Night Stories Monday

Doki Doki Shichau - Iinari - Bakudan Juice


Meu nome é Park Min-So.

E estas são as minhas memórias, antes de um certo incidente.

...

Eu nasci na Coreia do Sul, em uma família normal. Meu pai tinha o próprio negócio, uma loja de jóias que era bastante popular na época e minha mãe era uma modelo, que também trabalhava para meu pai.

Inclusive foi assim que eles se conheceram, se tornaram amigos, começaram a namorar e se casaram. Quando eu nasci, José éramos uma família feliz, mas então no ano em que eu fiz 16 anos, a loja de meu pai foi roubada. Em uma única noite, ladrões levaram dinheiro, ouro, jóias, pedras preciosas. Meu pai ficou sem nada e foi à falência, pois o banco se recusou a pagar o seguro e clientes que haviam encomendado jóias dele ficaram sem elas, exigindo que meu pai pagasse de volta o dinheiro usado para pagar pelas encomendas.

E foi nesse momento que minha mãe decidiu ir embora, deixando eu e meu pai para trás sem nada. Nós perdemos nossa casa, ficamos com dúvidas por causa da falta de dinheiro, e eu tive que arrumar empregos para poder tentar ajudar meu pai, que ficou em depressão e passou a usar a bebida para tentar aliviar a dor.

Mas infelizmente, a bebida apenas o fez se tornar um monstro. Como eu pareço muito com a minha mãe, ele muitas vezes agia como se eu fosse ela. Ele gritava comigo, me batia, me forçava a beber e me estuprava, só parando quando ficava inconsciente.

Sim, ele tirou a minha virgindade e continuou a me violentar dia após dia, e me fazia abortar todas as vezes que ele me batia. Até agora, foram quatro vezes.

Ele me acorrentou naquela casa, me fazendo ter medo de colocar o pé do lado de fora para não ter que escutar pessoas me criticando e me julgando. Eu não tinha mais consciência de quem eu era, de onde eu estava, de que dia ou mês ou ano era. Eu apenas vivia para servir ele.

Obviamente, nossa situação acabou me levando para o hospital. Eu acabei ficando com intoxicação alimentar por causa do nosso estilo de vida. E por causa disso, fui parar no hospital. E sabe qual é a coisa mais engraçada? Meu pai sequer apareceu para me visitar.

Curiosamente, eu dividi o quarto com um garoto estranho, que tinha o corpo inteiro cheio de ataduras. Mas o que mais me estranhou nele não era só o fato de ele também não ter ninguém para visitar ele, como também ele fala sozinho todas as noites no banheiro do quarto e de dia, fica em completo silêncio.

Aliás, ele na verdade parece estar conversando sozinho. Era como se estivesse alguém mais além de nós, mas não havia ninguém. Isso até eu ouvir ele sussurrando o nome de alguém que morreu a muito tempo atrás.

Minha avó paterna, Park Jung-hoo.

Ele está falando sobre mim, falando sobre eventos que aconteceram na minha vida, como se ele soubesse exatamente o que aconteceu comigo. Para a minha surpresa, ele abre a porta do banheiro e fica cara a cara comigo, me olhando seriamente com aqueles grandes olhos castanhos escuros.

"Eu permito aos Bons Espíritos livrarem do Espírito malfazejo que se ligou a esta moça. Se é uma vingança que ele pretende exercer, em conseqüência dos males que lhe teria feito outrora, vós já os permitistes sofrerem o suficiente pela própria culpa. Possa o arrependimento dele fazer merecedor do vosso perdão e de ser livre desse sofrimento. Mas, seja qual for o motivo, eu suplico a vossa misericórdia para ele. Facilitai-lhe a senda do progresso, de que se desviou pelo pensamento de fazer o mal. Possa eu, de meu lado, retribuindo-lhe o mal com o bem, e encaminhá-lo a melhores sentimentos." Ele diz, e eu começo a sentir uma dor muito forte no meu corpo, que me faz cair de joelhos no chão e começar a vomitar uma estranha gosma preta.

Eu fiquei apavorada com a quantidade que saiu de dentro de mim. E mais assustada quando percebi que o menino me olhava friamente, não se sentindo incomodado com o que sai de mim.

"Noona." Ele diz, me fazendo o olhar com surpresa. "Vai ficar tudo bem agora. O hospital já fez exames e já passou para a polícia provas contra seu pai. Procure sua tia que mora em Seul e peça ajuda."

"Como…?" Começo a perguntar, sentindo que as palavras dele me deixavam cada vez mais calma.

"Não se preocupe com dinheiro. Você terá o suficiente quando a hora chegar." O menino diz, e eu arregalo os olhos ao ver ele começar a flutuar e se sentar no ar. "Faça seu próprio destino, Noona. Agora, vá para cama, durma e se esqueça de mim."

E para o meu horror, meu corpo simplesmente se levanta e eu me deito na cama, adormecendo logo em seguida.

...

E de repente, quando eu acordo, estou sozinha no meu quarto e minhas memórias então confusas. Será que é por causa dos remédios?

~x~

Eu jamais imaginaria que receberia dinheiro de um seguro de vida que meu pai havia feito para mim. Isso apenas significava que meu pai não está mais vivo e mesmo que eu ache estranho o fato de ele ter feito esse seguro quando eu estava no hospital e acabou morrendo dias depois.

Com o dinheiro, fui para a escola e fiz terapia para lidar com o trauma. Me surpreendi com todo o trabalho realizado e passei a estudar mais, decidindo ir para os Estados Unidos fazer faculdade de psicologia. Quando estava para fazer meu último trabalho de meio período, fui oferecida uma vaga como Psicóloga da Academia Clockstrings pela vice-diretora, que me revela algo estranho.

"O diretor de nossa escola quer que você faça parte também. Ele acredita que alguém como você pode ser capaz de ajudar adolescentes a lidar com situações que possam ser problemáticas." Vice-diretora Baranovskaya diz, seriamente. "Espero que você se torne alguém capaz de mostrar que a confiança que ele tem em você não seja em vão."

E sinceramente, eu não entendo como alguém que eu nunca vi antes poderia ter tanta confiança em mim.

E de fato, a Academia Clockstrings é bem diferente. Além de ter diversos alunos de nacionalidades diferentes, o próprio time de professores também são pessoas de nacionalidades diferentes. E é claro que eu não consegui tirar meus olhos do garoto chamado Yuuri Katsuki, que além de ser mudo, é um delinquente que vive sendo judiado por outros alunos.

E o motivo sobre isso é simplesmente pelo fato de que ele aparenta não se importar com nada que acontece com ele.

E eu decidi em continuar trabalhando naquela escola, ajudando alunos e professores a lidar com circunstâncias complicadas da vida. Circunstâncias similares ao meu passado e que me fazem ter orgulho das escolhas que fiz.

E quanto ao garoto estranho? Yuuri Katsuki?

Eu não sei o que acontece, mas todas as vezes que eu tento conversar com ele, eu acabo me esquecendo e não lembrando de momentos que deveriam acontecer minutos atrás.