Night Stories Monday

Hajimete no Kimochi - Ai ni Tsuite - Kimagure


Tudo começou com uma tosse.

Professor Nikiforov olha em volta da turma, que está concentrada nas provas de inverno, quando escuta a primeira tosse, que é abafada. Ele franze a testa ao perceber que apenas um aluno naquela sala de aula está com condições de abafar uma tossida. Yuuri Katsuki, que está deitado com a cabeça em cima dos papéis. Quando o professor se aproxima dele, escuta a tosse novamente. O professor nota que os outros alunos também percebem a tosse, mas ignoram de onde ela vem. Ele deduz que eles já estão cientes da tosse dele, visto que esta aula é a terceira do dia.

"Katsuki." O professor diz, tocando nas costas dele para o acordar.

Ele escuta mais tosses, definitivamente vindo dele. Ele aproxima a mão do rosto dele e se assusta ao sentir o quão quente a testa dele está.

"Ei, Katsuki." Victor tenta acordar o aluno, que ergue o rosto e abre os olhos.

Yuuri se levanta, cambaleando um pouco ao passar pelo professor, que o agarra no exato momento em que percebe que ele ia cair no chão. Ele então olha para a sala.

"Terminem a prova em silêncio. Representante de classe, os supervise até eu voltar." Ele ordena, erguendo Yuuri nos braços e saindo da sala.

Ele decide levar ele até a diretoria e entrar em contato com professora Baranoskaya, para saber como proceder nesses casos. Além disso, ele precisaria tomar cuidado para Yuuri não ativar o Kotodama dele sem querer e nessa situação, a única coisa que ele poderia fazer para impedir é... Um beijo.

"Professora Baranoskaya!" Ele chama por ela, a vendo sair da diretoria.

"Então ele ficou pior." Ela lamenta, quando ele se aproxima, e toca na testa do Japonês. "Vamos deixar ele descansar aqui. Eu cuido da administração da escola e pedirei Mari para trazer remédios, comida e bebidas. Só me resta torcer para que nada ocorra enquanto ele está doente. Volte para suas aulas. Eu ficarei de olho nele."

"Sim, senhora." Ele responde, ficando um pouco mais aliviado por ela estar com ele agora.

As aulas ocorrem normalmente, apesar de ele não estar totalmente focado nelas.

...

De volta à sala da diretoria, Professores Katsuki, Nikiforov e Baranoskaya se reúnem depois das aulas. O que surpreende Victor é a presença de Phichit Chulanont.

"Muito bem, agora que o idiota do meu irmão está doente, ele está impossibilitado de trabalhar e usar Kotodama porque está sem voz." Professora Katsuki diz, soltando um longo suspiro. "Lilia?"

"Continuarei com meus afazeres normais, e assumirei a parte adminatrativa dele." Professora Baranoskaya diz, séria.

"Eu posso usar minhas habilidades de detector de mentiras para vigiar os alunos, outros professores e entidades." Phichit diz, surpreendendo Victor e Mari. "Qualquer coisa, eu uso um dos objetos sagrados de Yuuri para realizar um exorcismo."

De repente, o celular de Chulanont vibra e ele o pega.

"Oh, uma mensagem..." Ele se cala, empalidecendo.

Ele então se vira para Yuuri, que os olha com o rosto avermelhado, completamente suado, e respirando com dificuldade pela boca.

"Não seja malvado, Mestre!" Ele diz, e Victor se pergunta que tipo de mensagem Chulanont recebeu. "Eu prometo não mexer em nada seu, então por favor, não me dê mais punições!"

Eles vêem Yuuri digitar algo no celular, e enviar uma nova mensagem para ele. Quando Phichit a lê, ele solta um grito.

"Como é que é? Você já retornou os itens de Minako-sensei?" Ele pergunta, assustado.

Os professores dão risadas das palhaçadas do aluno Tailandês, que insiste em reclamar com Yuuri.

"Bem, eu irei ficar de olho para intervir caso haja algum problema entre os alunos." Professora Katsuki diz, e então olha para Victor. "Então, professor Nikiforov, deixo meu irmão nas suas mãos."

"Eh?" Victor pergunta com surpresa.

"Cuide dele até ele melhorar, por favor." Ela pede, se curvando para ele.

"Tudo bem, tudo bem. Eu vou ficar com ele." Victor diz, agitando as mãos abertas rapidamente, surpreso pelo que está vendo.

