Ah, New York… A cidade que nunca dorme. A cidade onde o tempo é relativamente curto, quando existem tantas coisas a fazer. As 24 horas do dia parecem curtas diante da correria intensa vista pela metrópole. E agora eu terei a chance de passar por isso todos os dias, pelas próximas semanas de vida que tenho.

Nunca cheguei a imaginar que eu, Finn Hudson, realizaria meu sonho de ser colunista do The New York Times ainda com 26 anos. Claro que o sonho de todo jornalista estadunidense é ao menos completar um estágio por lá; eu não vou mentir, também já sonhei com isso. Mas ver isso se tornando realidade é algo que nunca passou pela minha cabeça.

A viagem que enfrentei desde Lincoln (Nebraska) para chegar aqui não foi tão fácil. Tive de recorrer à minha mãe para conseguir um jeito de vir pra cá sem perder todo o pouco dinheiro que ainda tenho. Depois, enfrentei uma caminhada árdua pelas ruas movimentadas da cidade que nunca para quieta até que eu chegasse ao bairro de Bushwick, onde mora o meu melhor amigo Blaine Anderson. Por falar nisso…

— Finn Hudson! A que devo a honra de um telefonema seu?

— Oi pra você também, Blaine. Enfim… Só queria uma informação sua.

— Pode perguntar.

— Você ainda mora no Bushwick?

— Sim, eu ainda vivo por aqui. Só Deus sabe como eu sobrevivo.

— Bom saber. — Como era no térreo, apenas passei pela portaria dando um “Oi” para o porteiro, enquanto ainda mantinha Blaine ao telefone. Já tinha ido lá antes, então deduzi que ele ainda vivia no mesmo apartamento de sempre.

— Por que está perguntando isso?

— Simples. Digamos que eu esteja indo para a real New York.

— Sério? Quando você vem pra cá? Poderíamos colocar o papo em dia!

Toquei a campainha. Ouvi o barulho ecoar do outro lado da linha, e ele disse:

— Espera um pouco que eu vou atender a porta aqui.

Quando ele a abriu, continuei com o telefone na orelha e falei:

— Que tal se fizéssemos isso… agora?

— Não acredito que você não me contou antes que viria para a cidade.

— Surpresa! — Ignorei sua última frase, e larguei minhas malas no chão quando ele veio me abraçar.

— Já estava quase indo lá em Lincoln te trazer à força. — Blaine, que estava com os cabelos completamente soltos e desgrenhados, provavelmente porque ainda eram 9 horas da manhã, respondeu depois de nos separarmos.

— Calma aí, Anderson. Não pense que eu vim pra cá sem motivo.

— A julgar pela quantidade de malas que vejo, você não ficará por pouco tempo e também não sabe onde vai se hospedar.

— Se você fosse vidente, já teria comprado a mansão do Eike Batista.

— Conheço muito bem meu melhor amigo para não saber como ele está.

— Enfim… Vim para New York porque fui chamado para ser colunista do The New York Times!

— Meus sinceros parabéns, Finn! — Percebi seu largo sorriso. Não importava o que acontecesse, Blaine não tirava o sorriso da cara. — E onde você vai ficar?

— Não sei. Talvez eu encontre um apartamento por aqui mesmo no Bushwick ou então em um lugar onde eu consiga pagar as despesas necessárias.

— Pode morar aqui comigo, se quiser.

— Sério? — Falei, animado até demais.

— A coisa está tão ruim que eu preciso de alguém que queira dividir as despesas desse lugar comigo. Não é um luxo, mas também não é barato.

— Serei eternamente grato a você por isso, cara.

— É para isso que servem os amigos. — Sentamo-nos no sofá de três lugares, enquanto ele dedilhava os botões do controle remoto, procurando um canal de televisão qualquer. — Mas, enfim… Como o The New York Times encontrou Finn Hudson?

— Tem essa nova editora-chefe chamada Cassandra July que leu alguns artigos feitos por mim para o The Lincoln Journal. Ela disse que se impressionou com a qualidade da minha escrita e então me chamou para escrever uma coluna.

— Você tem realmente muita sorte. Pelo menos não é gay.

— Então esse é o “grande problema”… — Fiz aspas com as mãos. — …Pelo qual você não consegue um emprego como jornalista?

— Finn, você realmente não entende. Os grandes chefes da mídia jornalística de New York acham que a opção de vida dos empregados pode acarretar numa imagem nada legal para suas empresas, e aí você já sabe o resto: tenho de trabalhar numa padaria para me sustentar por aqui.

Logo lembrei-me da última conversa com Cassandra, onde ela disse que faria qualquer coisa para que eu viesse trabalhar ainda nesta semana, e eu respondi que pensaria no assunto. Juntei dois mais dois e…

— Blaine Anderson, tenho o prazer de anunciar que seus problemas acabaram. E eu não estou falando do fato de dividir o apartamento.