Rin – ON

Corri para qualquer direção, qualquer caminho, só queria me afastar daquele lugar. Encontrei-me em um local cheio de rosas. No meio havia um coreto iluminado pela luz da lua. Andei em direção ao coreto e subi nele. Um lugar tão bonito... Fechei os olhos e me imaginei com um lindo vestido branco decorado de flores brancas e meu cabelo solto com uma rosa branca ao lado do meu laço (é claro que ele estaria lá!) e quem estava ao meu lado era... Len? Então me lembrei de que ele não estava comigo. Abri os olhos e sua imagem desapareceu, olhei ao meu redor querendo acreditar que ele tinha vido, me olhasse nos olhos e dissesse que tudo aquilo era mentira e que eu era a única... No final, eu sou a idiota. Cai de joelhos no altar enquanto apertava meu colar com força.

Rin: Por que você não veio atrás de mim?

Rin – OFF / Rinny – ON

Papai e Mamãe acharam que eu estava dormindo, mas eu estava escondida no corredor de forma que não me vissem. Então a Rin é humana? Até que achei meio estranho ela não ter arrepios ao tomar banho... De qualquer forma, preciso encontra-la! Sai de fininho pela porta que leva ao quintal e fugi por lá. Segui os rastros que deveriam ser da Rin (o que foi meio difícil já que estava escuro e eu não enxergo muito bem) e cheguei no campo de flores brancas. Olhei para o coreto e vi Rin abraçando os joelhos chorando. Fiquei na forma de gatinha e fui para o altar.

Rinny – OFF / Rin – ON

Logo lágrimas começaram a cair então abracei meus joelhos apoiando minha cabeça. Ouvi um leve movimento nas flores e depois leve passos no altar. Será que...?

Rin(murmurando): Len?

Avistei um gatinho preto. Era igual ao Len, mais seus olhos eram diferentes, sua altura também e era fêmea. Era uma gatinha filhote familiar.

Rin: É você, não é mesmo, Rinny?

Ela assentiu. As lágrimas voltaram a cair, não é como se eu não quisesse vê-la, mas não era quem eu desejei que fosse. Ela deitou no meu colo e comecei a acaricia-la. Um tempo depois, ela se levantou e voltou a sua forma original.

Rinny: Desculpe por isso. É que eu já devi estar dormindo.

Disse bocejando.

Rin: Por que está aqui?

Rinny: Por que descobri o seu segredo.

Rin: Entendi. Pode começar a falar.

Fechei meus olhos esperando ouvir palavras duras. Senti-a pegar minhas mãos e levar para perto de si.

Rinny: Eu nunca vi uma humana de perto! Vocês não são tão diferentes ne nós, mesmo assim, são incríveis!! E também são quentes!! Todos os humanos são assim??!!

Rin: Hã... Eu acho que sim...

Rinny: QUE MÁGICO!!!

Logo vi outro gato preto chegar, mas dessa vez, era o Len?!

Rinny: Ah! Irmão-maior Len! Você sabia que a Rin é humana?!

Rin: Sim, ele sabia.

Respondi por ele. Rinny fez uma expressão emburrada.

Rinny: Por que não meu contou? Você sabe que eu sempre quis conhecer humanos!!

Ele miou.

Rinny: Eu sei que eu devia estar na cama, mas quando eu descobri, tinha que vê-la!

Miou de novo.

Rinny: Eu não me machuquei vindo pra cá!

Rinny: Não poderia! Tá, eu até poderia ter me machucado, mas não aconteceu!! Eu continuo inteira!!

Suspirou e miou.

Rinny: Já estou indo.

Rinny pegou Len e colocou-o em frente a si.

Rinny: Se eu ver a Rin chorando de novo por sua causa, eu te jogo no rio.

Colocou-o no chão e saiu do coreto acenando para nós.

Len: A Rinny me dá tanto trabalho ás vezes.

Len falou naquela vozinha fina. Eu teria rido se não estivesse naquele estado.

Rin: Rinny é incrível. Mesmo eu tendo mentido para ela esse tempo todo, ela não se importou.

Len: É. Acho que ela é muito criança para descobrir o que rancor.

Logo voltou para sua forma verdadeira.

Len: Rin, eu preciso te explicar o que aconteceu.

Rin: Explique-se.

Disse fria.

Len: Bem... Quando eu tinha, acho que, doze anos, eu via os Nekos se apaixonarem e se casarem cedo e todos os meu amigos já tinham pretendentes e só esperando a idade certa para se casarem, e eu? Só. Então eu me obrigava a me apaixonar por outras Nekos. Neru disse que eu não devia fazer isso, foi ai que eu percebi que ela sempre esteve ao meu lado. Então achei que estava apaixonado por ela.

Rin: E que historia era aquela de ir para o mundo humano para propor casamento?

Len: Meu pai distorceu as coisas. Eu queria saber se o que eu sentia era verdadeiro, por que quando a beijei, não senti nada.