"Muito bem." Ela o olha com um sorriso estranho no rosto. "Yuuri tem mania de ignorar a doença para trabalhar, então por favor, fique de olho nele e o faça descansar."

"Eu entendo. Pode contar comigo." Victor responde, completamente decidido a ajudar ele.

~x~

Quando as duas professoras e Chulanont saem da sala de aula, Victor percebe que Yuuri está de olho fechados. Ele aproveita para tirar as coisas que a professora Katsuki havia trazido antes para o irmão dela das sacolas da farmácia aqui perto e guardá-los se necessário. Existe ali bebidas nutritivas, sopas, pastilhas para a garganta, remédios para resfriado, pudins e garrafas de água.

Ele se aproxima de Yuuri, pegando uma toalha úmida para limpar o suor do rosto e pescoço dele. Yuuri acorda um pouco tempo depois e tenta se levantar, mas o professor russo o toca no peito e o empurra suavemente de volta para o sofá.

"Tenho ordens para te manter deitado. Professora Baranoskaya, Katsuki estão cuidando da escola com a ajuda de Chulanont. Sua obrigação agora é se recuperar desse resfriado." Victor diz, e se surpreende quando Yuuri afirma com a cabeça.

Ele passa comer um dos pudins e depois, toma remédio. Quando Victor se levanta para colocar a embalagem no lixo, ele para ao sentir algo puxar sua camiseta preta e, virando o rosto para Yuuri, o vê a agarrando com força com a mão direita enquanto a mão esquerda digita algo no celular.

Não vá, por favor.

"Ok." Victor apenas diz, se sentando no chão e deixando o pote ali também.

O celular dele vibra e ele ergue, surpreso ao receber mensagens dele.

Muito obrigado por estar aqui.

Eu não queria ficar sozinho novamente.

Eu achava que ninguém mais iria se importar tanto comigo.

Mari se importa porque eu sou família. Lília, por causa desta escola e do legado que carrega. Phichit, por causa de nossa mestra. Mas você...

Você é diferente. Você não precisa de um motivo para estar do meu lado.

Apesar de saber que é algo temporário, eu estou feliz agora. Eu estou feliz, porque você está aqui.

Por isso, muito obrigado.

...

Victor sente seu coração bater cada vez mais forte. Pela primeira vez, ele percebe o que esses sentimentos que sente por Yuuri são. O forte desejo de cuidar dele, de ajudar ele, de se abrir para ele, de ser forte por ele, de ver o sorriso dele... Se Yuuri o acha digno de estar ao lado dele, então Victor decide que está na hora de colocar tudo para fora, mesmo que haja o risco de ser rejeitado.

"Me desculpe, Yuuri. Mas existe sim um motivo para eu querer estar ao seu lado." Victor diz, se virando para o olhar.

Yuuri o olha com a testa franzida, aparentemente confuso.

"Não é fácil para mim confiar em outras pessoas, depois do que aconteceu comigo antes de vir para cá. A ferida ainda é muito nova e eu estou ainda aprendendo a lidar com ela. É complicado demais e pode haver momentos que eu acabe tendo de expor um lado feio meu que eu jamais desejaria mostrar a ninguém. Meus medos. Eu tenho medo de confiar em outras pessoas, de me abrir para elas e no fim, elas me abandonarem ou se aproveitarem de mim." Victor se cala ao sentir a mão de Yuuri tocar no ombro direito dele, e o vê afirmando com a cabeça, o olhando firmemente.

O russo engole em seco, entendendo a afirmação como um sinal para ele colocar tudo para fora.

"Eu não sei o que eu posso fazer para mudar isso, mas meu coração me diz que você pode me ajudar a superar isso. Então, Yuuri. Um dos dois motivos para eu querer estar ao seu lado é o fato de que eu acredito que você possa me ajudar a ser uma pessoa melhor. O outro..." Victor se interrompe, ficando com o rosto rubro. "Bem, eu vim de um país que não aceitaria o tipo pessoa que acabei me tornando, afinal é a primeira vez que tenho sentimentos tão fortes e foi você quem me ensinou o que eles significam."

Victor então se vira, ficando de frente para ele mas ainda sentado no chão e pega as duas mãos dele com as duas, as apertando. Yuuri o olha surpreso, respirando fundo com a boca. Victor engole em seco e desvia o olhar para o chão, embaraçado. Bem, é agora ou nunca.

