New Feelings.
05 - A Chegada do Livro.
18h07min da noite.
Os rebeldes estavam reunidos no porão do colégio, como sempre eles tinham seus esquemas para entrarem despercebidos, à noite no colégio para ensaiarem. Cantavam o dueto de Roberta e Diego, você é o melhor pra mim.
– Você é o melhor pra mim eu sei, tudo pra mim eu sei, vem ser feliz. Como um anjo pra mim! – Encerraram a canção sorrindo um para o outro, clima romântico no ar.
– Parece que a cada dia melhoramos. – Tomás disse usando os dedos para batucar a mesa.
– Mal posso esperar para o nosso novo show em Porto Alegre! – Roberta fez com que todos levassem o olhar surpreso para ela, pois ainda não sabiam da novidade.
– Show em Porto Alegre? – O sorriso de Alice podia ser visto até em Netuno.
– Remarcaram? – Pedro manifestou-se se sentando ao lado de sua namorada e entrelaçando seus dedos.
– Sim. O empresário da minha mãe ligou para ela hoje cedinho e disse que iríamos ter o nosso próprio show!
– Eu amo esses empresários. – Tomás disse adocicando a voz, todos gargalharam em uníssonos.
– Só não me troque por um deles. – Carla entrou na brincadeira e depositou um beijo na testa do namorado.
Roberta pareceu não ter curtido muito a cena e desviou o olhar para o baixo de Tomás, sorriu ao relembrar da melodia composta pelo amigo.
– Quando vai mostrar aquela canção Tomás? – O rapaz olhou feiamente para a amiga, pelo jeito ele queria que ela guardasse segredo.
– Que música meu amor? – A morena indagou brincando com o cabelo do garoto.
– Uma música aí que eu compus. – Permitiu que a timidez e vergonha lhe atacassem por completo.
– Bateu curiosidade, mostra aê. – Diego pronunciou-se passando o braço pela cintura de sua namorada.
– Acho que não vai agradar muito os nossos fãs.
– Tomás, de novo com esse pessimismo e timidez não né? Você não é assim, além do mais, a música tem um ritmo perfeito e as letras são profundas! – Roberta mandou um olhar confiante para Tomás, como se quisesse dizer: “vai fundo, eu confio em você e a música está belíssima!”
– Beleza. – Tirou à folha do bolso da calça, Roberta se sentiu satisfeita. – Roberta você me paga!
Fuzilou com um olhar 43 a amiga, que o fitou sarcástica.
Deu-lhe para Carla o papel que logo começou a cantar no ritmo a música, juntamente com os outros rebeldes, excluindo Roberta que apenas murmurava as letras na sua mente.
– Uou Tomás! Não sabíamos que desejava ver a Carla nua desse jeito não, parece um desesperado e ninfomaníaco. – O rosto de Tomás envermelhou, a morena tratou a frase de Diego com indiferença. Roberta não se agradou muito e mudou suas feições de alegre e sorridente para irritada e fechada.
Aproveitando a deixa, Tomás resolveu usar isso como vingança para Roberta.
– Não vai mostrá-los também a sua nova canção Roberta? – A olhou sarcástico e sorriu ironicamente, a loira não pôde deixar de lado sua raiva pelo menino ter aberto o bico e revelado que ela também havia escrito uma música.
– Você também olhos lindos? – Diego acariciou a face da menina e sorriu carinhosamente.
– Não é nada que convenha a vocês. – Respondeu-lhes grossamente.
– Aposto que a letra dessa canção está carregada de palavrões, xingamentos e tem um ritmo pesado. – A patricinha riu desafiadoramente.
– Cale-se Alice!
– Eu tenho boca pra falar Roberta.
– Mas só sai idiotices dela. – Revidou rindo.
– Trégua! – Carla deu um basta na discussão infantil das duas amigas. – Vocês são adolescentes e não crianças ainda do ginásio.
Roberta cruzou os braços e fez bico, Alice copiou o ato.
– Hein Roberta? Não vai mostrar? – O menino de cabelos bagunçados continuou a porfiar no assunto, sempre com seu sorriso sarcástico em seus lábios.
A loira grunhiu raivosamente e apanhou a bolsa que trouxe para o ensaio, de dentro tirou seu diário que só os seus amigos sabiam que ela tinha. O abriu e o folheou atrás da canção até achá-la. Retesou o diário para o Pedro que pegou de sua mão e leu.
Para o encanto e surpresa de todos, Roberta falava de amor na canção já que Alice esperava uma letra revoltada, ignorante e digno de roqueiros. Mas não, era uma música romântica e inspiradora.
– Não foi ela que escreveu essa música. – Pedro disse de forma debochada.
– É claro que fui eu.
– Menina, arrasou! – Carla elogiou.
– Valeu.
Tomás sorriu enquanto apreciava a canção, ela tinha mexido com o rapaz. Mas como a diversão dos adolescentes iria que ter um fim, despediram-se do porão e tomaram seus rumos de volta para a casa.
–x-
06h49min da manhã.
A pequena loira ainda dormia profundamente, já estava em seu 40° sono. Ao invés de já está pronta e tomando café da manhã com sua família. Alice resolvera usar isto como uma vingança por Roberta não tê-la acordado no outro dia.
