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Capítulo 19


Terça-feira

Connie semicerrou os olhos enquanto alternava-os entre a placa do carro e a mensagem que recebera na madrugada anterior e, apenas depois de olhar para os lados e se certificar que não havia ninguém olhando, entrou no veículo de tintura azul-escura.

Josh sorriu para a menina que sentou-se em seu banco carona e recebeu apenas uma sobrancelha arqueada em resposta. Ele suspirou, porém se manteve sorrindo, gostava de garotas duronas.

— Você não é muito esperto. – Ela disse por fim, após alguns minutos de silêncio. – Agora, anda logo que eu estou sem paciência.

— Você deveria ser mais simpática com quem conseguiu que fosse liberada do reformatório quatro meses antes do previsto.

Connie o olhou de forma que ele não conseguiu decifrar.

— Você está blefando. – Ela concluiu enquanto cruzava as pernas e encarava a traseira do carro a frente deles.

— Ah, por favor, Connie. – Josh sorriu galante quando ela o olhou. – Você não acha que saiu de lá por bom comportamento, achou?

— Mas...

— Eu conheço um cara. – O universitário concluiu o assunto.

— Então... Josh – Ela pronunciou o nome dele como se fosse desprezível. – O que te levou a me procurar?

— Bom, é um assunto que interessa aos dois, loirinha. – Ele disse e ela rolou os olhos. – Luke Ross.

— O que tem ele? – A adolescente de quase dezoito anos completos indagou, tentando manter sua postura imparcial, e falhando.

O Matthews sorriu ao ver que a atingira.

— Está com a minha garota.

— Ora, ora por que será? – Ela debochou, sorrindo de lado.

Josh decidiu ignorar aquilo.

— Não finja que não se importa, Connie. – O mais velho passou a mão nos fios do próprio cabelo antes de olhar para ela. – Você sabe que você e Luke foram feitos um para o outro, ele só precisa enxergar isso.

— E você acha que não tentei abrir os olhos daquele tapado? – Ela bufou e o motorista sorriu, conseguiu atiçá-la.

— O problema é que agora ele está cegando minha garota.

— Quem é ela? – Connie perguntou de forma que Josh quase excitou em responder.

— Maya Hunter. – Respondeu, mordendo o lábio inferior. – Ela é bem parecida com você, sabe?

— Como assim?

— Loira, olhos claros, tem um sorriso lindo. – Ele foi galante e Connie acabou corando um pouco.

— E qual é seu plano, Matthews? – Indagou ela, desviando do assunto. – Porque eu já tenho o meu.

— Bom, esqueça os seus. – Josh ordenou. – Nós queremos separá-los e só. – Explicou ele. – Depois cada um se vira.

— Justo.

— Ótimo. – Ele suspirou. – Bom, agora você é Alice O’Connor, a mais nova aluna do Abigail Adams High School, onde Maya estuda.

— Por quê? – Ela indagou, se endireitando.

— Simples... – Foi o que Josh disse antes de começar a detalhar o que havia pensado.

Quinta-feira

O mesmo cara que conseguiu tirá-la do reformatório, conseguiu uma licença de professor substituto para Josh e documentos falsos para que ninguém desconfiasse de sua nova identidade: Alice O’Connor. Além de uma falsa carta-convite da direção da Abigail Adams para ela ter uma justificativa a dar para a família.

E ali estava ela, sentada sozinha numa das mesas do refeitório da Abigail Adams olhando fixamente para a mesa onde a tal Maya estava com os amigos, ou seja lá o que aquele grupo for. De qualquer forma, parecia mais um enterro com as caras que eles estavam.

Connie acompanhou com os olhos quando Maya, depois de dois garotos e uma garota que também estavam sentados ali, saiu sozinha do refeitório e foi na direção do banheiro das garotas e então a seguiu para dar início ao plano de Josh, o universitário gatinho afim da menina que roubou seu Luke.

