POV’S THOMAS

Sento Newt no chão e apoio as costas dele na parede. Os olhos dele ficam esverdeados quando ele chora. Ajoelho-me em frente a ele e limpo as lágrimas em sua face, levantando seu queixo e fazendo-o olhar para mim. Acaricio seu rosto com as costas da mão, enquanto não paramos de nos encarar.

– Agora – seguro as duas mãos dele. – está mais calmo?

Ele não me responde. Me sento ao seu lado e o deito de lado no meu colo, acariciando seu rosto e cabelos. O choro dele vai diminuindo, pouco a pouco, até que para depois de alguns minutos. Ele continua deitado, mas se vira de barriga para cima para me olhar nos olhos.

– Está tudo bem, Newt. Foi só um pesadelo. – tento tranquiliza-lo.

– Eu me lembrei, Tommy. Eu me lembrei dela.

– Se lembrou do nome dela?

Ele assente.

– O nome dela era Sarah.

Calo-me no momento em que ele menciona o nome da garota no passado. Ele também fica em silêncio, olhando para o teto.

– Ela...?

Newt vira-se de lado, enfiando a cara no meu colo e abraçando minha cintura.

– Eu não sei! – a voz dele soa abafada, como no início de um choro.

– Shhh... – acaricio a cabeça dele. – Desculpe. Não precisa falar.

Ele levanta a cabeça para me olhar outra vez.

– Eles a levaram, Tommy. Eu tentei impedir mas...

Recosto a cabeça na parede e paro para pensar um pouco. Com certeza são as mesmas pessoas que colocaram Newt e todos nós no labirinto. O tal do C.R.U.E.L. Mas e a garota? O que fizeram com ela?

– Eles devem estar com ela. – digo.

– Com certeza. Isso se eles não tiverem... – Newt volta a chorar. – Droga!

– Hey, amor. – passo os dedos suavemente pelo rosto dele. – Eles te mantiveram vivo, não é? Por que seria diferente com ela?

Ele fica em silêncio, apenas me fita com seus olhos cheios de lágrimas.

– Se eles estão com a Sarah, iremos acha-la. – garanto.

– Eu sei... – diz ele, enxugando as lágrimas com a manga da blusa de frio. – Eu... eu só preciso de...

– Posso sugerir um banho? – pergunto.

–... É a segunda vez que tomo banho hoje.

– É só não contar pro Gally. – dou uma piscadinha pra ele. Newt revira os olhos e solta um sorriso. Não é um daqueles sorrisos de alegria pura, mas é o suficiente para eu saber que ele está melhor. Fico feliz por ver ele assim.

– Ok, vai. – ele se levanta do meu colo, ficando sentado. Ponho-me de pés e puxo as mãos dele, levantando-o também.

Viro-me em direção a fogueira, mas ele segura meu braço e me puxa pra perto dele, abraçando minha cintura.

– Espera. – ele passa a mão pelo meu rosto. – Obrigado, amor. Não sei o que seria de mim sem você.

Sorrio. É ótimo ouvir aquilo, especialmente vindo dele. Me inclino e nos beijamos ternamente, perdendo o equilíbrio e quase caindo um em cima do outro. Começamos a rir, e ele se solta de mim.

– Vá para a fogueira quando terminar. - peço. – Ou melhor, eu te encontro no vestiário daqui a pouco.

– Ok. – ele me beija outra vez.

Vejo-o entrar no vestiário, e me viro para a fogueira. Os meninos já estão sentados, contando casos e rindo alto. Não sinto a mínima vontade de ir até lá, mas não tenho nada de melhor para fazer. Caminho e me sento ao lado de Gally, que me envolve com o braço esquerdo enquanto dá uma gargalhada diante dos casos e acasos do Caçarola.

– Ei, Teresa. – viro-me pra minha amiga. – porque não tenta trazer o Minho pra cá?

– Wow, wow, para tudo. – Gally fica sério de repente. – Não podemos.

– O que? – fico confuso.

– Eu não confio na Teresa. – ele dá de ombros, falando tão alto que todos (inclusive ela) são capazes de escutar.

– Como você pode dizer isso?! – indago, olhando ora pra Gally e ora pra Teresa.

– Ela é um homem! – retruca ele.

– Eu sou um homem. – Teresa fica séria também.

Gelo e fico olhando para ela. O silêncio que se forma a seguir dura uns cinco segundos, antes que todos os outros caiam na gargalhada. Fico com cara de coxinha, sem entender absolutamente nada.

– Só estamos te zoando, plong! – Gally dá um tapa leve na minha nuca.

– Eu vou tentar, Thomas. Mas eu duvido muito que ele venha. – Teresa se levanta e para na minha frente.

– Acho que não custa nada tentar... – justifico.

– Está certo.

Vejo Teresa entrar na enfermaria e fechar a porta. Me viro pra Gally, que me encara sorrindo. Sorrio de volta pra ele, mesmo sem saber por que. Demora alguns minutos para Teresa voltar, porém, Minho não está com ela.

– Valeu à tentativa. – ela dá de ombros.

– É... acho que sim. – resmunga Gally.

Olho pro vestiário, e me levanto.

– Eu... preciso usar o banheiro. – digo.

– Faz na mata, Thomas! – diz Gally, sorrindo.

– Tá doido?!

– Estou brincando. Vai lá.