"Yuuri Katsuki. Apesar de saber que não dá para ser igual a outras pessoas, eu gostaria de dizer que eu te amo e que eu quero estar ao seu lado até quando você me desejar. Eu prometo te aceitar do jeito que você é, cuidar de você nos momentos difíceis, e mostrar que por você eu posso mudar." Victor diz, esperando para terminar te falar para olhar para o outro novamente.

Mas Yuuri estava dormindo profundamente, o fazendo soltar um grunido por ter se confessado enquanto ele está resfriado. Victor retira o celular da mão dele e acaba dando uma olhada na tela, se surpreendendo com o que lê.

...

Eu te amo também.

Seja meu namorado, Vic

...

Ele olha para Yuuri e se aproxima do rosto dele, lhe dando um beijo na bochecha.

"Boa noite."

~x~

Yuuri acorda com a sala da diretoria na escuridão e numa temperatura fria. Vê Victor sentado no chão, perto do sofá e fica com o rosto vermelho. Ele se levanta silenciosamente e vai até o banheiro, lavar o suor do corpo e trocar de roupa, ainda se sentindo um pouco doente. Sentindo fome, ele devora logo cinco pudins e bebe um pouco de água. As entidades, notando que eu estava acordado, se aproximam de mim.

...

"Parabéns, Yuu-chan!"

"Finalmente podemos ir em paz!"

"Estamos tão felizes!"

"Que inveja, eu é que queria um gato russo se confessando para mim quando eu estava viva."

"Ai, garota, nem me fale."

"Ele até te carregou como uma princesa quando percebeu que você estava doente."

...

Yuuri os olha com surpresa. Oh! Então a confissão de antes não foi um sonho? Ele se confessou mesmo. Ai meu deus!

Yuuri sorri, muito feliz ao saber disso. Ele volta a olhar para ele, que ainda adormece. Ele então respira fundo e fecha os olhos, juntando as mãos em oração.

...

Espíritos sábios e benevolentes, mensageiros cuja missão é assistir aos homens e conduzi-los pelo bom caminho, amparai-me nas provas desta vida; dai-me a força de sofrê-las sem lamentações; desviai de mim os maus pensamentos, e fazei que eu não dê acesso a nenhum dos maus Espíritos que tentariam induzir-me ao mal. Esclarecei a minha consciência sobre os meus próprios defeitos, e tirai-me dos olhos o véu do orgulho, que poderia impedir-me de percebê-los e de confessá-los a mim mesmo. Vós, sobretudo, que velais mais particularmente por mim, fazei que eu me torne digno da vossa benevolência.

~x~

Victor acorda, desorientado. Isso até ele estar cara a cara com Yuuri, que dorme tranquilo ao lado dele. Victor o examina, percebendo que ele está sem febre, não tosse mais e respirando normalmente. Aliviado por ele estar melhor, Victor passa a se preocupar agora com outra coisa muito importante para ele.

"Será que... Ele dormiu antes de ouvir minha confissão?"

"Bom dia..." Ele escuta uma voz rouca, e olha para Yuuri, que solta um bocejo.

Victor olha em volta, se vendo deitado em um colchão com Yuuri. Ele se levanta, mas um par de mãos o agarra pelas roupas e o faz cair os braços dele com uma exclamação.

"Muito obrigado por cuidar de mim, Victor." Yuuri sussurra no ouvido dele, o arrepiando.

"Yuuri, você se lembra do que eu falei com você ontem?" Ele pergunta, o olhando hesitante.

"Yuuri abre um sorriso, e aproxima o rosto dele, e o beija.

"Eu te amo também. Seja meu namorado, Victor." Ele repete a mensagem do celular, para a surpresa do russo. "Não se preocupe. Nós não precisamos ter pressa nem precisamos ser igual aos outros. Juntos, nós podemos trilhar nosso próprio caminho."

Emocionado, Victor apenas afirma com a cabeça. Ele então toca no rosto corado de Yuuri e respira fundo.

"Posso te beijar de novo?" Ele pergunta, vendo Yuuri dá risada.

"Não precisa perguntar. Eu seria um idiota se pensasse em rejeitar você." Ele diz, e aproxima o rosto de Victor, que o beija novamente.