São só uns beijinhos – o Beto disse.

- E pelo estado da sua boca, você já deu uns beijos hoje – a Dani comentou e eu toquei meus lábios automaticamente – e pelo visto foi um beijo dos bons.

- Ai caralho – eu disse meio rindo, meio constrangida – E vocês estavam praticamente tirando as roupas um do outro. Queria só ver se outra pessoa tivesse entrado na sala.

- Mais a gente se ama Gabi – a Dani disse, fazendo coração com a mão.

- Ok, ok. Ta todo mundo in love – eu disse, rindo. Eu me sentei no meu lugar, peguei meu celular, meu fone e coloquei no ultimo volume. Eu estava escutando papa roach, afinal, o que mais eu iria escutar?

Depois de um tempo a Bia e a Duda chegaram, eu tirei meu fone e comecei a conversar com elas. Tava quase batendo o sinal quando a Lu e o Mi, que também estavam namorando, chegaram. Nós sete estávamos conversando quando o professor de inglês entrou na sala.

As aulas passaram bem rápidas, quando eu vi o sinal da ultima aula já havia tocado e já tava na hora de ir embora.

- Eaew, Gabs, vai ficar ai mesmo? – a Bia perguntou.

- Não, já to indo, só vou guardar meu estojo e meu caderno.

- Ta, mais vai rápido, se não a gente vai perder o ônibus e o outro só passa depois de meia hora.

- Calma, calma, já to indo – eu disse – vamos.

- Vamos.

Nós fomos para o ponto rindo, felizes, não tinha sido um dia ruim, as aulas até que não tinham sido tão chatas e todas, sem exceção, estávamos apaixonadas.

- Gabi me conta quem é o cara, por favor – a Duda disse, fazendo aquela cara do gato do Shrek.

- Aff gente, será que vocês só vão falar disso agora? – eu perguntei

- Siiim – todos disseram ao mesmo tempo.

- Aff, como vocês são chatos – eu brinquei – mas, vamos lá. Vocês se lembram do Ez e do Win?

- Claro, seus melhores amigos e pans – o Mi disse.

- Bem, é. Não que eu não considere vocês meus amigos do peito, ta?

- Gabi a gente sabe. Agora termina de contar que agora eu é que to curioso – o Mi disse de novo. E todo mundo riu.

- Bom, faz um ano ele me apresentaram um amigo deles, o Jacoby Shaddix, ele tem uma banda e pans, o Papa Roach, que por sinal é minha banda favorita desde que eu conheci – acho que não precisava dizer essa parte, mas... – então, eu me apaixonei por ele e, até essa manha, eu achava que ele me considerava apenas uma amiga.

- Como assim? – a Duda perguntou.

- Bom, eu vou contar a história toda pra vocês – eu disse e comecei a contar tudo o que tinha acontecido naquela manha. Eles ficaram de boca aberta.

- A Gabs ta namorando, a Gabs ta namorando – o Mi e a Bia começaram a cantar.

- Para gente – eu falei, ainda rindo – Vocês estão me deixando constrangida, tão parecendo dois loucos – eu disse, fingindo estar constrangida e depois rindo, seguida por todo mundo, ou seja, o Mi, a Bia, a Duda e a Lu já que a Dani e o Beto tinham ido pra casa dele fazer sei lá o que.

- Então, vocês tão juntos ou não? – a Lu perguntou.

- Não exatamente – eu disse – foi só um beijo – eu parei pra pensar um pouco – Não, foi o melhor beijo da minha vida.

- Uau – a Lu disse e todo mundo riu.

- Ai gente, acho que to in love.

- Own Gabs, agora só falta a Duda falar pro Gu o que ela sente – a Bia disse.

- É verdade Duda, quando você vai falar pro meu primo o que você sente por ele? – o Mi perguntou.

- Ai gente, só porque todo mundo ta in love, não quer dizer que eu também to – a Duda disse, ficando irritada.

- Duda, amiga, você é apaixonada pelo Gu desde a festa de quinze anos da Dani – eu disse, lembrando de quando o Mi apresentou o Gu pra gente.

- É verdade, amiga – a Lu concordou comigo.

- Boa galerinha, é aqui que eu me despeço de vocês – eu disse, puxando a cordinha pra dar sinal e indo para a porta.

- Tchau – meus amigos disseram ao mesmo tempo.

- Tchau cambada, vê se não arrastem muito, viu? – eu disse, zoando eles – vocês já me envergonharam muito por hoje – eu disse rindo sendo seguida por eles.