É claro, se dependesse dela, o apartamento da loirinha já teria sido invadido e ela teria recebido um recado bem claro, não mexa com o que é de Connie, entretanto, Josh tinha um plano que, mesmo dando errado, não a mandaria para mais um ano no reformatório e isso lhe pareceu mais interessante no momento. O importante era se manter longe daquele lugar e perto de Luke.

Connie se posicionou em frente a porta do banheiro e ajeitou de modo discreto a peruca ruiva que usava antes da Hunter sair do banheiro e como ela parecia dispersa, Connie decidiu se manter em seu caminho, fazendo com que o impacto entre as duas fizesse todo o seu material se espalhar pelo chão:

— Desculpa mesmo, estou um horror hoje.

— Sem problemas. – Sorriu simpática para a loira e então ambas abaixaram para pegar o material. – Sou Alice O'Connor. Aluna nova. – Disse sorrindo, quando se levantaram.

— Prazer, Maya Hunter. – Disse e Connie olhou-a de cima a baixo, não é grande coisa, pensou

— Você se importaria em me mostrar onde fica a sala da Srta. Hernández? – Perguntou e a tontinha da menina respondeu:

— Claro, é minha próxima aula. – Sorriu. – Vamos juntas.

— Obrigada! – Exclamou animada a menina. – Você nem imagina como estou feliz em te conhecer. – Comentou Connie, sinistramente, o que fez Maya franzir a testa, mas oferecer seu braço a ela.

— É um enorme prazer te conhecer também, Alice. – Disse e então as duas caminharam de braços cruzados até a sala de espanhol, onde uma das garotas que estava sentada na mesa de Maya no refeitório estava, porém elas não se falaram e a garota arqueou uma sobrancelha para a figura de Connie, que sorriu forçosamente e deu um tchauzinho com a mão.

A aula passou rápido e Connie não desgrudou mais de Maya aquela tarde. Perguntou sobre toda a vida da garota e mais um pouco, e descobriu que ele e Luke não estavam oficialmente juntos, o que a fez comemorar por dentro e achar Josh ainda mais patético do que achava.

— Eu o chamei para um encontro, mas ele ainda não respondeu.

— Não se preocupe. – Connie atuou um sorriso. – Ele vai.

— Obrigada, Alice. – Sorriu e a menina de peruca ruiva precisou conter o impulso de rolar os olhos com tanta meiguice.

— E para onde vai levá-lo? – Perguntou, não por curiosidade, mas por conta do plano do universitário idiota.

— Primeiro ao parque, quero mostrar um negócio a ele lá. – Ela sorriu de novo como se imaginasse a cena e Connie sentiu o estomago revirar.

— E depois?

— Eu não sei se você conhece... – Maya disse. – Mas tem um bar karaokê muito legalzinho na quarta avenida.

— Ah, legal... – Foi o que Connie conseguiu dizer antes que um garoto e uma garota cujo quais ela supôs ser um casal chegou:

— Oi Maya, olá estranha. – Saudou o menino e recebeu uma cotovelada da garota de óculos. – Nós estamos indo ao Topanga’s, você quer ir?

Maya pareceu ponderar por um momento.

— Vou. – Decidiu por fim. – Ei, Alice, quer ir com a gente? É uma cafeteria bem legal. – Convidou amistosa porém Connie negou com a cabeça.

— Eu preciso ir, mas obrigada pelo convite. – Sorriu abertamente, sentindo as bochechas doerem, não é possível que as pessoas consigam sorrir tanto assim como ela. – Quem sabe outro dia.

— Até amanhã então.

— Até. – Se despediu e então caminhou para algumas ruas depois da escola onde Josh esperava em seu carro azul-escuro para saber o que ela teve a sorte de descobrir.

— Eu conheço esse bar. – Ele sorriu de forma estranha. – Bom, parece que nós temos um encontro amanhã a noite. – Concluiu, sorrindo galante para a menina ao seu lado, que apenas rolou os olhos. Josh é insuportável, mas se isso desse certo, logo, logo Luke Ross seria dela e de mais ninguém.

E ela mal podia esperar por isso.