— Meus pés estão doendo – ela riu jogando os sapatos no canto da sala.

— Você está bem? – Peter perguntou tirando a máscara.

— Sim – ela sorriu abrindo a geladeira e pegando o pote de suco, levantou-o na direção de Peter o oferecendo em silêncio.

— Não, obrigado – ele disse sentando-se na cadeira da sala de jantar – gosto desse novo apartamento.

— Era perigoso demais ficar no antigo – ela disse enquanto colocava um pouco de suco no copo de vidro – foi um “presentinho” da Corporação.

— Tá certo – ele disse estalando a coluna.

Ela foi em direção a mesa segurando o copo com suco de laranja, sentou-se ao lado do namorado com um pequeno sorriso no rosto, ele ficou apenas fitando a mesa redonda de madeira escura que não era muito grande, mas o suficiente para ele e Maya tomarem café nas vezes em que ele permanecia.

— Não entendi muito bem o que ele cara pretendia.

— Ele era um pouco desastrado – Peter sorriu a fitando – mas, apesar de tudo, não tivemos muita facilidade.

— Acho que só te atrapalhei – ela bufou com um fraco sorriso.

— Que nada! – ele sorriu sem graça – eu quem não sou acostumado a lutar em grupo.

Maya sorriu – Você é adorável, Pete. Mas nós dois não conseguimos dar muito certo esta noite.

Ele não respondeu. Sabia que Maya estava certa e, por mais que não quisesse admitir para não deixá-la mal, ou algo parecido, não conseguiu dizer nada que a tranquilizasse.

— Não é como se estivesse pronta para estes trabalhos em campo.

— Mas você sempre fez estes trabalhos, antes até de se entregar – Peter a fitou confuso – qual a novidade?

— É diferente – a garota bebeu um gole de seu suco sem olhar para ele – quero dizer, não fui treinada nem na Corporação e nem na S.H.I.E.L.D. para lutar com heróis – ela deu um pequeno sorriso levantando seu olhar até o namorado – é complicado.

— Certo – Peter sentou-se ereto na cadeira a fitando – hoje não foi um dos melhores dias, tá? Mas você não é ruim, nem um pouco! A surra que você deu naquele cara hoje... Uau!

Maya apenas soltou uma breve risada enquanto o fitava sorrindo.

— Você é uma ótima agente – ele inclinou seu corpo dando um rápido beijo na testa de Maya e ficou de pé logo em seguida.

— Obrigada, Pete – ela tomou seu último gole de suco – sua tia disse algo?

— Não muito - ele retirava as luvas pegando um copo – ela disse que te achou simpática.

Maya ficou de pé andando até a pia da cozinha, deixou o copo na bancada e sorriu para Peter – Ela é um doce.

— Ela é meu tudo – ele assentiu esticando sua mão até a torneira e pegando um copo de água – Não se preocupe, ela gostou de você.

— Ótimo – Maya sorriu sentindo-se um pouco mais aliviada. Por dentro se sentia culpada por ter saído no meio do jantar, mal teve tempo de conversar com Tia May, reconhecia a importância da mulher na vida de Peter e, exatamente por isso, queria conhecê-la e se dar bem com a mesma.

— Quer assistir um filme? – Maya perguntou fitando Peter nos olhos, ambos estavam encostados no balcão da pia enquanto Peter bebia água tão rapidamente que Maya pensou que fosse engasgar – se puder ficar, claro. Você pode?

— Não sei – sabia que não podia passar a noite inteira, pois teria que estar em casa mais cedo que o normal já que sua Tia May iria viajar para visitar uns parentes de Tio Ben que a convidaram para um aniversário, é claro que Peter também foi chamado, porém, ele usou a mesma desculpa de sempre, falando que tinha prova e precisava passar o final de semana estudando, além de ter prometido passar o sábado no laboratório para auxiliar os cientistas que precisassem. Tia May é claro que acreditou no sobrinho, não sabia que ele tinha que ficar para defender a cidade.

— Seu quarto tem tranca? – ela perguntou.

— O que? – Peter a encarou sem entender a pergunta que ele achou ser aleatória – sim... – ele fez uma pequena careta – por quê?

— Você deveria manter a porta trancada – ela disse sorrindo – assim não precisaria chegar tão cedo em casa.

— Ela bate na porta para avisar toda vez que sai – ele deu de ombros lavando seu copo– ela é muito conservadora.

Maya apenas sorriu.

— E ela gostou de você. – Peter disse calmamente virando-se em direção à Maya – Tente não se preocupar, ok?

Ela assentiu em silêncio.

— Então, um filme? – Peter sorriu após lhe dar um rápido beijo.

— Você realmente pode ficar? Porque eu jamais me perdoaria se alguém ficasse em perigo porque eu sugeri que víssemos um filme.

— Não se preocupa – novamente ele sorriu a tranquilizando, ela adorava aquele sorriso calmo – Se algo acontecer o rádio da S.H.I.E.L.D. nos avisa.

— Certo – ela caminhou em direção à seu quarto – cada dia que passa você só prova que está melhor, Pete.

— Como assim?

Ela virou-se para olhá-lo – Seu físico, sua disposição, suas estratégias. Eu namoro uma perfeição!

Peter riu – Não exagera.

— Sério – Maya tornou a ir em sua direção enquanto ele parava perto da mesa – Você é o melhor herói que eu conheço.

