Nina, ou a doce punição de Loki
Interrupção – parte 1
“Muitos acreditavam que antes da origem do universo, nada se havia. Estavam errados, havia trevas.”
A árvore dos mundos esconde um reino frio, obscuro, muito pior do que a crueldade dos Gigantes de gelo, este reino temível age sem que saibamos seus passos, seu poder vem da magia das sombras, a magia proibida capaz de por em perigo até mesmo o equilíbrio das raízes de Yggdrasill.
Svartalfheim é o reino ao qual me refiro.
–
Alfheim, margens do lago Glomma.
– Ai... – dizia Alvim – tá muito pesado! Eu não vou conseguir!
– Pare de reclamar pirralho – disse Loki escorado em uma árvore vendo a pobre criança se matando para puxar a pequena rede de pesca com vários salmões dentro.
– Me ajuda aqui Loki! Assim não vale!
– Não foi você que disse a Nina que era um bom pescador, agora prove – o deus respondeu com riso divertido nos lábios.
Alvim bufou de raiva devido ao peso da rede logo escorregou para dentro do lago, o menino gritou em desespero, Loki se levantou do chão e foi até a beirada do lago e, calmamente foi puxando o menino e a rede cheia de peixes.
– Um isso aqui vai dar um belo jantar – disse ele largando o menino “delicadamente” no chão enquanto segurava a rede com a outra.
– Não se esqueça do nosso acordo! – falou Alvim se levantando.
– Sou um homem de palavra, pirralho – Loki disse debochado.
Alvim olhou para Loki em sinal de descrença.
O deus e o menino elfo caminharam de volta para a casa arvore. Agora os dois pareciam se entender um pouco, na verdade, em parte porque Alvim tinha muito carinho por Nina como se ela fosse a sua irmã mais velha, então ele seria obrigado a aturar Loki.
Tudo na vida tinha o seu lado difícil.
Naquele dia Loki estava de folga, por isso aproveitou a manhã para pescar com Alvim, ele queria fazer um belo almoço para sua esposa que faria 17 primaveras.
Quando os dois chegaram à casa, Loki colocou os peixes sobre a mesa, ele estava maquinando que tipo de comida fazer.
– Entende alguma coisa de comida, pirralho?
– Como assim?
– Sabe cozinhar alguma coisa?
– Não. Eu só como – respondeu a criança.
– Você é mesmo um inútil!
– Ei! – Alvim respondeu irritado – Eu te ajudei a pescar os peixes seu ingrato!
– Nossa – Loki falou de um jeito dramático – você foi de grande ajuda! Nem conseguia segurar uma rede de pesca direito!
Alvim franziu lhe o cenho e inchou as bochechas vermelhinhas dele.
– Que foi? – disse Loki com um falso tom maternal – Vai chorar?
– Nunca! – o menino esbravejou – eu não sou homem de chorar!
Loki riu com gosto, mas logo, parou. E mudou de assunto.
– Ei garoto – ele disse – vá à horta e pegue os legumes.
– Você vai cozinhar? – ele falou incrédulo.
Loki o olhou com aquela cara “o que você acha que eu to fazendo?” e respondeu:
– Quem mais seria? A sua avó? Anda logo, que ainda vou ter que buscar a Nina depois!
O menino correu para fora, logo depois voltou cheio de legumes. Em alguns minutos viu Loki fatiar os peixes e os legumes com maestria, ele faria um belo ensopado de salmão. Nina adorava ensopados. Alvim olhava admirado para o semideus.
– Onde aprendeu a mexer com as facas desse jeito?
– Muito treino.
– Uau! – disse o menino – Como aprendeu a cozinhar?
– Sozinho, vendo as cozinheiras do castelo – na verdade Loki adorava pregar peças nelas – Eu era quem costumava preparar a comida nas minhas antigas aventuras – ele falou, sem querer se lembrou do meio irmão, e de quando os dois eram apenas Loki e Thor, os aventureiros que arrumavam encrenca por entres os nove reinos.
Alvim estranhou quando fitou Loki que aparentava um semblante nostálgico, triste. O garoto então havia se lembrado das palavras de Nina.
“Ele não é mal como você pensa, eh que o Loki não gosta de mostrar para os outros que ele se senti triste, só isso”.
– Ei Loki?
– Que é pirralho? – ele não tirava os olhos do enorme panelão que cozinhava no fogo a lenha.
– Você não sente saudades de casa? – o menino perguntou se se sentando à mesa.
Loki ficou ereto ao ouvir tal pergunta. Sentia falta de casa?
– Não – ele disse com frieza.
Alvim notou que o deus estava desconfortável.
– Mas, é a sua casa. – o menino falou inocente.
– Era minha casa, agora é não mais. Minha casa é aqui agora – Loki falou agora fitando o garoto – Por que está me perguntando essas coisas?
– Porque eu queria entender, você tinha tudo, era um príncipe, um mago poderoso, mas só fez coisas erradas e perdeu tudo isso. Você não se arrepende?
Loki deu um suspiro.
– Vida não é tão fácil assim pirralho. Ter tudo não é sinônimo de felicidade. E depois, você não entenderia. Agora se não se importa, eu gostaria de mudar de assunto.
O menino viu que não adiantaria falar sobre aquilo, então resolveu ficar em silencio. O garoto queria conversar, mas não tinha nenhum assunto.
Nina estava saindo da loja, o patrão havia lhe liberado por causa de seu aniversário. A jovem ficou esperando por Loki que disse que viria busca-la. O problema era que ele estava demorando, e a garota parecia um pouco impaciente, estava com fome e queria logo chegar em casa.
– Cansada de me esperar?
A jovem se assustou dando de cara com o marido que lhe sorria, travesso.
– Você demorou – ela falou se recompondo do susto – o que é isso que você está segurando?
Ela se referia há um pacote que Loki segurava em uma das mãos.
– Tem um cheiro muito bom – ela falou – É pra mim?
– Não posso dizer – ele falou dando um pigarro – agora vamos – ele a puxou delicadamente, e os dois caminharam para a saída da cidade. Nina o olhava com desconfiança. Loki apenas olhava para frente com um único pensamento em sua mente.
“Espero que aquele pirralho não tenha deixado o peixe queimar”.
Asgard – Pátio do Palácio real
Odin caminhava a passos largos, estava visivelmente preocupado. Havia acabado de sair de uma audiência como Mimir, o vidente do poço que ficava nas raízes da arvore dos mundos.
– Então a visão de minha esposa é verdadeira? – questionou o pai de todos.
– Sim – disse o velho homem de barba longa e negra – e, eu realmente não sei dizer quando, eu aconselho que o senhor se prepare o quanto antes, mas, para isso o senhor deve ajeitar primeiro a sua casa.
Odin sabia que quando ele fala em ‘casa’ ele estava se referindo a sua família.
– O que minha família tem a haver com isso?
– Uma família rachada não tem base sólida, pai de todos.
Odin caminhou em direção ao trono, pensativo, ele sabia o deveria fazer, mas também sabia não seria uma tarefa fácil. Os asgardianos não poderiam vencer sem “ele”.
– Tenho que trazer Loki de volta para casa.
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