Mexeu e se remexeu na cama só despertando quando escutou um baque no chão e sua costela estalar, tinha caído com toda da cama.
Tateou as mãos pelos móveis do quarto e finalmente conseguiu ficar de pé sem auxílio de nada. Encarou seu rádio-relógio e tomou um maior susto, precisava correr para não atrasar-se e levar uma bronca do diretor mais severo do Brasil. Enxaguou seus cabelos loiros e com cachos volumosos rapidamente, passou um sabonete de rosas pelo seu corpo e depois limpou todo o xampu e sabonete com água que escorria pelos pequenos buracos do chuveiro. Cobriu seu corpo com sua toalha preta sem detalhes, vestiu-se com o uniforme, amarrou o cabelo em um coque e apressadamente, passou sombra preta acinzentada nos olhos e pintou os lábios com um gloss básico. Desceu desengonçadamente pela escada espaçosa e ao ver Alice saboreando suas frutas, baixou o olhar fatal sobre a menina.
– Sua anta! Por que não me acordou? – Assustou a todos os presentes na mesa.
– Desculpe Bela Adormecida, mas você me acordou naquele dia? – Roberta calou-se, não iria contrariar sua amiga, pois ela estava correta.
– Cadê minhas torradas Dani?
– Já vou pegar Roberta. – A empregada retirou-se de lá.
Roberta pôs seu suco de uva em seu copo. Seu sabor preferido. A mulher apareceu em um passe de mágica com as torradas da rebelde.
– Bela música Beta! – Alice falou bebendo seu café com leite.
– Obrigado Alice. – Agradeceu sem muita cerimônia.
– Fez uma música sozinha filha? – Eva se interessou.
Roberta abriu a boca para responder a pergunta da mãe, mas Alice lhe pausou bem antes da menina soltar qualquer palavra.
– Sim Eva, a coisa mais apaixonada e fofa do mundo! – Alice exagerou.
– Não exagera Alice. Eu não sou florzinha como você. – Todos encararam Roberta, indignados, levaram a frase para outro sentido. – Vocês me entenderam!
Reclamou.
– O que eu quis dizer é que a letra da canção esbanja romantismo, sinceridade ao falar de seus sentimentos, inspiradora e honestamente não é a cara da Roberta. – A “cinderela” fez questão de ainda implicar com a colega.
– Tudo isso pro Diego?
– É. – Mentiu descaradamente.
Alice não levou fé naquela resposta de Roberta, a garota já havia sacado que a amiga não estava bem certa se seu coração havia escolhido a pessoa correta e com quem ela quer viver eternamente.
– Vamos Beta?
– Pra onde? – Devolveu a menina desligada inteiramente da realidade.
– Pro colégio sua besta, levanta essa bunda daí e vamos! – Exclamou a outra.
Roberta estalou a língua, suspirou cansada e seguiu os comandos de Alice. Pegou seus materiais e saiu de casa encaminhando-se para o colégio Elite Way.
Minutos depois de caminhadas, as garotas já estavam na escola e esperando no pátio o sinal soar. Mas como Roberta agora vive com a cabeça em algum lugar fora da terra, não se deu por conta que o sinal já havia tocado e que seu namorado a chamava perniciosamente.
– ROBERTA! – Desse grito, a menina acordou.
– Que foi Diego? – Indagou rude.
O rapaz estranhou, mas resolveu deixar quieto para não provocar uma briga.
– O sinal tocou, vamos entrar para não levarmos advertência.
– Beleza!
Seguiram para a sala de aula com um clima diferente rodando sobre eles. Não estavam abraçados e muito menos de mãos dadas, ainda não havia trocado beijos e tudo pela Roberta.
– Está se sentindo bem? – Agarrou sua mão e a trouxe para junto do seu peitoral.
– Estou sim Diego. – Afagou os dedos nos cabelos negros e molhados do rapaz. – Vamos Di, não podemos dar bandeira aqui. Sabe como é. A rádio corredor anda afiada!
Distanciou-se do namorado e adentrou na sala de aula. Como por três dias seguidos a aula de Vicente era a primeira, o professor conseguiu chegar pontualmente pela primeira vez em todo o ano. Um milagre dos céus.
– Até que enfim hein Vicente? Pela primeira vez no ano você conseguiu acertar o ponteiro. – Tomás brincou.
– A Becky realiza mudanças drásticas em Vicente. – Binho causou gargalhada em geral.
– Não é só por isso. O Jonas me informou que os livros já chegaram. – O coração de uma jovem loira disparou, assim como o de um menino brincalhão.
– Mas já? Tão depressa assim? – Márcia perguntou como se aquilo quisesse dizer que era o fim do mundo.
– Qual o motivo do espanto Márcia?
– Nenhum, mas nunca vi um livro encomendado chegar tão rápido no colégio do seu Jonas.
– Pois acredite, chegou e já estão instalados lá na biblioteca! – Mostrou os dentes.
– Quando daremos início ao trabalho? – Pedro interrogou erguendo sua mão para o alto.
– Hoje, na hora da saída quero que peguem um livro e juntem-se com seu parceiro.
De relance, Roberta encarou Tomás mordiscando o lábio inferior. Por que o nervosismo se seria um trabalho simples?
Não era só a Roberta que se sentia estranha em relação ao trabalho e seu coração. Ele também.
Continua...
Fale com o autor