Só o fato de ele dizer que a beijou me deixava em chamas.

Len: E se fosse, eu queria estar junto a ela. Eu não tinha lugar para morar então fui falar com a Miku, foi aí que você apareceu. Isso pode parecer (é) muito brega, mais acho que me apaixonei a primeira vista, sabe? Lembra quando perguntei se você se importava comigo?

Rin: E eu disse que o bem de alguém é sempre bom...?

Len: Isso mesmo. Aquilo teve algum significado pra mim. E meu coração começou a bater por você. Achei que eu só estava pensando na Neru, por que você parecia bastante com ela. Confiante, líder e (muitas vezes) meio mandona. Mas quando te beijei... Foi totalmente diferente. Foi aí que eu percebi como era amar de verdade.

Rin: Mas você não nega que já ficou com muitas, né?

Len: Rin, é complicado...

Rin: Mas você já beijou todas elas, não é?! Já disse “eu te amo” para todas elas, não é?!!COMO POSSO SABER QUE NÃO SOU “MAIS UMA”??!!

Gritava enquanto as lágrimas que lutava para ocultar voltaram a cair. Len me abraçou forte, eu tentei afasta-lo, mas já não tinha forças para isso. Parei de lutar e ele se deitou no chão me levando junto. Continuei a chorar enquanto ele afagava meu cabelo, em uma tentativa de me acalmar. E deu certo.

Len: Está melhor?

Rin: Ainda me sinto machucada, mas parou de doer tanto.

Len: Olhe para mim.

O fiz com muito esforço para não demonstrar fraqueza.

Len: De todas, você foi a única.

Rin: A única o que?

Len: A única que amei de verdade.

Ele se aproximou do meu ouvido.

Len (sussurrando): E a única com quem dormi.

Rin: NÃO FIZEMOS NADA!

Len: Eu não disse que fizemos alguma coisa.

Corei bruscamente. Ele adora dizer coisas estranhas, eu penso em coisas estranhas e depois fala como se eu fosse pervertida! Aquele...! Mas por algum motivo, aquela informação de eu ser a única me aliviou. Voltei a me deitar nele.

Rin: Len?

Len: Diga.

Rin: Eu meio que acredito no que você disse, bem, eu quero acreditar.

Len: Entendo...

Rin: Mas eu te perdoo.

Len me abraçou com mais força, senti que ele estava sorrindo.

Rin: Acho que é a ultima coisa que posso fazer antes de ir. Mas é que... Eu não quero ir.

Len: E eu não quero que você vá.

Continuamos assim por um tempo até que levantei meu rosto para ele e sorri de forma animada, afinal, eu tinha uma ideia! Len não intendeu minha reação então sentei em cima dele.

Rin: Venha comigo!

Len: O que?!

Rin: Vamos deixar esse lugar e ir pra cas-

Len: Eu não posso Rin.

Disse se levando e abaixando o rosto.

Rin: Por que...?

Len: Aquela é a sua casa, a minha é aqui.

Rin: Mas...

Len: Meus pais precisam de mim, Rinny precisa de mim.

Lembrei-me da reação de Rinny quando Len voltou. Ela estava tão sorridente, imagino a tamanha saudade que ela deveria ter sentido. Então percebi que minha ideia era um pouquinho (?!) egoísta.

Rin: Eu sei. Mas eu não quero voltar a ficar sozinha...

Len: Você não estará sozinha. Terá Meiko, Kaito, Piko...

Rin: E a Miku. Acho que não vou estar tão sozinha.

Ouvi pingos nas flores. Estava chovendo. Len logo se levantou.

Len: Precisamos encontra abrigo.

Rin: Por que?

Len: As chuvas são meio bruscas por aqui. Suba nas minhas costas.

Disse se abaixando. Subi nelas e falei.

Rin: E por que você não gosta de água.

Len: Talvez.

Começou a correr. Logo, encontramos uma cabana e entramos nela. Desci das costas dele e olhei meu estado.

Rin: Droga, eu estou toda ensopada!

Olhei para Len e percebi que ele não estava tão molhado

Rin: Len... VOCÊ ME USOU COMO GUARDA-CHUVA?!

Len: Talvez.

Dei um tapa nele.

Rin: Idiota!

Len olhou meu estado.

Len: Se você ficar com essas roupas, vai ficar resfriada.

Rin: E se eu não ficar com essas roupas, vou ser assediada. Espirros, lá vou eu.

Len: Pega.

Disse estendendo sua camisa para mim.

Len: Estou falando sério sobre isso.

Tirei minhas roupas e vesti a camisa de Len. A cabana era apenas um quarto, lá havia uma cama, um pequeno banheiro, um armário e uma escrivaninha. Eu e Len nos deitamos naquela cama de casal, Len me abraçava por trás mais não sabia se ele estava dormindo. Eu não consegui dormi, apenas ficava observando as várias gotas de chuva caírem na janela que iluminava o quarto. Len percebeu que eu não estava dormindo e perguntou:

Len: O que há de errado?