Quando eu desci do ônibus, ainda tava rindo. Eu peguei meu celular e meu fone e coloquei “Last Resort” para tocar, era uma música muito foda, que eu amava muito. Eu fui caminhando devagar, pensando em tudo o que tinha acontecido naquela manha, em como eu estava apaixonada pelo Jacoby, era tão intenso o que eu sentia por ele que eu queria gritar para o mundo e... Opa, eu conheço essa moto. O que ela ta fazendo na porta de casa? O que o Jacoby ta fazendo em casa? Quem abriu a porta pra ele? Por que ele ta aqui em casa? Eu peguei minha chave na mochila e abri a porta.

- Jacoby? – eu gritei – Mãe? Pai?

- Estamos na sala – minha mãe disse, e depois completou – Não sabia que você tinha um amigo tão engraçado.

- Mãe, o que a senhora ta fazendo em casa essa hora?

- Eu vim almoçar em casa. Eu sabia que hoje você não ia sair com o Win e o Ez, então resolvi fazer o almoço.

- Hum! Jacoby? – eu olhei interrogativamente pra ele.

- Então, hã, Gabi, eu precisava falar com você.

- Sobre?

- Bom, meio que é particular, sabe.

- Ta, vamos pro meu quarto – eu disse.

- Ok.

- A gente já volta mãe – eu disse indo dar um abraço na minha mãe.

- Ta bom filha, eu vou esquentar o almoço. Você almoça com a gente Jacoby?

- Claro – ele respondeu.

- Ótimo – minha mãe disse.

- Vamos?

- To te seguindo.

Nós subimos pro meu quarto, quando ele entrou eu fechei a porta e joguei minha mochila na minha cama. Meu quarto não era arrumadinho, era até meio bagunçado. Tinha uns pôsteres do Ramones, da Legião Urbana, do Sex Pistols, do Escape the Fate e, obviamente, do Papa Roach, que o Ez tinha me dado. Perto da porta tava uma escrivaninha, com meu notebook, uma impressora, e algumas fotos. Minha cama, que tava até que arrumada, só minha mochila que tava em cima dela. E, finalmente, meu guarda-roupas. Bom, ele olhou tudo e depois ficou olhando para um ponto e parecia surpreso. Eu olhei para onde ele tava olhando e fiquei vermelha. Era uma foto nossa que estava na minha escrivaninha e estava, digamos assim, numa posição estranha. Ela era a única que tava virada para a cadeira onde eu sentava pra usar o notebook. Obviamente ele percebeu isso.

- Hã... Eu... É – eu não tinha palavras para explicar isso. Eu olhei para o rosto dele e ele tava sorrindo, tava um pouco vermelho também.

- Gabi, eu preciso conversar com você sobre o que houve essa manha.

- O beijo.

- É o beijo. Primeiro. Por que você entrou na escola tão rápido?

- Bom, eu não sei, realmente.

- Acho que eu nunca disse pra ninguém o que eu vou te dizer agora.

- O que? – eu tava apreensiva.

- Eu to – ele respirou profundamente, com se precisasse de coragem, ou algo assim – eutoapaixonadoprovocê – ele disse muito rápido.

- Jacoby – eu disse – fala mais de vagar, por favor.

- Eu to apaixonado por você – ele disse.

- Você ta... apaixonado por mim? – Eu perguntei, não acreditando.

- Sim, eu te amo Gabi, faz um tempo – ele disse – Olha eu sei que eu sou quase dez anos mais velho que você e tudo o mais, sei que você não...

- Eu também to apaixonada por você – eu disse interrompendo ele – faz um tempo também. Ou você acha que essa foto tá desse jeito porque eu fico olhando pra mim? – eu perguntei, brincando.

- Pois deveria – ele falou se aproximando de mim e me abraçando e me beijando – Deveria mesmo Gabi – ele disse de novo – Eu lembro direitinho dessa foto – eu também lembrava – Foi no dia que a gente se conheceu e no dia que eu me apaixonei por você.

- Foi no dia que eu me apaixonei por você, também – eu disse, olhando pra ele. Ele sorriu e foi aproximando seu rosto do meu.

- Gabi, Jacoby vocês vão vir almoçar? – minha mãe nos chamou. Eu e o Jacoby sorrimos.

- Já estamos indo mãe – eu disse. Ele me deu um selinho e nós descemos as escadas.

Nós almoçamos, minha mãe fez um monte de perguntas para nós. Bom, acho que o que ela queria saber era se nós estávamos namorando.

- Mamãe, seja direta – eu falei – a senhora que saber se nós estamos namorando, não é?