— Você está cega Maya Mase – ele sorriu passando a mão no rosto da garota afastando um fio de cabelo de seu nariz.

— Eu te amo, Peter Parker.

— Ah, pare com isso – ele disse puxando-a pela cintura – estou ficando com vergonha.

— Até parece – ela passou os braços em volta do pescoço dele.

— Eu sinto vergonha, tá legal? – ele sorria – e também te amo.

— Eu sei – ela fitava Peter e seu cabelo um tanto bagunçado por causa da máscara.

Peter selou seus lábios nos de Maya e ambos se beijaram. Por um momento esqueceram do filme, mas enquanto um não falasse o outro não pretendia interromper o beijo para cobrar. Peter subiu um de suas mãos para a nuca de Maya enquanto puxava parte do cabelo da garota para cima, ela arrepiou de imediato e foi a primeira a dar passos em direção a cama que encontrava-se a uma curta distância atrás de si. Peter, ao notar a atitude da garota separou seus lábios dos dela por um breve momento, Maya o fitava sorridente e com a boca rosada, Peter também sorria, mas estava mais preocupado em retirar a parte de cima de sua roupa o que conseguiu, em poucos segundos, com extrema facilidade. Maya, enquanto Peter andava até ela, puxou sua blusa para cima, mas ele a ajudou a terminar de tirá-la, um tanto quanto ansioso, deixando-a cair no chão lentamente.

Peter tornou a passar um dos braços em volta da cintura de Maya, logo após beijá-la novamente, a garota sentiu Peter levantá-la do chão e logo se deu conta de que estava sendo deitada na espaçosa cama de casal. Ambos sorriram, quebrando o beijo por um breve segundo, e logo voltaram a se beijar esquecendo completamente do filme.

Ele a fitava parado em pé ao lado da cama, o dia não havia clareado ainda, mas já beirava ás cinco da manhã. Estava um tanto frio e ele já havia vestido parte de sua roupa, faltava apenas suas luvas e sua máscara que o transformaria em Homem Aranha mais uma vez. O rádio da S.H.I.E.L.D., o qual avisava dos perigos que aconteciam pela cidade, não havia tocado nenhuma vez durante a noite, para sua imensa surpresa e alívio.

Maya estava dormindo como nunca havia dormido antes, ela estava com a feição relaxada, como Peter nunca havia visto. Pensava que pelo menos teria quedar um bom dia antes de ir, não achava certo deixar um bilhete e desaparecer.Debruçou-se na cama apoiando as mãos perto de Maya, deu um beijo de leve na bochecha da garota e ela se mexeu rapidamente, mas sequer fez menção de abrir os olhos. Ele riu baixo para não acordá-la bruscamente e tornou a dar um beijo em sua bochecha, novamente ela apenas mexeu e, antes que se dedicasse ao sono profundo, Peter deu um selinho demorado na boca de Maya.

Ela abriu os olhos.

— Bom dia – ele sorriu apoiado na cama.

— Oi – ela sussurrou sonolenta.

— Só queria dar tchau.

— É uma emergência? S.H.I.E.L.D está chamando? – ela tentou levantar seu corpo, mas Peter logo a parou.

— Não – ele balançou a cabeça – Tia May vai viajar e ela provavelmente quer se despedir antes de ir.

— Ah – Maya sorriu coçando os olhos – vai lá. Diga que mandei boa viagem.

— Direi – ele selou seus lábios nos dela mais uma vez – te vejo depois.

Os dois ficaram fitando um ao outro por alguns segundos, os olhos vidrados uns nos outros enquanto o sorriso tomava conta dos lábios de ambos, estava perdidamente apaixonados um pelo outro, e não havia como esconder ou negar. E apesar de todos os momentos bons que vivera com Maya até então, Peter tinha medo de perde-la, mas Maya também tinha medo de perder Peter, mas se ficassem pensando na situação perigosa em que vivem, deixariam de viver e de sentir o amor que sentem um pelo outro.

— Vai lá cabeça de teia – ela sorriu ainda deitada.

— Foi mal – ele riu ficando de pé e colocando as luvas.

Ela apenas sorriu o fitando ainda deitada.

— Então, se cuida.

— Igualmente – ela deu um fraco sorriso ficando de pé enrolada no lençol.

— Tchau.

Ele apenas sorriu e selou seus lábios nos dela. Foi um selinho rápido, pois o dia ameaçava clarear e Peter tinha que estar em casa o mais rápido possível. Colocou sua máscara e saiu pela janela lançando a teia no alto do prédio mais próximo.

Maya ficou parada na janela o fitando de costas, segurava o lençol abaixo do pescoço com a mão direita e tinha um pequeno sorriso no rosto, seu cabelo ruivo estava bagunçado. Pensava em como sua vida tinha mudado. Em como Peter havia chegado para pôr certa ordem em sua vida, para lhe levar para o caminho certo. Era um pouco estranho o fato de estar tudo bem após tanto tempo, e era disso que ela temia. Temia que alguém estivesse tramando algo contra Peter, mas sabia que isso era ser pessimista demais, algo ensinado para si e outros na Corporação onde jamais poderiam ver o lado positivo em nenhuma situação. Mas ela não consiga ser negativa quando se tratava de Peter, sabia dos sentimentos dele e,mais do que isso, dos seus. Maya dava sua vida para salvar a de Peter.

E ela então entendeu o significado do amor.