- Alexandra – falou a voz de mulher do outro lado.

- Sim mamãe – falei suspirando.

- Onde você tá¿ - perguntou ela.

- Se a senhora não sabe eu é que não vou lhe dizer – falei. Aposto como é uma besteira o motivo da ligação.

- Escuta aqui garota eu ainda sou sua mãe – disse ela brava.

- Nossa não diga – falei debochada – Fala logo o que a senhora quer mamãe¿ Eu tenho mais o que fazer.

- Seu aniversário está chegando – disse ela como se explicasse tudo.

- A senhora sempre disse que iria cuidar de tudo – falei entediada.

- Eu quero a sua opinião, afinal é o seu a aniversário não meu – falou ela – Você pode querer dar a sua opinião sobre o assunto.

- Desde quando você se importa com o que eu quero ou deixo de querer¿ - falei secamente.

- Você é minha filha – disse ela sentida. Me subiu um ódio tão grande que os nós dos meus dedos estavam doendo de tanta força que eu apertava o telefone.

- Eu só sou sua filha quando é conveniente pra você – falei quase gritando – mais depois eu sou só a vadiazinha. E eu tó pouco me lixando pra essa merda de aniversário, faz o que você quiser, mais os vestidos quem escolhe é a minha avó. Adeus mamãe.

Pus o telefone com brutalidade na mesinha, eu respirava fundo tentando controlar o ódio, meu corpo todo tremia e eu tinha vontade de socar alguma coisa.

Ouvi os garotos entrando na sala gargalhando felizes.

- Nikke tá tudo bem¿ - disse Tom preocupado segurando meus ombros me virando pra ele.

- Está sim – falei tentando soar o mais normal possível.

- E essas lágrimas são de felicidade – disse ele debochado limpando as lágrimas da minha bochecha. Eu nem percebi que estava chorando.

- Não é nada não deixa pra lá – falei sorrindo.

- Tom ela deve tá chorando por que ela namora com você – disse Tyler brincando.

O clima tenso se desfez com as muitas palhaçadas dos garotos. Tyler só foi embora depois do jantar e disse que concerteza voltaria mais vezes. Eles marcaram de ele vir almoçar aqui no próximo domingo para conhecermos a namorada dele e quem sabe eu não poderia dar umas dicas de cozinha pra ela. Todos ficaram muito animados, mais vi o Tom dar um olhar significativo pro Tyler e ele assentiu como se estivesse concordando. Fingi que não vi nada mais senti que aquilo não era uma coisa boa.

Depois que o Tyler foi embora os garotos foram jogar vídeo game, eu subi direto pro quarto, estava cansada e amanhã era segunda, graças a deus era a ultima semana de aula antes das férias.

Eu já estava deitada pra dormir quando ouvi Tom entrar no quarto, ele tomou banho e logo deitou ao meu lado.

- Tá acordada¿ - perguntou ele me abraçando.

- Sim – falei me virando pra ele dando um grande bocejo.

- Tem alguma coisa errada¿ - falou ele olhando meu rosto atentamente.

- Não sei me diz você – falei – O que foi aquela troca de olhares entre você e o Tyler¿

Sua expressão ficou surpresa por alguns segundo e logo endureceu um pouco.

- Nada – respondeu ele rápido demais.

- Ok! - falei suspirando e virando de costa pra ele.

- Nikke não é nada – disse me abraçando e beijando meu pescoço.

- Eu acredito – falei secamente. Eu estava desconfiada por que definitivamente é alguma coisa já que ele não quer me contar.

Ele suspirou me soltando, ficou calado até que eu cai no sono e ele continuava sem dizer nada.

Passou segunda, passou terça, quarta e cada vez nós ficamos mais distantes, os garotos já tinham notado que tinha alguma coisa errada mais fingiam que não. Quando eu chegava da escola fazia o almoço dos garotos e comia logo pra não ter que agüentar mais aquele silêncio constrangedor. À tarde eu passava na sala de música fazendo meus deveres, no jantar não tinha como escapar do clima tenso, então eu comia o mais rápido que podia, subia para o quarto antes do Tom e quando ele vinha tentar alguma coisa eu já estava dormindo. Eu até poderia tá sendo infantil, mas não mais do que ele.

Na quinta feira me assustei com o punho do Bill se chocando contra mesa na hora do jantar.

- Dá pra vocês dois resolverem essa situação – disse Bill apontando para o Tom e eu que estávamos sentados em lados aposto da mesa – Não agüento mais esse clima de enterro.

Tom eu nos encaramos por dois segundos e logo voltamos cada um à atenção para o seu prato.

- Tom me diz o que aconteceu¿ - falou Bill assumindo o papel de reconciliador.

- Nada – falou ele dando uma garfada um pouco exagerada num legume do seu prato.

- Nikke – disse Bill.

- Eu só perguntei o que foi aquela troca de olhares entra ele e o Tyler e ele ficou todo estranho – respondi.

- Não mais do que você – falou Tom agora se dirigindo a mim – Que anda me evitando há dias.

- Você queria o quê¿ - falei levantando – Você tá me escondendo a alguma coisa e se realmente fosse nada não estaríamos nessa situação.

- É você que tá fazendo tempestade em copo d’água – falou ele levantando também.

Já estávamos quase gritando um com o outro, Georg e Gustav continuavam calados com cara de não saber se ficavam o saiam da mesa. Enquanto Bill estava com uma cara emburrada olhando pra nós dois.

- Ela já transou com a Tasha e provalvemente não quer contar pra você por que tem medo de você ficar chateada ou sei lá – falou Bill de uma vez.

Tom ficou pálido dando um olhar homicida para o Bill e logo olhando para a minha cara de tédio.

- Era o que eu imaginava – falei pegando o meu prato e indo para a cozinha.

- Viu foi por isso que eu não contei pra ela – ouvi Tom dizer – Eu sabia que ela iria ficar assim.

- Tom você olhou bem pra cara dela – falou Bill entediado – Ela não deu a mínima e disse que já até imaginava.

Na cozinha só dava de ouvi os sussurros deles, inclusive do Gustav e do Georg que resolveram entra na conversa.

Lavei o prato, peguei uma barra de chocolate no armário e subi direto pro quarto. Dessa vez eu não iria me fazer de que estava dormindo, precisamos conversar.

Meia hora depois ele ainda não tinha subido, eu já tinha acabado e barra de chocolate há vinte minutos. Suspirando e cansada de esperar, escovei os dentes, vesti uma camisa do Tom que ficava parecendo um vestido e fui dormir, mais só depois de chorar um pouco.