Rin: Estava me perguntando o que eu iria fazer quando chegasse em casa...

Len: Rin pense que eu ainda estou aqui e que você não vai dormi sozinha está noite. Aproveite o tempo em que ainda estamos juntos.

Afinal de contas, ele estava certo. Eu tinha que aproveitar com o tempo que ele ainda estava ali, ao meu lado. Me aconcheguei em seus braços, levantei meu rosto para ele e, sem perceber, acabei beijando-o. Quando nos separamos ele voltou a me beijar e colocou sua mão debaixo da sua blusa (a que eu estava usando) e começou a massagear meus seios. Ficou em cima de mim enquanto me beijava. Antes que percebesse, o sono me invadiu e eu dormi. Acordei no outro dia e pensei “Droga, fui assediada!”, mas eu ainda estava com a camisa que o Len me deu. Suspirei aliviada e feliz. Não que eu não queira, mas... EU SÓ TENHO 14 ANOS!! Sou uma menina preservada! Olhei para o lado e vi Len sentado na beira da cama.

Rin: Len?

Len: Ah, Rin. Desculpe se te acordei.

Rin: Não me acordou. Você está bem?

Disse me aproximando dele. Ele não disse nada, apenas murmurou:

Len(murmurando): Temos que voltar pra minha casa e pegar as suas coisas.

Sentia que ele não estava bem, mas ele estava certo. Sai da cama, tirei a blusa de Len e vesti as (agora secas) minhas roupas. Caminhamos até sua casa sem trocar nenhuma palavra, quando entrei, Leon, Lily e Rinny estavam tomando café. Lily se levantou e abraçou Len, afinal ela deveria estar preocupada com ele e Leon se levantou e me olhou com cara feia.

Rin: Vim apenas pegar minhas coisas. Já vou embora.

Fui no quarto de Len e peguei minha mochila com minhas coisas e quando já iria saindo, Lily veio e me abraçou e disse:

Lily: Boa viajem, Rin.

Retribui o abraço até Leon dizer em tom reprovativo:

Leon: Lily.

Ela se virou para ele. Acho que não estava com uma expressão muito agradável por que Leon fez uma expressão de medo. Rinny correu em minha direção e parou em frente a Lily.

Rinny: Mamãe, posso ir com eles?

Lily: Claro. Len, tome conta da Rinny.

Len: Claro, mãe.

Fiquei feliz pela Rinny ter ido com a gente por que ela desfez o clima tenso que estava entre mim e o Len. Conversamos e rimos o trajeto todo e quando chegamos, eu estava exausta! Caminhamos por umas duas horas!!

Rin(ofegante): *Respira* *Respira* Por que... *Respira* Demoramos muito... *Respira* Pra chegar?!

Rinny: Acho que a gente se distraiu tanto conversando que o Len nos guiou para o caminho BEEEEEEEEM mais longo.

Eu fiquei em chamas. Só não matava ele por que estava cansada. Sentamos em um dos bancos que havia lá e não demorou muito para que o trem chegasse. Len olhou para o trem e depois para mim e sorriu. Eu não tinha entendido naquele momento. Nós três nos levantamos, Rinny me abraçou.

Rinny: Vou sentir muitas saudades!

Rin: Eu também Rinny.

Beijei sua cabeça e ela beijou meu rosto e se afastou. Foi à vez de Len me dar um abraço apertado.

Rin – OFF / Autora – ON

Len: Acho que isso é um adeus. Infelizmente.

Disse o garoto, tentando sorrir.

Rin: Eu não quero dizer adeus. Não quero que você se esqueça de mim.

Len: O seu sorriso, as suas lágrimas, eu nunca vou esquecer. Por isso, eu te peço e te imploro... Não se esqueça de mim.

Rin: Eu nunca vou esquecer.

Disse a garota sorrindo. Logo Len aproximou seus rostos e se beijaram aproveitando cada segundo que lhes restava, provavelmente, esse seria o último beijo que dariam a partir daquele momento. Tiveram que parar, pois o trem já estava pronto para partir. Antes de ir, Len sussurrou para a Rin.

Len(sussurrando): Voltaremos a nos ver Rin. Eu prometo.

A promessa mais impossível que ele fez, ele já sabia. Rin sorriu e logo tiveram que soltar as mãos entrelaçadas. Rin entrou no trem e viu pela janela a imagem de seu amado se tornar cada vez menor até que parou de ver e se sentou em uma das cadeiras. Aquilo havia se tornado doloroso para ela “Nesse trem fomos juntos, e nesse trem volto sozinha” pensou Rin enquanto múltiplas lágrimas se formavam e caiam de seu rosto. E o Len? Estava imóvel naquela plataforma tentando acreditar no que tinha acontecido, mas simplesmente não conseguia. Naquele momento, lágrimas se formaram em seu rosto e escorregaram dele enquanto pensava:

“Se eu ainda tenho mais uma chance de te ver, adoraria passar à tarde com você.”