Asymmetry - Sorosoro Ikanakucha - Nami Hikari

Tudo começou quando um grupo de três rapazes estavam em um dos banheiros da Acadêmia Clockstrings. Eles estavam exibindo presentes que ganharam de seus pais por tirarem notas altas quando um deles de repente, diz.

"O que acham de fazermos amizade com Yuuri Katsuki?"

"E por que você gostaria de ser amigo dele?"

"Eu não acho que seja uma boa idéia."

"Porque eu estou entediado. E ele me interessa."

"Katsuki é um maluco. Eu não quero me associar a ele."

"Ah, qual é? Por que não? Tenho certeza que será divertido."

Sem saberem, professor Christophe Giacometti estava ali perto e havia escutado tudo.

...

"Eu não sei, mas algo está me dizendo que isso não é algo bom." Professor Giacometti diz, de braços cruzados.

Ele está na sala dos professores, sentado em sua mesa. Ao seu lado está professor Victor Nikiforov, que está preparando slides para suas aulas futuras.

"Do que você está falando?" Victor pergunta, parando de digitar para olhar para o colega de trabalho.

"Eu escutei um estudante sugerindo aos amigos deles que queria fazer amizade com Yuuri Katsuki." O professor suíço diz, com a testa franzida.

Victor o olha com surpresa, e abre um sorriso.

"É mesmo? Quer dizer que existem pessoas que querem fazer amizade com ele apesar de tudo?" O professor russo pergunta, surpreso.

"Pelo visto sim, mas como eu disse antes, eu não acho que isso seja algo bom." Professor Christophe diz, olhando para o colega. "Eu temo que isso seja mais um método de bullying."

"Será?" Victor pergunta, entendendo o que o colega está querendo dizer. "Eu acho melhor ficar de olho então."

"Hm?" Professor Christophe pergunta, não escutando bem o sussurro dele.

"Não é nada." Professor Victor responde, voltando sua atenção para os slides.

~x~

Os três alunos encontram Yuuri Katsuki no meio do telhado da escola. Ele está ali, de olhos fechados e mãos enfaixadas nos bolsos, com o vento agitando fortemente suas roupas e cabelos.

"Ei, Katsuki!" Yuuri gira o rosto, olhando friamente para eles. "Vem almoçar conosco!"

Yuuri ergue a sobrancelha, surpreso com o que escuta.

"Nós trouxemos para você também." Outro aluno diz, com um sorriso no rosto.

Yuuri morde o lábio inferior e se aproxima, os olhando seriamente. Ele sabe. Ele sabe que tem algo de estranho com eles.

Por que eles estão ali?

Mas, para a surpresa dele, nada de estranho aconteceu. Os 3 conversavam sobre notas, games, quadrinhos enquanto ele apenas escutava e respondia com o celular.

"Você é divertido, Katsuki. Que tal se encontrar conosco depois das aulas? A gente vai passar o dia gastando dinheiro jogando nos arcades e comendo fast-food. Não se preocupe, a gente paga sua parte também."

Yuuri os olha com surpresa e afirma com a cabeça.

Talvez… Talvez ele esteja enganado?

...

Yuuri é o último a sair da sala de aula de artes. Victor o nota com um estranho sorriso no rosto, que também é reparado pelos outros alunos e serve de motivo para fofocas.

"Algo de bom aconteceu?" O professor pergunta, vendo o suposto 'aluno' o olhar com surpresa.

Ele olha em volta e ergue o celular, digitando uma mensagem e enviando para ele.

Yuuri (Agora a pouco)

Eu fiz amigos.

Victor franze a testa e o vê digitar uma nova mensagem.

Yuuri (Agora a pouco)

Vou passar o resto do dia fora com eles. Você pode ficar minha mochila? Eu a pego com você nos dormitórios depois.

"Claro." Victor responde, ainda sério. "Me ligue se você precisar de algo, ok?"

Yuuri (Agora a pouco)

Eu vou ficar bem. Eu posso cuidar de mim mesmo.

"Tome cuidado." Victor diz, o vendo deixar a mochila na mesa dele e afirmar com a cabeça, saindo da sala.

...

Mas aparentemente nada de estranho acontece. Ele vê Yuuri chegar no dormitório um pouco antes das luzes serem apagadas e com uma expressão de pura alegria no rosto. Victor não entende muito bem o motivo de ele estar agindo assim. E decide que é melhor ficar apenas observando, por enquanto.