- Filha – ela fez voz de quem estava indignada, mas logo sorriu e falou – Bem na verdade é sim.

- Pra falar a verdade mãe, ninguém me pediu nada ainda – eu disse, olhando naqueles olhos verdes que eu tanto amava.

- Não seja por isso – Jacoby disse e veio em minha direção e se ajoelhou na minha frente – Gabi, amor da minha vida [n/a: desde que eu conheci o papa roach eu imaginei ele falando isso pra mim] você quer ser minha namorada?

- Claro que ela quer – minha mãe respondeu por mim. Eu lancei um olhar fulminante pra ela – Desculpa.

- Jacoby, claro que eu quero – eu disse sorrindo. Ele se levantou, estendeu sua mão e eu a segurei. Eu levantei, passei meus braços pelo seu pescoço. Ele passou os braços por minha cintura e nós nos beijamos. Foi um beijo suave, mas me fez esquecer que minha mãe tava ali.

- Ownnn – eu ouvi minha mãe fazendo isso – que bonitinho. Vocês são muito fofos.

Eu e o Jacoby nos separamos, olhamos pra ela e nós três começamos a rir.

- Bom tá tudo muito bem, tá tudo muito bom, mas eu tenho que ir trabalhar – minha mãe disse – Tchau filha, tchau Jacoby.

- Tchau – nós dois dissemos ao mesmo tempo.

- Nossa. Vocês estão muito conectados. Credo – minha mãe disse e nós rimos de novo.

Quando minha mãe saiu nós arrumamos a mesa. Jogamos o resto da comida e colocamos os pratos na lava-louças. Claro que entre essas coisas, nós paramos varias vezes para nos beijar.

Nós estávamos na sala assistindo TV e nos beijando quando meu celular tocou. Era o Win.

- Oi meu querido – eu disse – tudo bem?

- Oi Gabi. Tudo sim e com você?

- Tudo certinho.

- Então amor, o Jacoby tá ai?

- Tá sim, por quê?

- Ah! Por nada. É que ele sumiu. Depois de deixar você na escola ele voltou e depois de um tempo saiu e não voltou. Sei lá, fiquei com medo de ter acontecido alguma coisa.

- Ixi relaxa, ele tá aqui.

- Ah! Então tá. Beijo amor. Até amanha.

- Beijo amor da minha vida. Até.

Eu desliguei o celular e o Jacoby tava olhando pra mim com a sobrancelha levantada.

- Era o Win, ele tava preocupado com você.

- Merda – ele disse, batendo na testa – eu me esqueci de avisar pra ele pra onde eu ia e de ligar pra ele também.

- Bom agora ele sabe que você tá aqui – eu disse. Eu estava encostada no ombro dele – Mas acho melhor você dar uma ligada pra ele, sabe, pra ele ter certeza de que você tá bem.

- Tá legal, tá legal – ele disse, me beijando. Ele pegou o celular e começou a discar. Eu disse pra ele que iria subir. Eu fui pro meu quarto e sentei na minha cama, pensando no meu recente relacionamento com o Jacoby. Ele era tão lindo. Ele era um pouco mais alto que eu, seu cabelo era preto e ele sempre deixava meio desarrumado, ele tinha os olhos verdes mais lindos que eu já tinha visto. Ele sempre usava uns jeans justos, mais não daqueles apertados de mais, e uns tênis adidas – sério, nunca vi alguém gostar de tênis adidas mais do que ele. E eu adorava o estilo dele, era tão lindo.

Eu estava tão perdida nos meus pensamentos que eu nem vi quando ele entrou no quarto, só quando ele sentou do meu lado e passou os braços pelos meus ombros.

- Você tá bem, meu amor? – ele me perguntou.

- Sim, só estava pensando em quão insano é tudo isso – eu falei – o quanto eu te amo, você me amar, sabe. Eu quase não acreditei quando você me beijou essa manha e depois quando você me disse que me ama.

- Eu sei, eu pensei em tudo isso também. Foi por isso que eu sai da casa do Win e do Ez. Eu precisava pensar e colocar meus pensamentos em ordem, sabe – ele disse, olhando profundamente nos meus olhos – eu precisava me decidir se eu te falava o quanto eu te amo ou deixava quieto. Quando eu te beijei você entrou tão rápido na escola, que eu achei que tinha perdido todas as minhas chances de ficar com você, mais quando eu falei que te amava e você falou que sentia o mesmo eu fiquei muito feliz, acho que eu nunca tinha ficado tão feliz assim, sério.

