Nezushi - Uma utopia de nós dois

Preciso Dizer Que Eu Te Amo - Cazuza


Tanta coisa em comum
Deixando escapar segredos
E eu não sei em que hora dizer
Me dá um medo, que medo

É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo tanto

— Preciso te contar uma coisa Shion...
Murmurei qualquer coisa, mais interessado em descansar sobre o seu peito, enquanto ouvia as batidas do seu coração.
— Eu não sei bem como dizer... — não gostei do rumo alternativo que aquela conversa levava, por isso tratei de encará-lo, nossos rostos a poucos centímetros um do outro. — ahn... Ficou mais difícil agora.
— Qual o problema Nezumi? Você parece estranho... — levantei minha cabeça, obrigando o resto do corpo a se mover para longe dele. — por favor...não diga que se arrependeu.
— NÃO... Não é isso... — se apressou em dizer, levantando-se também. — eu nunca me arrependeria de passar uma noite com você... Gosto do calor que me transmite.
— Você não está sendo muito sincero Nezumi...— suspirei cansado, deixando meu corpo cair novamente na cama, do lado oposto ao dele — E também está usando essas palavras que não significam uma coisa, nem outra. Por que faz isso?
Fechei os olhos na procura de alguma solução óbvia, que acenasse para mim dentro da mente. Uma movimentação no ar e luz, me fez abri-los. Nezumi colocara suas mãos ao lado da minha cabeça, sustentando seu corpo sobre o meu. Ele me cobria por inteiro, e impedia que a luz chegasse até mim. A imagem vista de baixo, me lembrou de anos atrás quando ele, ainda uma criança, fizera o mesmo, com a única intenção de me intimidar e mostrar quem tinha o controle. O que eu não negava nem agora.
— Você não entende Shion, eu... — Interrompeu a fala, vasculhando em meu olhar uma faísca de compreensão ou permissão, para continuar. Em resposta, estendi os braços na tentativa de abraçá-lo e puxá-lo para mim, o que ele não impediu. Mesmo ele sendo maior, em questão de tamanho o abracei— eu...eu...não quero te perder. Mas...
Meio que entendia o que ele sentia, um misto de emoções estranhas, que de certa forma eram tão imprevisíveis que causavam medo.
— Não quero ser seu amigo — disse firme e certeiro como uma bala, que soube que perfurou Nezumi tão logo saiu da minha boca. — só fica aqui....por favor.
— Shion... — murmurou dolorosamente. Ele me encarou com seus lagos escuros e insondáveis, apenas para depois morder o lábio inferior e sair do meu aperto, caminhando em direção a porta.
Não aguentei ver aquela cena, que seria a mesma coisa do que ver meu coração saindo do peito e indo embora. Não precisou ser dito nada. E foi mais claro do que qualquer palavra poderia expressar. Uma lágrima passageira trilhou seu caminho pelo meu rosto. Levantei impulsivamente e segurei Nezumi pela cintura enterrando o rosto nas suas costas nuas, e acabando por chorar compulsivamente. Por que ele não compreendia que eu o amava? E que só precisava dele ao meu lado...
Ele não se mexeu, nem disse nada, apenas ergueu a cabeça para impedir as lágrimas de rolarem. A grande doença da humanidade, que não precisava nem mesmo de abelhas mutantes para se espalhar: o orgulho.
— Nezumi... Por favor... Mesmo que não entenda... Saiba que eu te amo. — disse entre soluços. — eu te amo... Eu te amo... Eu te amo... Eu te amo... Quantas vezes preciso dizer, para que você sinta o mesmo que eu?
— Shion... — ele deixou o silêncio preencher as lacunas vazias, e finalmente se virou para mim. — não mereço tal sentimento... Já fiz muitas coisas...

Já não me preocupava com a vergonha e nem com meu rosto vermelho, apenas agarrei seu pescoço e taquei um beijo naquele indecidido garoto.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.