~x~

Uma semana depois, Victor já percebe que Yuuri está se comportando diferentemente do normal. Embora insista que está ocupado, os três novos amigos de Yuuri não hesitam em insistir usando chantagem e lágrimas para que ele novamente saia com eles. Victor percebe que Yuuri se sente cada vez mais desconfortável com a presença deles e decide conversar com a Professora Katsuki sobre isso.

Yuuri (1 dia atrás)

É frustrante.

Por causa deles, meu trabalho está se acumulando.

Mas não sei como fazer com que eles entendam. Eu não posso chegar e dizer que sou o diretor da escola e que me disfarço como aluno para vigiar a escola de coisas sobrenaturais.

Victor solta um longo suspiro ao ler a mensagem. Talvez seja melhor falar com Mari e Lília sobre isso.

~x~

Eu preciso estudar. Podemos ir para o arcade depois?

"Que tédio!"

"E desde quando alguém como você se preocupa com os estudos?"

"Vamos lá, Katsuki. Não seja mesquinho. Aproveita e paga tudo o que a gente gastou com você."

"É! Nossos pais estão exigindo o dinheiro de volta!"

Yuuri os olha com surpresa. Essas são as verdadeiras faces de seus amigos? Essas são as intenções deles quando vieram falar com ele lá no telhado?

Ele é mesmo um tolo.

Yuuri ergue o celular, mostrando a eles a mensagem recém escrita.

Eu posso devolver o dinheiro amanhã, mas não posso mais sair com vocês. Me desculpem mas eu preciso ir embora.

De repente, tomam o celular dele e o jogam no chão, pisando nele e quebrando a tela totalmente.

"Ops."

"Foi um acidente."

"Não faça essa cara triste!"

"Tadinho. Ficou sem o celular. E agora?"

Gargalhadas ecoam pelo beco escuro, onde os três haviam encurralado Yuuri.

Crack

"Sabem de uma coisa?"

"O quê?"

"Esse cabelo longo ele é irritante."

"Concordo."

"Por que não cortar ele nós mesmos?"

"Boa idéia! Eu trouxe tesouras."

Snip

Snip Snip

Snip

Crack

De repente, Yuuri soca um deles bem no rosto. Assustando-os. Ele avança no segundo, o derrubando no chão e o chutando. O terceiro, apavorado, sente sua não tocar em algo e de repente, se vê acertando Yuuri na cabeça com uma barra de ferro, fazendo-o cair no chão.

"E-ei, você o matou?"

"Eu não sei! Eu entrei em pânico."

"Será que a gente exagerou?"

"Não, ele mereceu isso."

"Keh!" Eles escutam e olham para Yuuri, que se levanta dando altas gargalhadas. "Finalmente encontrei a chance de possuir este corpo!"

Mais gargalhadas ecoam, e os três começam a se arrepiar.

"Senhor das Palavras, vamos ver até que nível seus poderes chegam." Yuuri diz, e eles notam que os olhos dele não são mais castanhos escuros e sim totalmente brancos. "Vocês, seus malditos. Não se movam."

Eles se apavoram quando sentem seus corpos se endurecerem.

"Mas o quê diabos..."

"Eu não consigo me mexer!"

"Não! O que está havendo comigo?"

"Calem a boca!" Yuuri grita, soltando um grunhido de raiva. "Estou cansado de ouvir as vozes patéticas de vocês."

Quando as gargantas deles se fecham, eles entram em pânico.

Alguém, por favor nos ajude...

"Patético." Yuuri diz, abrindo um sorriso. "Mas eu deveria agradecer a vocês, seres inferiores, por me darem a oportunidade de possuir este corpo."

"E quem é você?" A voz do professor Nikiforov os assusta.

"Meu nome é Lockart... Quem está ai?" Yuuri pergunta, procurando pelo dono da voz.

"Eu estou aqui." O professor diz, se aproximando deles.

"Não se mova!" Yuuri grita, se assustando quando Victor continua a se aproximar.

"O que foi? Está com medo de mim?" O professor pergunta, abrindo um largo sorriso no rosto.

"Cale a boca!" Yuuri grita cada vez mais alto. "Não se aproxime!"