Entro no vestiário e passo o olho pelos boxes até avistar Newt ali, completamente nu e de olhos fechados, enquanto a água do chuveiro cai-lhe sobre os cabelos loiros e ombros e escorre por todo seu corpo. Me escoro no batente da porta, só pra observá-lo. Ele é muito lindo. E eu sou muito apaixonado por ele. Analiso cada detalhe do seu corpo: desde seus cabelos loiros até o formato bonitinho dos seus pés. Continuo escorado ali, até que ele abre os olhos e me vê, soltando um sorriso singelo. Me aproximo dele e me sento no banco, ainda encarando-o.

POV’S NEWT

Me viro de frente pra Tommy, mas continuamos ambos em silêncio. Desligo o chuveiro, caminho e fico parado bem diante dele, ambos sorrimos um para o outro. Ele se levanta e segura meu rosto com as duas mãos, aproximando nossos narizes. Solto um risinho enquanto unimos nossos lábios. Nossas línguas acariciam uma a outra em uma doce frequência num beijo apaixonado. Ele abraça minha cintura, e eu abraço o pescoço dele, sem ao menos me importar com as gotas de água que escorrem e molham sua roupa.

– Eu te amo. – ele diz, em meio a uma respiração entrecortada.

– Eu te amo. – respondo, esfregando nossos narizes suavemente.

Voltamos a nos beijar, e nos apertamos mais forte. Começo a ficar excitado, e tento me controlar, sem sucesso. Thomas começa a rir de mim, e sinto minhas bochechas arderem.

– O que foi? – pergunto.

– Não podemos fazer isso aqui.

– Por que não?

Tommy levanta o olhar pra porta do banheiro.

– Estão nos esperando lá fora...

– Os deixe lá... – peço com um biquinho manhoso.

– Hey... depois da fogueira... na casa dos mapas... – ele dá uma mordidinha em minha orelha.

– Claro. – rio, empurrando-o levemente e começo a catar minhas roupas.

– Eu te amo, blondie. – diz ele.

– Eu também te amo, Tommy. – sorrio.

Visto-me rapidamente, e ele me envolve com o braço esquerdo. Saímos juntos para o gramado, em direção à fogueira.

A noite está fria e agradável. Sentamo-nos um ao lado do outro, enquanto os meninos nos encaram com um sorriso malicioso. Finjo que não é comigo, e começo a conversar normalmente. O frio nos obriga a nos aproximar mais, e Tommy me envolve com os dois braços. Deito a cabeça no ombro dele, e começo a olhar na direção da enfermaria. Não vejo nada pois a porta está fechada, mas ao que tudo indica Minho está lá dentro. Começo a pensar na nossa conversa mais cedo, em como ele estava retraído, e no porque de ele não querer falar com Thomas. Viro-me para meu namorado, que conversa com Teresa enquanto acaricia meu pescoço e nuca.

– O que o Minho te disse mais cedo? – pergunto, levantando o olhar.

– Ahn, o quê? – ele se vira pra mim enquanto ri de algo que Teresa disse.

– O que o Minho te disse?

Thomas fica sério de repente.

– Eu... não queria falar disso agora.

– Ah, fala vai... Eu quero saber.

– Ok. – Ele endireita a postura e me deita sobre as pernas dele para poder me olhar nos olhos. – Ele me atacou dizendo que era tudo culpa minha, que vocês haviam confiado em mim e era eu o tempo todo...

– Igual ao Ben... – murmuro.

– Igualzinho ao Ben. – ele olha para o horizonte, em direção as portas de concreto do labirinto.

– E ele disse mais alguma coisa? Em relação a mim ou...

– Não... Por que ele diria?

– Só estou estranhando uma coisa. – olho nos olhos de Tommy, que me observa com atenção.

– O quê?

– Os meus fragmentos de memória estão atacando.

– Tá, e...?

– É sempre quando Minho está por perto.

Thomas mexe os ombros, como se ficasse desconfortável de repente.

– Onde quer chegar, Newt?

– Eu acho que o Minho está sabendo de algo e não quer nos contar. – digo firmemente. – Ele pode acabar se transformando numa ameaça.

– Para nós?

– Não. Para o C.R.U.E.L.

Tommy para de acariciar meu rosto e fica imóvel por algum tempo. Depois se volta pra mim.

– O que você vai fazer?

– Vou checa-lo amanhã. Mas eu preciso que ele volte a correr o mais rápido o possível. – desvio o olhar pra enfermaria. – Ele vai nos ajudar.

– Você tem certeza?

Sorrio para Tommy.

– Ele é mais forte do que vocês acreditam. Confie em mim.

Olho em volta. Está ficando tarde, e alguns meninos já foram deitar. Levanto-me do colo de Tommy e saio de perto da fogueira.

– Já vai deitar, Newt? - Pergunta Gally.

– Não... vou ali na casa dos mapas. Preciso mexer em algumas coisas lá. – pisco discretamente pra Tommy. Ele vira o rosto, mas não consegue disfarçar o risinho. Sigo para dentro do bosque, e reduzo a velocidade dos meus passos até ter certeza de que ele está vindo também. Olho pra trás, e vejo Thomas alguns metros atrás de mim. Volto o olhar para a casa dos mapas, e rio maliciosamente enquanto abro a porta.

Hoje ele não me escapa.