- Eu acho que eu fiquei assustada com o beijo, até hoje de manha eu nem sequer cogitava a ideia de você querer ficar comigo, eu achava que você me via só como uma amiga.

- E eu achava que você me achava velho de mais pra ser seu namorado ou coisa assim – ele disse, olhando nos meus olhos – eu sou apaixonado por você desde que nos conhecemos.

Eu sorri, lembrando daquele dia.

Flashback on

Eu, o Win e o Ez estávamos indo pra casa deles. Nós tínhamos ido comer e depois ao cinema.

Já eram quase cinco horas da tarde quando a gente chegou na casa deles. Quando nós fomos nos aproximando, vimos uma moto preta e alguém encostado nela. E, MEO DEOS, era um cara muito lindo, nunca tinha visto alguém mais lindo na minha vida. E olha que o Ez e o Win eram lindos.

- Hey Jake – Win disse, saindo do carro e abraçando o cara lindo.

- Hey, cara, quanto tempo – Ez apertou a mão dele, quando Win o soltou.

- Pois é, vocês não vão mais lá em casa, nem na casa do Kyle.

- Mais você nunca tá na sua casa, você tá sempre viajando quando a gente vai lá - o Ez falou.

- É, mais agora eu to viajando bem menos com o Papa Roach.

- Papa Roach? - eu perguntei, me intrometendo na conversa. Parece que só naquela hora o Ez se lembrou de me apresentar ao cara da moto.

- Putz - Ez falou - Gabi esse é o Jacoby Shaddix, um amigo nosso, Jake essa é a Gabi.

O Jake me cumprimentou com um beijo no rosto e um abraço.

- Então - eu voltei no assunto - alguém vai responder minha pergunta?

- Papa Roach é minha banda - o Jake respondeu.

- Hum! Legal - eu disse, e me virei pros meus amigos - É rock?

- É sim - ele respondeu, sorrindo - no meu Ipod tem umas músicas, depois eu te mostro.

- Ok - eu disse, sorrindo também - Por que vocês nunca me disseram que um amigo de vocês tem uma banda de rock? - eu perguntei pro Ez e pro Win.

- Nem pensei em te falar, Gabi - o Win disse, e depois de pensar um pouco completou - e o pior é que é bem no estilo de banda que você gosta.

- Pô, agora eu to curiosa pra conhecer sua banda Jake.

- Antes que vocês dois se percam na música vamos entrar - o Win disse.

- Vamos - eu falei. O Win e o Ez foram na frente, deixando o Jacoby e eu atrás. Nós fomos conversando sobre a banda dele e quando a gente entrou, ele pegou o Ipod dele e colocou pra eu escutar "Last Resort", que era muito boa, depois ele colocou "Between Angels and Insects". Quando o Win chamou pra jantar ele já tinha me mostrado quase todas as músicas do álbum "Infest".

- E ai, Gabi, gostou da banda do Jake? - o Ez me perguntou.

- Amei, sério, é muito boa mesmo - eu falei.

Nós começamos a conversar sobre bandas, filmes e outras coisas, foi muito divertido aquele jantar. Depois nós fomos assistir uns filmes. Eu estava sentada no colchão no chão e o Jacoby estava do meu lado, quando o Win resolveu tirar fotos. Bom o Win pediu pro Jacoby passar um braço pela minha cintura e eu encostar nele e tirou nossa primeira foto juntos.

Quando já eram meia noite o Win e o Ez foram dormir, deixando o Jake e eu sozinhos. Nós ficamos acordados até quase quatro horas da manha, assistindo filmes e conversando. Ainda bem que era sexta, e no outro dia eu não tinha que levantar cedo.

Flashback off

- Quando eu cheguei em casa, no outro dia, eu pesquisei muito sobre sua banda e baixei os CDs – eu disse pra ele e fincando vermelha.

- Sério? – ele me perguntou, descrente.

- Sério – eu disse – e ainda enchi o saco dos meus pais pra eles comprarem os CDs – eu disse, olhando pra ele e indo pegar uma caixinha onde eu tinha colocado todos os CDs da banda dele.

- Não acredito, você tem todos os CDs mesmo – ele disse, olhando pra mim surpreso.

- Eu disse, o único que eu não comprei é o The best off Papa Roach, achei muito ridículo o que eles fizeram

- Foi bem tenso mesmo, todo mundo ficou chateado, sabe? - ele disse - A gente tinha pedido pra eles não lançarem o CD nas lojas, mas... Sabe como é, né?

- Sei, sei

- Falando de coisas boas agora - ele disse, sorrindo - Quando o novo CD sair eu vou dar de presente pra você – ele disse me dando um selinho.