Mas o professor continua a se aproximar deles.

"Não adianta tentar usar contra mim. Eu sou imune." Victor diz, se aproximando dele.

"Impossível! Eu não acredito..." Ele é interrompido pelo seu próprio grito, no exato momento que Victor coloca uma pulseira de contas negras no pulso dele.

Os quatro o observam parar de gritar e Yuuri Katsuki cair nos braços do professor, que percebe o ferimento na cabeça. Victor o pega nos braços e o ergue, notando que Yuuri abre lentamente olhos.

"Espírito que vos comprazeis em me atormentar, ouve-me, pois, que vos falo em meu nome! Se quiserdes refletir, compreendereis que o mal não pode levar ao bem, e que não podeis ser mais forte do que os Bons Espíritos, que poderão me preservar de qualquer atentado de vossa parte. Se não o fizeram, foi porque eu tinha uma prova a sofrer. Mas essa prova terminou e eles vos impedirão de agir sobre mim." Ele diz, e uma forte ventania avança pelo beco. "E com relação a vocês, em 1 minuto, devem esquecer tudo o que aconteceu hoje e me deixar em paz."

Victor se afasta, o carregando ele até seu carro, notando que ele volta a fechar os olhos, mas continua a agarrar a parte da frente de sua camisa com as duas mãos.

...

"Me desculpe." Yuuri diz, sentado confortavelmente na cama de Victor.

"Por quê?" Victor pergunta, estendendo para ele um prato com sanduíches e colocando um copo de refrigerante na mesa ao lado da cama.

"Você tem que cuidar de mim de novo." Yuuri responde, olhando para o prato mas não se movendo para comer.

"Melhor do que não ter ninguém, você ignorar seus machucados e acabar tendo que ir pro hospital por causa de complicações." Victor diz, observando Yuuri se encolher.

Então algo assim já aconteceu. Oh, Yuuri. O que eu posso fazer para aliviar o peso que você carrega nas costas?

"Eu devo ser um incômodo para você." Yuuri diz e Victor o olha com firmeza.

"Yuuri Katsuki, preste muito bem a atenção." Victor diz, vendo o olhar com surpresa. "Infelizmente, eu não posso enfrentar batalhas ao seu lado e sei muito bem que por causa delas, você irá se machucar. Então pelo menos me permita te ajudar cuidando dos seus machucados para que no futuro você possa lutar com 100% de sua capacidade."

"Por que você se importa comigo?" Yuuri pergunta, confuso.

"Porque eu sou seu amigo." Victor responde, tocando nos cabelos mal-cortados dele. "Um amigo de verdade, que você pode contar sempre."

Lágrimas escorrem do rosto de Yuuri, que sorri para ele. Ele sabe. Ele sabe que seu coração, graças ao russo, irá ser curado aos poucos e que Victor nunca o deixou na mão.

"Você foi bravo, ao me enfrentar possuído por um espírito travesso." Yuuri comenta, começando a comer.

"Eu estava apavorado." O russo confessa. "Mari havia me dado essa pulseira quando eu contei para ela sobre o que estava acontecendo com você."

"Imaginei." Yuuri diz, o olhando. "Isso já aconteceu antes, mas eu sempre desejei que poderia fazer amigos mesmo com as minhas circunstâncias. Eu sou um tolo mesmo em acreditar que alguém deseja ser meu amigo."

"Eu imagino o quanto você deve se sentir solitário. Mas não se esqueça. Eu estarei sempre ao seu lado, sempre disposto para te ajudar." Victor diz, continuando a tocar nos cabelos dele.

"Você pode terminar de cortar ele?" Yuuri pergunta, sorrindo com o interesse dele no seu cabelo.

"Eu posso mesmo?" Victor pergunta, o olhando com surpresa.

"Por favor." Yuuri pede, recebendo um aceno do russo.

Victor se levanta e se aproxima abre uma gaveta da cômoda dele, e retira uma longa tesoura. Logo ele retorna e espera Yuuri terminar de comer para cortar os cabelos dele adequadamente.

É claro que, por causa disso, a escola inteira ficou chocada no dia seguinte, quando Yuuri anda pelos corredores com o seu rosto completamente exposto e devolve para os alunos o dinheiro que usaram com ele.

"Ele é Yuuri Katsuki?"

"Ai meu deus, ele é um gato!"