Abri os olhos a tempo de ver Shella estatelada no chão, completamente assustada e confusa.

-Quem você pensa que é? Hein? - ela gritou , se aproximando de Shella.

-Loui! - olhei de uma a outra.

-O que foi isso? - Shella perguntou, com a voz alarmada.

Loui olhou para ela com uma expressão tão raivosa que poderia até matá-la com o olhar. Eu gesticulei que não com a cabeça e ela a custo se controlou.

-Isso foi o poder de uma amiga imaginária - falei para Shella enquanto saía daquele corredor maldito para o refeitório.

-Eu não acredito nisso! Porque não me deixou acabar com aquela vaca? Ah, se eu pudesse..

-Calma.

- Como calma? Vai dizer que estava gostando? Acho que sim.

- Não! Mas também não precisava ter feito aquilo.

- E você queria que eu derrubasse a lixeira pra chamar a atenção?

- Seria uma boa ideia - dei os ombros.

Eu estava tentando ficar calmo, mas meu coração disparado me denunciava.

- Jesse - ela parou - Você teria coragem?

- Hã? Não, claro que não. Cadê a Honor?

- Você ainda quer se agarrar com ela? - ela quase gritou.

- Ah Loui, eu preciso. Tudo bem, eu já perdoei a Shella e adorei você ter aparecido lá, inclusive amei o seu espetáculo. Mas já parou pra pensar em que explicação eu vou dar amanhã pra eles? Eu estou mais encrencado ainda e eu preciso da Honor.

- Você vai jogar todo o seu nervosismo nela? De que forma? - ela cerrou os olhos.

- Não pensa besteira. Eu só preciso conseguir algo dela. Depois pronto.

- Já está indo tudo bem com vocês sendo apenas amigos. O Kevin nunca mais te encheu o saco - ela pediu.

- Não, ele vai voltar cedo ou tarde - rebati.

- E se você e ela terminarem? - tentou.

- Até lá eu já vou estar melhor de vida - olhei pra ela.

- Jesse! - Honor gritou, vindo em nossa direção.

Loui suspirou e desapareceu ao meu lado.

- Oi - Honor sorriu ao se aproximar.

- Oi - sorri de volta enquanto pensava se devia ou não contar a ela. Decidi que seria melhor não, afinal, só pioraria as coisas para o meu lado, apesar disso ser errado.

- E então, onde é que a gente estava? - ela voltou a segurar minha mão.

- É.. Na parte que eu ia.. Te pedir em namoro - pronunciei a última frase rapidamente.

- Você está falando sério? - ela arfou.

- É, e eu não aceito um não como resposta - olhei para outro lado.

- Não vai receber um não. Muito pelo contrário. - Ela sorriu, virando meu rosto para si.

Foi tudo muito rápido e devagar ao mesmo tempo. A gente se beijou e só.