- Então vocês já estão gravando um outro CD?

- Ainda falta escrever algumas músicas e pans, mais daqui uns meses nós já vamos começar a gravar – ele disse – E o CD já tem até nome.

- Sério? Qual é o nome?

- Time for Annihilation.

- Bem a cara de vocês mesmo – eu disse sorrindo.

- Haha, engraçadinha – ele disse, fingindo estar bravo, o que me fez rir muito.

Nós fomos pra sala e continuamos a conversar sobre a banda dele, ele me disse que tava terminando de escrever as letras e o pessoal da banda ia ajudar e fazer os arranjos. Então ele mudou de assunto.

- Seu aniversário tá chegando, né?

- Tá sim, é em pouco mais de um mês.

- Dezoito, né?

- Pois é, dezoito aninhos – eu disse.

- Vai fazer o que pra comemorar?

- Eu e minhas amigas estamos organizando uma festa – eu disse, animada – Tipo, vai ser dos anos 60 a 80.

- Que legal, Gabi.

- É, e tem que ir caracterizado e tudo o mais – eu disse.

- Você já começou a distribuir convites?

- Ainda não, mais eu vou começar a distribuir semana que vem, pro pessoal já ir providenciando a fantasia.

- E eu vou ser convidado? – ele me perguntou, fazendo uma carinha tão fofa que eu não resisti e acabei beijando ele.

- Claro que sim, né meu amor – eu disse e subi as escadas pro meu quarto e peguei o convite dele. Quando eu desci ele olhou com cara de interrogação pra mim - eu fui buscar seu convite – eu expliquei pra ele, entregando o convite.

- Você vai com fantasia dos anos 60, 70 ou 80? – ele me perguntou.

- 80 – eu respondi.

- E como é sua fantasia?

- Ah, eu não vou contar – eu disse – você vai ver só na festa.

- Ah Gabi, vai me conta, por favor? – ele fez carinha do gato do Shrek.

- Essa carinha não vai me fazer te contar – eu disse, rindo.

- Merda, eu pensei que essa carinha era irresistível – ele disse. Nós começamos a rir muito.

Nós ainda estávamos rindo quando eu ouvi a porta abrir. Era meu pai.

- Oi pai – eu disse, levantando do sofá e indo abraçá-lo.

- Oi filha – ele me deu um beijo na testa. Ele viu o Jacoby – E você é...?

- Eu sou o Jacoby – ele respondeu e eu revirei meus olhos.

- Acho que você tem que se apresentar direito, Jake – eu disse e ele olhou pra mim como se dissesse “Tem certeza?”. – Pai esse é Jacoby, meu namorado.

- Namorado? – meu pai pareceu surpreso – Desde quando vocês estão namorando.

- Na verdade eu pedi a Gabi em namoro hoje.

- Entendi – meu pai disse. Meu pai era muito de boa, ele sabia que uma hora ou outra eu iria arrumar um namorado, claro que ele era um pouco ciumento, mais nada fora do normal. Nós fomos nos sentar na sala e começamos a conversar, meu pai fez um monte de perguntas pra mim e pro Jake, no estilo “Onde vocês se conheceram?”, “Quando vocês se conheceram?” e mais um monte.

Nós pedimos pizza e eu e o Jake saímos pra comprar bebidas. Bom, meus pais sabiam que eu bebia Smirnoff Ice, mais não era sempre, então eu acabei comprando uma coca pra eu e o Jake bebermos, já que ele tinha que ir pra casa do Win e do Ez de moto e cerveja pros meus pais.

A noite foi muito agradável, nós nos sentamos na sala e conversamos muito. Eu gostava da minha relação com os meus pais, eles sabiam de quase tudo o que acontecia na minha vida e me apoiavam muito. Mais ainda depois que eu conheci o Win e o Ez, acho que depois disso nossa relação melhorou demais, eu me abria mais com meus pais. Acho que eles perceberam, finalmente, que eu tinha crescido.

- Eu preciso ir – Jake disse.

- Eu te levo na porta, amor.

Ele se despediu dos meus pais e eu fui levá-lo na porta, nós ficamos uns minutos conversando e nos beijando. Ele me deu um ultimo e profundo beijo e foi pra casa.

É esse dia tinha sido muito interessante. Descobrir que o Jake me amava tinha sido um máximo, e ele ainda tinha me pedido em namoro, o que foi melhor ainda e meus pais tinha aceitado nosso namoro de boa. É eu sou uma garota de sorte, tenho o namorado perfeito, os melhores amigos do mundo todo e os melhores pais também.